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Diesel renovável hidrogenado - HVO - será regulamentado pela Agência Nacional do Petróleo – ANP

Atualmente o diesel de origem fóssil utilizado no nosso país recebe uma porcentagem de biodiesel e a previsão é que mais um componente fará parte deste combustível mais limpo, o diesel hidrogenado

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Por Antonio Gaspar de Oliveira


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O diesel será formulado com três componentes fracionados na sua maior parte pelo diesel de origem fóssil, ou seja, do petróleo, em seguida entra na composição o biodiesel, que a partir do dia primeiro de março de 2020 subiu para 12% (B12 – identificação do percentual de biodiesel) e finalizando com a adição do diesel hidrogenado em percentual a ser definido pela Agência Nacional do Petróleo-ANP, podendo iniciar com 1% (H1 – identificação do percentual de diesel hidrogenado). (Figs.1 e 2)

FIGURA 1

Figura 2

Em agosto de 2019 foram iniciados os trabalhos de elaboração da nova resolução para especificação do HVO pela ANP, gerando uma expectativa para colocar em consulta pública no mês de março de 2020. Como ninguém poderia prever, fomos atropelados pela pandemia e os trabalhos foram suspensos.

A continuidade dos trabalhos relacionados à aprovação da nova regulamentação para o HVO será retomada em breve, pois há uma grade expectativa quanto aos ganhos econômicos e ambientais, principalmente para os setores do transporte e agrícola.

O transporte será beneficiado com o uso de um combustível menos poluente e como a base do HVO são os óleos vegetais, a agricultura terá ganhos na produção de matéria-prima e no consumo de combustível renovável. Fabricantes de caminhões realizam testes com a adição deste novo combustível e o sistema de injeção eletrônica funciona de forma adequada, sem alterações de calibragem. (Fig.3)

Figura 3

No avanço tecnológico do setor de combustíveis, o HVO surge como a principal fonte de combustíveis limpos e renováveis, obtido a partir do hidrotratamento de óleo vegetal (HVO - Hydrotreated Vegetable Oil) 

Com composição semelhante à do biodiesel, o composto é formado por óleo vegetal ou gordura animal tratada com hidrogênio, apresenta eficiência semelhante ao diesel e o mais importante, sua produção pode ser integrada numa refinaria convencional de petróleo, com poucas modificações. A própria refinaria gera subprodutos como o hidrogênio, que é necessário no processo de produção do HVO e mais uma vantagem, pode ser utilizado sem alterações nos motores, garantindo uma queima eficiente com baixa emissão de poluentes.

No processo de produção de biodiesel e do HVO existem diferenças, sendo o biodiesel derivado de biomassa renovável, o HVO também é produzido a partir das mesmas matérias-primas, porém, esses produtos possuem componentes diferentes entre si sob o ponto de vista químico, o HVO é uma mistura de hidrocarbonetos formados por carbono e hidrogênio, enquanto o biodiesel é uma mistura de ésteres constituídos por carbono, hidrogênio e oxigênio.

O HVO é produzido pelo processo químico de hidrotratamento (HDT), no qual as matérias-primas reagem com o gás hidrogênio em condições controladas de temperatura e pressão, formando um líquido similar ao diesel fóssil. Já o biodiesel é produzido pelo processo químico de transesterificação. Nele as matérias-primas reagem com um álcool, geralmente o metanol, formando um combustível bastante distinto do diesel convencional. Isso não significa que o biodiesel e o HVO tenham uma produção que esteja em rota de colisão, pelo contrário, a produção está sendo desenvolvida em paralelo, gerando benefícios para os produtores, para os consumidores e principalmente para o meio ambiente.

Apenas para se ter uma dimensão quando falamos de poluição, a cidade de São Paulo possui uma frota de 14 mil ônibus que consomem 1,5 milhão de litros de diesel por dia, isso significa quase 550 milhões de litros de combustível fóssil por ano e uma produção de 1.430 milhão de toneladas de dióxido de carbono (CO2) lançado na atmosfera que será respirado por nós.

Os benefícios deste novo combustível renovável se destacam nas emissões de gases, com capacidade de reduzir em 33% o material particulado fino, em 30% os hidrocarbonetos, em 24% o monóxido de carbono e em 9% os óxidos de nitrogênio. Sua eficiência nos motores se assemelha ao diesel derivado do petróleo, mas livre de enxofre e de compostos aromáticos, e com um número de cetano elevado, possui maior estabilidade de armazenamento, melhores propriedades de fluxo a frio.

Em relação ao biodiesel, apresenta mais vantagens em ter hidrocarbonetos similares aos do diesel de petróleo, não têm oxigênio, não absorve água, logo não causa a degradação microbiológica do combustível, não havendo formação de borra nem separação de água, não causando corrosão e danos aos motores e pode ser usado em qualquer teor sem ajustes de motores.

Denominado como diesel verde, a ANP concluirá os trabalhos para a regulamentação e especificação das características deste novo combustível que será adicionado ao diesel B já comercializado normalmente, contribuído com a elevação da qualidade do diesel e a consequente redução de emissões de gases poluentes.

Todas as mudanças e inovações aplicadas aos combustíveis estão em conformidade com o Programa de Controle de Emissões Veiculares –PROCONVE, que desde 1986 vem reduzindo e controlando as emissões veiculares, considerando o desenvolvimento e introdução de novos combustíveis, que certamente vai nos possibilitar respirar um ar menos poluído. (Fig.4) 

Figura 4

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