Levamos o e-2008 até as oficinas para receber a avaliação dos reparadores independentes, que tiveram assim a oportunidade de conhecer as características e tecnologias do veículo que em breve estará presente no dia a dia deles.
Lançado em novembro de 2022, o modelo elétrico da marca francesa já de cara encanta por suas cores chamativas e visual futurista, mas não se limita a isso: ele é repleto de características tecnológicas compatíveis com o mercado de SUVs, que continua em evolução. O veículo inova com propulsão eletrificada, uma grande aposta da montadora, que já conta com o e-208 GT elétrico, o primeiro modelo zero emissões da marca. Este, dentro da gama de versões disponíveis no mercado nacional, divide espaço com motores a combustão de diferentes cilindradas. Já o e-2008 (a versão SUV do 208) conta apenas com motores a combustão na carroceria da versão antiga, já que ainda não recebeu a atualização do Facelift que foi aplicada na Europa. Estima-se que o modelo seja atualizado entre 2024 e 2025, e podendo ainda utilizar os novos motores da Stellantis, como o 1.0 e o 1.3 Turbo, de 130 e 150 cavalos, respectivamente.
Características técnicas
Podendo atingir de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos, com velocidade máxima limitada de 150 km/h e peso de 1455 kg, o e-2008 apresenta um ótimo desempenho em comparação aos SUVs compactos concorrentes, com uma boa aceleração instantânea (característica dos modelos elétricos) e um torque bem confortável e dinâmico de 26,5 kgfm. Vale ressaltar que o modelo conta com três modos de condução: Sport (prioriza a potência), Normal (equilíbrio de economia e performance) e Eco (foco na autonomia). Isso tem interferência direta na experiência de condução. Por exemplo: no modo Eco, ao se solicitar a posição máxima no pedal do acelerador, percebe-se que o propulsor não entrega total potência, pois, nesse caso, está sendo realizada uma gestão mais conservadora da carga da bateria. O próprio painel do carro informa isso (com uma boa visualização gráfica): pode-se notar que o ponteiro de potência não ultrapassa certo nível no modo Eco. Já no modo Sport, o condutor vê o gráfico se preencher por completo junto àquela boa sensação da aceleração pressionando seu corpo no banco do motorista.
Tudo isso controlado pelo novo seletor de condução, o e-Toggle. Nele, está disponível a função “B Mode” (conhecida como “One pedal” em outras marcas), que atua como se fosse um freio motor e faz a desaceleração do veículo com a simples retirada do pé do acelerador pelo motorista (sem que ele nem mesmo toque o pedal de freio) para a regeneração da bateria, otimizando e privilegiando a autonomia, ganhando alguns quilômetros. É importante lembrar que, além disso, a função de freios regenerativos em veículos elétricos e híbridos também contribui com o aumento da vida útil das pastilhas de freio, já que estas, em alguns casos de desaceleração, não são sequer utilizadas.
A potência de 136 cavalos é transmitida às rodas dianteiras através de um câmbio Direct Drive de apenas uma marcha, comumente aplicado em veículos elétricos.
Quanto às características dos chassis, o e-2008 tem suspensão dianteira do tipo McPherson (amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora) e suspensão traseira do tipo semi-independente, com rodas aro 18 e pneus 215/55 na dianteira e na traseira. O modelo traz boas respostas em seu comportamento em curvas e conforto na frenagem, que possui o modo de recuperação de energia, com discos ventilados na parte da frente e discos sólidos na traseira.
Seu entre eixos de 260,5 cm proporciona um espaço interno agradável para os ocupantes (é claro que pessoas com estatura mais alta podem sofrer um pouco no banco de trás). O porta-malas possui 350 L de volume, e uma divisória no compartimento permite que ele seja dividido em dois níveis de altura. Com comprimento de 4,3 metros e largura de 1,77 metros, o veículo se comporta bem em lugares apertados dentro da cidade.
