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Perguntas mais frequentes sobre reparo e manutenção em transmissão automática - Parte 1

A frota de veículos com transmissão automática no Brasil é muito grande, e com isso a demanda por serviços aumenta, gerando novas oportunidades, interesse e algumas dúvidas

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Por Da Redação


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Além das informações e esclarecimentos, esta matéria mostra a importância de se manter atualizado sobre o tema e aponta para os mais interessados uma boa oportunidade para agregar novos serviços de manutenção.

Seguem as primeiras perguntas e respostas:

1-Como verificar o nível de fluido da transmissão?

Sempre verifique o nível do fluido com o motor do veículo em funcionamento, e alavanca em PARK (P) (exceto os veículos, cuja alavanca deve permanecer em neutro com o freio de estacionamento aplicado), e com o motor na temperatura normal de funcionamento. Remova a vareta de nível e limpe-a com um pano livre de fiapos. Insira novamente a vareta totalmente e remova-a. Verifique OS DOIS lados da vareta para ver se indicam a mesma coisa. Repita o processo.

A razão para se verificar os dois lados da vareta é que após o fluido circular através da transmissão, ele cai de volta na região do cárter e causa uma agitação do fluido. Isto cria uma marcação desigual e algum fluido “balança” pela vareta dando uma leitura falsa. Algumas transmissões são piores que outras nesta questão.

Nota: Se você verificar o nível de fluido após desligar o motor por algum tempo, o fluido proveniente do conversor de torque retornará na região do cárter onde o nível é medido e dando a você uma falsa leitura de nível alto. Quando o motor é acionado, o fluido na região do cárter é utilizado para carregar completamente a transmissão e o conversor de torque. A diferença na temperatura do fluido também afetará a medição. O volume do fluido expande quando aquecido à temperatura de trabalho.

Um outro método de verificação do fluido é desligar o motor e imediatamente medir o nível. Isto neutraliza a agitação e dá um nível correto (sem agitação) antes do fluido proveniente do conversor de torque ter a chance de retornar ao cárter, o que daria uma leitura incorreta do nível.

Dica: Se você adicionou fluido, repita o procedimento várias vezes antes de obter a leitura final. O fluido adicionado adere à parede do tubo da vareta e poderá dar uma leitura incorreta de nível.

Dica: Se o nível de fluido estiver baixo, você está diante de um vazamento! As transmissões automáticas não consomem fluido. Identifique e repare o vazamento a fim de evitar problemas mais sérios com a transmissão.

Após haver adicionado fluido, dirija o veículo por 3 ou 4 quilômetros e então verifique o nível novamente. Isto é especialmente importante em veículos com tração dianteira.

2- A transmissão não possui tubo e nem vareta para verificação do nível de fluido. Como proceder nestes casos?

Inspecionar o fluido nestas transmissões que não possuem vareta é a mesma coisa que fazê-lo em uma transmissão mecânica. Existe um tampão de controle de nível ao invés de um tubo e vareta convencionais. Para inspecionar o nível de fluido, siga o procedimento a seguir:

• A temperatura da transmissão deve estar acima de 40ºC na maioria dos modelos;

• Levante o veículo e certifique-se que ele está nivelado (não levante somente a frente do veículo);

• Aplique os freios, movimente a alavanca seletora de marchas em todas as posições (com o motor funcionando) e então retorne a alavanca para a posição “P”;

• Mantenha o motor funcionando em marcha lenta;

• Remova o tampão de controle de nível de óleo. Se o fluido não escorrer ligeiramente do furo do tampão de controle de nível é porque o nível do fluido está baixo;

• Adicione fluido pelo respiro ou pelo próprio furo de verificação de nível com auxílio de uma bomba manual até corrigir o nível.

3- A transmissão tem um vazamento. É possível elaborar um orçamento prévio apenas com uma avaliação visual?

