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Cuidados a serem tomados durante a reforma de uma transmissão CVT por correia metálica

As correias de metal possibilitam o uso de motores com maior torque, sem patinar, são altamente duráveis, flexíveis e também são mais silenciosas do que as de correias de borracha

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Por Carlos Napoletano Neto


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As transmissões continuamente variáveis (CVT) estão se tornando cada vez mais comuns nas oficinas de reparação de caixas automáticas. Como resultado, temos presenciado cada vez mais quebras de correias metálicas. Muitas vezes, o cliente dá entrada na oficina com seu veículo para manutenção normal e depois de alguns dias volta com uma correia quebrada da transmissão.

Vamos abordar o projeto básico das correias CVT e como evitar danificá-las durante o processo de reparo. Muitos fabricantes oferecem transmissões CVT com correia metálica, incluindo a Nissan, Dodge, Jeep, Mitsubishi e Honda, apenas para citar alguns.

Componentes da correia

A correia acionadora é produzida pela Bosch e consiste de elementos que podem medir 24 mm, 28 mm ou 30 mm de largura. Existem também dois jogos de anéis por correia. Em algumas literaturas, estes anéis são chamados de cintas. 

Cada anel possui uma espessura de 0,2 mm, com 6 a 12 anéis de cada lado em uma aplicação normal, porém o número destes anéis pode variar dependendo do fabricante. Um maior número de anéis possibilita maior relação de torque para a transmissão. Alterar a posição destes anéis ou trocar os anéis de lado não é recomendado. Cada anel no conjunto possui diferentes medidas, com o anel interno sendo o mais fino e o anel externo sendo o mais grosso.

Tanto os lados dos elementos quanto a condição dos anéis determinam se a correia pode ser reutilizada.

Primeiro vamos considerar as laterais dos elementos. Devemos ser capazes de ver sempre linhas consistentes nos elementos. Se virmos áreas mais lisas ou metal com rebarbas, devemos substituir a correia imediatamente. O mesmo pode ser dito se a correia está totalmente lisa em toda sua circunferência. 

Inspecione as laterais dos anéis, que não deverão apresentar sinais de contato. Os anéis poderão se deformar se a correia for manuseada de maneira incorreta.

Apoie a correia em um de seus lados e remova o conjunto de anéis daquele lado para inspeção. Certifique-se de manter os anéis em ordem e não misturá-los. Inspecione os anéis quanto a trincas ou deformações. Verifique os anéis do pacote um de cada vez e então reinstale-os. Gire a correia apoiando-a sobre o outro lado e inspecione-o da mesma maneira. Mantê-los todos em ordem é essencial; isto ajuda a se certificar que tudo foi montado de volta corretamente.

Manuseio da correia metálica

Poderão ocorrer danos se apertar a correia em seu centro, se for apertada com muita força isto submeterá o anel externo a um estresse muito grande. Isto também deformará os anéis nas laterais das ranhuras dos elementos. 

Deve-se evitar também torcer estes anéis. Quando torcidos, os cantos do pacote de anéis são submetidos a estresse elevado, pois eles estão em contato com os elementos. Isto deformará os anéis, causando quebra da correia em poucos quilômetros, mesmo sob condições normais de dirigibilidade.

A maneira mais comum de danificar uma correia CVT é separando a correia das polias durante a remoção destas. Ao remover a correia das polias, necessitamos utilizar as ferramentas adequadas, para retirar toda a pressão exercida sobre a correia. Não queremos torcer a polia para fora quando existir pressão sobre a correia. Quando torcemos as polias para tentar remover a correia, sem percebermos deformamos os anéis porque a polia contata as laterais dos anéis. Anéis deformados logo se quebrarão após serem colocados em operação. Se as polias forem torcidas, podemos ter certeza que veremos a transmissão de volta em nossa oficina em pequeno espaço de tempo, com a correia quebrada.

Uma ferramenta que ajudará nesta operação é a aplicação de vácuo à polia secundária para separá-la e remover a tensão sobre a correia. Quando a polia estiver na posição toda aberta podemos instalar uma ferramenta para manter a polia separada. Se não possuimos a ferramenta adequada podemos fabricar uma cortando uma bucha larga pela metade, em forma de meia lua. Instale a meia lua entre os lados da polia para manter as duas metades afastadas. Um tubo de grande diâmetro pode facilitar a execução desta etapa. Necessitamos de uma bomba de vácuo de 3 CFM ou maior.

Não remova ambas as polias da tampa traseira se houver tensão sobre a correia metálica. Devemos ter um sacador na polia primária para aliviar a tensão sobre a correia. Certifique-se de não torcer ou colocar pressão na correia quando remover as polias da tampa traseira.

Se seguirmos as regras básicas de não apertar, torcer ou colocar pressão na correia durante a desmontagem das polias e instalação posterior não correremos o risco de ter a correia quebrada com baixa quilometragem. 

 

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