Ar-condicionado nos automóveis já foi item de luxo, mas atualmente é até difícil imaginar dirigir um carro de cor escura sem este sistema em um dia com temperaturas acima de 30 graus.
O conforto tem preço, esta frase é bem conhecida mas quando o planeta é afetado, medidas drásticas são tomadas e o histórico da evolução do gás aplicado nos sistemas de climatização mostra muito bem esta situação.
Até o final de 1994, o R12 foi o gás utilizado em larga escala no setor automotivo e também em outros setores, mas sua composição química continha elementos nocivos à camada de ozônio, provocando buracos gigantescos na atmosfera do planeta.
Este gás forma uma fina camada na atmosfera e absorve os componentes nocivos da luz solar, como raios ultravioleta B ou UV-B, protegendo os seres vivos, inclusive os humanos dos riscos de desenvolver câncer de pele ou catarata.
A descoberta do buraco na camada de ozônio em 1985 no Polo Sul despertou a atenção global e tornou-se o tema central de campanhas pela preservação ambiental.
Em 1987, com o avanço das campanhas, foi firmado o Protocolo de Montreal, em que os países que assinaram o tratado se comprometeram a reduzir a produção e comercialização de substâncias que destruíam a camada de ozônio.
Informações divulgadas pela Nasa, em setembro de 2018, revelam o tamanho do buraco na camada de ozônio, que é de 23 milhões de km², equivalente à superfície da América do Norte.
A esperança é que o buraco seja reduzido para os níveis comparados aos de 1980, até o ano de 2070.
A partir de 1995 todos os veículos fabricados passaram a utilizar o novo gás ou fluido refrigerante denominado R134a, que tinha como grande apelo a preservação da camada de ozônio. Ainda é comum ver uma frase em ônibus dizendo: “ar-condicionado ecológico” mas não é bem assim.
Por volta do ano 2000, pesquisadores descobriram que este gás não era totalmente do bem, pois foi comprovado que ao ser lançado na atmosfera, ele contribui muito com o efeito estufa do planeta ou aquecimento global.
Dez anos se passaram e uma nova atitude foi tomada inicialmente na Europa com a utilização do novo fluido refrigerante, o R1234yf.
Em 2018 muitas montadoras de automóveis já incorporaram este novo fluido no sistema de ar-condicionado de seus modelos em percentuais crescentes e algumas já atingiram 100%.
Europeus e americanos lideram o uso do R1234yf, aqui no Brasil não há relatos ou previsões mas com a importação de veículos é provável que em breve um modelo destes entre na oficina e é preciso tomar alguns cuidados:
1- O carro em manutenção deve ficar em local com boa ventilação para evitar o acúmulo de gás dentro ou sob o veículo. As portas e janelas do carro devem ficar abertas pois caso haja um vazamento, o gás não ficará acumulado;
2- Devem ser eliminadas as fontes de ignição no carro e ao redor dele, como ferramentas que usam motores elétricos ou interruptores que geram faíscas internamente;
3- Use somente luzes de LED para iluminação do local do serviço no carro para evitar o risco de uma lâmpada comum quebrar e provocar um incêndio;
4- Evite fumar dentro ou fora do carro durante a manutenção;
5- Verifique os extintores de incêndio e mantenha-os na área de trabalho e faça treinamento com a equipe para saber usar quando necessário;
6- Use EPIs, luvas impermeáveis, óculos de proteção;
7- O armazenamento das botijas deve ser em local ventilado, evite locais baixos ou sob escadas;
8- Carros elétricos ou híbridos possuem sistema de alta tensão que deve ser desativado antes de iniciar a manutenção, verifique os procedimentos para desativação deste sistema;
9- Conectar ou desconectar equipamentos pode provocar vazamentos, aguarde alguns minutos depois que o motor estiver desligado;
10- Este novo gás só pode ser usado em sistemas projetados especificamente para ele e não pode ser usado em carros mais antigos;
11- Equipamentos novos devem ser adquiridos para aplicar o novo gás;
12- Sempre leia a etiqueta no veículo para identificar o gás aplicado.
Esta matéria continua na aproxima edição.