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Leitura e interpretação das estratégias de funcionamento do sistema de injeção eletrônica

Na matéria vamos abordar um tema bastante pertinente para os profissionais que trabalham com o sistema de injeção eletrônica, especialmente os que realizam diagnóstico de falhas complexas nesse sistema

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Por Laerte Rabelo


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Fala amigo reparador, tudo bem? Iremos apresentar como foi fundamental a interpretação de uma estratégia de funcionamento do sistema de gerenciamento eletrônico do motor, para a solução de um caso que deu muita dor de cabeça para meia dúzia de reparadores.

Para tanto, mostraremos inicialmente detalhes da estratégia identificada pelo reparador e relatar detalhes do caso que servirá como referência para os leitores ao se depararem com uma situação similar em sua oficina. 

 Interrupto/Sensor do Pedal do Freio 

Este componente tem uma dupla função. A primeira é o contato das luzes de freio, e a segunda é o envio do sinal de pedal acionado para a unidade de controle do motor (ECU). 

Estes sinais fazem parte da estratégia conhecida como dash pot (controle do fechamento do corpo de borboleta para o freio motor) e o cut off (corte da injeção de combustível), em rotações acima de 1400 RPM, aproximadamente, com a borboleta em posição fechada.

A figura abaixo mostra a ligação de sensor do pedal de freio convencional do tipo ON/OFF.

Já a figura abaixo temos o esquema elétrico de um sensor de pedal do freio do tipo potenciômetro, muito utilizado pelos veículos atuais.

A fim de detalhar mais o principio de funcionamento do dash pot e cut off, vamos apresentar os demais sensores envolvidos para a perfeita aplicação dessas estratégias. 

2. Acelerador eletrônico e corpo de borboleta motorizado

Nos veículos atuais, o aumento da rotação do motor é obtido de forma eletrônica através da utilização do pedal do acelerador equipado com sensores de posição e do corpo de aceleração motorizado. 

2.1 Pedal do acelerador eletrônico 

O pedal do acelerador eletrônico possui um ou dois sensores de posição de ação redundante do tipo potenciômetro ou hall que atuam nos dois sentidos.  

O módulo de controle do motor envia sinais de tensão aos sensores de posição do acelerador, que retorna com sinais de variação de tensão ou sinais de tensão modulada por largura de pulso no caso dos sensores tipo hall. 

Ao acionar o pedal do acelerador, a unidade de controle do motor, com base na informação dos sensores de posição, calcula a resposta apropriada e determina ao motor do corpo de aceleração, a abertura da borboleta.

A figura 3 exibe o esquema elétrico do pedal do acelerador eletrônico com dois sensores de posição do tipo potenciômetro. 

2.1.1 Estratégias da unidade de controle do motor baseadas na posição do pedal de acelerador 

Em aceleração 

Quando o pedal do acelerador é totalmente pressionado, o ar aspirado para o interior dos cilindros aumenta rapidamente, a unidade de controle do motor ECU aumenta a frequência de chaveamento dos bicos injetores para fornecer a quantidade de combustível necessária para uma boa combustão.  

No scanner, o reparador visualiza esse momento com a informação plena potência. 

A unidade de controle do motor (ECU) determina o volume de combustível necessário em função das informações dos sensores de posição do acelerador, do sensor de temperatura do líquido de arrefecimento, do sensor de pressão absoluta do coletor e do sensor de rotação do motor.  

Em desaceleração 

Quando o pedal do acelerador é liberado totalmente, o fluxo de ar dentro do motor é reduzido, a unidade de controle do motor ECU recebe a informação da posição do pedal do acelerador, da pressão absoluta do coletor e do fluxo da massa de ar se o veículo tiver sensor MAF. Com a informação da borboleta fechada, a ECU desliga o combustível para o motor se a desaceleração for muito rápida. Outras situações em que a ECU desliga a injeção de combustível no motor são em descidas longas com a marcha engatada e acelerador na posição de repouso. Desligar o combustível nessa condição auxilia no controle das emissões de poluentes como também evita danos ao catalisador.

Feitas os devidos esclarecimentos vamos apresentar o caso de estudo que mostrará na prática como aplicar a interpretação da estratégia de cut off no diagnóstico de falhas no sistema de gerenciamento eletrônico do motor. 

3. Estudo de caso 

Este caso foi cedido pelo amigo reparador Edvaldo, proprietário da Direct Autos, referência em diagnóstico automotivo. 

Sintoma: O proprietário do veículo Volkswagen Kombi 1.4, equipado com o sistema de injeção Marelli IAW 4BV, chegou na oficina relatando que o veículo apresentava perda de aceleração de forma intermitente, principalmente em estradas irregulares.  

Falou ainda que já havia passado por outras oficinas, sem obter sucesso.

A seguir vamos acompanhar todos os testes realizados pelo reparador até identificar a causa da falha do veículo. 

Diagnóstico: O técnico, utilizando-se de sua experiência, instalou o scanner e constatou que não havia nenhum código de falhas na memória da unidade de controle do motor. 

O próximo passo realizado pelo técnico foi acessar o esquema elétrico das luzes de freio a fim de interpretá-lo e visualizar os principais pontos de análise.

Após a análise criteriosa do esquema elétrico, Edvaldo partiu para a realização dos testes.  

Escolheu como ponto de verificação o pino 44 da unidade de controle do motor, para identificar a tensão com o pedal do freio em repouso e acionado.

Veículo com ignição ligada e pedal do freio em repouso.

Veículo com ignição ligada e pedal do freio acionado. 

Nesse momento, a unidade de controle do motor aciona a estratégia de corte da alimentação de combustível, conhecida como cut off, a fim de despotencializar o motor durante a frenagem. 

Causa: O técnico, após estudar e entender o funcionamento da estratégia utilizada pela ECU em conjunto com o relato do cliente, constatou que havia um problema no interruptor/sensor das luzes de freio.  

Durante a trepidação do veículo ao trafegar em terrenos irregulares, este enviava um sinal para a unidade de controle, como se o motorista estivesse acionando o pedal do freio. 

Dessa forma, a unidade de controle do motor ativava o corte do combustível, através da estratégia de cut off, fazendo com que o veículo perdesse aceleração. 

Assim, o reparador fez uma inspeção visual, bem como movimentou o interruptor/sensor e concluiu que havia uma folga excessiva que causava o mau funcionamento do componente, desta forma, substituiu o interruptor/sensor das luzes de freio, fez o teste de rodagem e confirmou a eficácia do seu diagnóstico. 

Até a próxima!!!! 

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