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Imobilizadores automotivos – até que ponto você os conhece e domina para fazer reparos? Parte 1

Nesta série de artigos conheça e entenda o conceito, a composição e os procedimentos de programação de imobilizadores automotivos, a tecnologia que surgiu para resguardar seu patrimônio

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Por André Miura


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Ao falarmos dos sistemas de imobilizadores, tenha em mente que o campo é bastante abrangente, tendo em vi sta as particularidades de cada montadora.  Por isso, nosso objetivo neste primeiro artigo não é detalhar cada um dos sistemas, mas apresentar de modo geral o conceito de construção do sistema, sua importância, componentes e suas funções. Em artigos futuros apresentaremos procedimentos realizados nas diversas montadoras e sistemas. 

Conceito do Sistema de Imobilizadores e sua importância 

O grande objetivo do imobilizador é proteger o veículo contra furtos, de um jeito prático, inteligente e claro, tecnológico. Consegue se lembrar dos métodos antifurtos de veículos que usávamos antigamente? Travas, cadeados e inúmeros outros dispositivos. Isso tudo foi trocado por um sistema eletrônico que já vem instalado no veículo original de fábrica. O Sistema de Imobilizador era a segurança que faltava para os veículos cada vez mais tecnológicos. De modo que não conseguimos imaginar um carro moderno sem essa tecnologia.

O sistema de imobilizador é composto basicamente por quatro componentes:

• Chave (com transponder interno);

• Antena (localizada ao redor do cilindro de ignição);

• Módulo imobilizador (responsável por interpretar as informações do transponder); e

• ECU (módulo de injeção eletrônica ou simplesmente “central de injeção”).

De modo simples, o seu funcionamento ocorre quando o motorista gira a chave no cilindro de ignição, nesse momento o módulo imobilizador energiza a antena ao redor do cilindro, criando uma indução através de um campo magnético gerado pela antena e energizando o transponder, que absorve esse campo. O módulo de imobilizador por sua vez, lê um código gravado no transponder (a senha do veículo), usando a antena. 

Os sistemas de imobilizadores no geral funcionam de maneiras parecidas, porém cada sistema possui sua particularidade. As nomenclaturas variam de acordo com sua aplicação e cada montadora usa um nome para caracterizar o seu sistema. De modo que eles não podem ser trocados uns pelos outros. Sendo que, quando necessário a troca de algum item do sistema de imobilizador, é fundamental verificar as especificações exatas do item daquele sistema, para a troca de outro igual, que atenda às especificações originais de fábrica. Caso contrário, o sistema pode não aceitar ou funcionar corretamente. 

Composição do Sistema de Imobilizadores 

Transponder: Dispositivo de comunicação eletrônico, que recebe e transmite dados de modo pré-definidos ou aleatórios por meio de radiofrequência. Um transponder não recebe alimentação da bateria ou alimentação direta de outro componente. Sua alimentação é obtida pela indução da bobina no interior da antena no cilindro de ignição. As informações de um transponder podem ser gravadas em um módulo de imobilizador, computador de bordo ou na ECU, isso depende em qual sistema e transponder que estamos utilizando. 

Podemos encontrar o transponder em três formatos:

• Vidro: Transponder com encapsulamento de vidro.

• Epóxi: Transponder com encapsulamento em formato de pastilha, conhecido também como transponder de carbono ou carvão. 

• C.I. (Circuito Integrado): Localizado em um pequeno circuito eletrônico quando a chave está integrada ao sistema de alarme ou telecomando de travas do veículo. 

Algumas características de programação do transponder são:

• Virgem: O transponder vem direto da fábrica com dados padrões, e na maioria dos casos é preciso dedicar (programar e sincronizar preenchendo os requisitos para um sistema específico) para funcionar no veículo.

• Dedicado: Quando é pré-codificado para que funcione em apenas uma marca e / ou modelo de veículo. 

