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Diagnóstico automotivo na prática- Aplicação de estratégias utilizando scanner e multímetro

Vamos direto ao ponto mostrando de forma didática as técnicas de diagnóstico com scanner e multímetro de forma a capacitá-los a resolverem problemas relacionados às redes de comunicação de forma rápida e precisa

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Por Laerte Rabelo


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Caso Honda HRV 1.8, ano 2016 com falha na Rede CAN.

Após a leitura desse caso, o reparador entenderá as seguintes condições:

• Aplicação do scanner e literatura técnica;

• Utilização correta do multímetro;

• Uso do scanner e multímetro no diagnóstico de rede CAN.

Então, para entender como funciona, vamos para o caso:

O proprietário do veículo Honda HRV 1.8, ano 2016, figura 1, chegou na oficina relatando que várias luzes ficaram acesas no painel após a partida do veículo, figura 2, evidenciando que vários sistemas apresentam mal funcionamento. 

Além disso, afirmou ainda que o ponteiro que exibe a rotação do motor no painel de instrumentos não sai da posição zero, relatou ainda que o status da posição da alavanca de mudança de marchas do câmbio automático, no painel, mostra a letra N, piscando constantemente, e por fim, afirmou que o ar-condicionado não funciona.

Diante disso, iniciei o processo de diagnóstico na SIMCAR diagnóstico automotivo avançado, centro de excelência em diagnóstico automotivo no estado do Ceará.

Antes de realizar qualquer intervenção no veículo, partimos para o planejamento do diagnóstico com o passo a passo dos testes que iriamos realizar, a fim de resolvermos o caso o mais rápido possível.

Após a conclusão desta importante etapa, iniciamos a fase de execução.

Seguindo rigorosamente nosso plano de ação, instalamos o scanner para verificar possíveis códigos de falhas que pudessem nos indicar a origem do problema do veículo.

Ao conectar o scanner no conector de diagnóstico, entramos no menu código de leitura e após a varredura identificamos os códigos de falhas.

Diante dos códigos de falhas, observamos que havia falha na comunicação entre diversos módulos de controle, ou seja, falha na rede CAN, hipótese confirmada pela interpretação da nomenclatura dos códigos de falhas, em que todos têm a letra U no início do código.

Vale destacar que ao iniciar a comunicação entre o scanner e o veículo, tentamos realizar pela identificação automática do veículo, entretanto, o scanner não conseguiu identificar o número do chassi do mesmo, evidenciando que o módulo do motor apresentava problemas quanto a comunicação com a ferramenta de diagnóstico. 

Para agilizar o diagnóstico, executamos a função de varredura automática para verificar quais módulos se comunicavam e se apresentavam algum código de falhas, e o resultado foi encontrado.

Constatamos facilmente que o módulo de controle do motor não apareceu, o que confirmava nossa suspeita, que ele não estava se comunicando de forma correta com o scanner e demais módulos. Isso poderia ser causado por problemas no módulo de controle, falta de alimentação elétrica e falha parcial da rede CAN.

Para identificar quais dessas hipóteses era a causa do problema começamos por testar a alimentação positiva e negativa do módulo, para tanto utilizamos o diagrama elétrico.

Ao finalizar a verificação, concluímos que todas as alimentações estavam chegando ao módulo.

Continuando o rastreamento da falha, chegou o momento de analisar a rede CAN, desta forma, consultamos novamente o diagrama elétrico e anotamos os pinos que ligam o módulo de controle do motor ao conector de diagnóstico.

Com a informação de que os pinos 03 e 04 do conector A do módulo do motor recebem a rede CAN Alta e CAN baixa, verificamos o valor de resistência do resistor de terminação da rede CAN. 

Sabíamos que o valor deveria ser de aproximadamente 120 Ohms, assim, ao fim do teste observamos que o multímetro mostrou no display o valor de 124 ohms, evidenciando que o resistor estava em perfeito estado.

Sem perda de tempo, continuamos a caçada ao problema seguindo nosso planejamento. Agora era o momento de testar a continuidade do chicote, ou seja, verificar se os pinos 3 e 4 do conector A, ligados ao módulo do motor, estavam ligados aos pinos 6 e 14 do conector de diagnóstico, respectivamente, conforme leitura do diagrama elétrico.

Para realizar essa análise de forma rápida e simples inserimos uma caixa breakout OBD, entre o chicote ligado ao módulo do motor e o conector de diagnóstico.

Realizamos a ligação entre o pino 3 do módulo do motor (lado do chicote) e o pino 6 do conector de diagnóstico, encontrando o valor de 0,6 Ohms, figura 12, baixíssima resistência, menor que 1Ohm, o que significa boa condutividade.

Faltava agora verificar a continuidade do pino 4 do módulo do motor (lado chicote) e o pino 14 do conector de diagnóstico, realizamos novamente a ligação da caixa breakout OBD.

Ao realizar a medição identificamos a causa do problema de comunicação entre os módulos.

O multímetro apresentou o resultado de circuito aberto, ou seja, em algum ponto do chicote tem uma interrupção na rede CAN baixa, o que está causando a anomalia do veículo.

Para confirmar nosso diagnóstico fizemos uma ligação direta entre o pino 4 do módulo do motor e o pino 14 do conector de diagnóstico.

Feito isso, imediatamente, instalamos o scanner para verificar se haveria comunicação de forma automática com o veículo através da leitura do VIN.

Para nossa alegria, o scanner identificou rapidamente o código VIN do veículo, evidenciando que o módulo do motor estava se comunicando perfeitamente, o que significava que o diagnóstico estava correto. 

Finalizada a etapa de diagnóstico, iniciamos a fase de reparação, ou seja, agora devíamos identificar em qual ponto do circuito estava a interrupção da ligação entre o pino 4 do módulo do motor e o pino 14 do conector de diagnóstico.

Decidimos seguir o chicote a partir do conector de diagnóstico, em pouco tempo, identificamos um conector próximo à caixa de fusíveis do painel, que liga os fios localizados abaixo do painel à região do vão do motor. 

Ao soltar o conector e observar atentamente o estado de cada pino, descobrimos que o pino que liga o pino 14 do conector de diagnóstico ao pino 4 do módulo do motor estava deslocado, o que causava a interrupção do circuito.

Provável defeito colocado após alguma intervenção realizada por outra oficina. Sem perda de tempo, posicionamos o pino de forma correta, instalamos o conector e demos partida no veículo para confirmar que todas as lâmpadas de anomalia ficariam apagadas, que o ponteiro da rotação do motor marcasse corretamente, e que a posição correta da alavanca de mudanças de marchas identifique corretamente a marcha escolhida pelo motorista. Ao fim dos testes, confirmamos que tudo voltou a funcionar perfeitamente.

Até a próxima!!! 

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