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Fazendo diagnóstico com scanner e escolhendo o osciloscópio com transdutores automotivos

O ramo da reparação automotiva nos últimos anos tem despertado muito interesse no diagnóstico de motores com a utilização de equipamentos avançados, que requerem conhecimento mais refinado do reparador

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Por Jordan Jovino


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A utilização de ferramentas como osciloscópio e transdutores irá abrir sua mentalidade de como as coisas funcionam, muitas vezes ficamos trabalhando no automático e não paramos para pensar como é que as coisas funcionam para resolver os problemas, mas não sabemos o porquê foi resolvido, é até estranho isto. Vou citar um fato, você reparador tem um carro com problema em sua empresa, aquele carro enjoado, então vai lá e aluga um carro igual com bom funcionamento, retira as peças dele e coloca no carro com problema.

Neste retira e monta, retira e monta, quando trocou o TPS, o carro ruim ficou bom, então você pede uma peça nova e substitui e resolveu o problema, mas porque será que o TPS deu problema, o que de fato fez o TPS permitir que o veículo ficasse tão ruim? Às vezes apenas só queremos resolver o problema mesmo sem saber como e porque ele foi resolvido.

Vou descrever uma situação muito comum em várias oficinas, o famoso código P0300 que nada mais é “falha de combustão“, o veículo chega em sua oficina com o motor falhando e a luz da injeção acesa, nesta ocasião cada reparador toma uma atitude diferente e parte para um caminho, que de sua preferência seja melhor, alguns procuram desligar os injetores um por um, e o cilindro  que vibrar menos  ele determina que  descobriu o cilindro que está falhando,  mas ainda não sabe a causa desta falha, então ele troca a bobina, cabos e velas na esperança de resolver, se forem eles a causa, claro que irá resolver, mas e se não for, então ele troca os injetores, mas e se não for, então ele faz o cabeçote, mas e se não for, imagina o tamanho do buraco que ele  pode estar se enfiando, então  vai ficando mais complexo o diagnóstico.

Outros reparadores podem iniciar o diagnóstico com seus scanners e conectar na entrada OBD2 para ler os códigos de falhas, e assim através do código definir qual será o próximo passo.

A vantagem de entrar com o scanner é a possibilidade de ler o código e ter como ajuda o próprio módulo que foi programado pela engenharia a mostrar o erro do motor e lhe ajudar no diagnóstico. Vamos supor que gerou um código P0202, este código é um indicativo de “falha no circuito do injetor número 2” e com base nesse código podemos analisar o circuito do injetor 2, bem como o próprio injetor testando em uma máquina de vazão, e assim otimizando o tempo de análise.

Voltando ao método de desligar o injetor para analisar a falha, o próprio modo de desligar o injetor irá gerar um código de falha P0200 relacionado aos injetores, e depois de desligar os injetores o reparador resolve conectar o scanner para ler as falhas, e se depara com os códigos por ele gerados e então virar uma bola de neve. Analisar um veículo, por mais corrida que seja a vida do reparador independente, deve se ter muita paciência pois você mesmo pode ser o maior problema, gerando mais problemas no veículo.

Outro exemplo é quando chega um veículo em sua oficina e principalmente, se ele veio de outra oficina, então a primeira coisa meu amigo, conecte o scanner e limpe a memória, pois este veículo provavelmente está com muitos códigos de falha gerados por esta última oficina,  espere os erros aparecerem novamente e assim atuar nos erros reais do motor. 

Trabalhar no método do famoso diagnóstico avançado não é apenas trabalhar com osciloscópio e transdutores, e sim ter conhecimento profundo do funcionamento do motor, irei dar mais ênfase em motores, pois um veículo não é construído apenas de motor e sim de muitas outras partes que também requerem muito conhecimento, mas abraçar o mundo e querer ser bom em tudo, você não será bom em nada, por este motivo vamos focar em diagnóstico com preferência em motores de combustão interna.

Quando falamos em conhecimento profundo, é você ter um scanner em mãos com centenas de dados apresentado em sua tela, e você apenas lê os códigos de falhas, verifica a temperatura, verifica um sinal de sonda lambda, e faz algumas programações como correção de A/F, porém isto é pouco para os muitos dados que tens em mãos. Sabendo interpretar os dados terá mais clareza em seus diagnósticos e seu nível técnico irá subir, assim como seu modo de pensar será mais rápido.

Vamos descrever algumas ferramentas para realizar um diagnóstico avançado em motores de combustão.

Conhecimento

De fato, o conhecimento é o principal elemento de um diagnóstico de motor, sem conhecimento de nada vai ter importância os melhores equipamentos. Conhecimento em eletrônica hoje é fundamental para analisar motores, pois existe muita eletrônica aplicada.

