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Caminhão VW Delivery é equipado com motor Iveco para atender aos níveis de emissões

Restrições mais severas nos níveis de emissões de gases poluentes dos motores diesel fazem a VW utilizar o motor FPT F1C em atendimento da fase P8 do PROCONVE - Programa de Controle de Emissões Veiculares

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Por Antonio Gaspar de Oliveira


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A montadora alemã começa a utilizar motor Iveco (Fiat Powertrain Technologies - FPT), que tem toda tecnologia para atender às novas exigências ambientais implantadas a partir de janeiro de 2022

A Volkswagen Caminhões, através do modelo Delivery Express +, passa a ter o primeiro modelo da marca equipado com motor dentro das normas de emissões contempladas na Fase 8 do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve P8), que corresponde ao Euro 6 na Europa. Assim, de acordo com o P8, em vigor desde 1° de janeiro de 2022, todos os veículos comerciais com Peso Bruto Total (PBT) até 3,5 toneladas devem sair de fábrica com motorização menos poluente. Para caminhões pesados e ônibus, a regra passou a valer em janeiro de 2023. (Fig. 1 a 3)

Apenas para saber um pouco mais sobre a Fase P8, que é uma regulamentação que atende aos padrões internacionais de emissões, sendo que um veículo fabricado aqui no Brasil pode ser exportado para outros países sem restrições porque já atende aos novos padrões de emissões de gases poluentes.

A ações do PROCONVE (Programa de Controle de Emissões Veiculares por Veículos Automotores) teve início com a Resolução CONAMA nº 18, de 06 de maio de 1986 e em cada etapa havia o compromisso de promover a redução gradativa dos limites das emissões de poluentes oriundas dos veículos automotores. 

A fumaça preta é o resultado da queima incorreta na câmara de combustão dos motores diesel, é combustível não queimado ou hidrocarbonetos, que dentre eles se destacam os Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAPs), compostos que podem ser cancerígenos e causar mutações.

Seguindo a cronologia das publicações das resoluções, em 1993, através da resolução complementar nº 08/93, foram definidos os limites de emissões de poluentes por veículos automotores até o ano 2000 (Fase P4). 

Em 2002, através da resolução CONAMA nº 315/2002, entraram em vigor novos limites de emissões de poluentes produzidos por veículos automotores pesados (Fase P5), que passaram a vigorar a partir de janeiro de 2006 e em janeiro de 2009 foi estabelecida nova fase (Fase P6), fase com níveis mais restritivos de emissões de NOx e material particulado, além de exigir um menor consumo de combustível e a um menor nível de emissões de CO2. 

Visando às regulamentações internacionais, a fase P6 correspondia à fase Euro IV, aplicada na Europa. Por questões não definidas, a fase P-6 não foi implementada em 2009, pulando para a fase P7, que entrou em vigor a partir de janeiro de 2012, regulamentada pela resolução CONAMA nº. 403/2008.

O destaque na fase P-7 do CONAMA foi a introdução dos sistemas de pós-tratamento dos gases de escapamento como solução tecnológica, para viabilizar o atendimento aos novos limites de emissões. 

As tecnologias foram aplicadas durante o processo de combustão e após a combustão, com o surgimento do termo pós-tratamento dos gases de exaustão. 

Este processo de pós-tratamento inclui sistema de escapamento com Redução Catalítica Seletiva – SCR e injeção de ureia para neutralizar o Nox ou utilização do sistema de Recirculação dos Gases de Escapamento – EGR, para baixar a temperatura na câmara de combustão, impedindo a formação de NOx.

Junto com estas tecnologias, foram melhoradas as qualidades do combustível diesel com o baixo teor de enxofre, sendo que atualmente são comercializados dois tipos de óleo diesel de uso rodoviário, o S10 e S500.

O caminhão Delivery Express+ da VW representa um dos veículos compatíveis com a fase P-8 (EURO VI), em conformidade com a resolução CONAMA nº. 490/2018, que contemplam, além de melhorias tecnológicas, o uso de DPF (filtro de material particulado); DOC (catalisador de oxidação); CUC (Clean-Up Catalyst) e tem mais siglas que envolvem o controle de emissões, high-pressure exhaust gas recirculation (HP EGR), Selective Catalytic Reduction (SCR) e tudo isso pode ser visto no sistema de escapamento do caminhão VW Delivery Express+.

Para quem estava acostumado com o escapamento de caminhão, que era apenas um tubo com abafador, vai se assustar com a quantidade de componentes, sensores e atuadores instalados, que começam na saída do coletor de escape e vão até a última curva encostada na saída do escapamento.

Vamos dar os devidos nomes aos componentes que fazem parte do sistema de pós-tratamento de gases do motor, FPT F1C, só este esclarecimento já vale como uma aula ou uma apresentação técnica do caminhão.

Na ficha técnica tem a parte de controle de emissões e aparece uma lista de siglas, HPEGR+DOC/DPF+SCR/CUC, que vocês já sabem o significado, mas é preciso saber identificar ao olhar para o sistema de escapamento e as imagens irão facilitar o entendimento. (Fig. 4) 

Legenda:

  • A. DOC
  • B. DPF
  • C. Misturador
  • D. SCR
  • E. CUC

 

  • 1. Sensor de temperatura antes do DOC;
  • 2. Sensor de temperatura entrada Nox;
  • 3. Sensor de pressão diferencial;
  • 4. Sensor de temperatura dos gases antes do DPF;
  • 5. Sensor de temperatura dos gases após DPF;
  • 6. Injetor Arla 32;
  • 7. Sensor de temperatura antes do SCR;
  • 8. Sensor de material particulado;
  • 9. Sensor de temperatura de saída NOx.

Mais algumas imagens para ajudar a ilustrar toda a tecnologia aplicada no sistema de escapamento do motor FPT F1C. (Fig.5 a 8)

Outro detalhe está no tanque de combustível que é integrado ao tanque de Arla 32 ,formando um conjunto para economizar espaço e fazer os frentistas dos postos de combustíveis ficarem mais atentos quando forem fazer os abastecimentos. (Fig. 9)

O filtro de ar também passou por modificações e o seu formato ficou oval e montado na parte traseira da cabine. (Fig. 10)

Ficha técnica do motor FPT F1C (Fig. 11 e 12)

  • Instalação: Dianteiro
  • Disposição: Longitudinal
  • Cilindros: 4 em linha
  • Tuchos: Hidráulicos
  • Cilindrada unitária: 750 cm3
  • Válvulas por cilindro: 4
  • Razão de compressão: 17,5:1
  • Deslocamento: 2998 cm3
  • Código do motor: Multijet F1C Max
  • Peso/potência: 13,88 kg/cv
  • Peso/torque: 59,0 kg/kgfm
  • Aspiração: Turbocompressor
  • Alimentação: Injeção direta
  • Comando de válvulas: Duplo no cabeçote
  • Acionamento comando: Corrente
  • Diâmetro do cilindro: 95,8 mm
  • Curso do pistão: 104 mm
  • Potência máxima: 156 cv a 3300 rpm
  • Torque máximo: 36,7 kgfm a 1300 rpm
  • Torque específico: 12,2 kgfm/litro
  • Potência específica: 52,0 cv/litro

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