Oficina Brasil


RS é a versão esportiva do Renault Sandero com o motor 2.0 bem conhecido pelos reparadores

Com o melhor custo-benefício para quem busca esportividade ao dirigir e de mecânica fácil de manutenção o Sandero RS vem conquistando espaço no mercado desde 2015 e agradando quem compra e quem conserta

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Por Antônio Gaspar de Oliveira


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Mesmo sendo um esportivo com detalhes na pintura e no acabamento, é um carro que desaparece na multidão, essa foi uma expressão usada por um dos mecânicos que tem clientes com este modelo de carro que fazem uso diário por ser discreto quando comparado com outros modelos mais caros e sofisticados.

A fatia de mercado destes carros que oferecem apelos esportivos é pequena, mas tem um público cativo que faz questão de ter prazer de dirigir até a caminho para o trabalho. É isso que faz despertar o interesse das montadoras em criar e manter a produção destes modelos que representam um pequeno percentual quando comparado com os outros modelos populares e de luxo.

Este modelo tem se mantido firme no mercado desde o seu lançamento em 2015 e continua sendo fabricado praticamente sem alterações desde os primeiros modelos. Houve pequenas mudança nas lanternas traseiras e na tampa do porta-malas, já na parte interna o estilo esportivo aplicado ao volante e bancos foram mantidos.

Para as oficinas mecânicas é muito tranquilo atender clientes do Renault RS porque a mecânica do carro é simples, de fácil acesso aos componentes, não tem problemas de peças exclusivas porque boa parte das peças são utilizadas em outros modelos da marca, como discos, pastilhas, filtros, motor e câmbio.

A primeira oficina visitada foi uma especializada em carros franceses, Arcar Serviços Automotivos no bairro da Barra Funda na cidade de São Paulo e o Kleberson nos recebeu e já foi mostrando o Jornal Oficina Brasil que recebe todos os meses na sua oficina.

Com experiência e treinamentos recebidos em concessionárias, o Kleberson e sua equipe enfrentam os desafios diários de fazer as reparações adequadas nos veículos franceses e também atendem a outras marcas, mas mantêm o foco nas três marcas Renault, Peugeot e Citroen.

A próxima oficina que conheceu o RS foi a Autostatt Centro Automotivo na região de Santana na zona norte de São Paulo e os sócios Marco Aurélio e o Gabriel (pai e filho) nos deram as boas-vindas e mostram a oficina muito bem equipada com equipamento de alinhamento 3D montado logo na entrada e até apresentaram um serviço diferenciado de limpeza interna de motores utilizando casca de noz triturada no jateamento das válvulas e regiões próximas, removendo a carbonização acumulada que prejudica o funcionamento correto do motor.

A frase comum que ouvimos com frequência é de uma oficina passada de pai para filho, mas o Marco Aurélio disse que com eles foi o contrário, foi o filho Gabriel que convidou o pai para ser sócio e a frase mudou para oficina passada de filho para pai.

A oficina tem a dedicação extrema do Gabriel na parte técnica, que vai além de reparar a variedade de carros levados pelos clientes, pois parte do seu conhecimento vem de cursos de preparação de motores e o Renault RS chegou na oficina em uma boa hora dar umas voltas pelas ruas do bairro. 

Na zona oeste de São Paulo está a Auto Lapa, que foi a terceira oficina a avaliar o RS e o Yoshio, que cuida da parte técnica/eletrônica junto e seu irmão Marcio, responsável pela gestão da empresa, dedicaram uma atenção especial para conhecer o carro. Tem mais um irmão, o Massao, que cuida da parte mecânica e alinhamento.

Os três irmãos representam a segunda geração no comando da oficina que agora estão enfrentando momentos de desafios de mercado agravado pela pandemia, mas o apoio da bandeira Bosch tem sido bem-vindo para resistir até passar esta fase que tem afetado a todos.

A estrutura ampla da oficina, junto com a participação da equipe de profissionais capacitados, permite atender uma variedade de clientes que trazem os veículos para serem reparados. 

Primeiras impressões 

Mesmo com a experiência do Kleberson em manutenção de carros franceses, ele ficou feliz em ver um Renault RS parado em frente a sua oficina porque não é sempre que aparece este modelo de carro para ser reparado. Para ele o carro tem detalhes que prendem a atenção e provocam o motorista para dirigir e conhecer o que o carro tem de esportividade. Até clientes da oficina não resistem e também querem saber mais sobre o carro, por ter detalhes que o tornam diferente dos modelos tradicionais da marca. 

