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Motocicleta Flex não reconhece o combustível, defeito na sonda lambda – Parte 1

Conheça as principais características técnicas e funções do sensor de oxigênio, e os principais defeitos e sintomas decorrentes quando este importante componente apresenta falhas no funcionamento

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Por Paulo José de Souza


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Na edição anterior abordamos problemas relacionados à identificação do combustível nas motocicletas 150cc “MIX” e “FLEX” e também algumas panes no funcionamento das respectivas luzes. 

Nesta edição vamos avaliar o funcionamento da sonda lambda, o sensor faz parte do sistema de injeção eletrônica, analisa o teor de oxigênio nos gases de escapamento e também identifica qual combustível ou a proporção  álcool/gasolina que está sendo queimada na câmara de combustão. O bom funcionamento das  luzes ‘ALC’ e ‘ MIX’  também depende do desempenho do sensor.

Painel da Honda Titan 150 Mix

Os dados fornecidos pela sonda são necessários para o módulo do motor ajustar o volume de combustível adequado  à formação da mistura ar/combustível de acordo com as condições  ambientais e também com as solicitações do condutor. 

Para os sintomas de mau funcionamento no motor ou a indicação de defeitos por meio da luz de alerta da injeção eletrônica (MIL) a solução nem sempre está na troca do sensor de oxigênio, é necessário efetuar os diagnósticos e detectar a(s) causa(s) do defeito. 

Em outras palavras, se de uma hora para outra a luz “FLEX” ou “MIX” não funcionar ou a motocicleta começar a gastar muito, ter problemas na marcha lenta ou não reconhecer o tipo de combustível pode ser a indicação de uma pane no sensor de oxigênio.

DEFEITOS NO FUNCIONAMENTO DO SENSOR

O mau funcionamento do sensor pode ter como causa os seguintes itens: 

Falha no contato das conexões do sensor, circuito aberto, defeito no “ECM” ou falha no sensor.

O sensor também pode ficar inoperante devido à concentração de resíduos resultantes da utilização de combustível de baixa qualidade, gasolina com chumbo ou carvão proveniente da queima de óleo do motor. 

Nas motocicletas trail devido à característica do para-lama dianteiro, o sensor fica muito exposto a jatos d’água, lama e areia  lançados pela roda dianteira em dias de chuva, nesta condição pode ocorrer o acúmulo de sujeira no sensor e por consequência o entupimento nas entradas de ar onde é feito o contato com o ar atmosférico. O funcionamento do sensor pode ficar deficiente,  não haverá a comparação do oxigênio do interior do escapamento com o gás do ambiente, a reação é conhecida como ionização dos gases de escapamento, é responsável pela  geração do sinal em forma de tensão elétrica, o assunto será detalhado mais à frente.

Abrindo um parêntese: é bom lembrar que nas motocicletas de arrefecimento líquido também há o risco da contaminação do sensor pelo fluido do radiador que circula no motor caso haja problemas nas vedações das juntas e anéis de borracha 

Cabeçote do motor: sensor de O2 , motocicletas 150cc

AÇÕES PREVENTIVAS QUE PROLONGAM O SENSOR: 

Os manuais de serviços não trazem recomendação de algum procedimento direto ao ao sensor,  nem tão pouco é determinada sua durabilidade, porém já comentamos que a qualidade do combustível utilizado e a manutenção preventiva na motocicleta quando bem feita irão  colaborar para o prolongamento da vida útil do componente, que por consequência também irá proteger o catalisador no escapamento. Como benefício, a motocicleta permanecera econômica e com o nível de emissões baixo.

DESCRIÇÃO E FUNCIONAMENTO 

O componente recebe várias nomenclaturas, pode ser chamado de Sonda Lambda, Sensor Lambda ou Sensor de Oxigênio e está instalado no escapamento na saída do motor ou um pouco mais à frente. 

Nas motocicletas de baixa cilindrada encontramos dois tipos de sensores: o pré-aquecido composto por 4 fios que contam com o auxílio de uma resistência elétrica, e os não aquecidos compostos por 1 ou 2 fios.

Para os dois casos o funcionamento do sensor só se torna ativo quando sua temperatura está acima dos 300 °C.

Uma vantagem do sensor pré-aquecido é que sua operação torna-se mais rápida e não depende da temperatura do motor para o seu funcionamento, pois a resistência elétrica se encarrega de acelerar o aquecimento da sonda lambda.