• Especial: Quando o transponder tem uma codificação exclusiva, como por exemplo, o transponder TIRIS ID4D com dedicação ID63 para FORD.

Obs.: Vale lembrar que o ID é o serial de cada transponder, podendo vir de fábrica com essa numeração fixa (não sendo possível alterar) ou vir em branco para ser utilizado para clone.

Antena de comunicação: É o componente responsável por localizar e energizar o transponder. Esse componente torna possível o reconhecimento das informações do transponder (senha) e habilita o módulo de imobilizador a exercer suas funções. Em muitos casos a antena de comunicação não é codificada, sendo apenas um componente que realiza todo o procedimento junto com o imobilizador. 

Módulo de Imobilizador: Interpreta e valida as informações do transponder.  Pode ser encontrado em uma central específica com esta função, no painel de instrumentos, que além de ter informação para o condutor, também tem informações do imobilizador, gerenciando toda a segurança da partida. Ou ainda, o Imobilizador pode estar em sistemas com BCM (computador de bordo que é responsável por toda parte elétrica e eletrônica, bem como pelo próprio imobilizador. Sua aplicação dependerá muito da montadora e dos modelos de veículos específicos.) 

ECU (Unidade de Controle do Motor): Conhecido também como “módulo de injeção eletrônica” ou simplesmente “central de injeção”, é a unidade de controle eletrônico do veículo. Em seu software há informações pré-definidas de fábrica que precisam ser satisfeitas para o funcionamento do motor. Entre elas, estão as codificações do imobilizador. Por isso, a ECU está diretamente conectada ao módulo de imobilizador. Assim, a ECU recebe toda a validação do sistema de imobilizador e transponder para liberar o funcionamento ou não do motor. 

Sistema Keyless

Além da proteção do veículo em si, a tecnologia embarcada trouxe também um sistema que facilita em muito a vida dos motoristas, o sistema keyless, que traduzido literalmente significa “sem chave”.  Esse sistema funciona a partir de aproximação. Tecnicamente, o sistema é ativado a partir de antenas instaladas em campos específicos nos veículos, que por sua vez, geram um campo eletromagnético para energizar e captar os sinais da chave que estiverem dentro de seu campo captação (em geral cerca de 1,50 m podendo variar de acordo com a montadora). 

Estando dentro do campo de captação das antenas, logo há uma comunicação entre o transponder (chip codificado localizado dentro da chave do veículo) e o sistema de imobilizador através de rádiofrequência, resultando no destravamento das portas e porta-malas. Igualmente, assim que a chave se distancia do campo de captação das antenas, as portas travam automaticamente. 

Além do destravamento das portas apenas por aproximação, um detalhe que mais chama a atenção em alguns modelos é o fato de não ser necessário girar a chave para ligar o carro. Bastando o motorista entrar no veículo com a chave no bolso e apertar o botão no console central com a indicação “Start / Stop Engine” — Ligar / Desligar motor. Com apenas um toque o condutor liga o veículo e pode sair dirigindo, de forma simples e rápida. 

Vale ressaltar que nem todos os modelos que possuem o sistema Keyless são iguais nesse quesito. Alguns necessitam que a chave ou cartão de ignição seja inserida (o) no painel, e somente após ação consegue-se pressionar o “Start Engine” para ligar o veículo. De qualquer forma, o sistema keyless trouxe mais comodidade e segurança ao próprio condutor do veículo. 

Nos próximos artigos dessa série, vamos abordar procedimentos relacionados a programação dos sistemas de imobilizadores e as diferenças entre as montadoras e sistemas. Usaremos equipamentos profissionais e específicos para a linha de imobilizadores. 

Esperamos que esse artigo tenha sido esclarecedor e lhe ajudado a compreender melhor o funcionamento do sistema de imobilizadores. Em artigos futuros, procuraremos trazer esclarecimentos sobre alguns procedimentos utilizados em montadoras específicas para fazer programações, emparelhamento do sistema, reset, entre outros procedimentos aplicados para veículos e modelos específicos. 

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