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Quando é necessário fazer a troca do módulo do motor, o que é preciso fazer? - sistema de Imobilizador

Nem sempre é possível efetuar o reparo do módulo do motor. Nesses casos não basta apenas colocar o novo módulo no veículo e dar a partida. Confira quais são os procedimentos necessários

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Por André Miura


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Embora a existência de manutenção e troca de componentes seja um fator comercial interessante, o objetivo de todas as montadoras é desenvolver sistemas eletrônicos duráveis. Embora muitos avanços aconteçam todos os anos, ainda existem elementos que podem apresentar falhas irreparáveis.

O módulo que controla a injeção de combustível nos veículos, ou a famosa central, tem inúmeros elementos externos conectados – sensores e atuadores diversos que precisam de alimentação, aterramentos e comandos variáveis. Por isso, o módulo do motor está muito vulnerável a curtos-circuitos externos que podem danificar seus componentes. Muitas vezes esse dano pode ser reparado, porém nem sempre isso é possível. Alguns curtos-circuitos danificam tantos componentes que o reparo torna-se inviável. Além disso, a entrada grave de água ou óleo pode inviabilizar o reparo por causar danos que aparecem a longo prazo.

Módulo com reparo inviável devido a grave entrada de água

Nessas situações é necessário respeitar algumas informações gravadas no módulo motor. É provável que o novo módulo já estivesse funcionando anteriormente em outro veículo. Tanto o novo módulo quanto o veículo tem informações particulares que não estão em conformidade, como sistema de imobilizador, número do software, Km e número do chassi.

Nessa matéria, vamos abordar o que deve ser feito para adaptar o novo módulo ao sistema de imobilizador.

O sistema de Imobilizador

Para aumentar a segurança contra o furto de veículos, por volta dos anos 2000, os carros nacionais e importados passaram a contar com o sistema de imobilizador. O objetivo desse sistema é bloquear a centelha nas velas, bomba de combustível e, em alguns casos, até mesmo o motor de partida, se a chave presente no contato não for a correta e original do veículo.

Uma das maneiras de identificar que o sistema está ativo no veículo é através da luz do Imobilizador no painel de instrumentos. Essa luz deve acender ao ligarmos a ignição e apagar assim que o sistema reconhecer a chave original para liberar a partida. Esse processo é bem rápido.

Luz “code” do sistema de imobilizador no painel de instrumentos

É também através dessa luz do sistema de imobilizador que o profissional percebe que apenas trocar o módulo do motor não resolveu o problema do veículo. Ela indicará anomalias por permanecer acesa ou lampejar. É necessário fazer com que o sistema de imobilizador já presente reconheça o novo módulo de comando do motor.  

Por que isso é necessário? O sistema de imobilizador precisa de basicamente 4 elementos e um deles é o módulo do motor. Os outros são: uma central do imobilizador, uma antena de leitura e um transponder, localizado dentro da chave do veículo. 

Antena em volta da ignição e transponder da chave

Ao ligarmos a ignição, a central do imobilizador energiza a antena. Isso cria um campo magnético que é captado pelo transponder no interior da chave. Essa energia alimenta um emissor de rádio-frequência, que envia uma informação que identifica o transponder como parte integrante do sistema do veículo. 

Central ou “caixinha” do Imobilizador

A central do imobilizador energiza a antena e recebe a resposta do transponder. Dentro da central do imobilizador e do módulo do motor temos componentes eletrônicos que armazenam informações chamadas memórias. Cada uma dessas memórias armazena um código, ou senha do imobilizador.

O objetivo do sistema de imobilizador é verificar se a senha gravada no transponder dentro da chave, a senha gravada no módulo do motor e a senha gravada na central do imobilizador têm conformidade. Quando isso acontece a partida é liberada. Portanto, se trocarmos o módulo do motor e não gravarmos a senha do veículo nele, não será possível dar a partida. O tipo mais comum de memória que armazena informações do imobilizador, além de vários outros dados, é a Soic 8.

Memória Soic 8

Felizmente, o próprio veículo pode fazer o reconhecimento do novo módulo do motor, desde que preparemos a memória do mesmo através de uma programação. Para realizar essa programação é necessário um equipamento especial que fará um procedimento de “Reset” na memória Soic 8. Esse procedimento não desabilita o sistema de imobilizador, apenas torna a memória “virgem” novamente e pronta para se adaptar a um novo sistema, com uma nova senha.

Para realizar o procedimento é necessário primeiro identificar qual das Soic 8 no novo módulo é a referente ao sistema de imobilizador. A numeração das memórias de imobilizador muitas vezes começa com o número 9, como por exemplo 95.040 ou 95.160. Além disso, essas memórias ficam bem próximas do processador. 

Memória que guarda informações do sistema de imobilizador da central IAW 49FB da Fiat

Usando um equipamento apropriado, será necessário um adaptador para esse tipo de memória que alimentará o componente e gravará um arquivo “Reset” na mesma. 

Procedimento de Reset na memória Soic 8 do imobilizador

O novo módulo do motor pode agora ser instalado no veículo. Ao ligarmos a ignição, o sistema de imobilizador do veículo irá automaticamente aceitar o novo módulo e gravar em sua memória a senha original. Vale lembrar que após feito esse “casamento”, para trocar novamente esse módulo de veículo será necessário repetir o procedimento de reset com o aparelho, pois, ao ligar a ignição, o arquivo de reset perdeu sua função e novas informações foram gravadas na memória.

Existem também alguns sistemas que aceitam o procedimento de Reset via diagnóstico, desde que o aparelho usado atenda a essas funções. 

Procedimentos via diagnóstico

Procedimentos como esse valorizam o trabalho do reparador. Procure usar equipamentos apropriados e eficientes. Divulgue esses serviços especializados em sua oficina e invista em conhecimento técnico sobre a eletrônica embarcada automotiva!

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