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Chevrolet Kadett GSi 1993, a vocação esportiva com a modernidade da injeção eletrônica

Com a injeção eletrônica, o Kadett GSI se firmava no mercado com um esportivo potente e moderno, com destaque para a eletrônica embarcada

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Por Anderson Nunes


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Se o Kadett GS 2.0 já era um esportivo interessante, a nova versão GSi – equipada com a injeção eletrônica e ignição mapeada – tornaram o modelo ainda mais atraente. Além da injeção eletrônica multiponto (batizada pela GM de MPFI, ou Multipoint Fuel Injection), a linha 1992 do Kadett esportivo apresentava também novidades na suspensão e acabamento, além de contar com o painel digital. 

Para aquele ano de 1992 o carburador dava adeus na linha Kadett e Monza e com isso a injeção eletrônica fazia sua entrada definitiva no mercado brasileiro. A diferença nos Monza e Kadett se estabelece, aqui, no tipo de injeção escolhida: com um único bico injetor, em posição central (chamada de singlepoint, batizada de TBI pela GM) ou com um bico injetor para cada cilindro (chamada de multipoint pois são quatro pontos).

No catálogo as versões ficaram dispostas da seguinte maneira: os modelos SL e SL/E de Kadett e Monza ficaram equipadas com a injeção monoponto (EFI), enquanto o Kadett GSi e Monza Classic receberam a injeção multiponto (MPFI), mais eficiente e também mais cara. Com essa estratégia a GMB adiantava-se a cumprir as novas normas antipoluição que entrariam em vigor a partir de janeiro de 1992. 

MUDANÇAS NO MOTOR 

As principais mudanças ocorridas no GS, para transformá-lo em GSi, foram focadas no motor. O cabeçote adotado era o mesmo empregado nos Monza 2,0 litros a gasolina com injeção eletrônica monoponto, que apresentava uma câmara de combustão com novo desenho. O comando de válvulas também era oriundo do Monza 2,0 litros EFI, que proporcionava uma maior duração do tempo de abertura das válvulas e consequentemente uma maior potência em altas rotações. Além disso, o motor recebeu o sensor de detonação que atrasava em até 12° o ponto de ignição em cada cilindro. Ou seja, permitia uma variação de 2,8 ° até 12° de retardo do ponto de ignição, voltando ao normal de 0,35° em 0,35°, até desaparecer o problema de pré-detonação. Esse sensor está localizado no bloco do motor. 

Para uma melhor refrigeração e eficiência de lubrificação, foi introduzido um radiador de óleo, que aumentou em ½ litro a capacidade de óleo do sistema de lubrificação, necessário para manter a temperatura do óleo ideal mesmo com exigências mais severas de condução. Esses ajustes proporcionaram uma redução nos níveis de emissões de poluentes, assim o esportivo injetado emitia 12 gramas de monóxido de carbono por km rodado ao invés das 24 gramas do modelo carburado.  Lembrando que não havia a presença do catalisador em todos os modelos da GM equipados com a injeção eletrônica. 

O motor do Kadett GSi é de quatro cilindros em linha, 1.998 cm³ (diâmetro 86 x curso 86 mm), era equipado com injeção eletrônica Bosch LE-Jetronic e ignição mapeada EZK. Comparado ao Kadett GS a potência máxima subiu dos 99 cv a 5.600 rpm a gasolina e 110 cv a 5.600 rpm do álcool, para 121 cv a 5.400 rpm e torque para 17,6 m.kgf a 3.000 rpm (17,3 m.kgf a 3.000, no GS a álcool e 16,2 a 3.500 no GS a gasolina). 

Atrelado ao trem de força estava o câmbio manual de cinco marchas reais (mais longo), o mesmo que passou a equipar o Kadett GS a partir de julho de 1990. Nesta época, o esportivo também recebeu novos pneus da série 65 (aro14), acabando por resolver um problema que o GS “etílico” tinha, transmissão muito curta, que ajudava nas arrancadas, porém diminuía a velocidade máxima, além de provocar excesso de ruído interno. 

