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Como efetuar diagnósticos rápidos em sistemas de suspensão e direção com assistência hidráulica

Os componentes da suspensão e direção de um veículo estão entre os que mais sofrem desgaste em decorrência das precárias condições de rodagem, portanto, devem ser inspecionados e reparados regularmente

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Por Melsi Maran - melsimaran@ig.com.br


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Os procedimentos de diagnósticos devem seguir uma ordem lógica, iniciando pelo levantamento de dados com o condutor para comprovar a veracidade do problema e identificar os componentes defeituosos.

Sistema de Direção

01. Sistema de direção com ruído

a) Ruído na coluna de direção tipo “batida” ao trafegar em piso irregular.

Causa provável: Interferência da coluna de direção com o suporte guia, pinhão e cremalheira folgados

Como verificar: A constatação do ruído só é possível com teste de rodagem do veículo, caso o ruído ocorra em qualquer posição do volante, pode ter como causa provável interferência da coluna da direção batendo no suporte guia.

Componentes do Sistema de Direção com assistência Hidráulica
Caso o ruído ocorra com maior frequência quando a direção está esterçada, pode ter como causa a folga entre pinhão e cremalheira.

b) Fluido hidráulico: Baixo nível do fluido hidráulico

Causa provável: Manutenção incorreta, vazamento no circuito hidráulico (vedadores da cremalheira,  do corpo hidráulico ou da bomba, tubos de óleo ou reservatório).

Como verificar: Em alguns veículos, a marca que determina o nível mínimo e máximo do fluido hidráulico está gravada no próprio reservatório, neste caso, a inspeção é visual e o fluido deve estar na marca máxima.

Nota: as rodas dianteiras devem estar em linha reta para frente, motor frio e desligado; complete se necessário somente com o fluido especificado.

Em veículos em que no reservatório não constam as marcas de nível mínimo e máximo, é necessário a remoção da tampa com uma chave de fenda.

Nota: com o veículo frio, motor desligado rodas retas para frente, remova a tampa, limpe a haste de medição com um pano limpo, recoloque a tampa apenas com as mãos, retire-a novamente para a medição que deverá apontar na região “A” o nível próximo do inferior.


Nota:
com o motor quente acima de 50º C, motor desligado rodas retas para frente, remova a tampa com uma chave de fenda, limpe a haste de medição com um pano limpo, recoloque a tampa apenas com as mãos, retire a tampa novamente, considere agora a medição que deverá estar entre as marcas “mínimo e máximo”.


Verifique se há vazamentos em mangueiras e conexões

Com o veículo elevado, acompanhe todo circuito hidráulico para verificação.

c) Ruídos no sistema de direção: Ruído na bomba hidráulica da direção.

Causa provável: Defeito na bomba hidráulica

Como verificar: Com o veí­culo parado e em marcha lenta, movimente o volante para ambos os lados suavemente e observe a presença de ruídos.

Ainda com o veículo parado, eleve a rotação do motor para ± 2000 rpm, repita os movimentos com suavidade e observe o nível de ruído.

Caso o ruído diminua ou desapareça, indica que não há problemas com a bomba hidráulica, pois em baixa rotação o funcionamento normal da bomba tem ruído característico. (Tipo chiado agudo)

Caso o ruído permaneça ou se agrave, indica problemas na bomba hidráulica.

d) Ruído de patinação da correia “poly v”, de acionamento da bomba e acessórios: Ruído de patinação da correia com ar-condicionado ligado ao partir com o veículo.

Causa provável: Integridade da correia comprometida, tensor da correia avariado ou polia com sujeiras

Como verificar: A constatação é audível e se dá ao partir com o veículo. Faça uma inspeção visual da integridade da correia, do tensor e das polias com o motor desligado, e em um elevador.

02. Direção hidráulica inoperante

a) Direção pesada ao movimentá-la para esquerda ou direita.

Causa provável: Nível de fluido hidráulico baixo, correia do motor partida ou frouxa, problemas internos na caixa de direção.

Como verificar: Verifique o nível do fluido hidráulico, complete se necessário conforme item anterior. Verifique se há vazamentos no circuito hidráulico. Eleve o veículo e movimente o volante para ambos os  lados e observe se há dificuldade na movimentação ou leves trancos. Verifique a tensão da correia e o seu estado. Verifique se as estrias das polias estão limpas

03. Instabilidade direcional 

b) Dificuldade de manter o veículo em linha reta, o veículo segue as irregularidades do piso.

