Oficina Brasil


Grupo Randon destaca os desafios de atuar em um mercado cada vez mais diversificado e competitivo

Entrevistamos com exclusividade Paulo Gomes, Diretor Comercial das Empresas Randon. Ele destaca a importância do reparador, estratégias para manter a empresa na liderança, e como avalia a proliferação de players nos elos comerciais

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Por Wellyson Reis


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1.Fale um pouco de sua carreira, trajetória profissional e responsabilidades na Fras-le. 

Minha trajetória na Fras-le já tem mais de 30 anos, comecei como estagiário na área de processos químicos. Tenho formação em Engenharia Química e trabalhei na parte engenharia, desenvolvimento de fornecedores, compras e acabei indo para área comercial e desenvolvimento de mercado. Estive à frente do setor de exportação, onde tive a oportunidade de adquirir experiência internacional. Atuei nos mercados brasileiro e internacional, trabalhando mais de três anos na China e mais de cinco anos na Alemanha. Com atuação tanto nos mercados de reposição, bem como montadoras (OEM). 

Isso foi possível porque a Fras-le é uma empresa com capital nacional, mas com atuação global, possuindo operações e plantas em diversos países, como Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Argentina, Chile, Colômbia, México, Índia e China, aliás, é muito interessante porque é uma companhia brasileira com presença mundial, algo bem inusitado em nosso segmento.  

Em 2016,  assumi como Diretor Comercial do Mercado de Reposição respondendo pelas autopeças das Empresas Randon que reúnem as operações de todas as marcas além de Fras-le, como Jost, Master, Suspensys, e Castertech e o pós-vendas da Randon implementos.  Mais uma missão em minha carreira que tenho prazer de poder cumprir.  

2. O mercado de pastilhas de freio é bem concorrido, prova disso são as inúmeras marcas disponíveis no aftermarket. A pesquisa Marcas na Oficina, desenvolvida pela CINAU, registra que 32,98% dos reparadores escolheram a Fras-le como a marca mais lembrada e confiável. Como a empresa avalia o desafio de se manter nesta liderança tão expressiva? 

É, sem dúvida, muito satisfatório, mas também de muita responsabilidade, estar na liderança e saber que o mecânico que aplica a peça nos elegeu como a principal marca. É saber que estamos no caminho certo, mas também desafiador superar as expectativas do mercado. Estamos buscando a inovação em tudo que fazemos e olhando para o futuro, considerando as mudanças tecnológicas em curso que trazem uma nova perspectiva com relação à mobilidade e sustentabilidade. Pautamos as nossas iniciativas em antecipar as novidades que devem despontar nos próximos anos. Temos o Centro Tecnológico Randon, hub de engenharias que reúne laboratório estrutural e 20 tipos de pistas para os mais diferentes testes, dedicado totalmente a estudos e desenvolvimento de novos conceitos na fabricação de produtos mais sustentáveis, com materiais modernos, inovadores e ambientalmente corretos, entregando mais eficiência nos nossos produtos.  

Além de fricção, inovamos em outras linhas de produtos, como exemplo apresentamos, recentemente, na Fenatran, algumas novidades como as peças para caminhões produzidas com materiais compósitos. Nossos produtos já estão homologados em algumas montadoras para aplicação em alguns modelos de caminhões como em suporte de lanterna e para-lama. 

Também nos dedicamos a diversificar o portfólio de produtos e segmentos de mercado para atender a demanda com soluções completas.   

3.Como estudiosos do mercado automotivo, observamos com detida atenção as transformações que estão ocorrendo com os fornecedores das oficinas mecânicas. Como a Fras-le avalia esta proliferação de players nos elos comerciais como distribuidores, regionais, atacarejos (locais, regionais e nacionais), redes de lojas, internet etc.? Esta “nova configuração” da cadeia comercial é percebida pela Fras-le como uma ameaça ou uma oportunidade? 

Fazem parte do movimento do mercado, existem muitas peculiaridades em cada região do nosso país e é natural que existam novos modelos de negócio. É um processo que não é de hoje, faz parte de uma evolução, inclusive com o advento do e-commerce que ganhou um enorme impulso na pandemia. Portanto, essa configuração tem desafios, pois são canais distintos que demandam mais expertise na logística para atender as diferentes necessidades. Não se trata de uma ameaça e nem oportunidade, mas uma realidade que está cada vez mais presente em nosso mercado.     