Autonomia e carga
A bateria do e-2008 possui capacidade de 50 kW/h, garantindo, se completamente carregada, até 345 km de autonomia (Ciclo WLTP) – 234 km de autonomia conforme o PBEV Inmetro. Mas isso pode variar muito dependendo de diversos fatores, como modo de condução, carga do veículo (ocupantes e mala), tipo de percurso (cidade ou estrada), utilização do ar condicionado e até temperatura externa, que tem direta influência no trabalho das baterias.
A bateria de íon-lítio tem oito anos de garantia pela montadora, com limite de quilometragem de 160 mil km, e dentro dela há 18 módulos, com 12 células por módulo. Não conhecemos diretamente o interior da bateria para entender melhor sua construção, mas esse elevado número de células, 216, pode ser um bom indicativo para a manutenção, já que dessa forma, possivelmente, podem ser feitas substituições em caso de danos ou defeito de fábrica em apenas uma célula ou apenas um módulo de célula, por exemplo. Isso ajuda muito a reduzir o custo de manutenção e reparo do acumulador de energia. Trabalhando a 400 V de tensão, o sistema é refrigerado por circuito normal contendo água e aditivo (etilenoglicol).
O carregador possui um plug Tipo 2, para corrente alternada (AC), e um plug CCS-2, para corrente contínua (CC) de 7,4 kW/h.
Porém, tudo depende de inúmeros fatores, como da capacidade oferecida pela rede de carregamento, por exemplo. Melhor explicando: alguns eletros postos dividem a energia total entre seus carregadores, ou seja, se você for carregar seu veículo ao mesmo tempo que outros motoristas, a energia de carregamento pode reduzir, o que aumentará o tempo total de carga. Outro aspecto a se conhecer é se o veículo está apto a receber toda aquela quantidade de energia. Por exemplo: existem carregadores de até 150 kW, mas o Peugeot e-2008 aceita apenas 100 kW, e em algumas situações pode até reduzir essa capacidade por questões de segurança, levando em consideração a temperatura do sistema elétrico.
O e-2008 vem com um cabo domiciliar para carregamento do veículo com padrão de tomada brasileira (Tipo J). Porém, seu tempo de carga pode ultrapassar 24 horas. Para alguns proprietários, dependendo do tipo de uso, pode compensar a compra e instalação de um Wallbox, que pode reduzir o tempo de carga para até 8 horas.
Durante a carga, podemos observar o status a partir das luzes indicativas de recarga ao lado do plug de carregamento: verde piscante significa “em carregamento”, e verde constante, “carga completa”; vermelho representa anomalia/problema na recarga. Para soltar o plug, basta destravar as portas do veículo, pois ele fica preso ao carro para impossibilitar sua remoção por terceiros.
Baterias de íon-lítio:
A escolha do melhor tipo de bateria para o seu carro elétrico depende de vários fatores, incluindo custo, desempenho, autonomia, durabilidade e impacto ambiental, e tudo isso é avaliado pela montadora.
O Peugeot e-2008 é equipado com bateria fabricada em íon-lítio de 50 kWh de capacidade dividida em centenas de células de carga, o que pode reduzir o custo e facilitar a manutenção, como comentamos anteriormente. As baterias de íon-lítio são a escolha mais comum para carros elétricos atualmente e estão aplicadas na grande maioria dos carros do mercado devido a sua eficiência, densidade de energia, durabilidade e confiabilidade. Outro fator importante é que elas são mais leves em comparação com outras tecnologias de bateria. Isso se torna muito positivo, pois o peso total do veículo influencia em diversos fatores no projeto para sua fabricação, como resistência dos materiais, dimensionamento de componentes e custo de produção. Além disso, um carro mais leve pode ter uma autonomia maior com menos carga de bateria.