Causa provável: Calibração dos pneus fora do especificado, geometria da suspensão fora da prescrição, terminais de articulação da caixa com integridade comprometida, folga na caixa de direção entre pinhão e cremalheira ou setor e sem fim.

Como verificar: Verifique a calibração dos pneus e o seu estado (profundidade dos sulcos), verifique a existência de folga na direção, a integridade da suspensão e a geometria da direção.

04. VEÍCULO PUXANDO

c) Veículo puxa para a um dos lados; tendência a desvio direcional.

Causa provável: Pressão do pneu baixa, profundidade do sulco da banda de rodagem diferente do lado oposto, desenho da banda de rodagem diferente no mesmo eixo, ângulo de Caster ou Camber fora da prescrição, flexível ou pinça de freio emperrada, válvula de potência da direção hidráulica deficiente, etc.

Como verificar: Conferir a pressão dos pneus, medir a profundidade dos sulcos, conferir o desenho e as medidas dos pneus, elevar o veículo em um elevador e verificar se as rodas estão livres, verificar a geometria e a direção se necessário.

Obs.: Desgastes irregulares nos pneus são indicações de problemas nos sistemas de direção e suspensão

05. veículo instável

d) O veículo fica instável ao entrar em curva, gerando instabilidade direcional em curvas.

Causa provável: Amortecedores sem ação, barra estabilizadora desligada ou com folgas nos mancais, pressão dos pneus fora da prescrição, ângulo de divergência em curvas fora da prescrição, alinhamento da direção fora da prescrição.

Como verificar: Eleve o veículo em um elevador e verifique se há vazamentos nos amortecedores, verifique a integridade da barra estabilizadora e barras de direção. 

Sistema de Suspensão

01. Ruídos na suspensão dianteira

a) Ruído na suspensão dianteira: tipo rangido na suspensão dianteira  

Causa provável: Fricção, atrito entre a mola e o prato de apoio da mola.

Como verificar: Normalmente o ruído ocorre na compressão da mola e muitas vezes é possível verificar com o veículo parado.

Pressione com as mãos o veículo sobre a suspensão dianteira, um lado de cada vez para baixo, provocando a compressão da mola e observe se ocorre o ruído.

Repita a operação para o outro lado, caso não ocorra o ruído, faça um teste de rodagem e verifique se ocorre em um dos lados ou nos dois.

Para a constatação visual, se necessário coloque o veículo em um elevador, faça uma inspeção com o auxílio de uma espátula para comprovar as folgas.

b) Ruído na suspensão dianteira: Ruído tipo estalo 

Causa provável: O ruído característico como estalo pode ter várias origens, o mais importante é determinar em que condições o ruído se reproduz.

Como verificar: Faça primeiro o teste de rodagem, verifique se é possível reproduzir o ruído ao deslocar o veículo em aceleração e desaceleração. Engrene a marcha à ré e constate os ruídos. Eleve o veículo e faça uma inspeção visual com o auxílio de uma espátula, se necessário.

c) Ruído tipo estalo contínuo: Ruído contínuo tipo estalo ao trafegar em curvas.

Causa provável: Junta homocinética danificada            

Como verificar: Faça um teste de rodagem, tente reproduzir o ruído em curvas e verifique se o ruído tipo estalo é contínuo durante a curva, e desaparece ao trafegar em linha reta.


Verifique qual é o lado que produz o ruído. Eleve o veículo e examine as coifas das juntas homocinéticas quanto à integridade. Quando a coifa da junta homocinética se rompe, ocorre a fuga da graxa por força centrífuga, e há infiltração de areia e sujidade, forçando a junta a trabalhar sem lubrificação, e com materiais abrasivos, criando folgas que provocam ruídos. Neste caso a junta homocinética deve ser substituída.

d) Ruído (metálico de peça solta ou quebrada) ao trafegar em pisos irregulares.

Causa Provável: Buchas do braço de articulação inferior comprometidas ou soltas, batentes do amortecedor comprometidos ou soltos, amortecedor sem ação, rolamentos do cubo de roda soltos ou com desgastes, parafusos de rodas soltos, agregado solto, coxins do motor ou câmbio comprometidos.

Como verificar: Tente reproduzir o ruído e identificar onde acontece, e em que lado do veículo ocorre. Verifique se ocorre em mais de uma velocidade, acelerando ou em freio motor. Eleve o veículo em um elevador e verifique a integridade das buchas, batentes, coxins com auxílio de uma espátula.

