Oficina Brasil


Unidade brasileira se destaca entre as principais operações mundiais para o mercado de reposição

A unidade de negócios trade (aftermarket) da multinacional alemã Rheinmetall, responsável pela comercialização das marcas de produto premium Kolbenschmidt (KS) e Pierburg, prevê investimentos no país para manter o crescimento na reposição, bem como para atender à demanda de toda a América Latina

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Por Da Redação


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Para comandar todo o processo de evolução e integração de novas tecnologias para componentes mecatrônicos na unidade brasileira com outras subsidiárias do grupo, o executivo Ulrich Gnaedinger, Vice-Presidente de Vendas das Américas, agora assume o cargo de Diretor Geral da unidade de aftermarket Brasil, suportando Luis Lipay, Diretor Comercial da unidade de negócios da reposição nessa ambiciosa missão.  

Em entrevista, os dois executivos, Gnaedinger e Lipay, falam da estratégia e a importância do mercado brasileiro no contexto global da companhia, das expectativas para o aftermarket, do impacto de novas tecnologias nos veículos, além da missão de Gnaedinger para manter o crescimento sustentável das operações no Brasil juntamente com Lipay.

Fale um pouco da sua atuação na unidade de negócios trade (aftermarket) e quais os planos para o Brasil?

Ulrich Gnaedinger - Tenho quase 30 anos de experiência na área de vendas internacionais e minha especialização é gerenciar e desenvolver unidades regionalizadas de vendas em grandes multinacionais. Já trabalhei em renomadas corporações no setor de autopeças na Alemanha. Estou há nove anos na Rheinmetall atuando em subsidiárias para fomentar negócios internacionais na Ásia, África e Rússia. 

Atuo como Vice-Presidente de Vendas das Américas e agora, adicionalmente, como Diretor Geral da unidade de aftermarket Brasil. Meu objetivo é suportar o crescimento sustentável da unidade, com investimentos em estrutura para a expansão dos negócios para o mercado nacional e América Latina. A ideia é que o Brasil se beneficie com a implantação de processos padronizados da matriz da Alemanha para impulsionar e atender à demanda do mercado.

Importante ressaltar que o Brasil se destacou entre as subsidiárias do grupo pelo excelente desempenho conquistado nos últimos anos, fruto do trabalho da equipe, além de bons resultados em vendas e da diferenciação com ações de comunicação em redes sociais, aproximação com grupos de oficinas e entidades voltadas aos mecânicos.

Como enxerga o mercado de reposição brasileiro e a que atribui o crescimento dos últimos anos?

Ulrich Gnaedinger - O mercado de reposição no Brasil tem muito potencial para crescer. A frota circulante estimada em 46 milhões de veículos está envelhecida, com idade média de 10 anos, o que gera demanda em manutenção. Nos últimos anos com a pandemia, houve falta de suprimentos e as montadoras tiveram de reduzir muito a produção de veículos novos, fator que contribuiu para o aumento do movimento no aftermarket. 

Internamente, também introduzimos em 2020 no Brasil a linha de componentes mecatrônicos da marca Pierburg, o que refletiu no bom desempenho da companhia. Para dar continuidade a esse crescimento para os próximos anos, pretendemos levar para o mercado soluções em mecatrônica de maneira mais intensa. 

Como o grupo está enxergando a evolução de novas tecnologias para veículos híbridos e elétricos e seu futuro? 

Ulrich Gnaedinger - Na divisão de fornecimento original, o grupo está bem à frente no desenvolvimento de novas tecnologias com componentes mecatrônicos para veículos elétricos e híbridos. Aqui no Brasil, diferente da Europa, os motores a combustão terão vida mais longa por conta de incentivos do governo e os itens de mecatrônica também estarão presentes nesses veículos devido às inovações voltadas à redução de poluentes e melhora de desempenho com menor consumo de combustível, não se restringindo apenas em aplicações de híbridos e elétricos. Por isso, a ampliação dos componentes mecatrônicos deve incentivar o crescimento da subsidiária no Brasil. O objetivo é garantir que tudo de inovação que existe em outras unidades tragam grandes benefícios e vantagens para aproveitar todas essas oportunidades no mercado brasileiro.

A frota circulante vai continuar rodando e continuará a exigir peças de reposição por muito tempo ainda e a Rheinmetall, mesmo com a evolução de novas tecnologias, vai permanecer fornecendo para o mercado peças para motores a combustão enquanto esses veículos existirem.

Fale sobre a importância da vinda do Ulrich Gnaedinger para o mercado brasileiro?

Luis Lipay - Sem dúvida, a vinda do Ulrich Gnaedinger tem grande importância e coloca a operação do Brasil como a mais importante dentro da companhia depois da matriz na Alemanha. O Brasil passa a ser cada vez mais responsável pelo mercado latino-americano, ganhando expressivo grau de relevância dentro da companhia, o que é motivo de orgulho e também traz desafios, os quais certamente iremos superar através de investimentos em estrutura e inovações para o mercado.   

Como se comportaram as operações no Brasil e quais os planos da companhia e expectativas de crescimento?  