As baterias de íon-lítio têm várias vantagens e desvantagens quando utilizadas em carros elétricos. Vamos explorar esses pontos positivos e negativos:
Pontos positivos:
Alta densidade de energia: as baterias de íon-lítio têm uma alta densidade de energia, o que significa que podem armazenar uma quantidade significativa de energia em um espaço relativamente pequeno e leve. Isso permite que os carros elétricos tenham uma boa autonomia por carga.
Recarga rápida: as baterias de íon-lítio são capazes de aceitar uma recarga rápida em comparação com outras tecnologias de bateria, o que é conveniente para viagens de longa distância.
Durabilidade: as baterias de íon-lítio são projetadas para serem duráveis e podem durar vários anos antes de perderem uma quantidade significativa de capacidade.
Baixa manutenção: elas requerem menos manutenção em comparação com motores a combustão interna, uma vez que têm menos peças móveis sujeitas a desgaste.
Eficiência energética: carros elétricos que utilizam baterias de íon-lítio são geralmente mais eficientes em termos de consumo de energia em comparação com veículos a combustão interna.
Pontos negativos:
Autonomia limitada: embora tragam melhorias significativas, as baterias de íon-lítio ainda têm uma autonomia limitada em comparação com veículos movidos a combustíveis fósseis, o que pode ser uma preocupação para algumas pessoas, especialmente em viagens longas.
Tempo de recarga: embora a recarga rápida seja uma vantagem, ainda pode levar algum tempo para recarregar completamente uma bateria de íon-lítio, dependendo da infraestrutura de recarga disponível.
Degradação da capacidade: com o tempo, a bateria de íon-lítio pode sofrer uma degradação gradual de capacidade, o que significa que a autonomia por carga diminui à medida que a bateria envelhece. No entanto, isso tem melhorado com avanços na tecnologia das baterias.
Custo inicial: carros elétricos com bateria de íon-lítio tendem a ser mais caros do que seus equivalentes a gasolina ou diesel devido ao custo das baterias. No entanto, os custos estão diminuindo gradualmente à medida que a tecnologia avança e a produção em massa aumenta.
Impacto ambiental da produção: as baterias de íon-lítio são recicláveis e têm menor impacto ambiental em comparação às baterias de chumbo-ácido, mas ainda requerem mineração de lítio e cobalto, o que pode ter impactos ambientais significativos. No entanto, existem esforços para tornar a produção mais sustentável e reciclar baterias usadas.
Em geral, as baterias de íon-lítio são a tecnologia de bateria mais comum e amplamente aceita para carros elétricos devido às suas muitas vantagens. No entanto, é importante reconhecer que ainda existem desafios a serem superados, como a melhoria da autonomia, a redução dos custos e a busca por alternativas mais sustentáveis no que diz respeito aos materiais das baterias.
Segurança
O novo Peugeot e-2008 que chegou ao Brasil é de nova geração, ou seja, existe muita diferença para o 2008 que vemos por aí, não só no visual (que, inclusive, nessa geração ficou muito mais parecido com o do 3008 – algumas pessoas até confundem os veículos em alguns momentos), mas em diversos pontos construtivos, como dirigibilidade, acerto de suspensão, espaço interno, tecnologia e, principalmente, segurança, já que o novo veículo nesta geração existe na Europa há quase dois anos.
O e-2008 apresenta o Peugeot Driver Assist Plus, uma série completa de tecnologias semiautônomas de assistência ao volante para aprimorar ainda mais a sua segurança, auxiliar nas manobras e melhor antecipar qualquer situação de risco no trânsito.
Alguns itens incluídos são: alerta de colisão frontal, frenagem automática de emergência, piloto automático adaptativo, alerta de ponto cego, alerta de saída de faixa com correção, alteração automática do farol alto e câmera 360° para manobras. Além disso, o veículo traz um bom e funcional reconhecimento de placas de velocidade, função que pode ser facilmente ajustada com apenas dois cliques no volante, informando-se a velocidade de cruzeiro em que se deseja permanecer. Fora isso, o modelo possui seis airbags, demostrando a preocupação da marca com a segurança dos ocupantes.
