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Câmbio automático da Zafira AW 50-40 para de funcionar a cada 100 metros, qual será a causa?

Levar o carro para oficina significa que precisa fazer alguma manutenção e o cliente não fica feliz ao saber que a transmissão automática tem que ser aberta para descobrir o defeito

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Por Fábio Nagai


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O cliente conseguiu chegar na oficina com a Zafira ano 2007 com 160.000 km, equipada com a transmissão AISIN WARNER AW 50-40, mas o carro andava por algumas centenas de metros e ficava sem a tração. Ao desligar o motor e esperar por um tempo, coisa de dez minutos e ligar novamente, o carro voltava a andar por mais um trecho na rua e logo em seguida parava.

Quando se trata de transmissão automática, não adianta querer achar que tem visão de raio x e fazer um diagnóstico sem abrir o câmbio. Para o bem da oficina e do cliente, é importante esclarecer que o defeito será identificado e confirmado quando o câmbio estiver aberto. Por isso que, aqui na Nippon Car Service, cobramos um valor pelo diagnóstico, que será abatido caso o cliente concorde com a execução do serviço. 

A primeira parte do diagnóstico está relacionada ao teste de rodagem quando possível, análise do fluido, códigos de falhas eletrônicas e estas informações nos permitem chegar à conclusão se será preciso abrir a transmissão ou não.

Caso identifique a necessidade de abrir a transmissão, é combinado com o cliente adiantamento da metade do valor da mão de obra do serviço e que, caso ao final do diagnóstico com a transmissão aberta não queira dar andamento, o carro será entregue em condições que possa ser rebocado, mas com a transmissão desmontada. Tudo isso é tratado de forma bem clara para o cliente saber com antecedência quais serão os procedimentos aplicados durante o diagnóstico.

Os valores de diagnósticos mudam muito de uma região para outra, mas no caso do diagnóstico inicial, apenas para se ter uma ideia, é cobrado 300,00 reais. E se você amigo reparador ainda não cobra pelo diagnóstico, comece o quanto antes, você vai ver como sua oficina vai melhorar, tanto no faturamento quanto no nível de cliente. 

Com o consentimento do cliente, o câmbio foi removido do carro e a desmontagem realizada na bancada com todo cuidado que uma transmissão automática precisa. Para fazer um serviço organizado, utilize bandejas de cor clara para cada parte dos componentes. A cor clara facilita a visualização de peças pequenas e assim não perde tempo procurando peças quando for fazer a montagem.

Os defeitos podem ser identificados logo na desmontagem ou quando estiver fazendo a lavagem das peças, por isso é importante que o mecânico faça todo o processo para ter a certeza que não deixou passar algum defeito difícil de identificar como uma possível trinca que só aparece quando o câmbio está quente.

O serviço de transmissão automática é diferente de outros pelo tempo necessário para a execução, que envolve remoção, desmontagem, diagnóstico e até oferecer um copo de água para o cliente antes de passar o valor do serviço.

Voltando para o câmbio da Zafira, o primeiro componente removido foi o conversor de torque, depois com a retirada de muitos parafusos, a carcaça frontal foi removida, deixando à vista os componentes internos e a cada peça removida os olhos devem estar bem atentos na procura de algum sinal que identifique um possível defeito.

Este câmbio não tem cárter e olhando para a carcaça, que está bem limpa, aparentemente está normal, mas ao remover o defletor, já é possível ver a quantidade de limalha de ferro presa nos imãs.

Remove-se o diferencial, bomba de óleo e pacotes de embreagens, que devem ser desmontados para verificar cada componente na busca de algum defeito ou desgaste prematuro.

Esse câmbio não tem acesso para troca do filtro, só é possível fazer a troca abrindo o câmbio, por isso que é importante fazer as trocas de óleo a cada 40, 50, ou em alguns casos com 30 mil km para evitar o acúmulo de sujeira que pode obstruir o filtro, isso é comum acontecer neste tipo de câmbio.

Removendo o diferencial é possível verificar o estado dos rolamentos e engrenagens que aparentemente estão bons e depois da retirada de todos os componentes do câmbio, cada um deles será desmontado para verificar as condições de cada um e avaliar se deve ser trocado. 

Após a desmontagem completa da transmissão, podemos identificar um desgaste muito grande nos discos de composite, quase não tem mais material de atrito, isso é muito comum nessa transmissão, agora que concluímos o diagnóstico, você pode imaginar porque o filtro entope.

Isso poderia ter sido evitado se as trocas de fluido da transmissão tivessem sido feitas corretamente desde o início, para se ter uma ideia com minha experiência e vivência com transmissões, posso dizer que, com a troca do fluido nos prazos corretos e TAMBÉM com fluido CORRETO, uma transmissão AW-50-40 pode chegar aos seus 500 mil km.

Com todos os pacotes montados, começamos a instalação dos componentes na transmissão, colocando cada um em seu devido lugar com muita atenção.

Obs.: Mesmo com o manual de montagem em mãos, o técnico deve sempre fazer marcações e tirar fotos na desmontagem, porque os manuais não são 100% confiáveis. É isso mesmo, parece assustador, mas essa é a verdade. Agora com a transmissão montada, partimos para os testes de aplicação dos pacotes de freio e embreagens, falaremos mais sobre esse procedimento nas próximas matérias, por se tratar de um procedimento muito técnico.

No teste de aplicação dos pacotes, o técnico verifica toda a vedação da transmissão, ou seja, todo o sistema hidráulico, se tudo estiver certo as aplicações serão perfeitas, assim o técnico já sabe que se houver qualquer problema durante os testes de rodagem, não será um problema interno da caixa, ou seja, não será necessária a remoção da caixa para resolver.

Partimos então para a instalação da caixa de câmbio no veículo e em seguida fazer os testes de rodagem.

Com a transmissão instalada no carro, durante o teste de rodagem, como já era de se esperar, todas as marchas engataram e o defeito do câmbio que perdia a tração foi resolvido. Lembram dos testes de aplicações realizados na bancada? Então, está aí o resultado, que comprova o serviço realizado com competência e a importância dos testes antes de montar o câmbio no carro.

O cliente andou no carro e ficou supersatisfeito, as trocas de marchas ficaram suaves, sem nenhum tranco, agora é só manter as revisões em dia, (TROCA DE FLUIDO DA TRANSMISSÃO A CADA 40.000 KM).

Assim chegamos ao fim dessa matéria, espero que gostem e principalmente que sirva de informação técnica para todos os reparadores, mesmo que não trabalhe com transmissão automática, é importante conhecer este sistema, que está dominando o mercado de veículos. 

Nas próximas matérias traremos muitas informações valiosíssimas para vocês. Um grande abraço a todos.  

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