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Neste período de quarentena a motocicleta ficou parada e agora não pega, o que fazer?

Diante de um cenário inédito de pandemia, certamente o foco de alguns motociclistas esteve voltado para a própria saúde, portanto, muita gente não preparou a motocicleta para ficar parada na garagem.

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Por Paulo José de Sousa


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Combustível e bateria são muito sensíveis à falta de uso da motocicleta e por tabela a bomba também pode pagar o preço.

Com o final da quarentena, algumas motos sairão da “hibernação” de dias, semanas ou até meses, nessa hora podem ocorrer panes no funcionamento no motor, pelo simples fato de não ter sido preparado para a inatividade. 

O objetivo desta matéria é ajudar o leitor ativar a motocicleta e assim de evitar transtornos. Como todo veículo de combustão interna, as motocicletas foram feitas para serem utilizadas. Quando o objetivo é deixar o veículo inativo por tempo indeterminado será necessário um preparo. 

Motocicleta parada muito tempo pode significar problemas, em alguns casos a surpresa vem ao dar a partida, surgem sintomas de mau funcionamento ou até mesmo o motor pode não pegar. 

Sem querer generalizar, após um período determinado, o combustível e a bateria estão sujeitos à deterioração, esses componentes sofrem alterações e trazem consequências ao funcionamento do motor. O combustível envelhecido, além de não queimar direito pode entupir circuitos e/ou oxidar a bomba de combustível, já a bateria pode descarregar-se e não aceitar recarga. 

Para armazenar a motocicleta por tempo prolongado (em geral acima dos 30 dias) são necessárias algumas medidas de proteção conforme o modelo. Esse preparo está descrito no manual de proprietário e vale para as motocicletas simples e também as mais complexas. A informação é de fácil acesso, traz as definições dos fabricantes, até porque envolve veículos em período de garantia. Esses procedimentos devem ser aplicados nas motocicletas, motonetas e scooters.

Combustível e bateria devem ser sempre os primeiros a preocupar 

A bateria tem grande influência no sistema de ignição e injeção eletrônica, o funcionamento correto da motocicleta só ocorrerá se a tensão(V) estiver em conformidade com a especificação do fabricante, em geral o valor deve estar acima dos 12,6V. Bateria descarregada nem sempre tem de ser substituída, normalmente é só questão de repor a carga pelo processo de carregamento com o auxilio de um carregador. 

Toda bateria está sujeita a autodescarga, é uma tendência, mesmo que não haja nenhum componente ligado. Com a motocicleta parada por dias ou semanas, o processo de descarga será mais rápido, a baixa tensão se for mantida por longo período poderá antecipar o final da vida da bateria. 

Quando a motocicleta é pouco utilizada pode ocorrer um processo destrutivo nas placas internas da bateria. Esse dano é conhecido como sulfatação, a ação poderá ser irreversível, nesse caso a bateria deverá ser substituída.

Procedimentos para evitar esse fenômeno:

⦁ Manter a bateria carregada. 

⦁ Desconectar os terminais da motocicleta.

⦁ Verificar a tensão (V) mensalmente.

⦁ Se necessário completar a carga. 

Estas orientações ou dicas são adequadas para as motocicletas inativas.

É bom ficar atento a motos de regiões litorâneas, no caso essas motocicletas são mais suscetíveis a problemas nas conexões elétricas e por conta disso podem não carregar a bateria. O sistema de carga pode ficar inoperante ao ser afetado pelo mau contato ocasionado por oxidações nos terminais, portanto a bateria não será carregada durante o funcionamento do motor. Para saber se o sistema está funcionado corretamente proceda da seguinte maneira:

⦁ Ligue a motocicleta, estabilize a rotação do motor em 5000 RPM.

⦁ Com um multímetro na escala DC 20V, confira a voltagem na bateria.

⦁ O valor da tensão (V) de carga deverá ser aproximadamente de 14V.

Esses passos devem ser definidos pelos fabricantes e variam entre os modelos e marcas de motocicletas.Se o valor de tensão (V) medido for diferente da especificação do fabricante da motocicleta, verifique: conexões elétricas, regulador retificador da bateria e estator. Para a realização do teste é necessário que a bateria esteja com a carga completa. 

Nariz não é equipamento de análise de combustível

O combustível tem a vida útil limitada, esse intervalo passa ser contado a partir da saída da refinaria, como foi dito anteriormente, é perecível. 

Sabemos que a gasolina muda o odor característico após um tempo, mas não adianta cheirar o combustível para ver se está bom, isso não é diagnóstico. Outro ponto importante é que o vapor do combustível não deve ser inalado o hidrocarboneto é prejudicial à saúde. Na dúvida troque o combustível.

