O fato de estar gelando satisfatoriamente, com temperaturas medidas no termômetro, e as pressões de trabalho, tanto em altas e baixas pressões, estarem dentro dos padrões, não significa que não houve vazamento de fluido refrigerante. Por isso, é sempre recomendável fazer uma inspeção visual e verificar se existem indicadores de possíveis vazamentos. Em alguns casos, surgem até mesmo manchas com a coloração verde.
Uma das formas de se fazer uma inspeção visual seria observar a presença de alguma mancha de óleo em algum dos componentes do sistema de ar-condicionado.
Os principais componentes de ar-condicionado automotivo a serem inspecionados são:
COMPRESSOR
Ele é o “coração” do sistema. A função é a mesma para todos os compressores, ou seja, succionar e comprimir o fluido refrigerante, fazendo-o circular pelo sistema.
Sua manutenção básica consiste em substituir os reparos/retentores e o rolamento externo, que fica na polia.
Os problemas mais comuns apresentados são vazamento no selo retentor do eixo do compressor. Uma dica importante: geralmente quando se substitui o selo por vazamento, é altamente recomendável a substituição do rolamento da polia externa, por onde passa a correia. Na ilustração (foto 1), detalhes de um compressor Delphi que equipa modelos Palio e Fiorino.
Na parte interna do compressor, (foto 2) podemos observar a placa de válvulas de sucção com avarias. Neste caso, trata-se de um modelo composto por 5 cilindros e 5 pistões, e apresenta duas palhetas danificadas.
CONDENSADOR
Geralmente fica localizado na frente do radiador de água do sistema de arrefecimento do motor. Sua função, como o próprio nome diz, é condensar o fluido refrigerante, transformando-o do estado gasoso para o líquido, diminuindo um pouco a sua temperatura adquirida na descarga do compressor.
Em alguns casos específicos, o condensador é responsável por duas funções distintas em uma única peça, como no caso da Cherokee por exemplo, em que a parte superior (aproximadamente 20% da área) refrigera o óleo da direção hidráulica, e o restante da peça (80% da área) é dedicada ao sistema de ar-condicionado.
Na ilustração (foto 3), um condensador de um modelo Fiat Fiorino na bancada.
DISPOSITIVOS DE EXPANSÃO
Usualmente denominados como válvula de expansão ou tubo de expansão: estes dois componentes têm a mesma função de reter a pressão do líquido, e pulverizar o fluido refrigerante. A diferença é que no tubo de expansão, também chamado de caneta expansora, ela tem a sua expansão fixa e pré-definida pelo fabricante. Enquanto que na válvula de expansão (foto 5), que pode ser em formato “L” ou em “bloco”, é possível variar a quantidade de vazão de sua expansão, de acordo com a temperatura de retorno do evaporador (sucção). Na ilustração, observamos um tubo de expansão retirado de um modelo Ford Ka (foto 4).
Na sequência, (foto 5) uma válvula de expansão de um modelo VW Santana 92, impregnado pelo vazamento de óleo R-134a, e na outra imagem (foto 6) podemos observar uma válvula de expansão do modelo VW New Beatle.
FILTRO SECADOR
Este componente está localizado normalmente junto ou após o condensador, podendo ser em formato cilíndrico (bujãozinho), ou refil. Sua principal função é filtrar o fluido refrigerante, além de reter a umidade e partículas provenientes de atritos internos dos componentes do compressor. Quando substituído periodicamente, sua atuação previne o desgaste prematuro do compressor e melhora a sua eficiência. Na ilustração, um filtro secador de um modelo Jeep Cherokee (foto 7) e outro de um modelo VW Santana 92 (foto 8).
FILTRO ACUMULADOR
Sua localização fica entre o evaporador e o compressor. Possui um formato cilíndrico (bujão), e sua principal função é evitar a entrada de líquido no compressor, expandindo novamente o fluido refrigerante dentro dele. O filtro acumulador exerce ainda as funções de filtrar e reter a umidade e partículas de desgaste do compressor. Tal como qualquer outro filtro, a sua substituição periódica preserva o compressor, prolongando a sua vida útil. Nas ilustrações, podemos observar um filtro acumulador de um modelo Ford Ka (foto 9), e em outra imagem, o filtro acumulador de um modelo Audi (foto 10).
EVAPORADOR
Normalmente a sua localização é de difícil acesso, e na maioria das vezes é necessário remover o painel do carro para se ter acesso, primeiro à caixa evaporadora, que precisa ser aberta para finalmente se alcançar o evaporador. Sua função é retirar o calor interno do veículo e conduzi-lo para fora, através do fluido refrigerante. Em alguns veículos cuja montadora/fabricante desenvolveu o sistema sem o compartimento do filtro de cabine, geralmente o evaporador acaba se sujando rapidamente, sendo necessário frequentemente desmontá-lo e lavá-lo com sabão neutro. Em alguns casos mais críticos, a sujeira se acumula de tal forma que o melhor seria a sua substituição. Na ilustração (foto 11), um evaporador de um modelo Mini Cooper, com indicação de vazamento através da técnica de contraste.
OUTROS COMPONENTES
A inspeção visual em busca de possíveis vestígios de vazamentos deve contemplar ainda as mangueiras, tubulações rígidas e flexíveis, principalmente em suas conexões e fixações.
E complementando a identificação visual de componentes, temos os sensores responsáveis pelo controle do sistema, que são os pressostatos, termostatos, transdutor eletrônico de pressão, e outros sensores eletrônicos. Sobre as suas funcionalidades e características técnicas, falaremos com mais detalhes nas próximas matérias.
O sensor de pressão do fluido refrigerante (foto 12), geralmente utiliza 3 fios, sendo 2 de energia (+ e -), e outro dedicado ao sinal de informação.
O pressostato tem a função de acionar ou não o compressor, e quando necessário, aciona a ventoinha do sistema de arrefecimento do motor em seu segundo estágio. Ele protege ainda o compressor quando o nível de fluido refrigerante estiver abaixo do ideal para o acionamento.
Na imagem (foto 13), podemos observar que o pressostato instalado em um modelo GM Onix não é original, utilizado para adaptação de ar-condicionado pós-fábrica. Neste caso específico foi feita uma ligação por “fora”, sem o reconhecimento da unidade eletrônica da injeção.
Nas próximas ilustrações, um pressostato de baixa pressão (foto 14) de um modelo Ford Ka, e um pressostato de alta pressão (foto 15) que utiliza 4 fios.
Já o termostato é um componente importante, responsável pelo liga/desliga do compressor quando o evaporador atingir a temperatura próxima de 2 a 5 graus Celsius. Geralmente no difusor de saída, a temperatura de saída do ar fica entre 5 a 8 graus dependendo da temperatura ambiente. Um importante alerta é jamais fazer um “jump” (ligação direta) no termostato, pois isso pode condenar o compressor. Se o sistema estiver congelando o evaporador, há uma grande probabilidade da válvula de expansão não expandir completamente o fluido refrigerante, fazendo com que microgotículas de líquido entrem no interior do compressor. Tal situação não chega a causar calço hidráulico, mas provoca um grande sequestrador de óleo lubrificante, fazendo que o compressor sofra um desgaste prematuro. N a próxima imagem (foto 16) um termostato com sensor eletrônico de temperatura de um modelo Fiat Palio.
E finalmente temos o controle ou comando AC, que é o componente responsável pelo acionamento do compressor, controle de temperatura e direcionamento da ventilação.
Possui ainda uma alavanca ou botão da renovação que controla se o ar captado a ser condicionado é externo ou interno. E sobre este componente, também falaremos em detalhes nas próximas matérias.