Luis Lipay - O desempenho das operações no Brasil nos últimos três anos foi de crescimento expressivo. Durante a pandemia, batemos alguns recordes de faturamento, o que nos deixou muito motivados a querer ainda mais. Em uma década, dobramos de tamanho, o que mostra o reconhecimento do mercado quanto aos produtos das marcas KS e Pierburg, assim como dos serviços de pós-venda e relacionamento da nossa empresa.

Sendo o responsável pelas vendas para o mercado de reposição brasileiro, como você enxerga os últimos anos do mercado, incluindo o período da pandemia e o que prevê para os próximos anos?

Luis Lipay - Os últimos dois anos foram repletos de acontecimentos no mercado automotivo. Pandemia, muitas mudanças, alta volatilidade econômica, desabastecimento estrutural e problemas na cadeia de suprimentos mundial levaram a redução, paralisação e até mesmo o fechamento de fábricas inteiras no país. Os efeitos desses eventos impactaram as perspectivas e resultados para 2022 e para os anos futuros. Mas entendemos que o aftermarket sofreu um impacto positivo dessas mudanças, garantindo a manutenção da frota de mais de 46,2 milhões de veículos e mantendo em pleno funcionamento essa atividade que desde o início foi considerada como essencial. Mesmo diante das adversidades, nosso negócio cresceu, lançamos produtos, ganhamos espaço no mercado e dentro do nosso grupo e estamos agora nos preparando para um novo patamar de negócio.

Como a unidade brasileira se preparou e se desenvolveu para enfrentar o período da pandemia e quais foram os principais aprendizados e legado?

Luis Lipay - Para mantermos o relacionamento firme com o mercado, adequamos a nossa estrutura de relacionamento e treinamentos utilizando muito mais as plataformas digitais, o que observamos que se mantém ainda hoje. Agora estamos retomando as visitas presenciais e participação em eventos.

Com isso, aprendemos que, mesmo não estando fisicamente presentes, o mais importante é sempre permanecer atendendo o cliente e suas demandas e se manter ativo na solução das mesmas.

Observamos também que o abastecimento do mercado sofreu muito com a pandemia, inclusive nossas entregas.  Desde os primeiros impactos, nossas equipes de compras e planejamento de materiais não mediram esforços para normalizar o quanto antes essa situação. Já nos primeiros sinais de falta, formamos uma equipe multidisciplinar exclusiva a esse tema que tem trabalhado incansavelmente para melhorar nossa situação de entrega, recorrendo a outras fábricas do grupo e inclusive a fretes aéreos que do ponto de vista da rentabilidade são bastante onerosos à empresa.

O que ficou é que um relacionamento sólido e construído na base da confiança e transparência é capaz de superar os fatores adversos e imprevistos e até mesmo fortalecer as parcerias.

A linha de produtos foi ampliada nos últimos tempos. Estas aplicações são para OEM e aftermarket? 

Luis Lipay - Desde 2020, temos atuado muito fortemente na introdução da marca Pierburg para o mercado brasileiro, trazendo além dos produtos sob a marca KS, que são basicamente a linha de componentes para motor, também o portfólio da Pierburg, conhecida mundialmente como nosso braço da linha mecatrônica que representa muito o desenvolvimento em novas tecnologias do nosso grupo.

A Pierburg é um dos fabricantes líderes de componentes veiculares para as áreas de redução de poluentes, alimentação de ar, alimentação de combustível e produção de vácuo. Os produtos são destinados ao mercado de reposição, mas também fornecemos para montadoras de todo o mundo.

Esta última não é uma pergunta, mas um espaço para os senhores transmitirem mensagens para nossas 53 mil oficinas que representam mais de 70% do mercado de reposição de peças técnicas no Brasil.

Ulrich Gnaedinger - A subsidiária do Brasil reconhece a relevância do mercado de reposição brasileiro, por isso, investe para poder oferecer soluções de produtos e serviços das marcas Kolbenschmidt (KS) e Pierburg para atender às diferentes demandas, com cobertura para a frota circulante, além de trazer também todas as inovações presentes nos novos motores a combustão, assim como também estamos preparados para atender às novas tecnologias para veículos híbridos e elétricos. 

Para 2022, estão previstos lançamentos de 433 componentes no mercado de reposição, sendo 266, entre pistão, bronzina, anel, bielas e camisas de cilindro, para linha leve; 88 para a linha pesada, como bronzinas de biela, buchas de comando, anéis de segmento, e 79 em itens de mecatrônica, como bombas, válvulas EGR, filtros, coletores de admissão e sensores de massa de ar. Com os lançamentos, o portfólio deve atender a 80% da frota no final de 2022.

Luis Lipay - É nas oficinas que a demanda chega para todos os elos do mercado de reposição. Sabemos da importância de estarmos próximos aos reparadores para poder entender as necessidades e apresentar soluções. Todas as ações realizadas que citei na resposta anterior mostram a nossa preocupação em levar informação técnica aos reparadores. A ideia é amplificar ainda mais o que já desenvolvemos e a chegada do Ulrich Gnaedinger confirma o quanto o mercado brasileiro é importante para o grupo e que vamos continuar avançando para oferecer produtos, serviços e atendimento que auxiliem os reparadores. 

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