Por dentro, todas as informações relevantes sobre a condução são facilmente acessíveis dentro do campo de visão do motorista, facilitando muito a dirigibilidade do carro. Com o cluster digital 3D da Peugeot, o mesmo do e-208, e a central multimídia, você pode consultar diversas informações, como autonomia, modo de condução, indicação de uso de energia, informações da faixa de áudio reproduzida e navegação do GPS, bem representada com uma boa imersão, além de ilustrações do veículo durante a condução.
Nas oficinas
Levamos o nosso Peugeot elétrico para nossos reparadores especialistas analisarem e darem a sua opinião sobre o modelo novo no mercado.
Nossa primeira parada foi na oficina Technic Especializada, localizada na Rua Levon Apovian, 71 Jd. Trussardi, São Paulo-SP, onde fomos atendidos pelo proprietário, Cesar Souza, que já foi gerente de assistência técnica da Citroen.
Cesar se diz suspeito para falar sobre a marca Peugeot, pois trabalha há anos no seguimento de carros franceses, atendendo, em sua maioria, Peugeot e Citroen, mas é inegável que seus olhos brilham ao ver o modelo 100% elétrico entrando em sua oficina, e logo fomos para um test drive. Durante a rodagem, Cesar parabenizou a marca por estar investindo nesse segmento. Já que a Peugeot sempre apresentou bons produtos, não poderia ficar de fora do jogo dos eletrificados.
O reparador, de cara, já relata a diferença de dirigir um carro elétrico, onde não se ouve o som do motor, apenas o ruído do atrito do pneu com o chão e em frenagens o motor elétrico realizando a regeneração de energia. Segundo Cesar, graças a isso, podemos sentir melhor o carro, sentir a suspensão – que, conforme ele relata, parece ser muito boa – e ter o privilégio de provar a aceleração instantânea do motor.
O interior do carro também encanta Cesar, que destaca, como pontos positivos, o fácil acesso aos botões e comandos do carro no volante e no painel e o diferenciado painel 3D, que traz diversas opções de visualização, como velocidade, potência e porcentagem de bateria.
Em seguida, fomos até o nosso amigo reparador Kleberson e toda sua equipe técnica da Arcar Serviços Automotivos, unidade Barra Funda, situada na Rua Anhanguera, 295.
Logo quando chegamos, fomos muito bem atendidos por todos os mecânicos e até clientes que lá estavam. Detalhe: de início, o modelo foi confundido por alguns pela sua semelhança com o 3008, muito por conta de os dois veículos possuírem a mesma cor, Laranja Sunset.
A equipe já foi logo colocando o carro no elevador para conhecer todos os seus detalhes técnicos. De cara, foram procurar a bateria e os componentes de alta tensão.
O time da Arcar rapidamente reconheceu peças que são compartilhadas de outros modelos Peugeot, como a suspensão dianteira, por exemplo, que utiliza os mesmos componentes dos outros modelos, os quais, segundo os mecânicos, são de confiança, não possuem muito histórico de problemas. Já na traseira, o veículo utiliza o mesmo quadro, mas, nesse modelo, foi adicionada uma barra de estabilidade – acreditamos que por conta do peso adicional que os carros elétricos possuem, geralmente devido às baterias.
E por falar em bateria, ela está presente na parte de baixo do veículo, acompanhando o assoalho quase que por completo, e podemos ver alguns cabos de alta tensão, sempre indicados na cor laranja. Deve-se evitar o contato com eles, pois existe o risco de uma descarga elétrica que pode ser até fatal.
