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Realizar reparos em módulos eletrônicos depende de profissionais especializados nesta área - Parte 2

A eletrônica embarcada nos veículos não é mais novidade, mas a manutenção adequada ainda precisa de boa formação de especialistas que possam garantir que a frota de veículos esteja em condições de uso

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Por André Miura


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Muitos reparos eletrônicos no dia a dia da reparação automotiva são feitos por “tentativa e erro”, trocando peças para ver se o defeito foi solucionado ou não. Isso gera uma demanda alta de tempo para o reparo final do veículo e causa perda total de assertividade na causa original da falha. É importante dominar bem a arquitetura interna de uma ECU (Unidade de Controle Eletrônica) para recuperar esse tempo e precisão nos diagnósticos e reparos. 

Nesta série, vamos abordar em cada artigo uma parte da arquitetura interna do hardware da ECU. No primeiro artigo, falamos sobre o circuito de alimentação. Agora, vamos abordar como a ECU, após ser alimentada, pode receber, processar e interpretar os diversos sinais que recebe de periféricos externos (sensores).

É claro que você não se tornará um reparador de módulos apenas por ler esses artigos, um curso em reparo de módulos da linha diesel te dará mais profundidade no assunto. No entanto, esperamos que essa série de artigos te ajude a ter um bom início nesse mercado em ascensão e a descobrir o caminho para se tornar uma referência no mercado. Na imagem 1, um exemplo de ECU diesel aplicada em várias montadoras. 

Acompanhe essa série e confira algumas técnicas e conhecimentos importantes a se adquirir para se tornar uma referência em reparo de módulos eletrônicos automotivos!

Revisando a arquitetura de hardware de um módulo Diesel

Conforme consideramos no primeiro artigo dessa série, veja a seguir os principais circuitos que você encontrará em um módulo de injeção diesel:

• Circuito de Alimentação;

• Circuito de entrada e processamento de sinais;

• Circuito para comando de atuadores;

• Circuito de amplificação e armazenamento de tensões;

• Circuito de comunicação (Rede CAN e K).

Neste artigo focaremos no circuito de circuito de entrada e processamento de sinais e seus componentes principais. Também veremos um dos testes feitos neste circuito, durante uma rotina de trabalho de um reparador de módulos. 

Como identificar o circuito de Entrada e Processamento de sinais

Para nos ajudar a localizar esse circuito precisamos ter em mente as funções que ele deve exercer. Esse importante circuito dá início à sequência operacional do sistema, pois recebe os diversos sinais de sensores, que por sua vez, serão os responsáveis por fornecer as bases para comandos de atuadores e mudanças no regime de trabalho de injeção que o processador da ECU necessita. 

Para realizar suas funções, o circuito precisa ter componentes para “receber” adequadamente os sinais (filtrar e proteger as entradas) e depois processar as formas de onda, se necessário, para que o sinal possa chegar até o processador da maneira adequada. Portanto, analisando cada uma dessas duas funções (entrada e processamento) vamos encontrar componentes e conjuntos de circuitos específicos para cada função. 

Capacitores de cerâmica

Os capacitores de cerâmica, diferente de outros modelos de capacitores, não são usados para compensar quedas de tensão e estabilizar fontes de energia. Afinal, possuem valores de capacitância muito baixos. Sua aplicação em larga escala é como filtro de ruídos e interferências elétricas. Por isso, são encontrados nas diversas entradas de sinais de sensores (sendo geralmente o primeiro componente do circuito). Esse tipo de capacitor não possui polaridade, portanto pode ser soldado no circuito em qualquer posição. Geralmente os diversos circuitos de uma ECU começam e terminam com um capacitor de cerâmica. 

Resistores

Resistores são componentes que têm a propriedade de oferecer uma oposição à passagem de corrente e tensão elétrica. Essa oposição recebe o nome de resistência ou impedância, que tem como unidade de medida o “Ohm” (ꭥ). Portanto, o uso mais frequente de resistores é para proporcionar uma queda no valor de tensão em um circuito, fazendo-a passar por um resistor. Porém, também são muito usados em combinações em série ou paralelo para filtrar e estabilizar linhas de sinais.

Circuitos filtro de ruídos 

A primeira parte do circuito que estamos analisando, logo na entrada do sinal de um sensor, tem a função de filtrar e proteger a linha do sinal. Por isso, é composta por um circuito chamado “Low pass” (passa baixo). Esse importante circuito tem a função de filtrar interferências e ruídos elétricos no sinal. Todos os circuitos de sensores, independentemente do tipo de sensor, têm um “low pass”, logo na entrada da ECU. Esse circuito é composto pelos componentes que mencionamos há pouco - capacitores de cerâmica e resistores. Tais componentes podem ter várias configurações (em série e paralelo) e quantidades diferentes, dependendo da aplicação. 

 

Conversores A / D

A segunda parte desse circuito precisa realizar o processamento desse sinal. Esse processamento de sinais tem início na sua conversão de analógico para digital. O processador de uma ECU trabalha apenas com sinais digitais. Por isso, todos os sinais de entrada, vindos dos sensores, precisam passar por um C.I. conversor A/D ou por um A/D interno ao processador. Essa diferença ocorre de acordo com o tipo de sensor e das medidas de tensão que ele pode enviar como sinal. 

Testes durante uma rotina de trabalho

A primeira tarefa a se fazer, muito importante para se obter um diagnóstico e reparo assertivo, é identificar onde está o circuito que se deseja analisar na ECU, quais componentes compõem esse circuito e “isolá-lo” dos demais circuitos através do mapeamento. 

Para isso, tomamos como ponto de partida as informações do esquema elétrico. Por exemplo, para localizarmos o circuito de entrada e processamento de sinais de um sensor de rotação, precisamos localizar o terminal de entrada desse sinal no conector da ECU. Após escolher um ponto de partida no conector, podemos usar um multímetro na escala de continuidade (“bip”) e realizar o mapeamento do circuito em questão.

Esse mapeamento é a técnica de localizar cada componente envolvido com o sensor ou atuador que estamos testando.

Seguimos uma sequência lógica de componentes, identificando quais estão em série no circuito, quais estão em paralelo e quais CIs têm participação importante. O “bip” do multímetro indicará todas as conexões diretas entre os componentes.

Invista em conhecimento

Como vimos em mais essa matéria, sem conhecimentos específicos é impossível efetuar reparos de módulos de injeção com sucesso.

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Para isso, procure cursos específicos e mantenha-se sempre atualizado nas inovações da área automotiva.  

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