Combustível velho não combina com a injeção eletrônica

O sistema de injeção eletrônica não funcionará bem com combustível deteriorado, o combustível provocará estragos pelo caminho que percorre, nessa condição pode ocorrer contaminação da vela de ignição e sonda lambda. Os subprodutos do combustível vencido também podem provocar o entupimento dos orifícios do (s) injetor (es). A consequência disso será a dificuldade na partida, falhas ou interrupção do funcionamento do motor. 

O combustível velho também pode ocasionar a deterioração da bomba. No sistema de injeção eletrônica, em sua maioria, o motor elétrico da bomba de combustível está dentro do tanque, imersa no combustível, por isso é chamado de sistema “in-tank”. A bomba impulsiona o combustível do reservatório até o injetor, é necessário que o atuador pressurize o combustível em um valor pré-determinado. A pressão da linha de combustível por sua vez assegurará o fornecimento do volume de combustível necessário à formação da mistura que deverá ser queimada na câmara de combustão do motor. Defeitos no atuador alteram o volume de combustível, ocasionam mistura pobre, marcha lenta irregular, dificuldades na partida, aumento nas emissões e queda no desempenho do motor. 

.A bomba de combustível é composta de um motor elétrico 12V, em alguns casos utiliza um regulador de pressão e um filtro acoplado em seu corpo. Para o bom funcionamento da motocicleta são necessários: pressão e volume de combustível.

Diagnósticos básicos da bomba de combustível

Não é só o combustível que afeta o desempenho do atuador, a bomba é um motor elétrico, sendo assim dependerá da bateria para funcionar corretamente. A pressão e vazão do combustível serão afetadas pela baixa tensão (V) da bateria. O funcionamento da bomba pode ser ouvido sem a necessidade de ligarmos o motor da moto, basta virar a chave de ignição e aguardar, a bomba dará início à pressurização do combustível.

Bomba não funciona

Além da possibilidade do motor elétrico estar queimado podem ocorrer outras causas, vejamos:

⦁ ECU com defeito; 

⦁ Pane no circuito elétrico de acionamento da bomba; 

⦁ Fusível queimado, interruptores gerais com defeito;

⦁ Tensão da bateria ausente ou muito baixa;

⦁ Relé da bomba com defeito (alguns modelos).

Pressão da bomba de combustível

A recomendação de diagnóstico seguro para panes no sistema de alimentação é certamente a aplicação do manômetro de pressão de combustível, que é a ferramenta para aferir a pressão na linha de combustível, apontando valores de pressão excessiva ou baixa pressão de combustível. Os dois casos indicam defeitos e são prejudiciais para a condução da moto, ocasionando falhas no funcionamento, aumento nas emissões de poluentes ou até danos no motor. A pressão padrão variará conforme o modelo de motocicleta. 

Possíveis sintomas de mau funcionamento detectados na avaliação da pressão da bomba:

⦁ Pressão excessiva na linha de combustível;

Causa provável: falha no regulador de pressão da linha de combustível 

⦁ Pressão baixa na linha de combustível.

Causas prováveis: falha no regulador de pressão da linha de combustível, falha na vedação entre tubulação e bomba, bico injetor com deficiência na vedação (estanqueidade), filtro de combustível parcialmente entupido, baixa tensão na bateria e nível de combustível muito baixo no reservatório. 

Vazão da bomba de combustível

O diagnóstico do volume de combustível fornecido pela bomba também faz parte das análises que devem ser observadas. Basta desconectar a mangueira que liga a bomba ao bico injetor, ligar a chave da motocicleta e coletar o combustível num recipiente com graduações durante um tempo determinado e, em seguida, medir o volume e comparar com a tabela do fabricante.

Ativação geral da motocicleta após o período de armazenamento

Embora o foco da nossa matéria tenha sido os sistemas de alimentação de combustível e a parte elétrica (bateria) é bom lembrar que na motocicleta os sistemas de arrefecimento e hidráulico também são suscetíveis a defeitos ocasionados pela falta de uso, todos eles atuam com produtos químicos e merecem atenção. 

O lubrificante do motor, o fluido de freio, óleo da suspensão e líquido do radiador são elementos perecíveis. Na ativação, além da questão dos sistemas estudados, a motocicleta sempre exigirá alguns cuidados especiais. Cabe ao mecânico o bom senso, este profissional deverá julgar com base nas informações do fabricante se o tempo de inatividade do veículo exigirá ajustes extras e a substituição dos demais fluídos com a vida útil determinada. 

Essa coletânea de recomendações não está limitada somente as motocicletas equipadas com injeção eletrônica, ela também deve ser aplicada na linha das motos carburadas guardadas as devidas orientações dos fabricantes.

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