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Nissan Frontier equipada com motor diesel 2.5 sem potência e emissão de fumaça preta

A picape com 84.370km começou a perder potência e associada a essa falha surgiu a emissão de fumaça preta, logo o proprietário imaginou que fosse algum problema nos bicos injetores.

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Por Gaspar


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As picapes equipadas com motor diesel agradam seus proprietários, mas quando chega a hora de fazer as manutenções essa situação se inverte devido ao custo das manutenções corretivas.  

Mesmo sabendo que a manutenção preventiva tem um custo mais baixo, são poucas pessoas que cuidam dos seus veículos desta forma. A maioria acaba fazendo a manutenção somente quando o carro para de funcionar ou quando perde potência, como neste caso da Frontier 2.5.

Uma das evidências da quantidade de fumaça preta que estava saindo pelo escapamento está na sujeira na tampa da caçamba da picape. 

 

Geralmente quando o veículo chega à oficina, o proprietário do veículo solicita um diagnóstico rápido e já avisa que não pode ficar sem o carro e por isso o serviço deve ser realizado de forma urgente e ainda com o valor mais baixo possível. 

Essa receita não é compatível com as oficinas que oferecem um serviço criterioso e com a garantia, que vai resolver as falhas do veículo. Em alguns casos é até melhor não pegar o serviço para evitar desentendimentos durante e após a realização do serviço. 

No caso da Frontier, o cliente concordou em deixar a picape para fazer primeiramente o diagnóstico e depois realizar os reparos necessários. 

Na fase fria o motor tinha o funcionamento aceitável e na marcha lenta também não apresentava falhas de cilindros ou emissão de fumaça preta saindo pelo escapamento. 

O defeito surgia quando o motor era exigido com rotações mais elevadas e o primeiro sintoma era a fumaça preta começando a sair pelo escapamento. Durante o teste de rodagem, era possível perceber a falta de desempenho do motor, mesmo com rotações mais elevadas, não havia reação do motor para elevar a potência. 

As possibilidades de defeito de componentes como os bicos injetores, EGR obstruída e até a turbina com algum problema poderiam causar o defeito que provocava a falta de desempenho do motor.

Com a picape na oficina, foram iniciadas as verificações para identificar a possível causa do defeito e o primeiro indício foi encontrado no filtro de ar, que estava bem obstruído, mas não era o suficiente para causar o problema no motor. 

A utilização de picapes nas cidades não favorece o funcionamento adequado do motor diesel e o acúmulo de resíduos acontece com muita frequência e mesmo com o sistema de regeneração, não há como fazer automaticamente por não elevar a rotação do motor ou desenvolver velocidades mais altas como nas estradas.

 

Durante o teste de rodagem, foi possível notar um ruído semelhante ao de vazamento de ar, mesmo com todo o barulho que é característico do motor diesel, mas na oficina não foi possível identificar com o motor em marcha lenta. 

Verificando externamente, a turbina não apresentava sinais de vazamentos, mas para garantir a certeza da inspeção bem feita nos componentes, as mangueiras foram removidas para verificar a possível obstrução em algum componente. 

Ao remover a mangueira de pressão que sai da turbina e se conecta em outra que chega na entrada do intercooler, foi identificada uma fissura que se abria quando a pressão da turbina aumentava. 

Essa mangueira não é comum, pois ela tem que suportar pressão e temperaturas elevadas, por isso que as entradas ou engates são especiais, assim como o seu preço, que chega próximo de R$2.000,00 reais na rede autorizada de concessionárias da marca. 

Não são utilizadas abraçadeiras nesta mangueira porque ela já vem com um sistema de engate e trava de metal que se acopla de forma que garanta a fixação e a vedação completa. 

Fica difícil identificar a causa do rompimento da mangueira que não recebe contaminantes, que poderia afetar a composição da borracha e reduzir o seu tempo de uso. 

O filtro parcialmente obstruído e o vazamento na mangueira já são suficientes para justificar a falta de potência e a emissão de fumaça preta porque nesta condição, a mistura ou razão estequiométrica estava alterada. Havia maior quantidade de combustível em relação à quantidade de ar que não chegava no motor. 

Quando o ar e o combustível são misturados, independentemente da quantia, sempre vai existir uma proporção adequada para a queima total na câmara de combustão. Esta mistura é chamada de razão estequiométrica ou ponto estequiométrico e é simbolizada pela letra grega lambda λ.

A relação ideal para motores diesel é de aproximadamente 15,2:1, quando teremos λ = 1. Isto significa dizer que para queimar 1 kg de diesel com a dição de 20% de biodiesel são necessários 15,2 kg de ar. 

A adição de biodiesel aumenta ligeiramente o λ, uma vez que o motor opera com vazão de ar constante e o biodiesel possui oxigênio na sua estrutura molecular. 

Amostra 

ʎ (razão estequiométrica) 

Diesel 

14,4:1 

Diesel + biodiesel 10%BD 

14,8:1 

Diesel + biodiesel 20% a 50%BD 

15,2:1 

Ar 

Diesel 

A picape Nissan Frontier não estava com o funcionamento adequado devido à menor quantidade de ar que estava chegando no motor e a queima estava sendo deficiente, provocada pela mistura rica, ou seja, mais combustível e menos ar. 

Com as correções realizadas pelas trocas do filtro de ar e da mangueira de pressão da turbina para o intercooler, o motor recuperou a sua potência com a mistura ar/combustível restabelecida.

Como não houve necessidade de intervenção nos quatro bicos injetores e na bomba de alta pressão, a oficina foi justa no seu diagnóstico e correta no procedimento dos serviços executados.  

O cliente reconheceu a seriedade nos serviços realizados e com isso aumentou a confiança nos profissionais que trabalham fazendo o que deve ser feito. 

Picape com o motor funcionando corretamente e cliente satisfeito com o carro e com a oficina representam uma finalização que agrada a todos. 

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