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Multijet II é o novo motor diesel de dois litros que utiliza sistema de injeção de 1.600 bar

O grupo FCA está aplicando uma variedade de motores em seus veículos e o destaque é o motor diesel equipado com sistema de turbo variável e sistema de injeção Bosch que gera 170 cavalos de potência

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Por Antônio Gaspar de Oliveira


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O desenvolvimento de pick-ups e SUVs de porte médio tem sido a estratégia das montadoras para ampliar a atuação no mercado de veículos novos que atendem às necessidades dos usuários que desejam fazer usos múltiplos com os veículos.

Observando as condições da legislação brasileira quanto ao uso de motores diesel em veículos utilitários que devem ter capacidade de carga de uma tonelada e tração 4x4, logo as montadoras investiram neste segmento e aí surgem novas oportunidades de ampliação de serviços oferecidos pelas oficinas que devem se preparar para atender este segmento.

O cliente da oficina que adquiriu um veículo diesel vai querer continuar levando o seu carro na mesma oficina de confiança e é aqui surge uma encruzilhada, atender ou não atender este cliente antigo que agora tem um carro novo com motor e sistema de injeção que é desconhecido por muitos mecânicos.

A força do mercado é transformadora e o setor da reparação automotiva também deve acompanhar estas mudanças para continuar atendendo bem os seus clientes que possuem veículos de porte médio e o primeiro passo é buscar conhecimento sobre os motores diesel que antes eram restritos a veículos pesados e fora de estrada.

O motor diesel Multijet II possui particularidades no sistema de injeção e até na troca do óleo lubrificante também apresenta novidades importantes.

A injeção eletrônica diesel foi desenvolvida pela Bosch e recebeu o nome de CRS2-16, que significa Common Rail System, opera com 1.600 bar de pressão. O sistema CRS2 é composto por uma bomba de alta pressão, o tubo de alta pressão, um injetor para cada cilindro e a unidade de controle eletrônico.

O controle eletrônico de diesel (EDC) regula não apenas o processo geral de injeção, mas também a pressão de carga e a recirculação dos gases de escape. 

Para os mecânicos habituados com motores flex que operam com pressão de combustível por volta de 4 bar ou com injeção direta que chega a 200 bar e agora chega um sistema com 1.600 bar, é natural ter um certo receio caso tenha que fazer manutenção sem o devido conhecimento.

Uma particularidade deste sistema de injeção eletrônica diesel é a capacidade de realizar injeções múltiplas, daí o nome Multijet. Com seus inovadores injetores com válvula solenoide hidraulicamente balanceada e pressão de injeção ainda maior, é capaz de controlar de forma ainda mais precisa o óleo diesel injetado de forma mais rápida e flexível. Ele permite até oito injeções consecutivas por ciclo de combustão e implementou a tecnologia que fornece duas injeções piloto muito próximas, tornando o fornecimento de combustível mais contínuo e modulado, resultando em um motor silencioso e com operação mais suave, emissões mais baixas, melhor consumo de combustível e desempenho superior.

A tecnologia avançada deste sistema permite até oito injeções de combustível em cada ciclo de combustão para obter o máximo de eficiência energética do motor, que atinge 35,7 Kg de torque a 1.750 rpm. A eficiência deste motor permite ser classificado no padrão Euro 5 e tem plenas condições de se enquadrar na próxima etapa de níveis de emissões que é Euro 6.

A injeção adiantada reduz o ruído da combustão e as emissões de NOx, e a pós-injeção reduz as emissões de partículas. Os motores a diesel modernos devem atender a requisitos rígidos de emissões e os motoristas querem mais potência e torque, baixo consumo de combustível e funcionamento silencioso do motor. Uma boa preparação da mistura é um pré-requisito para a combustão total e eficiente do combustível em um motor a diesel. Para isso, o combustível deve ser injetado na quantidade certa, no momento certo e com a maior pressão possível. 

O fabricante recomenda abastecer somente com o diesel S-10, pois o sistema de acorcode injeção Euro V não pode funcionar em nenhuma hipótese com diesel comum, devido à alta quantidade de enxofre e a ausência de aditivo lubrificante.
Mesmo sendo um carro novo e equipado com motor diesel com muita tecnologia, há uma somatória de eventos que tem gerado bastante serviço para as oficinas.

A forma de dirigir o veículo diesel é a que mais acarreta problemas e somado ao ambiente onde o veículo está sendo utilizado como nas cidades onde o trânsito flui com baixas velocidades e também os frequentes congestionamentos nos quais o motor funciona por períodos longos em marcha lenta, tudo isso reúne as condições ideais para a saturação do filtro DPF e mesmo que o sistema funcione automaticamente, não é suficiente para queimar todo o resíduo acumulado no filtro. Tem sido comum fazer a regeneração forçada nas oficinas e mesmo assim o resultado não é adequado para o funcionamento correto do motor. A solução acaba sendo troca do sistema visto que a limpeza se torna impraticável. 

Em condições normais de uso, de preferência em estradas, basta dirigir por 15 minutos, a uma velocidade de 60Km/h que o sistema avisa no painel que a regeneração foi concluída. Outra opção é estacionar o carro em local aberto, colocar a alavanca de câmbio na posição N (neutro) e deixar o motor funcionando por um período em torno de 30 minutos até que a luz de aviso de regeneração se apague.

Outra tarefa que parece simples, mas em alguns motores é preciso se informar antes de vender o serviço de troca de óleo, é o caso dos motores Multijet II que equipa os veículos do gruo FCA.

Tirar a roda dianteira direita parece estranho para fazer a troca de óleo, mas é isso que está recomendado no manual de serviço, além de ter que retirar o protetor de carter que é de chapa metálica, retirar a proteção lateral do para-lamas direito, para ter acesso à lateral do motor, onde está montado o filtro de óleo lubrificante. 

É um filtro de refil, mas antes de fazer a remoção é preciso seguir alguns procedimentos:

Remover o bujão do cárter que é de alumínio e com muito cuidado, pois é comum encontrar este parafuso danificado e o custo é de R$179,38 reais (código da peça 55196505) e o anel de vedação custa mais R$36,05 reais (código 55196309), só nestes itens já tem um custo de R$215,43 reais. 

Após a drenagem do óleo do cárter, é preciso localizar um sangrador semelhante ao do sistema de freio, ele está localizado na base do suporte do filtro e a recomendação para evitar a sujeira de óleo que vaza sobre o motor é utilizar uma mangueira transparente fixada ao sangrador, abrir e direcionar a ponta da mangueira no recipiente de coleta de óleo lubrificante usado. 

Depois da sangria, remover o copo ou cobertura do filtro com uma chave fixa de 32mm, adequada ao tamanho do sextavado desta peça, remover o refil do filtro de óleo, substituir o anel o’ring de vedação da tampa do filtro, instalar o refil novo do filtro de óleo, montar a tampa do filtro manualmente e aplicar um torque de 25 Nm (2,5 Kgm).

Colocar o bujão com a arruela de vedação no cárter e aplicar um torque de aperto de 20 Nm (2,0 Kgm).

Abastecer com óleo lubrificante sintético 5W30 completando um volume total de 4,8 litros incluindo o filtro. As trocas de óleo são recomendadas a cada 20 mil km ou 12 meses, prevalecendo o que vencer primeiro. 

Lembrando que é vital o uso do óleo lubrificante específico para este motor que tem o sistema de filtro DPF e finalizando, para apagar a luz do óleo (reset) é preciso ter equipamento atualizado, pagar uma taxa de 3 a 5 euros para obter a liberação de acesso ao sistema do carro que está protegido com o sistema SGW – Security Gateway. 

 

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