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Seguindo a tendência, a chave de ignição convencional pode se tornar coisa do passado

A chave de ignição das motocicletas também já pode ser aposentada, e pode ser substituída por um comando no celular! Acompanhem o funcionamento do acessório em uma Yamaha Fazer 250, e os cuidados a serem observados na sua instalação

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Por Paulo José de Sousa


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Muitos leitores do Jornal Oficina Brasil nos perguntam sobre os impactos que os  dispositivos de segurança podem ocasionar no sistema elétrico ou na injeção eletrônica da motocicleta, atendendo a esta dúvida passamos um pente fino em uma Yamaha Fazer 250 Blueflex  equipada com o  BlueKey; o acessório instalado na parte elétrica da motocicleta permite que ela seja ligada através de um smartphone  e também funciona como bloqueador antirroubo. 

Motocicleta funcionando com o auxílio do celular

Na onda dos aplicativos, o celular ganhou mais algumas funções:botão de partida e bloqueador da motocicleta (foto 1), pode ser que os dias da chave de ignição já estejam contados e a sua aposentadoria seja em breve, mas as funções mecânicas de abrir o tanque e travar a coluna de direção ainda serão mantidas por algum tempo.

SIMPLIFICANDO A TECNOLOGIA

Motocicleta desligada pelo celularPara ligar o motor não é necessário que a chave esteja no contato da ignição, com a motocicleta destravada e o interruptor engine stop ligado, basta acionar o botão “ON” na tela do celular que ela logo pega.  Nesta condiçãoo sistema elétrico está ativo: piscas, buzina, farol e etc. Para desligar  e bloquear a motocicleta basta acionar o cadeado na mesma tela (foto2) 

A localização dos ícones no telefone segue o mesmo procedimento de busca de um aplicativo qualquer, mas a pergunta quem vem é a seguinte: e se a bateria do celular acabar? A resposta é simples: a motocicleta funciona normalmente.

No chicote do dispositivo há um botão de reset e a motocicleta passa a operar em modo normal em caso de pane no sistema. A Fazer avaliada estava vinculada a um celular que utiliza a tecnologia Android, já o aplicativo é fornecido pelo fabricante do acessório. 

INDO UM POUCO MAIS FUNDO NA TECNOLOGIA

Durante a análise da motocicleta as dúvidas mais específicas sobre o funcionamento do acessório foram respondidas pelo responsável do projeto, o engenheiro Ricardo Ferreira de Sousa

O sistema opera via tecnologia bluetooth na busca do sinal, por isso não sofre  a interferência de rádiofrequência que é comum em alguns bloqueadores e pode alterar o funcionamento da motocicleta, ocasionando falhas momentâneas ou até desligar o motor. É utilizada uma espécie de senha para que outro celular não possa ligar a motocicleta.

Teste de consumo de corrente (A)0,028A

Durante o funcionamento normal não há risco do dispositivo entrar em conflito com a injeção eletrônica, nem tão pouco de ocasionar uma sobrecarga no sistema elétrico, o consumo da bateria é baixo, algo em torno de 0,028A (foto 3). 

Teste de tensão de carga da bateria - 14,18V / Rotação do motor no teste de tensão de carga da bateria e botões “Reset” e “Select”

O Sistema de carga da motocicleta permanece inalterado, produz cerca de 14V a 5000RPM ( fotos 4 e 5)   o dado está de acordo com o manual da motocicleta. O BlueKey também pode ser instalado em motocicletas carburadas, bastando apenas possuir  partida elétrica, a moto pode ser ligada de três maneiras:

Modo padrão: por intermédio da chave de ignição

Modo Celular: clicandotela do aparelho  ( motocicleta em ponto morto com engine stop ligado)

Modo automático: Por presença (basta programar o dispositivo e deixar a motocicleta em ponto morto com engine stop ligado e aproximar-se)

A distância média para acionar o dispositivo e ligar a motocicleta é de 15 metros, porém se não houverobstáculos o alcance será muito superior.

Módulo do BlueKey

Vale ressaltar que para ligar a motocicleta à distância é necessário que ela esteja em local seguro, já que o proprietário está longe. 

