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Falta de manutenção do veículo é uma das principais causas de acidentes de trânsito no Brasil

Inspeção técnica veicular para fiscalizar o estado dos veículos em circulação pode contribuir com a segurança no trânsito

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Por Da redação


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Os acidentes de trânsito no Brasil provocam mais de 45 mil mortes ao ano, sendo que defeitos nos veículos são uma das principais causas. A falta de manutenção associada ao envelhecimento da frota circulante pode agravar ainda mais a situação. Segundo relatório da Polícia Federal, de janeiro a abril de 2020 contabilizou 19.574 ocorrências, no qual a quinta principal causa é defeito do veículo, ficando logo atrás do consumo de álcool por apenas dois pontos percentuais. 

Para Elias Mufarej, conselheiro do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) e coordenador do GMA, Grupo de Manutenção Automotiva, como a frota brasileira vem envelhecendo há seis anos consecutivos, a idade deve superar os 10 anos, enquanto que para caminhões já ultrapassa os 11 anos.

Veículos mais velhos requerem manutenção periódica, porém não é o que acontece na realidade. Quando a idade aumenta, a tendência é o dono do carro postergar a revisão e os reparos necessários. Segundo Mufarej, isso ocorre porque no Brasil não existe inspeção técnica veicular para fiscalizar o estado de conservação de veículos e o dono do carro acaba protelando a manutenção quando a idade aumenta. O conselheiro do Sindipeças, afirma: “Deveria ser o inverso, já que quanto mais velho o veículo é maior a necessidade de manutenção, devido ao desgaste natural das peças e com o uso”.

Além da questão de segurança, outro problema é qualidade do ar que fica prejudicada por conta da emissão de dióxido de carbono acima do limite, devido à falta de manutenção. Levantamento da OMS (Organização Mundial de Saúde) indica que, no Brasil, a poluição do ar em ambientes externos provoca a morte de mais de 50 mil pessoas por ano. Outro dado do Ministério da Saúde revela que as mortes em decorrência da poluição atmosférica aumentaram 14% em dez anos. Durante a vigência da inspeção ambiental na cidade de São Paulo, estudos da Faculdade de Medicina da USP destacaram que a redução dos poluentes diminui a mortalidade na capital (559 mortes prematuras) e a morbidade, evitando 1.515 internações anualmente.

Mufarej lembra também que as entidades que representam o setor de reposição automotiva, formado por fabricantes, distribuidores, varejos e oficinas, já pleiteiam há duas décadas a implantação da inspeção técnica veicular no Brasil e agora surge uma nova oportunidade para que essa medida seja efetiva com o programa de reciclagem nacional. Segundo Mufarej, o programa contempla inspeção técnica veicular que está aventada há mais de 20 anos e ainda não saiu do papel, e ressalta: “Desta forma, haverá mais segurança no trânsito, pois os veículos serão fiscalizados para detectar problemas por falta de manutenção preventiva, uma forma de ajudar a evitar acidentes, muito deles, com vítimas fatais”.

A frota brasileira é a sexta maior do mundo, somando 45,9 milhões de veículos, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. A idade média atingiu 9 anos e 8 meses em 2019 e a de motocicletas também aumentou, alcançando 8 anos. No período de seis anos (2014 a 2019), o envelhecimento da frota em circulação aumentou 1 ano e 2 meses. Desde 2015, a idade média da frota vem subindo. Possibilidades de reversão desse fenômeno dependem do aumento da taxa de crescimento das vendas de novos veículos e da taxa de sucateamento da frota existente e/ou de políticas públicas que exijam a retirada de circulação de veículos muito antigos, ou seja, um programa de renovação da frota.

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