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Sistema imobilizador protege a motocicleta e dificulta a possibilidade de furto

O sistema imobilizador é uma espécie de “cadeado” eletrônico, não permite que a motocicleta possa ser ligada com outra chave mesmo que o contato da ignição seja acionado ou até violado

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Por Paulo José de Sousa


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Quando uma motocicleta é furtada geralmente todos compartilham do prejuízo, e por tabela o reparador perde o seu cliente. Este sistema está presente em algumas motocicletas de média e alta cilindrada a tecnologia atua como uma proteção complementar contra o furto. 

Nessa matéria vamos dar algumas dicas como evitar problemas com o sistema imobilizador. Também trouxemos uma tabela com códigos de defeitos apresentados pelo autodiagnóstico da motocicleta. Para concluir o estudo apresentamos os procedimentos de codificação das chaves da ignição, ECU e da unidade imobilizadora.

Em nossa abordagem apresentamos o processo padrão da XT 660R, a motocicleta teve a produção descontinuada, mas as técnicas atendem aos demais modelos da marca. 

A lógica de funcionamento do dispositivo de segurança está baseada na comparação de sinais, ao virar a chave de ignição o imobilizador acoplado ao contato (interruptor da ignição) reconhece a senha (sinal) emitida pelo transmissor da chave. A ECU recebe do imobilizador a autorização de funcionamento do motor. Sinais diferentes ou a falta de sinal impedem que o motor seja ligado. 

Atualmente o sistema já não tem a mesma eficiência de antigamente, é bem fácil encontrar dispositivos que anulam o efeito do sistema Code na motocicleta, alguns desses equipamentos são conhecidos como “chupa-cabras”, existem também os aparatos que clonam o chip da chave codificada. Não é nosso foco questionar a eficácia do sistema, entendemos a importância da tecnologia que tem o objetivo de proteger o patrimônio do cliente. 

Para quem ainda não conhece o sistema da XT, o fabricante teve o cuidado em desenvolver um dispositivo que funciona com uma certa simplicidade de manuseio, basta apenas remover a chave do interruptor da ignição que o sistema já está acionado impossibilitando o funcionamento do motor. Quando a motocicleta é adquirida na concessionária ela é acompanhada de três chaves uma vermelha (mestra) e duas pretas, cada chave possui um transmissor. 

A função da chave vermelha é de codificar a ECU, a unidade imobilizadora e as chaves pretas que por sua vez são de uso comum. A chave de cor vermelha deve ser guardada em local seguro e nunca ser utilizada na condução da motocicleta, pois ao utilizar a chave codificadora as demais chaves (pretas) poderão perder a configuração e a motocicleta não irá pegar com elas. Caso ocorra esse problema, a solução é reconfigurar as chaves. 

Problemas e soluções 

⦁ Perda do conjunto de três chaves (2 pretas e 1 vermelha)

Em caso de perda do jogo de chaves será necessário substituir o “kit do imobilizador”, na XT660R o conjunto é composto pelos seguintes itens:

⦁ ECU;

⦁ Contato da ignição;

⦁ 2 chaves pretas (padrão);

⦁ 1 chave vermelha (codificadora);

⦁ Unidade imobilizadora. 

A troca da ECU e do imobilizador são necessários porque essas unidades não aceitam reconfiguração para a senha das novas chaves de ignição. As chaves pretas possuem um transmissor interno e podem ser registradas (codificadas) algumas vezes. 

A chave vermelha é utilizada para realizar o registro das chaves pretas, da ECU e imobilizador.  

Após a instalação do “kit imobilizador” será necessário configurar a ECU, o Imobilizador e as duas chaves pretas.

Uma vez configurada a ECU e o imobilizador (novos) não será possível nova configuração, o conjunto passa a ser vinculado a senha das chaves de ignição. 

⦁ Motocicleta batida que entrou na oficina para orçamento e reforma 

Motocicletas que sofreram colisões frontais podem ter o imobilizador e/ou contato da ignição danificados. Durante a elaboração do orçamento, o analista deve atentar-se para os itens da lista que compõe o “kit imobilizador”. Portanto caso haja avarias de um dos itens acima pode ser necessária a troca do conjunto completo. Lembrando que se o imobilizador e o contato forem trocados, será necessário substituir a ECU, já comentamos que não é possível realizar nova codificação para a unidade. Nessa situação o motor gira, mas não funciona.

O sistema imobilizador é confiável, não produz efeitos colaterais no sistema eletroeletrônico. 

Diante da necessidade, ou por uma questão de orçamento o reparador recorre aos dispositivos alternativos (chupa-cabras) que eliminam o sistema imobilizador, em outras palavras esses equipamentos “enganam” a ECU, e o motor funciona. Nessa condição a motocicleta fica vulnerável, o sistema de bloqueio eletrônico foi anulado.

O que parece vantagem financeira além de eliminar o sistema de antifurto também pode trazer consequência à segurança do usuário da motocicleta.