A consolidação da logística integrada para o mercado de reposição, com o Centro de Distribuição Fras-le em Extrema (MG), voltado para as regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte do país, visa a qualificação da experiência de entrega de produtos para os clientes, com mais economia, agilidade e eficiência. O local concentra a distribuição nacional dos produtos das marcas Fras-le, Fremax, Controil e Nakata, que mantém complexo industrial na cidade.  

A estrutura é equipada com tecnologia sofisticada de armazenagem e separação integrada ao transporte, tanto no recebimento como na distribuição trazendo agilidade para atender a complexidade de atendimento ao mercado. Os principais fatores consistem são o aumento dos pontos de distribuição e  a ampliação de portifólio que acompanha a evolução de crescimento da frota que requer a mudança das embalagens múltiplas para atender esta nova dinâmica do mercado.   

4. A Fras-le é uma empresa que vem diversificando suas linhas de produtos, que hoje vão muito além dos itens de freios. Esta estratégia poderá ser expandida? É possível revelar em que outros segmentos? 

Sim, esse processo já vem acontecendo com todas as marcas além da Fras-le, como Fremax, Controil e Nakata, para poder oferecer uma solução completa ao mercado. É o que chamamos de um powerhouse para reposição. O processo de integração das marcas e produtos visa antecipar as necessidades e garantir elevados níveis de atendimento, qualidade e serviços. Um exemplo é a migração do freio a tambor para linha comercial para o freio a disco, conhecida como ADB. Esse movimento começou na Europa no início de  2000 e está migrando para outras regiões, como a norte-americana, que já está em fase avançada. Já observamos grandes frotas no Brasil que estão equipadas com pastilhas para freios a disco.  

5. A evolução digital foi acelerada com advento da pandemia, muitos setores da economia e serviços deixaram de serem analógicos e se tornaram digitais. O aftermarket não foi diferente, indicadores da CINAU apontavam que a compra de peças técnicas pela oficina mecânica não passava de 2% e com a dificuldade de encontrar peças e aumento da calda longa de veículos este índice subiu cerca de 300%, saltando para patamares superiores a 6%. Entretanto, observamos ainda alguns gargalos nas compras on-line (catálogos, processo de troca, tempo de entrega, atraso nos serviços,  etc.). Como a Fras-le enfrenta este desafio e quais são as estratégias para os próximos anos?  

A compra online é uma realidade, mas ainda tem alguns obstáculos devido à diversidade de modelos e marcas de veículos, bem como especificações dos produtos. Esse segmento vem avançando e precisa ser considerado como mais um canal.  

A maior dificuldade do comércio online é a qualidade da informação para encontrar a peça certa. 

 A Fras-le diante deste desafio, investe em canais digitais e aprimorando as funções da plataforma Autoexperts disponibilizando no catálogo eletrônico variadas formas de busca, inclusive por placa, para facilitar a consulta de produtos, com informações que ajudam a identificar o código e a peça para o veículo que precisa de reparação. No entanto, a dificuldade de encontrar a peça é uma realidade nas oficinas e para atender esta dor da reparação, lançaremos em breve na plataforma AutoExperts uma nova funcionalidade que irá apresentar por geolocalização onde encontrar a peça.  

Estamos atentos as necessidades do reparador para encontrar soluções que facilitem seu dia a dia. 

6.Ainda sobre a compra digital, estudos da CINAU apontam que 89% dos reparadores adeptos das compras de peças on-line retornarão a comprar nos fornecedores tradicionais. A que a Fras-le atribui este movimento?  

O mercado de reposição possui características muito específicas e tem como base a confiança estabelecida ao longo dos anos, um relacionamento muito forte e sólido entre os elos da cadeia. Além disso, a disponibilidade de produtos e políticas comerciais contam muito.  

7.Como a Fras-le avalia a evolução de carros híbridos e elétricos? 

O crescimento da frota de veículos híbridos e elétricos nos últimos três anos foi de 250%, muito embora ainda seja um volume pequeno, aumentou muito e as novas tecnologias vão trazer profundas transformações. O avanço da conectividade, por exemplo. Os caminhões autônomos poderão ficar em operação 24 horas ininterruptas e isso vai mudar a logística das empresas. Também há novos conceitos em mobilidade em desenvolvimento que vão afetar a indústria de autopeças e será preciso repensar e acompanhar essas evoluções. Ainda não é possível saber até onde os agentes de transformação podem chegar no que se refere a modelos de mobilidade. 

