Oficina Brasil


Ar-condicionado da nova Ducato parou de funcionar para o compartimento dos passageiros

A Ducato sai de fábrica com ar-condicionado apenas para o compartimento do motorista e o modelo para transporte de passageiros precisa da instalação da segunda caixa de ar no teto e defeitos podem ocorrer

Compartilhe
Por Antônio Gaspar de Oliveira


Avaliação da Matéria

Faça a sua avaliação

Passageiros estão cada vez mais exigentes com relação ao conforto oferecido durante os trajetos, mas o ar-condicionado continua sendo o mais requisitado, logo, não será possível trabalhar com uma van com problemas neste sistema.

A Ducato 2019 chegou na oficina com o ar-condicionado funcionando parcialmente, apenas a caixa de ar da cabine do motorista estava funcionando, se fosse o contrário, ou seja, funcionando apenas a caixa de ar do compartimento dos passageiros, daria até para continuar trabalhando, mas não foi o caso. 

Nesta condição, tem que providenciar o reparo o mais rápido possível para que as duas caixas de ar funcionem de forma adequada.

Como tudo começa com o diagnóstico, primeiro foi preciso entender como funciona o sistema de climatização instalado neste modelo de veículo que utiliza apenas um compressor para alimentar a caixa de ar dianteira e a que está instalada no teto.

Como o sistema tem acionamento independente e o compartilhamento só ocorre na atuação do compressor, foi possível confirmar o bom funcionamento do ar-condicionado para o motorista, o que já indica que o defeito não está nos componentes da parte baixa, restando agora fazer a verificação da parte alta instalada no teto. 

Partindo do compressor, que tem uma tubulação compartilhada com as duas caixas de ar, sendo que os tubos que conectam a caixa de ar do motorista são originais do carro e a tubulação que sobe para a caixa de ar do teto é resultado de uma instalação adaptada.

Após a saída compartilhada do compressor, os tubos passam por baixo do assoalho, entram na base da coluna B do lado direito, sobem até a altura do teto, o tubo de alta pressão passa pelo condensador onde perde calor, retorna para a válvula de expansão, segue até o evaporador e retorna para o compressor. Observem que tem mais uma mangueira transparente que faz a drenagem da caixa de ar. 

Este também será o caminho a ser percorrido para identificar a causa da interrupção do funcionamento do ar-condicionado do compartimento dos passageiros.

Iniciando com a verificação de um provável bloqueio da tubulação entre o compressor e o condensador e depois até o evaporador da caixa de ar do teto, foi aplicado nitrogênio no circuito e a circulação estava livre. 

A válvula de expansão desta caixa de ar poderia ser a causadora do defeito e logo foi substituída para fazer um teste. O detalhe é que o local da instalação desta válvula é bem apertado e parte do revestimento do teto teve que ser removido para se ter o acesso um pouco melhor. 

Após várias manobras para a remoção e instalação de uma válvula nova de teste, constatou-se que o defeito não estava neste componente e com isso o tempo vai passando e ainda vai continuar até achar o defeito, elaborar um orçamento e torcer para que o cliente aprove.

Nesta condição, é importante informar ao cliente que, para achar o defeito e concluir o diagnóstico, será cobrado um valor combinado previamente. Isso evita possíveis desentendimentos e a clareza destas condições permitem um trabalho mais tranquilo e remunerado, mesmo que o cliente não aprove a execução do serviço. Observe que sempre me refiro ao diagnóstico e não ao orçamento, pois o código de defesa do consumidor garante ao cliente um orçamento gratuito, já para o diagnóstico, que exige o uso de equipamentos de teste, mão de obra muito bem especializada e tempo, pode ser cobrado um valor pré-estabelecido que é explicado ao cliente logo na chegada na oficina.

Voltando para a caixa de ar do teto da Ducato, restava verificar as condições do evaporador, já que a tubulação e a válvula de expansão estavam funcionando de forma adequada.

Para não desmontar a caixa de ar inteira para testar o evaporador, foi realizada uma adequação na tubulação e foi conectado outro evaporador por fora apenas para saber se o ar iria resfriar. O resultado é que o ar não esfriou e a maratona para achar o defeito seguiu em frente. 

Por enquanto, todos os testes foram realizados sem a necessidade de subir no teto da van, mas este momento chegou e foi preciso providenciar uma escada para acessar o ventilador e o condensador. Como já havia sido feito o teste no circuito por onde o gás refrigerante percorre e isso inclui o condensador, como não havia obstrução, conclui-se que o condensador não tem nenhum problema.

Diante desta conclusão, foi removido o ventilador e foi instalado outro apenas para o teste e aí surgiu a surpresa boa, o defeito estava no ventilador. Como este ventilador fica exposto ao sol, chuvas e fica ligado praticamente o tempo todo enquanto a van está trabalhando, é provável que a somatória destas condições fez o motor elétrico do ventilador parar de funcionar de forma correta. 

Sem a ventilação para realizar a troca de calor no condensador, a temperatura do gás não baixava, passava pela válvula de expansão ainda quente e o sistema não funcionava.

Apenas para se ter uma ideia de tempo gasto para chegar no defeito, foi exatamente um dia inteiro de trabalho de um funcionário, que às vezes precisou do auxílio de mais um para fazer testes nos componentes do teto.

Esta é uma situação comum nas oficinas, onde mesmo cobrando pelo diagnóstico, fica impossível cobrar exatamente pela quantidade de horas gastas durante o diagnóstico, por isso é que a mão de obra especializada deve ser valorizada.

O sistema de climatização de um veículo tem muitas particularidades e o defeito pode estar em qualquer parte ou componente, mesmo com muita experiência, tem situações que exigem todo esforço e dedicação para encontrar a falha e garantir ao cliente que fazendo o serviço, o sistema voltará a funcionar plenamente. 

Informação técnica

Carga de gás do ar-condicionado do motorista: 652 gramas;

Carga de gás do ar-condicionado dos passageiros: 1.048 gramas;

Somando os dois sistemas, temos uma carga correspondente a 1.700 gramas, O óleo recomendado é o PAG SAE J639. 

Comentários