Scanner - Possuir um bom scanner que dê boas leituras e faça programações irá ajudar muito em um diagnóstico de motor, às vezes apenas com um scanner em mãos não conseguimos atender veículos multimarcas, isto acaba dificultando a vida do reparador, forçando a ter mais scanners ou emprestando de amigos, pois o investimento não é barato.  A SAE “Sociedade Automotiva de Engenheiros” criou o padrão J2534, e através deste padrão foram desenvolvidas as VCI J2534, que permitem que você utilize o software original da montadora, VCI é “Interface de Comunicação do Veículo” ou seja é um scanner que pode usar software original da montadora.

Osciloscópio Digital - Existem muitos osciloscópios no mercado para usar no ramo automotivo, desde osciloscópios com poucos recursos até osciloscópios com centenas de recursos. Osciloscópio de 2 canais você pode trabalhar com tranquilidade principalmente se está iniciando, já um osciloscópio de 4 canais lhe dá mais vantagens para analisar mais componentes simultaneamente, porém o preço é mais salgado, também existem osciloscópios de 8 canais, mais salgado ainda, mas será que você irá usar 8 canais de uma vez, creio que não, 4 canais já está de bom tamanho. Os osciloscópios podem ser analógicos ou digitais, mas a maioria dos fabricantes produzem osciloscópios digitais os DSO. Alguns pontos vitais na escolha de um osciloscópio devem ser observados. 

• Bandwidth (Largura de Banda)

O bandwith de seu osciloscópio deve ser maior que a frequência do sinal que irá medir, o ideal é que seja ate 5 vezes maior para ter uma boa leitura, suponhamos que o sinal do sensor do motor é de 2 MHz  e este é o maior sinal de frequência dos sensores, então o ideal é ter um osciloscópio de 10 MHz , pois a leitura do sinal será perfeita, de modo que se fosse de 5 MHz, o sinal poderia ficar distorcido. Quanto mais alto a frequência do osciloscópio mais caro será o aparelho.

 • Sample Rate (Taxa de Amostragem)

Em osciloscópios digitais DSO geralmente vem especificado o sample rate (Taxa de amostragem) em Megasamples por segundos  (MS/s) ou Gigasamples por segundo (GS/s), para projetar uma imagem de qualidade na tela você precisa de pelo menos 5 amostras da imagem para construir uma, logo quanto maior a capacidade de amostras por segundo melhor será a captura do sinal. A maioria dos osciloscópios tem pelo menos 2 tipos de capturas de sinais, em tempo real e ETS em tempo equivalente e neste modo só funciona se o sinal for repetitivo.

• Memória (Buffer)

Quanto maior a capacidade de memória do osciloscópio maior será a quantidade de amostras que ele irá gravar, vamos ser claros, vamos imaginar que você está analisando um sinal do injetor de combustível, e este veículo falha quando ele quer, mas você suspeita que a falha está no injetor, logo você está analisando com o osciloscópio, e vamos imaginar que seu osciloscópio tem memória baixa, então houve uma falha do motor e neste tempo você foi tomar água e seu osciloscópio estava lá capturando o sinal, então você volta correndo todo feliz porque o veículo falhou e seu osciloscópio estava lá conectado, porém quando você vai buscar a imagem, sua memória por ser baixa não guardou aquela bendita falha. Em resumo quanto maior a capacidade de memória do osciloscópio maior será o buffer, ou seja, você terá centenas de imagens armazenadas.

Transdutores Automotivos

Com os transdutores podemos analisar a saúde do motor, com esta poderosa ferramenta podemos solucionar problemas muito complexos em motores de combustão interna. Qualquer sensor que captura um sinal, seja de pressão, temperatura, comprimento, tempo, corrente elétrica, intensidade luminosa, velocidade, é um transdutor. No ramo automotivo está se utilizando muito os transdutores de pressão e os transdutores de variação de pressão.

Transdutor de pressão JM29 - Este sensor mede qualquer pressão, pressão de ar, pressão de combustível, pressão de óleo de motor, pressão de óleo de câmbio, ou seja qualquer pressão, desde que o transdutor atenda às faixas de pressões que irão atuar sobre aquele sistema que está analisando, o que quero dizer é: se for analisar a pressão de linha de combustível  e ela trabalha com 3,5 Bar, seu transdutor de pressão tem que ter a capacidade de medir acima dessa faixa, logo, com um transdutor com capacidade máxima de 1 Bar, sua análise será impossível.

Transdutor de variação de Pulsos – TVA

Este sensor não mede pressões, sua finalidade é emitir vibrações, seja vibrações mecânicas ou vibrações de ar. No mercado este sensor é conhecido como transdutor de vácuo, transdutor de pulsos, TVA e TVE.

Para trabalhar com transdutores, o reparador precisa de um osciloscópio, este irá gerar os gráficos, e com as técnicas de diagnóstico poderá fazer muitas análises.

Algumas análises:

1. Catalisador obstruído;

2. Sincronismo de motor;

3. Identificação de cilindro com falha de combustão;

4. Pressão do turbo;

5. Pressão do MAP;

6. Comportamento do fluxo do ar desde a entrada no motor até a saída;

7. Ajuste do avanço de ignição.

E muito mais... 

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