Já na suspensão melhorias foram empregadas para tornar o esportivo mais confortável e deixá-lo mais firme durante uma tocada mais agressiva. Foram adicionados amortecedores pressurizados; as buchas de borracha dos braços inferiores da suspensão dianteira e do eixo traseiro tiveram o diâmetro aumentado. Os freios continuaram com discos ventilados nas rodas dianteiras e a tambores na traseira.   

Externamente, somente quatro detalhes identificavam a nova versão. As lentes dos piscas passaram a ser brancas (antes eram alaranjadas), as rodas de liga leve ganharam um novo desenho, lembrava hélices, tendência na época, além faixas decorativas colocadas logo abaixo do friso protetor lateral, assim como a novos logotipos “GSi 2.0” e “Chevrolet”. A tampa do porta-malas perdeu a extensa faixa em preto fosco que caracterizava o Kadett esportivo.  

MAIS EQUIPADO

A fim de tornar o Kadett GSi ainda mais desejável e único no mercado, a GM tratou de incluir todos os acessórios de conforto mais solicitados pelos clientes em itens de série. Assim, o modelo já saia de fábrica com ar-condicionado frio/quente; comandos de vidros, espelhos e travas elétricas, antena elétrica; coluna de direção regulável em altura; direção hidráulica; teto-solar com acionamento manual e alarme. Os únicos opcionais eram a sistema de regulagem de altura da suspensão traseira, pintura metálica ou perolizada. 

A novidade no esportivo era o painel digital de série e que já equipava o Monza Classic. A velocidade era indicada por três grandes dígitos na cor amarela. O ponteiro do conta-giros foi substituído por uma escala em barras, também adotada para os marcadores de pressão do óleo, voltagem da bateria, da temperatura do líquido de arrefecimento e nível de combustível. O hodômetro permaneceu normal.

Os bancos Recaro ganharam um novo padrão de tecido mais claro e os encostos de cabeça dos assentos dianteiros agora eram vazados, o que deixava um interior mais arejado, além de permitir uma melhor visibilidade da vigia traseira. O computador de bordo ganhou novos grafismos que facilitavam a leitura. Também foi adicionado um novo rádio toca-fitas modelo Shedar dotado de indicador gráfico digital de graves, agudos e distribuição de som. Por fim, passaram a ser oferecidos tapetes especiais sobre o carpete, com o logotipo GSi grafado. Desde o lançamento do carro, em abril de 1989, estas foram as modificações mais importantes introduzidas na linha Kadett pela GM até aquela data.

ESPORTIVO SIMPLIFICADO

Na linha 1994 as versões SL e SL/E davam lugar a GL e GLS, siglas já adotadas pelos irmãos Vectra e Omega. No GSi a novidade era um novo volante de três raios e os freio a disco nas quatro rodas adicionados no ano anterior, mas ainda sem a opção do sistema ABS. Algo muito criticado pelos donos de Kadett, a baixa autonomia, foi contornada com a adoção de um novo tanque de combustível de plástico que comportava 60 litros, ante 44 do anterior. Em novembro de 1994 para atender à alta demanda do compacto Corsa e reduzir a fila de espera do modelo, a General Motors transfere a linha de montagem do Kadett de São José dos Campos para São Caetano do Sul, no ABC paulista.

Um novo painel de contornos arredondados era a novidade para a linha 1995, com ele uma nova tampa de porta-luvas mais funcional e de melhor fechamento que sanava a fonte de ruídos e dificuldade em fechá-lo. Os comandos dos vidros e dos espelhos elétricos também foram reorganizados e mudaram do console para as portas. Já o alarme passou a ser acionado na própria fechadura (antes passava-se um ímã junto ao para-brisa) e havia temporizador ajustável do limpador de para-brisa, que repetia o intervalo feito pelo motorista. No GSi os bancos ganhavam um novo padrão de revestimento e as abas laterais dos encostos já não eram mais tão pronunciadas. 

