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Sonho ou pesadelo? Qual é o melhor carro para comprar? Quando e como devo fazer as manutenções?

Na hora de comprar um carro novo ou usado, a razão e a emoção farão parte do processo, por isso, é preciso saber algumas coisas básicas acerca da manutenção, para não transformar o sonho em pesadelo

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Por Tenório Jr.


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Talvez o primeiro maior sonho da maioria das pessoas quando chegam à fase adulta, em relação à aquisição de um bem material, é comprar um carro.

Hoje, mais do que nunca, diante da deficiência do transporte público, sobretudo nas maiores cidades como é o caso de São Paulo, a aquisição de um carro deixa de ser um luxo e passa a ser necessidade!

Atentas a essa demanda, as revendedoras de veículos não perdem a oportunidade para fazer uma boa venda, facilitam ao máximo tornando possível a realização do grande desejo de ter o seu próprio carro. Mas, e a manutenção, como fica? Será que um carro seminovo precisa ir para a oficina? E qual oficina levar? E se for aquele carro que quase não anda, mesmo assim tem que fazer manutenção?

Essas e outras questões na maioria das vezes são ignoradas pelos proprietários de veículos, sejam de primeira viagem ou não. O fato é que a ansiedade pode turvar a visão de longo alcance e o senso de realidade fica comprometido. Neste sentido, esse artigo será de grande relevância, sobretudo para quem deseja fazer a manutenção de forma consciente, segura e econômica.

Qual o melhor carro para comprar?

Muitos clientes me perguntam qual carro eu indico para comprar. Essa é uma pergunta comum, porém, difícil de responder no primeiro momento; por falta de parâmetros, certamente a minha opinião seria subjetiva. Por isso, eu respondo sempre com outras três perguntas que detalharei a seguir:

01- Qual o tipo de motor que você acha que irá atender a sua necessidade?

Você deseja economia porque utiliza o carro mais para se locomover diariamente no trânsito da cidade; transporta na maioria das vezes, duas pessoas ou mesmo anda sozinho?

Se for esse o caso, um carro de baixa potência (1.0) irá atender as suas necessidades e lhe proporcionar economia de combustível.

Se você utiliza o carro para ir e voltar do trabalho e muitos passeios com a família e mesmo assim deseja economia de combustível, o carro que atenderá a sua necessidade está classificado como potência intermediária (1.4, 1.5 e 1.6). Neste caso se você comprar um carro (1.0) em pouco tempo irá reclamar da falta de potência.

Se você for utilizar o carro mais para viagens longas com a família e por isso, deseja potência para realizar as ultrapassagens com mais segurança, superar longas subidas com certa facilidade e não se importa tanto com o consumo, os motores ideais são os de maior potência (1.8, 2.0, etc.)

Obs.: comparado aos carros de menor potência, os veículos de maior potência, se conduzidos em velocidade constante até 120km/h, têm ótima performance em relação ao consumo de combustível. Isso ocorre pelo simples fato de ter que acelerar menos para manter a velocidade.

02- Qual o tamanho do carro que você precisa?

Nesse caso, é necessário escolher entre modelos: Hatch, Sedan, Minivan, SUV, Pick-up, etc.

Para essa escolha você deve levar em consideração os lugares onde costuma estacionar e o seu grau de dificuldade para efetuar manobras, o tamanho da família, a necessidade do porta-malas, etc.

03- Qual o valor que você tem disponível para a compra do carro?

Esse é o fator limitante. Faça uma pesquisa em um ou mais sites especializados em venda de veículos, para saber quais carros com tais características estão dentro do valor disponível. Nesta fase alguns carros serão excluídos automaticamente, tornando mais fácil a busca.

Nota: é possível filtrar exatamente da forma que você deseja (marca, motor, carroceria, opcionais e preço máximo).

Todas essas respostas servirão como um filtro para eliminar os carros que não atendem às necessidades. Por exemplo, você poderá concluir que o carro deve ser de média potência, carroceria do tipo Sedan, com ar-condicionado, direção hidráulica e até 35 mil Reais.

Dentre os modelos que se enquadram nesses requisitos estão aqueles que mais agradam seus olhos. Ótimo! Agora resta saber qual deles atende às suas expectativas em relação à manutenção.

04 – Escolhidos os finalistas, pergunte ao seu Reparador de confiança sobre as questões de manutenção e pondere o que você considera mais importante entre custo das peças e mão de obra, tempo de reparo, disponibilidade de peças originais no mercado de reposição/concessionária e informação técnica.

O relato do Reparador lhe dará uma base para decidir qual carro comprar.

Em tempo – esse é fator que é comumente ignorado no ato da escolha de um carro. No entanto, na hora de fazer a manutenção é que esse quesito passa a ser percebido.