8.Historicamente é sabido que o mercado de reposição reage positivamente nos momentos de crise. Nestes anos de pandemia e pós-pandemia não tem sido diferente e o indicador PULSO DO AFTERMARKET tem apontado aumento consistente da demanda de autopeças nos últimos dois anos. O aftermarket da Fras-le tem experimentado este crescimento? 

Sim, o mercado de reposição sempre foi muito resiliente mesmo diante das adversidades que enfrentamos este ano com a nova variante Ômicron, a guerra e aqui, no Brasil, as eleições. E mesmo assim o Grupo Fras-le alcançou um novo resultado recorde, com desempenho positivo. No terceiro trimestre de 2022, a companhia registrou alta de 25% na comparação com o mesmo período do ano passado e de 5% se comparado com o trimestre anterior deste ano. No acumulado de 2022, a empresa registra R$ 2,3 bilhões de receita, avanço de aproximadamente 22% em relação aos nove primeiros meses de 2021. 

9. Como a Fras-le vem atuando com relação à sustentabilidade e meio ambiente? Quais medidas são adotadas nessa área? 

A Fras-le, em 2021, destinou o montante de R$ 586,5 mil em programas voltados ao desenvolvimento social das comunidades onde está inserida, por meio do Instituto Elisabetha Randon. Junto das Empresas Randon, o investimento totalizou R$ 4 milhões alocados, beneficiando mais de 26 mil pessoas neste período. 

Também existe um trabalho nas plantas fabris voltado à otimização do uso de matérias-primas para promover a reutilização de materiais, evitando desperdícios e a geração de resíduos. Indicadores que controlam a taxa de conversão que representam a quantidade de matéria-prima adquirida – como aço e resinas – que é convertida em produto, mostram que, em média, ao longo dos últimos anos, se mantém igual ou superior a 90%, considerando o monitoramento das fábricas localizadas no Brasil.  

A economia circular se sustenta na reinserção de sobras de materiais, como resíduos de pó dos sistemas de exaustão e sucata metálica, na produção das autopeças e componentes automotivos para controle de movimentos.  

 10. Existe alguma ação efetiva de logística reversa? 

A Fras-le conta com o programa de logística reversa Pró-Ambiente voltado para os produtos da linha pesada da marca Fras-le, que atende clientes frotistas cadastrados nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Neste programa, as lonas de freio usadas também são coletadas junto aos parceiros e enviadas para tratamento ambientalmente correto. Em média, por ano, são coletadas 800 toneladas de lonas de freio. 

 A Fras-le também promove compensação do impacto ambiental das embalagens dos produtos e gera o estímulo à cadeia da reciclagem e do consumo consciente desde 2021, quando firmou parceria com a Eureciclo, empresa de tecnologia que atua no rastreamento da cadeia de reciclagem e na criação de valor para todos os agentes envolvidos neste processo. A iniciativa permite que sejam encaminhados resíduos para reciclagem com associações de recicladores em quantidade equivalente a, no mínimo, 22% do total de embalagens geradas com os produtos das marcas Fras-le 

11. Como a Fras-le enxerga o papel dos mecânicos no mercado, quais necessidades entende serem importantes para esses profissionais e o que a empresa faz na parte de atendimento e suporte às oficinas? 

Os mecânicos são os formadores de opinião do mercado, decidem as marcas das peças que serão aplicadas nos veículos de seus clientes. São o ponto central de todas as ações, visando garantir soluções e serviços que estabelecem relacionamento de confiança. Nessa frente, várias ações são abarcadas para oferecer suporte técnico aos mecânicos por meio dos canais digitais de cada marca, assim como em treinamentos presenciais e assistência das equipes técnicas.  

12.Esta última não é uma pergunta, mas um espaço para você transmitir sua mensagem às 53 mil oficinas que assinam nossa MALA DIRETA. Fique à vontade: 

Temos como compromisso de proporcionar as melhores experiências aos mecânicos que podem contar com todo o nosso apoio, pois não mediremos esforços para continuarmos como uma empresa que apresenta inovação para oferecer a mais completa solução em sistemas de freios e suspensões.  Para tal, conte com nossa equipe técnica para ajudar, treinar ou sanar dúvidas. Queremos estar cada vez mais próximos dos formadores de opinião. 

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