Em meados de 1995 as versões GLS e GSi (incluído o conversível) davam adeus ao mercado. Para cobrir a lacuna deixada pelo fim do esportivo GSi, a GM apresentava a série especial Sport, equipada com motor 2,0 litros com injeção monoponto, para-choques (do modelo GLS) na cor da carroceria e alguns detalhes do GSi — rodas de alumínio de 14 pol, aerofólio, capô com saídas de ar, dupla saída de escapamento. Internamente perdia o painel digital em detrimento a um painel tradicional de ponteiros com grafia amarela, computador de bordo e o check-control davam adeus; por fim as travas elétricas, direção hidráulica e o ar-condicionado passaram a ser opcionais.

MUDANÇAS COSMÉTICAS 

O Kadett 1996 recebia sua primeira e única mudança visual, elaborada no Brasil, inspirada na nova identidade visual nos novos modelos da Opel: os para-choques ficaram maiores e na cor da carroceria, nova grade era cortada por um friso e ladeada pela gravatinha, lanternas traseiras agora em fumês e havia um largo friso de borracha sobre a placa. Por dentro o volante de três raios era o mesmo do Vectra e os bancos ganhavam uma nova estrutura com apoios de cabeça inteiriços. Os pneus enfim passavam de 165/80 para 175/70-13 (185/70-13 com direção assistida), mais adequados a seu porte e potência. 

O Sport tornava-se padrão de linha e visualmente ganhava um par de faróis de neblina, o friso lateral era da cor da carroceria. Eram mantidos o aerofólio e as saídas de ar sobre o capô. As rodas de liga leve ganhavam um novo desenho e a sua face agora era polida. No interior eram mantidos o painel  com mostradores em grafia amarela e os bancos esportivos com apoio de cabeça vazados. O Kadett Sport mantinha o motor de 2 litros dotado de injeção eletrônica monoponto que na versão a gasolina rendia 110 cv e 16,6 m.kgf de torque, na versão a álcool o trem de força fornecia 116 cv e 18 m.kgf de torque. 

Para atender à terceira fase do Proncove, que entraria em vigor em 1997, a linha ganhava o motor de 2 litros equipado com injeção eletrônica multiponto digital para todas as versões: Kadett GL, Sport e Ipanema GL. Mesmo sendo um sistema de injeção eletrônica mais moderno batizado pela GM de Powertech, a potência era mantida em 110 cv e o torque chegava a 17,6 m.kgf. No modelo Sport as novidades eram as novas rodas de liga leve de cinco raios, além do painel e forros laterais das portas em tom preto.

Em 1997 e a sigla GLS retornava à linha Kadett. Visualmente era igual ao modelo Sport. Internamente havia um novo revestimento para os bancos e o painel de instrumentos recebia um fundo em cinza acetinado com uma nova grafia de instrumentos. Mecanicamente a única alteração era a transmissão com relações de marchas curtas. 

Com a confirmação da fabricação do Astra de segunda geração no Brasil, o Kadett aos poucos começa a sua despedida do mercado. Os últimos modelos deixaram a linha de produção na unidade de São Caetano do Sul em 16 de setembro de 1998. Foram fabricados um total de 459.068 unidades. 

ESPORTIVO COLECIONÁVEL 

Tanto a versão carburada do Kadett, a GS, quanto a injetada, GSi, já estão despertando o interesse de colecionadores e apreciadores do modelo. Felizmente ainda é possível encontrar modelos em bom estado de conservação e com alto de grau de originalidade a valores condizentes. É o caso do Chevrolet Kadett GSi, ano 1993, na cor branco Nepal, de um colecionador da cidade de São José dos Campos, interior de SP, que preferiu não se identificar.

O modelo que ilustra a reportagem está com 75 mil km e guarda ainda todos os manuais da primeira proprietária, chave reserva além da nota fiscal de compra. O carro é todo lacrado, que pode ser atestado pelo alinhamento da carroceria e parafusos com o logotipo GM. Outro atrativo são os jogos de rodas de fábrica, inclusive o estepe que também é de liga-leve.

O interior mantém os bancos e forrações originais, além do charmoso painel digital. Um cuidado extra que o dono toma é manter o carro coberto com uma capa personalizada. 

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