É bom saber: na sessão "Avaliação do Reparador" do jornal Oficina Brasil, que também é escrita por mim, temos relatos dos reparadores sobre determinados carros, de acordo com a experiência adquirida no dia a dia da oficina - vale a pena descobrir os pontos fortes e fracos do carro que lhe interessa. Fica a dica!

05 – Encontre o carro escolhido e peça para o seu Reparador de confiança fazer uma avaliação prévia. Ele estará isento de emoção e fará uma avaliação técnica, mesmo sendo superficial.

Como fazer para manter a manutenção em dia?

Vamos começar relembrando dois conceitos básicos retratados na matéria anterior:

Manutenção corretiva - é aquela que se faz apenas quando o carro apresenta sinais indicando que algo está com problema.

Esse tipo de manutenção tem custo elevado; compromete a segurança dos ocupantes do veículo e também de terceiros; causa transtorno para o proprietário do carro e para a sociedade, além disso prejudica o meio ambiente como um todo.

Manutenção preventiva - é aquela que antecede à quebra de alguma peça, ou seja, mesmo sem o carro apresentar nenhum sinal de problema, a manutenção é realizada.

Atenção! Trocar as peças antes que elas "quebrem", pode evitar danos em outras peças e, por isso, a manutenção preventiva tem menor custo em relação à corretiva.

Geralmente é realizada em revisões programadas de acordo com a disponibilidade de tempo e de dinheiro do proprietário do veículo; contribui para o aumento da segurança, diminuição da poluição ambiental e fluidez do trânsito.

Quais são as bases para a manutenção preventiva?

Grande parte das peças de um carro, sobretudo aquelas que comprometem o funcionamento do motor e a segurança do carro, são submetidas a longos e rigorosos testes que são realizados pelos seus fabricantes. A partir desses testes é estimada a vida útil dessas peças, seja em número de horas ou quilômetros rodados.

Com base nessas informações fornecidas pelos próprios fabricantes de autopeças, montamos um plano básico de manutenção preventiva que serve para quase todos os carros.

Nota: não é possível usar o mesmo padrão para 100% dos carros porque existem variáveis que implicam no aumento ou diminuição da vida útil das peças.

Em um carro zero km nas primeiras manutenções até 10.000 km (geralmente realizada pelas concessionárias) basicamente são substituídos: óleo de motor, filtro de óleo, filtro de ar, filtro de combustível, filtro de cabine, alinhamento e balanceamento das rodas. Se for oferecido ou cobrado algo além disso, se não for por mal-uso ou por fatalidade, desconfie!

Fique sabendo! Para quem compra um carro zero km o melhor é levar para fazer as revisões previstas pelo fabricante nas concessionárias da marca, no mínimo durante o primeiro ano. Porque os principais e mais dispendiosos problemas procedentes de garantia são revelados no primeiro ano de uso, depois disso, dificilmente haverá um problema que não seja por desgaste natural, acidental ou mal uso, logo, não será caracterizada como garantia procedente.

Após o período da garantia ou um ano, uma boa parte dos proprietários de veículos passa a levar seus carros para fazer as devidas manutenções nas oficinas independentes onde eles têm maior intimidade, facilidade na comunicação, confiança, flexibilidade e normalmente, não por acaso, a logística favorece no sentido de levar o carro para a oficina e retirar ao término do trabalho, sem falar que algumas oficinas oferecem serviço de leva e traz.

Diante dessa realidade, aproveito para dar uma dica aos colegas Reparadores de oficinas independentes: faça um plano de manutenção preventiva de acordo com as recomendações do fabricante do veículo, ao mesmo tempo, personalizado de acordo com as condições de uso do veículo para cada cliente. O plano de manutenção preventiva é uma ferramenta que fideliza o cliente pela segurança, transparência, pelo suporte técnico que ele tanto precisa e pela comodidade de realizar os serviços no tempo mais conveniente para ele.

Continuando... A partir do primeiro ano ou dos 10.000 km já se faz necessária a verificação de itens como freios, suspensão e embreagem, além dos itens básicos da primeira revisão. Atenção! Eu disse "VERIFICAÇÃO" não substituição! Isso porque, cada pessoa dirige de uma forma diferente da outra o que significa dizer que em alguns casos a vida útil de certas peças pode ser reduzida pela metade.

Em minha oficina já troquei embreagem de um carro que estava com 13 mil km. Detalhe, esse carro chegou à oficina na plataforma de um guincho. O tempo médio de durabilidade de uma embreagem de carros com câmbio manual é entre 60 mil km e 100 mil km.

Em pastilhas de freio, que na maioria das vezes duram mais que 25 mil km, frequentemente constatamos desgaste total aos 15 mil km.

