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R-141b - fim da utilização deste produto na limpeza do sistema de climatização

O fluido R-141b é muito utilizado na limpeza de tubulação e componentes do sistema de ar-condicionado, mas ele representa mais uma fonte de destruição da camada de ozônio e por isso, será substituído

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Por Da Redação


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Os avanços tecnológicos aplicados ao setor automotivo estão diretamente conectados às exigências de controles ambientais, o ar-condicionado é um dos componentes que fazem parte da construção de um veículo que passa por constantes adequações, garantindo conforto aos ocupantes sem afetar o meio ambiente.

Para entender a origem destas exigências ambientais, vamos lembrar do Protocolo de Montreal.

Este protocolo internacional reúne quase 200 países e o Brasil é um deles, sendo o objetivo comum eliminar o uso e fabricação de fluidos refrigerantes nocivos à camada de ozônio. Iniciado em 1989, somente em 1990 o Brasil aderiu ao Protocolo de Montreal e, em 2010, foi o quinto país que mais reduziu o uso de CFCs em aplicações de refrigeração, conforme avaliação da Organização das Nações Unidas.

A substituição do R-12 pelo R-132a foi a fase de mudanças no setor automotivo muito bem-sucedida e garantindo a recuperação gradual dos danos causados na camada de ozônio, principalmente no hemisfério sul, sobre a calota polar.

A primeira classe de gases a ser erradicada pelo protocolo foi a dos clorofluorcarbonetos ou CFCs, que são fluidos compostos por cloro e flúor. Esses componentes quando entram em contato com os gases na camada de ozônio, reagem de forma a criar oxigênio, o que destrói a camada que protege nosso planeta da radiação solar, apenas para entender a dimensão da destruição, basta um átomo de cloro para destruir até cem mil moléculas de ozônio. 

Nosso país elaborou o Programa Brasileiro de Eliminação de HCFCs, ou PBH que pretende realizar esse objetivo até 2040. O PBH é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, que regulamenta processos industriais de empresas brasileiras e multinacionais.

O PBH está dividido em três etapas, sendo que a segunda foi iniciada em janeiro de 2020 que determina a redução de 39,3% no consumo deste fluido.

O Brasil foi um dos primeiros países latino-americanos a aprovar programas para a eliminação dessa substância que contempla a eliminação da importação do HCFC-141b no Brasil iniciada em janeiro deste ano.

Cronograma de Eliminação do Consumo dos HCFCs no Brasil 

Cronologia de Acontecimentos e Metas Estabelecidas

1987: Instituído o Protocolo de Montreal - Viena 

1988: Ministério da Saúde pública a Portaria 01, com instruções para rótulos de aerossóis isentos de CFCs, e a Portaria 534, proibindo a fabricação e a venda de produtos cosméticos, de higiene, perfumes e saneantes sanitários sob a forma de aerossóis, com propelentes à base de CFCs 

1990: Brasil adere ao Protocolo de Montreal 

1991: Governo Federal cria o Grupo de Trabalho para Proteção da Camada de Ozônio 

1995: Governo Federal cria o Comitê-Executivo Interministerial para a Proteção da Camada de Ozônio, o Prozon. Publicação da Resolução 13 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

1999: Proibição do uso de CFCs como solventes 

2000: Publicação da Resolução 267 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

2002: Aprovação do Plano Nacional de Eliminação de CFCs 

2007: Proibição de Importações de CFCs, exceto para usos essenciais 

2010: Eliminação da produção e do consumo de CFCs, Halons e CTCs para países em desenvolvimento 

2015: Eliminação da produção e do consumo de Brometo de Metila para países em desenvolvimento 

2020: Redução em 99,5% dos HCFCs nos países desenvolvidos 

2030: Redução em 97,5% dos HCFCs nos países em desenvolvimento e em 100% nos países desenvolvidos 

2040: Eliminação dos HCFCs nos países em desenvolvimento 

2050-75: Período previsto para a recuperação da Camada de Ozônio aos níveis de 1980

A preocupação dos profissionais que atuam no setor de climatização está em identificar um substituto adequado, pois este fluido HCFC é muito utilizado na manutenção do ar-condicionado como solvente ou agente de limpeza do sistema. Na indústria é utilizado na produção de espumas e plásticos de poliuretano, como agente de expansão.

Os profissionais acompanharam a substituição do R-12 e agora se inicia a fase de substituição do R-141b. É comum neste momento de mudanças surgirem dúvidas sobre a eficiência do novo fluido e na capacidade de limpeza do circuito do ar-condicionado. Certamente o novo fluido atenderá às especificações de limpeza e o mais importante é a preservação do ambiente, pois não terá sentido ter o ar controlado dentro do carro e ao sair, ser atingido por raios ultravioleta que afetam todos os seres vivos do planeta.

Alguns produtos estão sendo apresentados como substitutos do R-141b e sabemos que é na prática que o produto se consolida e acaba sendo aceito pelo mercado, mas é importante verificar a ficha técnica do novo produto (Fispq - Ficha de Informação de Segurança para Produtos Químicos).

Um dos produtos disponíveis no mercado é o SF80, um produto seguro, não inflamável e ecológico, é um solvente com baixo potencial de aquecimento global (GWP) (<2,5) e não contém gases fluorados que provocam o efeito estufa.

É uma mistura de fluidos com propriedade elevada de solvência, o que é ideal para substituição HCFC-141b.

Depois de todas estas informações importantes para entender e continuar trabalhando na reparação e instalação de ar-condicionado automotivo, eu não podia deixar de ilustrar esta matéria com um exemplo prático ocorrido com um Fiat Uno 2014, equipado com motor 1.4 que chegou na oficina com problemas de funcionamento no ar-condicionado.

Após a realização do diagnóstico, ficou evidente que havia problema no compressor, com isso já é possível prever que mais componentes estão comprometidos.

Com a remoção do compressor, que não é muito difícil, foi identificada a presença de limalhas de metal junto com o óleo bem escuro e contaminado. A prática diária neste serviço ajuda muito na avaliação do dano causado por uma contaminação do sistema de climatização de um veículo, logo é previsível que o condensador e o filtro secador também estão comprometidos.

Neste caso, a contaminação estava muito avançada e substituição destes componentes foi a melhor opção. Não basta trocar os componentes sem antes realizar uma limpeza completa da tubulação e demais componentes do sistema.

Observem como ficou o filtro secador, através dele dá para imaginar como está a contaminação de todo o sistema. 

Com a limpeza feita com solvente, que preferencialmente não afete o meio ambiente, completando com a instalação dos novos componentes e a aplicação do fluido refrigerante adicionando a quantidade correta de óleo, temos agora um sistema de ar-condicionado funcionando.

Desta forma temos mais um cliente feliz com o carro que oferece mais conforto e para a oficina é possível oferecer a garantia do serviço com tranquilidade de que o serviço foi muito bem realizado. 

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