Para o Gabriel da Autostatt, que gosta de carros esportivos, ver o RS é sempre um convite para conferir o que o carro tem de especial, que agrada só de olhar os detalhes que o tornam diferente. 

Um fabricante de automóveis sabe como tornar uma versão popular em um modelo com apelo esportivo para atrair mais clientes que desejam um carro com uma pegada mais forte e também não tem como negar que o carro esportivo é um destaque quando comparado com os outros. O carro tem mais vida, chama a atenção e para quem já tem uma aptidão por esses carros, é impossível resistir em querer acelerar e foi isso mesmo que o Gabriel acabou fazendo. 

O Yoshio da Auto Lapa com sua tranquilidade oriental até se surpreendeu com o RS ano 2020 na oficina, dizendo: a Renault continua fabricando este modelo, parece que a fábrica sabe que tem público que gosta e compra este tipo de carro. Isso é um fato mesmo pois, o modelo RS acabou criando grupos de entusiastas que utilizam o carro para encontros esportivos em autódromos.

Este modelo de carro já é conhecido na Auto Lapa pelo estilo atraente e também pela facilidade de fazer a manutenção que é simples e conhecida pela maioria das oficinas.

Ao volante

Parece que as pessoas passam por uma transformação quando estão ao volante do RS, foi isso que o Kleberson revelou ao dirigir pelas ruas estreitas próximas da oficina. 

Dirigir não significa andar calmamente, pois o RS provoca o motorista que vai acelerar até o motor atingir uma rotação que avisa através de um apito que é o momento de fazer a troca de marchas. 

Da vontade de pegar estrada só para sentir o desempenho do carro, mas tenho que lembrar que tem uma oficina cheia de carros para consertar e assim, o Kleberson retornou feliz pela oportunidade que teve em dirigir o Renault RS. 

O Gabriel, que aprecia carros com mais desempenho, entrou no carro, posicionou o banco e os espelhos e foi logo para uma avenida próxima e colocou o carro para andar com vontade, como ele conhece bem a região e sabe onde estão as câmeras de radares, já aproveitou para testar os freios do RS que são eficientes mesmo em condições extremas por serem bem dimensionados e auxiliados pela eletrônica do ABS e controle de tração.

Satisfeito com a aceleração e ajuda do sistema que avisa para trocar as marchas, ele resolveu passar em ruas já conhecidas pelas curvas que faz testando os carros da oficina e ele ficou surpreso que o RS fez o circuito e mesmo acelerando nas curvas, o carro se manteve firme e bem equilibrado sem desgarrar ou cantar pneus, isso agradou muito o Gabriel, que geralmente testa os carros nas mesmas condições e apresentam um comportamento menos eficiente que o RS. 

No bairro da Lapa, o Yoshio disse que o banco do carro envolve o motorista, parece que foi feito para encaixar e manter quem dirige sempre na posição correta e confortável. Este é um detalhe que chama a atenção de quem experimenta vários carros todos os dias como rotina da oficina. Não é só pelo desenho e acabamento, mas é o conforto que mais agrada quem dirige este carro, mesmo sendo um modelo esportivo. 

Mesmo não acelerando como o Gabriel, o Yoshio e o Marcio notaram que o carro pede para acelerar e passa confiança mesmo quando se exige mais desempenho por ser firme nas respostas do motor, nas trocas de marchas e principalmente nas curvas. O carro deveria ser duro por ser um esportivo, mas não é o caso do RS que tem uma suspensão bem calibrada, preservando o conforto dos seus ocupantes. 

Motor

Equipado com o motor 2.0 de 16 válvulas aspirado, gera 150 cavalos, tem coletor de admissão 20% mais largo que foi reposicionado para maior resfriamento por ar ambiente, recebeu um sistema de pressão de injeção de 4,2 bar, foi remapeado pela Renault Sport, além do novo sistema de exaustão que contribui com o melhor desempenho devido ao diâmetro do tubo aumentado que permite um fluxo maior de gás de escape, melhorando o torque e potência, além do ronco mais esportivo. 