A parte inferior da bateria é toda revestida por uma capa plástica, para evitar possíveis avarias leves por contato com lombadas, valetas e imperfeições do asfalto. Na dianteira existe outra capa, como se fosse um protetor de cárter. É claro que, nesse caso, não se aplica ali um cárter de óleo, mas sim o próprio motor elétrico na parte mais baixa do cofre do motor, acompanhado do compressor elétrico do ar condicionado. Ao conduzir, deve-se ter cuidado, pois por mais que o modelo seja um SUV com uma altura um pouco elevada, peças importantes do veículo estão nessa parte inferior e, em caso de colisões, assim como ocorre em modelos a combustão, os custos de reparo podem ser elevados.
Na parte de cima do veículo, os técnicos gostaram de avaliar a parte de arrefecimento, que parece ser bem similar à de um veículo a combustão normal, com reservatório de expansão, radiador e até um “sangrador” de fácil acesso para um possível caso em que seja necessário repor ou substituir o fluido que refrigera o motor e as baterias. Diretamente no reservatório, já existem símbolos que indicam os cuidados a serem tomados na hora de adicionar fluidos. Segundo o manual do proprietário, deve ser utilizado etilenoglicol. A Peugeot recomenda o uso do Supracoolant Diluído.
Entretanto, os técnicos da Arcar tiveram muitas dúvidas sobre o novo modelo. Quanto à vida útil da bateria, por exemplo: quantos ciclos de carga ela suportaria? A carga rápida não causaria problemas a longo prazo? Para essas perguntas, eles ainda não encontraram respostas.
O e-2008 foi muito bem avaliado pelos técnicos que já conhecem bem a linha Peugeot. Eles indicam que alguns pontos que apresentavam problemas nas linhas anteriores foram melhorados. Algumas reclamações de clientes, como aquelas relacionadas à suspensão da linha 3008, que também parece se replicar no novo SUV elétrico, parecem ter sido ouvidas e atendidas. Isso significa uma evolução da marca, que, na opinião dos reparadores, evolui sem perder o DNA, pois o padrão de luxo, o interior requintado, as curvas excêntricas do design francês ainda se mantêm nos modelos mais novos, trazendo de volta a posição que os Peugeot tinham quando chegaram ao Brasil: um carro premium com custo mais acessível.
Durante nossa visita, os técnicos da Arcar tiveram a experiência de colocar um carro elétrico para carregar, utilizando o carregador que acompanha o veículo e que pode ser conectado em uma tomada que utiliza o padrão brasileiro de três pinos (existiam diversas pela oficina).
Porém, para a decepção de alguns, essa tomada tem um tempo de recarga muito alto, pois carrega no máximo 1,8 kW, e isso demanda um tempo muito alto. Por exemplo, nesse dia, a bateria estava em 57%. Para atingir a carga completa, seriam necessárias 9 horas e 30 minutos, conforme informado no painel do veículo. Nesse caso, seria até inviável realizar uma recarga na oficina, pois atingiríamos o horário de fechamento do local e, mesmo assim, não teríamos 100% de carga.
Assim, fica a reflexão sobre as vantagens de adquirir um aparelho Wallbox, tanto para o proprietário quanto para os reparadores que desejam receber esse tipo de veículo em sua oficina: para o proprietário, significaria abastecer o veículo mais facilmente, aumentando sua praticidade e melhorando a experiência de uso; para os reparadores, pode ser interessante comercialmente realizar a carga em um tempo bem menor, oferecendo mais conforto ao cliente.
Na terceira e última visita, fomos até a cidade de Mauá, na grande São Paulo. Conhecemos a oficina Infinity Tecnologia em Autos, localizada na Rua Luís Tonelotti, número 12, Bairro Guapituba. Lá, fomos atendidos pelo Rodrigo Pereira Salviato, que é o proprietário, e pelo gerente, Antônio Flávio Lima Frazão. A oficina do Rodrigo tem 14 anos no ramo de reparo de mecânica, ar condicionado e injeção eletrônica, e já realiza serviços em elétricos e híbridos, atendendo por mês diversos veículos com problemas em baterias, conversores, entres outros. Por dentro da oficina, pudemos ver algumas unidades do Toyota Prius, tanto chegando para serviço quanto saindo para entrega. Rodrigo informou que recebe esses veículos de diversas cidades, inclusive de outros estados, pois a manutenção nesses carros ainda é muito restrita. Poucos profissionais se prepararam para essa tecnologia, realizando treinamento e investimento em estrutura, como ferramentas especiais para tal reparo.
