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Testes de vazamento e compressão permitem diagnósticos rápidos e confiáveis

Embora subutilizados pelos reparadores, procedimentos são de grande valor no diagnóstico de defeitos do motor, confira como realizá-los nesta matéria

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Por Melsi Maran


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teste de vazamento de cilindros é uma operação que deve ser realizada para diagnosticar problemas internos na câmara de combustão, nos cilindros, pistões, anéis, válvulas, junta do cabeçote e trincas, sem precisar desmontar o motor. A operação consiste em injetar ar comprimido na câmara de combustão com o pistão em PMS, com um equipamento apropriado instalado no orifício da vela de ignição.

Manômetro de teste de vazamento de cilindrosPara realizar este teste deve se seguir alguns procedimentos:
- o motor deve estar aquecido na temperatura ideal de trabalho;
- as velas de ignição devem ser removidas removidas;
- o pistão do cilindro a ser medido deve apresentar em 0 grau PMS;
- os injetores e bobina de ignição devem ser desligados;
- a borboleta de aceleração deve estar aberta;
- o manômetro do equipamento deve ser ajustado em zero e conectar no motor.

Verificações em caso de indicações de vazamento no manômetro:
Uma indicação de até 5% de vazamento não representa problemas para o motor, pois um pequeno desgastes nos cilindros e anéis pode acusar este índice. Contudo se as indicações ultrapassarem 10% podem comprometer a eficiência de queima da mistura ar/combustível resultando em perda de potência, consumo de combustível e alto índice de emissões reprovando para a inspeção veicular.

Verificação da compressão do motor - Nos motores de combustão interna existem vários fatores que podem gerar a perda da pressão de compressão comprometendo a eficiência de queima, provocando baixo rendimento do motor, alto consumo de combustível, alto consumo de óleo, carbonizações, contaminações do óleo e emissões de poluentes.

Uma operação indispensável para diagnosticar estes problemas é a medição de pressão de compressão do motor e de vazamentos de cilindros

Procedimento para se medir a pressão de compressão de um cilindro

Condições para medir compressão dos cilindros:
- Motor quente e sem as velas de ignição;
- Injetores e bobina de ignição desligados;
- Borboleta de aceleração aberta;
- Filtro de ar limpo/removido;
- Bateria e motor de partida em bom estado;
- Manômetro instalado nos orifícios das velas.

Medidor de compressãoObs.: O motor deve girar livremente até estabilizar o ponteiro do manômetro. A maioria dos fabricantes especificam uma diferença máxima admissível de 10% entre o maior e menor valor medido.

O principal fator que gera a perda de compressão nos motores é o desgaste dos anéis e cilindros por tempo de uso ou falta de manutenção preventiva.

Quando uma parte da mistura ar/combustível atinge o cárter pode ocorrer uma diferença na compressão final em relação a outros cilindros do motor, provocando funcionamento irregular, podendo chegar a falhas em determinados regimes do motor. O desgaste entre anéis e canaletas do pistão permite a passagem de óleo entre anel e cilindro, de forma que o óleo alcança a superfície do pistão, juntando-se à mistura a ser queimada, formando na saída dos gases uma fumaça branca azulada em motores movidos a gasolina, e pouco mais clara para motores a álcool. Com a comprovação da diferença de compressão dos cilindros, a coloração da louça da vela e do eletrodo da vela de ignição, mostra-se preto úmido (brilhante), e através da visualização na saída dos gases na extremidade do tubo de escapamento. Deixe o motor trabalhar em marcha lenta por alguns minutos e posteriormente acelere o motor em torno de 2500 a 3500 rpm por uns trinta segundos, e verifique a presença de fumaça que comprova o desgaste.

É considerado normal o consumo de óleo lubrificante do motor em até um litro num intervalo de troca, ou segundo indicações contidas no manual do proprietário. Basicamente o consumo excessivo de óleo pode ter como causa os seguintes fatores que são:

Retentores de válvulas: Os retentores de válvulas são instalados nas hastes das válvulas e têm por função reter o óleo lubrificante contido no cabeçote.
Causa provável: Má vedação dos retentores de válvulas na haste da válvula. Durante o movimento de abertura da válvula, porém, partículas de óleo acompanham a haste no intuito de manter a lubrificação e acabam entrando em contato com o cilindro, queimando juntamente com a mistura ar/combustível, (em níveis controlados é normal).
Como verificar: Só é possível a verificação através da desmontagem do cabeçote.

Haste e guias de válvulas: As hastes das válvulas devem ter folgas controladas para que os vedadores consigam reter a passagem de óleo e manter as válvulas perfeitamente vedadas nas sedes.
Causa provável: Má vedação dos retentores de válvulas na haste da válvula. Durante o movimento de abertura da válvula, folga excessiva no guia de válvula pode provocar movimentação angular da haste, forçando assim o retentor que com o tempo permitirá a passagem do óleo para a câmara de combustão.
Como verificar: Só é possível a verificação através da desmontagem do cabeçote.

Anéis de segmento e tipos de desgastes: Os anéis de segmento e os pistões podem sofrer desgastes por deficiência de lubrificação, sobrecarga do motor, superaquecimento ou até desgaste natural, e podem provocar:
- baixa pressão de compressão;
- alto consumo de óleo e combustível;
- baixo rendimento do motor;
- vazamentos de óleo;
- emissões de poluentes.