O Gabriel disse que atendeu um cliente que tem um modelo RS que não engatava as marchas. Depois do diagnóstico e com o auxílio das informações passadas pelo cliente, ficou evidente que as buchas de plástico do trambulador tinham sido danificadas e por isso as marchas não entravam.

O desafio foi chegar neste componente, pois o acesso por baixo do carro é impedido pelo escapamento. 

Seria fácil, mas o Gabriel descobriu que o escapamento é uma peça única, não tem emendas, diante desta situação, teve que soltar os parafusos no coletor de escape, fazer várias manobras para afastar o escapamento sem ter que cortar, para permitir espaço suficiente para trocar o reparo do trambulador. 

Outra informação importante que o Gabriel comentou foi sobre uma entrada adicional de ar que está oculta por uma tampa de borracha onde está escrito for track only, indicando que pode ser removida apenas para uso em ambientes esportivos como autódromos, alguns entusiastas afirmaram que é possível ter ganhos de até dois cavalos.

Na oficina Arcar, que é especializada, o motor F4R que equipa o RS já é da casa e bem conhecido por equipar outros modelos de carros Renault e o serviço de manutenção do motor é bem tranquilo.

A Renault tem sido elogiada por ter desenvolvido um coletor com espaço para acessar as bobinas e as velas de ignição, sendo que em outros modelos, tem que remover o coletor para fazer o mesmo serviço. 

Como o motor é flex, vem equipado com um sistema de partida a frio convencional, sem a tecnologia de aquecimento dos injetores de combustível.

O Kleberson disse que no período de clima frio, a gasolina do reservatório vai ser utilizada, mas se estiver velha, vai provocar problemas no funcionamento do motor.

Serve como alerta para o cliente e oferecer um serviço preventivo para evitar problemas no sistema de partida a frio.

Na troca de óleo e filtros, o Yoshio elogiou a facilidade e rapidez para remover o filtro de ar do motor. Ao abrir o capô, é possível ver a caixa do filtro perto da bateria e basta apertar duas travas e o filtro é liberado, já o filtro de óleo tem acesso facilitado por baixo do carro.

Transmissão

A transmissão do RS é manual, isto é uma característica dos carros esportivos e as marchas são curtas para passar a sensação de agilidade, principalmente nas primeiras marchas.

Com 6 velocidades, é bem escalonado e para engatar a sexta marcha é preciso estar nas estradas ou em avenidas que permitem desenvolver uma velocidade maior. 

Nossos reparadores que tiveram o prazer de testar o RS elogiaram a agilidade do carro que é percebida quando o giro do motor é elevado até soar um aviso de troca de marchas, a cada troca realizada o carro vai avançando rapidamente aumentando o prazer de dirigir este modelo de carro. O Yoshio mostrou uma particularidade na abraçadeira articulada que prende o semieixo, basta remover apenas um parafuso para liberar a peça.

Para as manutenções de troca do kit de embreagem, o Kleberson disse que é semelhante aos outros modelos da fabricante Renault, mas tem que ser o kit específico do RS, sem esquecer da importância do atuador hidráulico e da sangria correta, sempre usando o fluido recomendado. 

É um câmbio forte e resiste bem às condições de torque nas trocas de marchas com giro do motor em torno de 6 mil rpm, para o Gabriel isso garante elogios ao sistema que muitas vezes é levado ao extremo fazendo trocas de marchas até sem tirar o pé do acelerador.

Suspensão, freios e direção 

O Sandero RS teve a distância do solo reduzida em 26 mm, que é percebida ao comparar com outros modelos Sandero, recebeu também uma nova calibragem na suspensão com molas rígidas (92% na frente e 10% atrás) e os batentes de poliuretano reduzem os impactos quando há final de curso provocados por buracos nas estradas. A barra estabilizadora ficou 17% mais rígida e eixo traseiro também atingiu uma rigidez de 65%, tornando o carro mais seguro. 

A experiência dos nossos reparadores ajuda muito na manutenção do sistema de freio do RS e até disseram que os discos e pastilhas são os mesmos aplicados no Megane

Com disco nas quatro rodas, a dianteira recebeu discos de 280 mm e pinças de freio com pistão de 54 mm, a traseira tem discos de 240 mm e pinças utilizando pistão de 34 mm. Este conjunto permite fazer frenagens de 100km/h a 0km em apenas 37,4 metros. O freio de estacionamento movimenta um mecanismo nas pinças traseiras empurrando as pastilhas contra os discos. 