ENTENDENDO A INSTALAÇÃO ELÉTRICA

Na motocicleta avaliada a instalação do dispositivo era basicamente esta:

O módulo do BlueKey estava instalado debaixo do assento próximo à ECU, recebe alimentação direta da bateria,  o chicote do dispositivo é ligado ao sensor de posição do virabrequim, ECU e contato da ignição  (foto 6). Por estar instalado junto ao sensor de posição do virabrequim é possível que o código de defeitos do sensorseja gravado no histórico de falhas da ECU caso alguém tente ligar a motocicleta sem a chave de ignição ou o celular.

 

Pré-requisitos para instalação e utilização de dispositivos eletrônicos em motocicletas

O reparador deve atentar-se nas passagens do chicotes evitando que os fios sejam esmagados, esticados ou fiquem próximo de peças que geram calor, já o módulo não pode estar prensado nem exposto a pontos onde haja muita vibração e receba jatos d´água em dias de chuva. As emendas dos fios devem estar soldadas e bem encapadas.

A bateria da motocicleta tem que possuir ao menos a tensão mínima estabelecida pelo fabricante da motocicleta, no caso da Yamaha Fazer 250 o valor é de 12,8V. 

Na questão do celular a condição da bateria do telefone também é importante para ativar o acessório.

AVALIANDO A INJEÇÃO ELETRÔNICA DA FAZER 250

No modelo Yamaha Blueflex não há a necessidade de scanner nos diagnósticos da injeção eletrônica, um menu de opções no painel da motocicleta permite o acesso aos registros de defeitos passados e também os presentes.

O levantamento é por meio dos botões “reset” e “select” com o auxílio do interruptor“engine stop” localizado no punho do acelerador.

Durante nossa análise não ocorreram falhas no funcionamento da motocicleta e nenhum registro de defeitos no histórico de falhas.

No caso o sensor de posição do virabrequim, na motocicleta avaliada o código de falhas é o “12” e em caso de pane será exibido um aviso diretamente no display de cristal líquido do painel. 

DIAGNÓSTICOS VIA DISPLAY DO PAINEL DA MOTOCICLETA

Ajuste no modo diagnóstico:

Por uma questão de cautela desligue o conector da bomba de combustível

• Com o contato da ignição desligado, deixe o interruptor “engine stop” ligado.

• Acione e segure simultaneamente os botões do painel “RESET” e “SELECT”. (foto 7)

Acessando o menu de diagnósticos do painel

• Ligue a chave de ignição e mantenha os botões “RESET” e “SELECT”. acionados por aproximadamente 10 segundos. 

Atenção: no modo diagnósticos as demais funções do painel serão desativas momentaneamente e aparecerá a mensagem “DIAG” no display do painel,  para a confirmação de acesso ao modo.  Nesta opção a ECU não permite o funcionamento do motor. (foto 8)

Tela inicial do diagnóstico “Diag”

• Pressionando o botão “SELECT” aparece a opção “DIAG”

• Após optar pelo “DIAG”, que significa diagnósticos, confirme a operação pressionando ao mesmo tempo os botões “RESET” e “SELECT” cerca de 3 segundos.

• Um menu de diagnósticos  será exibido no painel seguindo a ordem crescente,  iniciando pelo diagnóstico “D:01”, finalizando no “D:71” , são opções para análise de sensores e atuadores. Por hora vamos apresentar apenas as opções: “D:61” histórico de defeitos memorizados e  o “D:62” que é o responsável pela limpeza do código gravado.(foto 9)

Histórico de falhas D:61 indicando nenhum defeito memorizado

• Pressione o botão “SELECT” até aparecer o “D:61 indicando o código de defeito correspondente ao sensor defeituoso (se houver)  memorizado na ECU.

• Siga para o “D:62”, nesta opção deverá aparecer o defeito dado em  quantidade  “1”, caso tenha sido indicado no D:61,  acione o interruptor “engine stop”  e o registro de defeitos será apagado. (foto 10)

Opção para apagar os defeitos passados, nenhum defeito no registro

Se o defeito memorizado não desaparecer do histórico significa que o problema não foi solucionado. Para sair do modo diagnóstico desligue a chave de ignição.

 

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