Vida útil do amortecedor: A quilometragem referencial para troca de amortecedores é determinada através de testes realizados em situações diversas, que constatam que um amortecedor em uso se movimenta (abertura e fechamento), milhares de ciclos por quilômetro rodado. Sendo assim, aos 50.000 km um amortecedor se movimentou milhões de vezes, o suficiente para provocar desgastes naturais por uso da peça. Além da quilometragem de uso, é necessário analisar outros fatores para determinar se um amortecedor ainda se encontra eficiente, e são eles: 

- Condições da superfície de rodagem (ruas, estradas, etc);

- Condições de dirigibilidade;

- Peso médio transportado;

- Condições dos outros componentes da suspensão do veículo.       

O desgaste do amortecedor normalmente não é visto e nem sentido pelo motorista do veículo, pelo fato da deterioração gradual do componente ser por muitas vezes lenta e imperceptível.

 Os principais sintomas de defeitos nos amortecedores por uso normal são: movimento livre da haste na câmara de funcionamento (tubo interno), vazamentos de óleo, marcas na haste, coxins de fixação desgastados, batentes e coifas danificadas, válvulas obstruídas ou gastas, e amassados no tubo externo. 

Todos estes sintomas modificarão o trabalho normal do amortecedor, resultando em um veículo desconfortável e principalmente inseguro.

Em todos os testes realizados, nota-se claramente que em veículos equipados com amortecedores ineficientes o contato dos pneus com o pavimento diminui consideravelmente, provocando pequenos saltos das rodas, ocasionando desgaste prematuro dos pneus e problemas com a dirigibilidade do veículo. 

Caso o problema não seja solucionado, situações de risco ou até mesmo acidentes com o veículo poderão acontecer.  

A outra maneira de verificar a performance dos amortecedores em um veículo é analisar minuciosamente o comportamento deles com um teste de rodagem. 

Os sintomas de desgaste são facilmente perceptíveis, desde que o técnico ou condutor tenha o conhecimento dos pontos de verificação que são:

- Verifique se a parte dianteira do veículo mergulha excessivamente ao frear, ou a parte traseira afunda muito ao acelerar.    

- Analise cuidadosamente a condição dos pneus, deformações na banda central de rodagem (com dentes de serra ou escamas) são sintomas de amortecedores defeituosos.    

- Verifique se o veículo rola excessivamente para a lateral e inclina em suas extremidades (cantos).     

- Analise a dificuldade de manter a direção normal do veículo ao dirigir com vento lateral.

02. Desgaste anormal do pneu.

a) no ombro interno nas rodas dianteiras.

Causa provável: Ângulo de Camber excessivamente negativo, integridade da suspensão comprometida, (buchas desgastadas, braços empenados, ponteiras e pivôs com folgas, caixa de direção etc.)

Como verificar: Verificar o alinhamento de direção, caso esteja correto e considere:

• a quilometragem rodada com o pneu; • se foi feito rodízio conforme especificações do fabricante; • se os pneus pertencem ao jogo original conforme norma DOT.

Caso os pneus não passaram por rodízios, e o alinhamento estiver correto, orienta-se o cliente quanto ao desgaste no ombro interno dos pneus dianteiros por esforço de tração, por isso a necessidade de controlar o rodízio com eficácia.

b) desgaste anormal do pneu no ombro externo nas rodas dianteiras.

Causa provável: Ângulo de camber excessivamente positivo, integridade da suspensão comprometida, (buchas desgastadas, braços empenados, ponteiras e pivôs com folgas, caixa de direção etc.)

Como verificar: Verificar o alinhamento de direção, caso esteja correto e considere:

• a quilometragem rodada com o pneu; • se foi feito rodízio; • se os pneus pertencem ao jogo conforme norma do DOT.

c) desgaste no ombro externo e interno.

Causa provável: Baixa pressão de inflação dos pneus

Como verificar: Verifique a pressão dos pneus, investigue qual a pressão dos pneus o cliente costuma usar, e se dirige com estilo agressivo, ou seja, entra em curvas com alta velocidade.

d) desgaste do pneu no centro da banda de rodagem.

Causa provável: Estilo de direção agressivo, pneus com inflação muito elevada.

Como verificar: Verifique a pressão dos pneus, investigue qual a pressão dos pneus conforme manual de bordo.

e) desgaste tipo dente de serra em toda banda de rodagem.

Causa provável: Ângulo de convergência fora da prescrição ou causada por desgastes em componentes defeituosos no sistema de suspensão e direção

Como verificar: Efetue a verificação dos componentes defeituosos no sistema de suspensão e direção e confira o alinhamento da direção.

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