A Infinity se destacou em outro ponto: chegando lá, tivemos a boa notícia de que a oficina possuía um carregador Wallbox para carregamento acelerado. Esse carregador da Infinity está até indicado em um aplicativo de compartilhamento de carregadores, através do qual, por um mapa, o usuário pode encontrar pontos de recarga. Lá, a nossa bateria foi de 30% a 50% em pouco mais de uma hora. Mais rápido do que o carregador doméstico.
Durante a nossa visita, deixamos Rodrigo e Antônio à vontade para conhecer o carro. No elevador, eles removeram todas as capas inferiores que cobrem a bateria e os componentes do cofre do motor. Com isso, pudemos enxergar melhor o sistema de acumulador de energia e de propulsão.
Nas conexões da bateria, os cabos estão bem-sinalizados, são de fácil acesso e de boa qualidade, o que é importante, já que eles estão expostos a diversas condições climáticas, e qualquer avaria neles irá impossibilitar a condução do veículo.
Um ponto negativo para Rodrigo e Antônio são as mangueiras de refrigeração conectadas à bateria. Na visão deles, elas se encontram em uma posição muito exposta a possíveis avarias caso o veículo sofra uma colisão na parte de baixo, que pode ser causada por algum objeto na pista ou até por uma lombada. Mesmo com as proteções plásticas, o equipamento pode ser amassado, trincado ou rompido, gerando um grave problema no veículo. Para os reparadores, uma possível solução seria posicionar em outros pontos mais elevados essas mangueiras e conexões, ou adicionar uma proteção mais reforçada, algo de metal, no caso.
Na parte do propulsor, os técnicos notaram que o motor é bem grande em relação a outros modelos mais simplistas e parece ser mais robusto, e afirmaram que isso pode ter relação com o torque do motor. Outros componentes por baixo do capô, como compressor de ar condicionado, radiadores e reservatórios, são de fácil acesso e reparo. Lembrando que o compressor também é elétrico e possui um cabo de alimentação de alta tensão com o qual se deve ter muito cuidado durante o manuseamento. A parte elétrica de 12 V é bem comum, tal qual em carros a combustão. Possui um módulo de conversão que carrega a bateria para alimentar componentes como equipamentos internos, multimídia e iluminação.
Disjuntor de emergência
Os técnicos da Infinity nos dão a informação de que, em veículos elétricos e híbridos, em casos de reparos em componentes de alta tensão ou não, existe uma chave (interruptor ou disjuntor de emergência) que realiza a desconexão da bateria, derrubando a tensão do sistema para que se realize o reparo em segurança.
No Peugeot e-2008, a chave de emergência fica localizada na parte acima do cofre do motor, próximo à parede corta fogo, e é indicada pela etiqueta da imagem.
Segunda a própria marca, essa etiqueta foi concebida para utilização por bombeiros e serviços de manutenção na eventualidade de qualquer reparação no veículo. Então, não deve ser utilizada pelo proprietário em caso de problemas com o veículo. Para isso, procure por um especialista para te auxiliar. E para o reparador, fica a dica: busque informações e treinamentos a respeito de carros elétricos e híbridos antes de querer recebê-los em sua oficina. Essa tecnologia é repleta de diversidades referentes a tecnologia e componentes que ainda não são de conhecimento do público geral, e a incorreta manutenção pode causar graves problemas, inclusive de saúde, pois o sistema elétrico de alta tensão, se não utilizado com conhecimentos técnicos e ferramentas especiais, pode causar danos fatais em caso de contato.