O sistema de direção é eletro-hidráulico e a bomba elétrica está montada atrás do farol dianteiro esquerdo e sobre esta bomba está o reservatório de óleo. Para o Yoshio isso é bom porque a oficina pode oferecer serviços relacionados ao sistema de direção.

Para completar o conjunto envolvendo freios, suspensão e direção, a Renault utilizou o melhor pneu nas rodas aro 17, pois a marca Michelin deixa o carro muito estável e o Gabriel fez questão de confirmar isso ao acelerar bastante nas curvas e ele comentou que os pneus literalmente grudam no asfalto. Já o Kleberson comentou sobre a facilidade de manobra do carro, que precisa de 10,6 metros para completar um giro completo.

Elétrica, eletrônica e conectividade  

Como os carros se tornaram uma extensão das pessoas devido aos hábitos que dependem de conectividade, o Sandero RS tem uma lista de itens que aumentam o interesse de quem deseja comprar este modelo, além dos recursos voltados para a segurança e conforto.

Freios ABS, airbags frontais, airbags laterais, alarme antifurto, câmera traseira para manobras, controle de estabilidade, controle de tração, luzes de condução diurna, assistente de partida em rampa, sensores de estacionamento traseiro, ar-condicionado automático, direção assistida, controle automático de velocidade, controle elétrico dos vidros, rádio com conexão USB, bluetooth, volante multifuncional, computador de bordo, espelhamento da tela do celular, sistema multimídia media. 

Os reparadores que avaliaram o RS concordam que a injeção eletrônica é apenas um dos muitos itens que esse carro possui para proporcionar o máximo de segurança para os ocupantes. Lembrando o que o Gabriel comentou sobre a forma de dirigir o RS: a eletrônica é bem-vinda mas ao desativar o controle de tração do carro fica mais emocionante. 

Peças de reposição

Por ser um modelo que já tem algum tempo de mercado, na opinião do Kleberson, esse carro não deve ter problemas de peças, principalmente aquelas utilizadas nas manutenções periódicas ou até mesmo um kit de embreagem, é possível encontrar no mercado de reposição. 

O Yoshio comentou que é recomendável sempre consultar as concessionárias Renault quando for comprar peças, isso dá uma referência de preço para comparar com os distribuidores de autopeças. O Gabriel disse que tem sido comum as situações em que o cliente traz o carro e as peças para serem trocadas, mas vale comentar com o cliente sobre a garantia da qualidade da peça, caso tenha algum problema posterior. Neste caso a garantia oferecida fica restrita apenas ao serviço executado.

Sendo o motor 2.0 de 16 válvulas bem conhecido pelos reparadores, trocar a correia dentada por exemplo, se tornou um serviço rotineiro que é realizado com tranquilidade. É interessante observar que um serviço como esse é bom para a oficina e também para o dono do carro, que vai pagar um valor justo pelo serviço que não apresenta dificuldade para realizar.

Na reposição de componentes da suspensão como as molas e amortecedores que são exclusivos deste modelo, deve-se tomar cuidado quando for pedir as peças, informando que é o modelo RS, pois possui particularidades devido à melhor calibragem da suspensão.

Recomendações 

Para o Kleberson, que convive mais com os carros de fabricação francesa, o RS é um modelo bem reforçado que não tem histórico de quebras frequentes, para este modelo é recomendável usar peças compradas em concessionárias, pois o cliente até prefere pagar um pouco a mais para manter o carro com peças da marca Renault. 

O Yoshio sabe que o dono de um carro como o RS não anda no “padrão família”, pois sempre que puder, ele vai tirar proveito do carro. Sabendo disso, não dá para brincar na hora de fazer o serviço e aplicar peças, tem de colocar o que há de melhor não só para garantir a qualidade do serviço, mas para a satisfação do cliente ao dirigir ou pilotar o carro que ele tem prazer de colocar na estrada para acelerar.

Os clientes e colegas do Gabriel que possuem carros deste modelo sabem que a manutenção de um carro esportivo é diferenciada tanto nas peças quanto na execução da mão de obra, o valor cobrado é correspondente ao estilo do carro e a oficina tem que valorizar isso porque é o nome dela que vai ser elogiado quando o carro funciona sem falhas de execução de serviço ou peças. 

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