O local de instalação da sonda auxilia na velocidade do aquecimento da peça, por isso os sensores mais básicos têm sua instalação próxima ao cabeçote do motor, por se tratar de uma região de temperatura elevada.

Sonda Lambda sem o aquecedor (1 fio)

Sonda Lambda equipada com o aquecedor (4 fios)

No sistema de injeção é utilizada a estratégia que chamamos de circuito fechado ou malha fechada (closed-loop) no sensor de O2.

Durante o funcionamento da motocicleta o módulo de controle do motor (ECM) será sempre atualizado pelas informações da sonda lambda, desta forma o ajuste do volume de combustível é efetuado da maneira mais precisa possível, o sinal do sensor lambda oscila em função do oxigênio contido no volume de gases de escapamento, uma baixa tensão(V) é gerada da ionização do gás. A condição da mistura “rica” ou “pobre” será obtida pelo valor da voltagem.

Circuito fechado do sensor de O2

A mistura pobre pode ser indicada por uma de tensão de saída que oscila perto do 200mV, já na mistura rica o valor de tensão é ligeiramente mais alto, algo próximo dos 700mV ou mais. Valores de tensão próximos de 500mV indicam que a mistura esta correta ou seja atingiu a mistura estequiométrica. O ciclo de realimentação (loop de feedback) sempre se repetirá durante o funcionamento da motocicleta. Os valores de tensão são tomados no(s) fio(s) preto/branco do sensor, que deve estar aquecido e o motor em funcionamento.

Há manuais de serviços que informam que se a tensão gerada estiver fixada (travada) em um valor, será necessário substituir o sensor, porém não devemos substituir uma peça sem antes diagnosticar e eliminar a causa do defeito.

AUTODIAGNÓSTICO DO SISTEMA PGM-FI

(informações compartilhadas do manual de serviços da motocicleta ano 2009)

Antes de iniciar qualquer diagnóstico certifique-se que a bateria da motocicleta está em boas condições.

Se o sistema estiver funcionando corretamente, sempre que a chave de ignição for ligada, a luz da injeção permanecerá acesa durante alguns segundos e apagará posteriormente sem emitir nenhuma piscada. 

DEFEITOS PRESENTES

Para obter o código de defeitos da memória do ECM pela quantidade de piscadas da luz indicadora do painel, basta deixar o contato da ignição ligado ou deixar a moto em marcha lenta do motor. Se houver mais de um defeito todos serão apresentados, e se a rotação do motor estiver superior a 2000 rpm a luz ficará acesa sem piscar. 

Se houver algum defeito o sistema PGM-FI irá identificar rapidamente e converter o sinal em piscadas da luz de anomalia, conhecida como MIL (Malfunction Indicator Lamp)  “21” piscadas para mau funcionamento do sensor ou o seu circuito  e “23” piscadas para o aquecedor do sensor. Lembrando que uma piscada longa equivale a “10” e uma curta é igual a “1”. Lembrando que dependendo da versão da motocicleta o sensor pode não ser equipado com o aquecedor.

Conector de diagnósticos - DLC

Conector - SCS

VERIFICAÇÃO DE DEFEITOS MEMORIZADOS

Vale ressaltar que mesmo que a motocicleta tenha sido reparada anteriormente o código do defeito fica armazenado, normalmente damos o nomes de defeitos passados.  Para acessar o histórico de defeitos memorizados no ECM proceda da seguinte maneira:

Remova a lateral esquerda da motocicleta, e com a chave de ignição desligada remova a tampa (vermelha) que protege o DLC (Data Link Connector) conector de dados neste modelo, localizado na lateral da motocicleta.

DLC: procedimento de curto-circuito

Faça um curto-circuito entre os terminais do conector utilizando um conector apropriado (SCS) ou um pedaço de fio.

Atenção para não jampear os fios errados, pois a conexão deve ser feita entre os fios Azul e o Verde/Preto

Ligue o interruptor de ignição, observe e registre o número de piscadas da luz da injeção e veja se corresponde ao sensor

Se não houver defeito memorizado no histórico de falhas do ECM a luz de alerta da injeção (MIL) não irá piscar.

Na próxima edição faremos os diagnósticos finais.

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