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Recuperação de vapor de reabastecimento a bordo (ORVR) - PARTE 1

ORVR é um sistema de controle de emissões veiculares que coleta vapor de combustível gerado durante o processo de reabastecimento de um veículo, que atende à Resolução Conama Nº 492 de 20 de dezembro de 2018

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Por Antonio Gaspar de Oliveira


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A recuperação de vapor de reabastecimento a bordo (ORVR) captura os vapores de combustível do tanque do veículo durante o reabastecimento. 

Em veículos com ORVR, o tanque de combustível e o tubo de enchimento são projetados de forma que, ao reabastecer o veículo, os vapores de combustível no tanque são deslocados para um recipiente cheio de carvão ativado, que absorve o vapor, retém as partículas de combustível e libera ar limpo (cânister redimensionado) e quando o motor estiver em operação, ele aspira os vapores do combustível para o coletor de admissão do motor para serem usados como combustível. (Fig.1 e 2)

Pode até parecer um excesso de controle de emissões, mas para se ter uma ideia do volume desperdiçado e lançado na atmosfera como poluente, a cada abastecimento com 50 litros, evaporam 100 ml.

Como base para entender em uma escala maior, usaremos os dados de uma frota de 100 milhões de veículos durante 1 ano e como resultado, teremos cerca de 380 milhões de litros de combustível evaporado, que custou o dinheiro de cada um que abasteceu, não utilizou este combustível e ele foi lançado na atmosfera como vapor ou COV – composto orgânico volátil, que acelera ainda mais o efeito estufa, aquecendo o planeta e gerando grandes alterações climáticas.

O sistema de controle de emissões evaporativas ou fugitivas é bem-vindo para cada motorista que vai abastecer e o combustível total irá para o tanque e não para a atmosfera, além de contribuir com a redução de lançamentos de poluentes, que prejudicam muito o meio ambiente.

Não é mais uma peça nova instalada no carro, o ORVR é um conjunto de componentes com funções específicas desde o bocal do tanque até o coletor de admissão do motor, que é ativado e controlado pelo módulo da injeção eletrônica. Teremos em breve alguns carros chegando na oficina com códigos de falhas referentes a estes novos componentes.

Os vapores de combustível contêm uma variedade de hidrocarbonetos que evaporam constantemente do motor e do tanque de combustível para a atmosfera, causando poluição mesmo com o motor do veículo desligado.

Os sistemas de controle de emissões evaporativas são usados nos sistemas de combustível dos carros para evitar que os vapores de combustível vazem para a atmosfera. O módulo de controle do sistema de injeção eletrônica executa diagnósticos para identificar possíveis vazamentos de vapor de combustível e acionará um código de falha se estiverem presentes. Ele também ativará a luz de verificação do motor no painel. (Fig.3 e 4)

Uma tampa de combustível com defeito pode acender a luz de injeção no painel e gerar o código P1456.

O método de detecção de vazamento do sistema de controle de evaporação melhora a precisão e a frequência da detecção, identificando componentes defeituosos e vazamento de vapor. Este sistema é dividido em duas partes: o lado do cânister e o lado do tanque.

As possíveis causas do código P1456 incluem:

  • ✓ Falta da tampa do tanque de combustível;
  • ✓ Tampa do tanque de combustível incorreta;
  • ✓ Tampa do tanque de combustível fechada parcialmente;
  • ✓ Sujeira na tampa do tanque de combustível.

Isso é apenas o começo de mais uma nova fase evolutiva dos veículos e cada reparador deve se preparar para entender e atender estes veículos, que em breve estarão nas oficinas. 

Alterações importantes como o diâmetro do bocal de abastecimento, que foi reduzido, e quando está sendo abastecido o combustível forma um selo líquido, impedindo o retorno do vapor. Além disso, foi instalada uma válvula de sentido único no bocal, junto à entrada no tanque, que impede o retorno de vapor e no caso de acidente, o combustível não vai vazar.

Ao observar o sistema de tratamento de vapores de combustível (cânister), ele ficou pelo menos 10 vezes maior que os primeiros sistemas de tratamento de gases evaporativos. Outra alteração foi no diâmetro das mangueiras que ficaram maiores para capturar e direcionar os vapores para serem filtrados e lançados na atmosfera, livres de contaminantes.

No caso no Honda City 2023, esta mangueira termina em uma conexão de plástico que descarrega o vapor tratado dentro da longarina no assoalho, na direção da suspensão traseira esquerda. O cânister toma uma grande parte sob o assoalho traseiro e além das mangueiras de entrada e saída, tem dois conectores elétricos que alimentam dois componentes importantes:

✓ Sensor de pressão do tanque de combustível;

✓ Válvula de corte de ventilação evaporativa.  (Fig. 5 a 9)

Para os mais atentos, é possível ver, no conector do sensor de pressão do tanque de combustível, a voltagem de trabalho dele, 5v.

As partículas de combustível que ficaram retidas no filtro de carvão ativado do cânister serão consumidas quando o motor for ligado e o módulo da injeção eletrônica detectar a necessidade de liberar a válvula de ventilação, direcionando através de uma tubulação que termina no coletor de admissão.

Com a instalação deste novo componente de tratamento de vapores de combustível, a redução deste tipo de emissões poderá ser reduzida em 98%. Para que isso aconteça, o sistema deverá estar funcionando corretamente.

A implantação do sistema ORVR no Brasil já teve início e segue um planejamento anual, conforme está determinado pela legislação do PROVONVE L7, Resolução do Conama Nº 492 de 2018:

  • ✓ 2023: 20% da produção de veículos; 
  • ✓ 2024: 60% da produção de veículos;
  • ✓ 2025: 100%.

Quando se discute as emissões de substâncias nocivas originadas de um veículo, refere-se principalmente às substâncias contidas nos gases de escape, contudo, existe outro tipo de emissões que merece atenção especial, as emissões evaporativas.

Antes da introdução do cânister no sistema de combustível, a contribuição das emissões dos vapores do combustível para as emissões totais era de cerca de 20%. Desde a instalação dos primeiros sistemas de controle de emissões evaporativas de recuperação de vapor de combustível em um carro, as emissões de compostos orgânicos voláteis (COV) no transporte rodoviário foram drasticamente reduzidas, atingindo 98%. 

A gasolina por exemplo, consiste em centenas de hidrocarbonetos diferentes. Como a gasolina ou outros combustíveis passam por um processo natural de evaporação, eles liberam vapores no ar. Os vapores de combustível são poluentes que podem prejudicar a qualidade do ar e, portanto, a saúde humana.

Continua na próxima edição!

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