Não há comprovação, mas as possíveis falhas de funcionamento do “dispositivo alternativo” ou a presença de interferência de rádio frequência desse aparato poderão desligar do motor e assim provocar a queda do motociclista, é apenas uma hipótese. 

Códigos de falhas sugeridos pelo autodiagnóstico

Outro ponto a se pensar, as possíveis falhas no sistema imobilizador geram uma série de códigos de defeitos que serão alertados pela luz de indicação de erros no imobilizador e exibidos no display do painel da motocicleta. 

Vale ressaltar que o correto funcionamento do sistema imobilizador depende da bateria, tensão mínima 12,8V.

No caso, a presença de equipamento não original na motocicleta “pode” ser percebida como defeito e gerar o código de alerta comentado.

⦁ Testes de oficina com a ECU ou demais componentes de outra motocicleta

Na rotina diária da oficina é comum utilizar algum componente emprestado de outra motocicleta para tirar possíveis dúvidas quanto a falhas de funcionamento de motor.  Nesse caso é bom lembrar que os itens codificados não podem ser testados em outra motocicleta, o motor não irá funcionar. Caso haja necessidade de elaborar algum teste será necessário substituir o conjunto abaixo:

⦁ ECU;   

⦁ Imobilizador;

⦁ Contato da ignição com a chave. 

⦁ Testes de oficina com a ECU ou imobilizador novos (sem codificação)

Não é recomendável realizar testes com a ECU (virgem) ou imobilizador (virgem), as peças novas do estoque da concessionária não possuem codificação, caso sejam instaladas na motocicleta, e ao acionar a chave vermelha (codificadora) estes componentes poderão receber a codificação, após isso não será possível apagar as senhas gravadas nas peças.

A ECU e o imobilizador só podem ser codificados uma única vez, portanto as peças não poderão ser aplicadas em outras motocicletas. Portanto a oficina terá de arcar com o prejuízo. 

⦁ Se necessitar uma chave cópia (Preta)

O fabricante da motocicleta possui a chave (virgem) de reposição sem a codificação. Após a aquisição da peça o chaveiro faz o desenho mecânico da chave (nova), feito isso, o reparador deverá realizar a codificação e recodificar a chave cópia em conjunto, pois do contrário a chave reserva não será reconhecida pela ECU.

⦁ Se perder a Chave Padrão (Preta)

Se uma chave preta for perdida ou furtada, é possível desabilitar o seu uso, pela reconfiguração da chave-padrão que sobrou. O novo registro da chave-padrão apaga da memória a senha de todas as chaves armazenadas anteriormente, invalidando assim, o uso da chave perdida.

⦁ Se perder a Chave Vermelha (codificadora)

A motocicleta irá funcionar normalmente, porém se por algum motivo as duas chaves pretas apresentarem alguma pane e perderem a configuração será impossível a reconfiguração, assim a motocicleta não irá funcionar, restando como alternativa a substituição do conjunto do “kit imobilizador”. 

⦁ Peças interdependentes que devem ser substituídas conforme o problema 

⦁ Cuidados básicos com o conjunto de chaves

⦁ Não exponha as chaves a altas temperaturas.

⦁ Não deixe as chaves junto a componentes que emitam sinais elétricos ou outras chaves codificadas.

⦁ Não deixe as chaves próximas a imãs, alto-falantes e outros componentes magnéticos.

⦁ Não mergulhe a chave na água.

⦁ Mantenha as chaves codificadas de outras motocicletas afastadas do interruptor da ignição para não causar interferência de sinal.

⦁ Quando configurar ou reconfigurar as chaves 

A necessidade de configuração se dá quando as chaves (pretas) são novas, no caso é necessário fazer o primeiro registro. A reconfiguração é necessária quando as chaves (pretas) perdem a configuração.

⦁ Motocicleta dá partida, porém o motor não funciona

⦁ ECU não codificada para a motocicleta;

⦁ Defeito na ECU;

⦁ Imobilizador não codificado para a motocicleta;

⦁ Defeito no imobilizador;

⦁ Chave sem codificação;

⦁ Imobilizador não reconhece do sinal da chave;

⦁ Presença de interferência no sistema imobilizador;

⦁ Falha de contato nos conectores do sistema imobilizador; 

⦁ Falha de contato no conector e na pinagem da ECU;

⦁ Tensão da bateria abaixo do especificado.

⦁ Passos da codificação ou recodificação das chaves pretas

1. Ligue a ignição com chave de reconfiguração (vermelha) em seguida desligue, retire a chave em até 5 segundos

2. Insira a chave preta no contato da ignição e coloque na posição “ON” em até 5 segundos, repita o processo para a chave reserva.

Se uma ou ambas as chaves (pretas) não derem partida no motor, refaça a configuração das chaves.

A codificação ou recodificação deve ser realizada inclusive na chave reserva.

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