Esses foram apenas dois exemplos para explicar o porquê de algumas peças não terem o tempo de vida útil estimado ou previsto numa planilha de revisão preventiva.

No entanto, se houver um controle com a data e a quilometragem das manutenções, é perfeitamente possível saber qual é o tempo de vida útil dessas tais peças, de acordo com a utilização de cada cliente. Neste sentido, com uma breve análise no histórico das últimas revisões é possível orientar o cliente sobre manutenções preventivas futuras.

Troca de óleo do motor

Esse é um tópico que é comumente interpretado da maneira errada ou mesmo, deturpado por ignorância.

 Após o surgimento do óleo sintético, criou-se uma ideia de que esse óleo é para durar 10.000km independentemente das condições de operação do veículo, mas não é bem assim que funciona!

Os óleos de melhor qualidade realmente podem suportar 10.000km sem alterar suas características que garantem a eficiência no cumprimento da sua função no motor. Porém, para que isso seja possível, o veículo deve trafegar na maior parte do tempo em condições favoráveis ao motor – algo como andar longas distâncias em rodovias sem trânsito – essa seria uma condição excelente para o motor.

No entanto, se o carro trafegar na maior parte do tempo em condições severas: percursos curtos que não excedam a 6 km; estradas de terra ou poeira; uso de trailer ou reboque e/ou no trânsito intenso, o mesmo óleo do exemplo anterior, deve ser substituído a cada 5.000km ou 06 meses, o que ocorrer primeiro.

Atualmente nas grandes cidades, a maioria dos carros circula em condições severas, devido ao trânsito intenso. Por esse motivo, considero mais seguro e coerente trocar óleo e o filtro de óleo a cada 5.000 km ou 6 meses. Aliás, nesta ocasião, com o carro no elevador, é uma ótima oportunidade para fazer algumas verificações visuais no estado geral do carro com o propósito de identificar alguma peça que esteja avariada ou apresentando sinais de desgaste, principalmente nos itens de segurança como suspensão e freios. Em muitos carros encontramos folgas nos braços de direção, terminais, pivôs, flexíveis de freio prestes a se romperem, vazamentos de óleo ou água, etc. Todas essas peças apresentam inicialmente uma pequena avaria, que nem sempre é percebida pelo motorista, mas, em algum momento vai quebrar e aí, sabe-se lá o que pode acontecer.

Como identificar uma boa oficina e um bom profissional da Reparação automotiva?

Com tantas oficinas independentes existentes no Brasil, se não houver uma referência fica difícil para saber em qual oficina confiar. Pensando nisso, o jornal Oficina Brasil criou o site www.guiadeoficinasbrasil.com.br. Neste site hospedam-se somente oficinas que passaram por uma avaliação que leva em consideração as instalações, equipamentos e capacitação técnica. É possível encontrar oficinas pela cidade, bairro ou CEP, basta acessar o site.

Além do site, também vale aquele bate papo com uma pessoa próxima que tenha carro há mais tempo, é possível que ela indique alguma oficina de sua confiança.

Você pode também visitar algumas oficinas e tirar suas próprias conclusões baseadas em alguns detalhes, como:

- Verifique visualmente as instalações quanto à organização, espaço, limpeza e cuidados que os Reparadores estão tendo com os carros dos clientes que estão em manutenção;

- Conversando com o técnico responsável ou o proprietário da oficina, é possível perceber a cultura organizacional da empresa (forma de trabalho e valores) - Oficinas que primam pela qualidade fazem questão de trabalhar com peças originais ou genuínas - talvez essas oficinas não ofereçam o menor preço e sim, o maior valor agregado aos serviços prestados;

- Para finalizar, pergunte se a oficina possui um plano de manutenção preventiva.

Após essa rápida "pesquisa", você terá algum parâmetro para julgar e classificar essas oficinas de acordo com os seus preceitos e expectativas.

Considerações finais

Costumo dizer que, nos dias de hoje, com o mercado globalizado e acirradas disputas entre marcas e modelos, não há espaço para um carro que seja considerado ruim pela maioria dos consumidores.

Comprar o carro que atenda às suas necessidades e expectativas é a melhor forma de minimizar o descontentamento posterior à aquisição. Nem sempre o carro que salta aos olhos, ou o carro dos sonhos é o melhor para comprar. Tudo depende de uma série de fatores que implicam diretamente na viabilidade da aquisição, dentre eles, destaco o custo para mantê-lo.

Para finalizar, a mensagem que eu gostaria que ficasse gravada após essa leitura é: “O planejamento é fundamental para a compra de um carro, seja ele novo ou usado; e a falta desse planejamento pode transformar o sonho em grande pesadelo”. #DrReparador

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