Muitos leitores do Jornal Oficina Brasil nos perguntam sobre os impactos que os dispositivos de segurança podem ocasionar no sistema elétrico ou na injeção eletrônica da motocicleta, atendendo a esta dúvida passamos um pente fino em uma Yamaha Fazer 250 Blueflex equipada com o BlueKey; o acessório instalado na parte elétrica da motocicleta permite que ela seja ligada através de um smartphone e também funciona como bloqueador antirroubo.
Na onda dos aplicativos, o celular ganhou mais algumas funções:botão de partida e bloqueador da motocicleta (foto 1), pode ser que os dias da chave de ignição já estejam contados e a sua aposentadoria seja em breve, mas as funções mecânicas de abrir o tanque e travar a coluna de direção ainda serão mantidas por algum tempo.
SIMPLIFICANDO A TECNOLOGIA
Para ligar o motor não é necessário que a chave esteja no contato da ignição, com a motocicleta destravada e o interruptor engine stop ligado, basta acionar o botão “ON” na tela do celular que ela logo pega. Nesta condiçãoo sistema elétrico está ativo: piscas, buzina, farol e etc. Para desligar e bloquear a motocicleta basta acionar o cadeado na mesma tela (foto2)
A localização dos ícones no telefone segue o mesmo procedimento de busca de um aplicativo qualquer, mas a pergunta quem vem é a seguinte: e se a bateria do celular acabar? A resposta é simples: a motocicleta funciona normalmente.
No chicote do dispositivo há um botão de reset e a motocicleta passa a operar em modo normal em caso de pane no sistema. A Fazer avaliada estava vinculada a um celular que utiliza a tecnologia Android, já o aplicativo é fornecido pelo fabricante do acessório.
INDO UM POUCO MAIS FUNDO NA TECNOLOGIA
Durante a análise da motocicleta as dúvidas mais específicas sobre o funcionamento do acessório foram respondidas pelo responsável do projeto, o engenheiro Ricardo Ferreira de Sousa
O sistema opera via tecnologia bluetooth na busca do sinal, por isso não sofre a interferência de rádiofrequência que é comum em alguns bloqueadores e pode alterar o funcionamento da motocicleta, ocasionando falhas momentâneas ou até desligar o motor. É utilizada uma espécie de senha para que outro celular não possa ligar a motocicleta.
Durante o funcionamento normal não há risco do dispositivo entrar em conflito com a injeção eletrônica, nem tão pouco de ocasionar uma sobrecarga no sistema elétrico, o consumo da bateria é baixo, algo em torno de 0,028A (foto 3).
O Sistema de carga da motocicleta permanece inalterado, produz cerca de 14V a 5000RPM ( fotos 4 e 5) o dado está de acordo com o manual da motocicleta. O BlueKey também pode ser instalado em motocicletas carburadas, bastando apenas possuir partida elétrica, a moto pode ser ligada de três maneiras:
Modo padrão: por intermédio da chave de ignição
Modo Celular: clicandotela do aparelho ( motocicleta em ponto morto com engine stop ligado)
Modo automático: Por presença (basta programar o dispositivo e deixar a motocicleta em ponto morto com engine stop ligado e aproximar-se)
A distância média para acionar o dispositivo e ligar a motocicleta é de 15 metros, porém se não houverobstáculos o alcance será muito superior.
Vale ressaltar que para ligar a motocicleta à distância é necessário que ela esteja em local seguro, já que o proprietário está longe.
ENTENDENDO A INSTALAÇÃO ELÉTRICA
Na motocicleta avaliada a instalação do dispositivo era basicamente esta:
O módulo do BlueKey estava instalado debaixo do assento próximo à ECU, recebe alimentação direta da bateria, o chicote do dispositivo é ligado ao sensor de posição do virabrequim, ECU e contato da ignição (foto 6). Por estar instalado junto ao sensor de posição do virabrequim é possível que o código de defeitos do sensorseja gravado no histórico de falhas da ECU caso alguém tente ligar a motocicleta sem a chave de ignição ou o celular.
Pré-requisitos para instalação e utilização de dispositivos eletrônicos em motocicletas
O reparador deve atentar-se nas passagens do chicotes evitando que os fios sejam esmagados, esticados ou fiquem próximo de peças que geram calor, já o módulo não pode estar prensado nem exposto a pontos onde haja muita vibração e receba jatos d´água em dias de chuva. As emendas dos fios devem estar soldadas e bem encapadas.
A bateria da motocicleta tem que possuir ao menos a tensão mínima estabelecida pelo fabricante da motocicleta, no caso da Yamaha Fazer 250 o valor é de 12,8V.
Na questão do celular a condição da bateria do telefone também é importante para ativar o acessório.
AVALIANDO A INJEÇÃO ELETRÔNICA DA FAZER 250
No modelo Yamaha Blueflex não há a necessidade de scanner nos diagnósticos da injeção eletrônica, um menu de opções no painel da motocicleta permite o acesso aos registros de defeitos passados e também os presentes.
O levantamento é por meio dos botões “reset” e “select” com o auxílio do interruptor“engine stop” localizado no punho do acelerador.
Durante nossa análise não ocorreram falhas no funcionamento da motocicleta e nenhum registro de defeitos no histórico de falhas.
No caso o sensor de posição do virabrequim, na motocicleta avaliada o código de falhas é o “12” e em caso de pane será exibido um aviso diretamente no display de cristal líquido do painel.
DIAGNÓSTICOS VIA DISPLAY DO PAINEL DA MOTOCICLETA
Ajuste no modo diagnóstico:
Por uma questão de cautela desligue o conector da bomba de combustível
• Com o contato da ignição desligado, deixe o interruptor “engine stop” ligado.
• Acione e segure simultaneamente os botões do painel “RESET” e “SELECT”. (foto 7)
• Ligue a chave de ignição e mantenha os botões “RESET” e “SELECT”. acionados por aproximadamente 10 segundos.
Atenção: no modo diagnósticos as demais funções do painel serão desativas momentaneamente e aparecerá a mensagem “DIAG” no display do painel, para a confirmação de acesso ao modo. Nesta opção a ECU não permite o funcionamento do motor. (foto 8)
• Pressionando o botão “SELECT” aparece a opção “DIAG”
• Após optar pelo “DIAG”, que significa diagnósticos, confirme a operação pressionando ao mesmo tempo os botões “RESET” e “SELECT” cerca de 3 segundos.
• Um menu de diagnósticos será exibido no painel seguindo a ordem crescente, iniciando pelo diagnóstico “D:01”, finalizando no “D:71” , são opções para análise de sensores e atuadores. Por hora vamos apresentar apenas as opções: “D:61” histórico de defeitos memorizados e o “D:62” que é o responsável pela limpeza do código gravado.(foto 9)
• Pressione o botão “SELECT” até aparecer o “D:61 indicando o código de defeito correspondente ao sensor defeituoso (se houver) memorizado na ECU.
• Siga para o “D:62”, nesta opção deverá aparecer o defeito dado em quantidade “1”, caso tenha sido indicado no D:61, acione o interruptor “engine stop” e o registro de defeitos será apagado. (foto 10)
Se o defeito memorizado não desaparecer do histórico significa que o problema não foi solucionado. Para sair do modo diagnóstico desligue a chave de ignição.