Alguns defeitos, pela sua própria natureza, são difíceis para serem diagnosticados, seja pela pouca expressividade (barulhos discretos), pela intermitência e/ou pela dificuldade que o cliente tem em descrever ou explicar o tipo de ruído e como ele ocorre.
A interpretação dessas variáveis é importante para minimizar o risco que o reparador corre de errar no diagnóstico, ou mesmo não encontrar o ruído que está incomodando o cliente – foi o caso de uma das oficinas citadas nessa matéria.
Por isso, é imprescindível que o reparador faça as perguntas para tentar entender qual o barulho que atormenta a vida do cliente e, de preferência dirigir o carro com o cliente ao lado para que ele indique o barulho indesejado no momento em que ele acontece. Adoto esse procedimento como padrão, para identificar de qual barulho o cliente se queixa.
O DEFEITO
Barulho do tipo “estalo metálico” - O cliente chegou na oficina reclamando de um barulho que eu classifiquei de “estalo metálico”, relatou que seu mecânico de confiança ficou dois dias com o carro e não conseguiu identificar o barulho, outra oficina consultada, após andar com o carro, sem tentar identificar o problema, recomendou que ele levasse o carro para uma concessionária. (procedimentos que levam o cliente a eliminar essas duas oficinas da sua lista...)
Segundo o cliente, o barulho se apresentava nas saídas quando fazia manobras.
Fazendo aquele teste clássico, de girar o volante até o batente e fazer um círculo com o carro numa rua larga para testar a homocinética, não foi constatado nenhum tipo de ruído.
Procurando condições diferentes de terreno e ângulo das rodas para provocar o barulho, descobri a condição exata em que ele se apresentava.
Circunstância em que ocorria o barulho - Veículo parado, pé no freio, direção a meio curso. Cada vez que engata as marchas “D” ou “R”, ouve-se o estalo único. Desta forma, foi possível isolar todas as possibilidades de suspensão, freio e direção, restando apenas as peças relacionadas ao eixo que liga o câmbio à roda. Retiramos o eixo completo para verificar as duas extremidades; não foi constatado nada de irregular na Trizeta nem na Tulipa (lado do câmbio). Logo, o problema só poderia estar na Homocinética.
SOLUÇÃO DO PROBLEMA
Substituição da Homocinética.
Para substituir a homocinética desse veículo é relativamente simples:
1. Solte o terminal de direção e o pivô;
2. Retire a abraçadeira da coifa;
3. Abra a trava que prende a homocinética ao eixo, utilizando um alicate de bico para abrir (o mesmo que é utilizado nos outros carros);
4. Com a trava aberta, puxe a homocinética com a mão, se não sair, utilize um martelo de poliuretano dando pequenas batidas diretamente na peça.
Para instalar a nova peça, faça o processo inverso.
DICA DO CONSULTOR OB
Defeito Recorrente no cubo dianteiro da Tucson - Existem alguns ruídos que desafiam o reparador. São aqueles que estão nítidos, dá pra saber de onde vem o barulho, mas não dá pra identificar o defeito apenas olhando. Descobrir esses defeitos torna-se uma questão de honra para o reparador. No entanto, é importante que o reparador saiba valorizar seu trabalho, porque diagnóstico é trabalho, demanda tempo, responsabilidade e conhecimento, por isso deve ser cobrado.
Características e descrição do defeito - O ruído é um estalo metálico, como se houvesse folga entre as pastilhas e o cavalete da pinça. Ele se apresenta quando dá o arranque em primeira marcha e ao frear; basta movimentar para frente ou para trás e frear em seguida. (Apenas um estalo por vez)
PROCEDIMENTO DE TESTES
1. Confira os apertos da suspensão, assim como possíveis folgas. (apenas para desencargo de consciência)
2. Retire o conjunto, cubo e rolamento, prenda-o na morsa para visualizar a parte de trás do cubo.
3. Segure com a mão a parte interna do rolamento e gire o cubo, verifique se a ponta do cubo está girando dentro da parte interna do rolamento. (lembre-se, o cubo entra no rolamento sob pressão, portanto não pode girar).
4. Se o cubo estiver girando dentro do rolamento, substitua o cubo e o rolamento.
Esse defeito foi constatado e solucionado por vários colegas. A causa desse defeito, provavelmente, se dá por dois motivos: torque insuficiente da ponta de eixo, ou material do cubo com baixa resistência térmica e/ou mecânica.
Substituição do filtro de combustível da Tucson
O filtro de combustível tem a função de eliminar quaisquer impurezas que, porventura passem pelo pré-filtro da bomba de combustível. Com o passar do tempo, esse componente tende a entupir, não necessariamente por sujeira, mas por saturação do elemento filtrante. A obstrução do filtro pode causar defeitos de funcionamento no motor e até a queima da bomba de combustível. Portanto, a substituição preventiva dessa importante peça é fundamental para a longevidade da bomba de combustível e segurança dos ocupantes do veículo.
A Hyundai recomenda a substituição preventiva a cada 30.000 km.
Na grande maioria dos veículos, o filtro de combustível encontra-se sob a carroceria, protegido e de fácil acesso. Na Tucson, ele foi instalado em um local, digamos... bem escondido, dentro do tanque de combustível junto à bomba. Nesse veículo, o filtro de combustível é a “caneca” que aloja a bomba.
Acompanhe o procedimento para a substituição do filtro
1. Remova o assento do banco traseiro, que está fixado por parafusos na parte dianteira;
2. Remova a tampa do assoalho que está no lado esquerdo do carro;
3. Remova a bomba de combustível completa;
Os procedimentos a seguir requerem atenção e delicadeza, pois as peças são de plástico e podem estar ressecadas.
4. Primeiro retire o sensor de nível para não danificá-lo;
5. Separe a tampa do conjunto, que é de metal, do filtro de combustível (plástico);
6. Retire a bomba juntamente com o pré-filtro; retire o regulador de pressão e os demais componentes móveis – o filtro novo vem sem nada. Atenção com os anéis orings e separadores, que estão na carcaça do filtro de combustível, em que se encaixam a bomba, regulador de pressão e cano de retorno.
Atenção! Todas as peças são apenas encaixadas.
7. Filtro de combustível sem os agregados
8. Para a montagem, faça o inverso.
9. Antes de colocar a tampa do assoalho, funcione o veículo e observe se não há vazamentos nas conexões de saída e retorno de combustível, na tampa do conjunto.
10. Verifique a vedação dos orings internos, com a utilização de um manômetro, medindo a estanqueidade do conjunto. Se um dos vedadores não estiver vedando, a pressão na linha de combustível irá cair assim que desligar o motor – esse problema irá dificultar a partida quando o veículo ficar por algumas horas desligado.
Atenção!
Se algum anel oring estiver danificado você terá duas opções:
1. Encontrar um anel que tenha as mesmas dimensões e que seja apropriado para trabalhar com o combustível.
2. Trocar o conjunto inteiro da bomba. Porque a concessionária não tem esses anéis nem na foto do catálogo.