Existem várias regiões que são propensas a vazamentos em uma transmissão automática. Elas incluem: a bomba, retentor do conversor de torque, retentores do eixo de mudanças, retentor do servo de redução, conexões elétricas, tampa do governador, sensor do velocímetro, retentor do eixo traseiro ou semieixos, tampa do servo, tubo de abastecimento, cabo de redução, cárter, tampa lateral, linhas de arrefecimento e tampa do diferencial.

A questão importante é: quais são as fontes do vazamento. A maioria dos técnicos somente observa a parte inferior da transmissão, e assim concluem que a junta do cárter inferior está vazando, quando na verdade o vazamento é na parte superior e escorre ao redor do cárter. Assim sendo, é imperativo que a transmissão seja inspecionada completamente para avaliar a situação e origem do vazamento!

Assim a resposta a esta pergunta é: não, não se pode calcular o custo do reparo até se inspecionar a transmissão completamente.

4-Pode-se dirigir um veículo com uma transmissão vazando?

Isto depende da proporção da perda de fluido. Um vazamento pequeno ou lento permitirá que você ande com o veículo desde que se mantenha o nível do fluido dentro da faixa adequada. Você terá de estabelecer a proporção do vazamento e corrigir o nível de acordo com ele. É obvio que se o fluido está escorrendo de maneira muito grande, você não irá muito longe! Uma transmissão opera de maneira normal até que o vazamento de fluido drene o cárter abaixo da marca “mínimo” da vareta. Então a transmissão passará a exibir sintomas de operação anormal e danos internos poderão ocorrer. O que começou com um pequeno vazamento poderá resultar em um orçamento de reparo completo se a situação for ignorada!

5- Quanto dura normalmente uma transmissão automática?

Não existe uma resposta exata para esta pergunta. A quilometragem ou tempo de uso antes de ocorrerem problemas graves variam grandemente, e desta maneira, não vemos uma correlação entre quilometragem e falhas esperadas em uma transmissão. Não é incomum apenas poucos anos depois de uma nova transmissão ganhar as ruas, que ocorram falhas precoces de projeto, mas aos poucos, com as subsequentes atualizações no projeto original, elas se tornam mais confiáveis.

Os três maiores fatores que influem na expectativa de vida de uma transmissão automática são manutenção periódica, verificação e correção frequente do nível do fluido e hábitos de direção (mau uso).

6-Como orientar o cliente para que a transmissão automática dure mais?

Recomendar a verificação do nível e condição do fluido periodicamente, e o reparo imediato de quaisquer problemas e vazamentos. A inspeção da transmissão deve ser feita em bases regulares e niveladas.

Se o veículo é utilizado para reboque, fins comerciais ou trafega em ambiente de temperaturas elevadas, é interessante instalar um radiador auxiliar.

Algumas unidades pedem a instalação de um “kit de mudanças” adicional para trabalharem com mais conforto.

A troca do fluido original por um fluido sintético poderá ajudar em certas aplicações porque abaixa a temperatura geral de trabalho do conjunto, resultando em uma vida mais longa da transmissão, mas nem todas as transmissões podem utilizar fluido sintético. Consulte o manual da montadora, ou verifique com um técnico especializado quais os fluidos mais apropriados para cada sistema.

7-O que é um “kit de mudanças”?

O kit é um pacote de serviço colocado no mercado que foi desenvolvido para compensar alguma deficiência de projeto descoberta em uma determinada transmissão. Em muitos casos, o kit melhora a qualidade das mudanças, aumenta a pressão interna de trabalho da transmissão, e fornece uma melhor lubrificação.

Nota: nem todas as transmissões necessitam de um kit de mudanças.

8- Uma transmissão abastecida acima do nível normal (sobrebastecimento) causa algum problema?

Em uma palavra, SIM! Ocorre que quando o nível está acima do normal, o fluido passa a tocar nas partes móveis da transmissão, se tornando aerado (gerando espuma) o que poderá causar operação anormal. Isto gera baixa pressão com consequente patinação interna e queima dos elementos de aplicação, destruindo rapidamente a transmissão. Além disso, poderão ocorrer vazamentos que de outra forma não ocorreriam!

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