Observações importantes durante o teste: Vazamentos apresentados durante o teste podem indicar os tipos de desgastes tais como:
Vazamento de ar pela borboleta de aceleração indica uma má vedação na válvula de admissão proveniente de empenamento, queima, desgastes na sede ou válvula presa.
Vazamento de pressão de compressão do cilindro para o Carter - No momento da compressão o aumento da pressão no cilindro pode provocar fuga entre os anéis e as canaletas do pistão, entre os anéis e os cilindros e junta do cabeçote.
Como verificar: Através da constatação da presença de pressão na ventilação do cárter (sistema de respiro do motor, ou tubo da vareta de óleo)

Perda de performance por desequilíbrio de compressão
Causa provável: Em virtude de parte da mistura ar/combustível atingir o cárter, ocorre uma diferença na compressão final em relação a outros cilindros do motor, provocando funcionamento irregular, podendo chegar a falhas em determinados regimes do motor.

Partes do motor que vedam a câmara de combustão e podem apresentar vazamentos

Passagem de óleo lubrificante para a superfície do pistão.
Causa provável: O desgaste entre anéis ou canaletas do pistão permite a passagem de óleo tanto entre anel e cilindro, como anel e canaletas do pistão, de forma que o óleo alcance a superfície do pistão juntando-se a mistura a ser queimada, formando na saída dos gases uma fumaça branca azulada em motores movidos a gasolina, e pouco mais clara para motores a álcool.
Como verificar: Com a comprovação da diferença de compressão dos cilindros, coloração da louça e o eletrodo da vela de ignição, mostrando-se preto úmido (brilhante). Através da visualização na saída dos gases na extremidade do tubo de escapamento. Deixe o motor trabalhar em marcha lenta por alguns minutos e posteriormente acelere o motor em torno de 2500 a 3500 rpm por uns trinta segundos, e verifique a presença de fumaça. Desgastes de cilindros devem ser medidos conforme especificações dos fabricantes.

Formação de carvão na cabeça do pistão
Causa provável: O acúmulo de óleo na cabeça do pistão pode não ser totalmente queimado, transformando-se com o tempo em crostas de carvão mudando a geometria do pistão, prejudicando o perfeito funcionamento.
Como verificar: A constatação só é possível removendo-se o cabeçote, porém todos os indícios apontados até aqui, se constatados, retratam a existência de carvão na cabeça do pistão.

Ponto incandescente na cabeça do pistão
Causa provável: O carvão incrustado na cabeça do pistão vai se aquecendo à medida que o motor recebe cargas e vai se incandescendo e se transformando em um ponto quente que sem controle, pode danificar o motor irreversivelmente.
Como verificar: Somente com a constatação da presença de carvão na cabeça do pistão, considerando os itens do ponto anterior.

Ignições espontâneas por pontos quentes na câmara de combustão
Causa provável: Em virtude da incrustação do carvão na cabeça do pistão, quando incandescente pode provocar a inflamação da mistura ar/combustível antes que o sistema de ignição centelha sobre a vela, fazendo com que a mistura entre em expansão, causando torções no motor, perda de performance, super aquecimento, entre outras coisas.
Como verificar: A constatação principal se dá com a remoção do cabeçote, porém, pode se fazer um pré-diagnóstico quando se houve um ruído característico, conhecido como (batida de pino) em vários regimes e sem constatação de irregularidades com o sistema de ignição ou combustível, porém na realidade o ruído ocorre com o encontro de ondas sonoras e não por contato metálico.

Depósito de óleo no catalisador e sistemas silenciadores
Causa provável: Excesso de óleo lubrificante queimando juntamente com a mistura ar/combustível em um ou mais pistões. Como as partículas do óleo são pesadas nem todo óleo é queimado, saindo então como resíduo líquido no tubo do escapamento se acumulando nos silenciadores e catalisadores. Quando não sanado o problema, pode causar o entupimento do catalisador e silenciadores impossibilitando o funcionamento do motor.
Como verificar: Visualmente na saída do tubo de escapamento, com aspecto úmido brilhante, tocando internamente na saída do tubo de escapamento e, constatando a oleosidade sobre a pele, ou removendo o sistema de escapamento para análise.

Incrustação de carvão nas canaletas dos pistões.
Causa provável: A folga nas canaletas entre anéis e pistões pode fazer com que parte da queima da mistura ar/combustível alcance o óleo lubrificante nas canaletas, de forma a aquecê-lo até que percam a propriedade lubrificante, ressecando-o tornando-se carvão, o que pode provocar o travamento dos anéis riscando os cilindros chegando a fundir o motor.
Como verificar: Somente com a remoção dos pistões, porém, há pré-diagnósticos que auxiliam no prognóstico, como: diferença de compressão entre os cilindros, falha do cilindro, forte presença de óleo como fumaça na saída do tubo de escapamento, pressão na saída de ventilação do cárter.

Conteúdo do livro “Diagnósticos e Regulagens de Motores de Combustão Interna”, do Professor Melsi Maran.
Melsi Maran é autor do livro"Diagnósticos e Regulagens de Motores de Combustão Interna".
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