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Se o lubrificante é o sangue do motor, a bomba de óleo é o coração da motocicleta

Nesta matéria vamos compreender a função e os procedimentos de análise da bomba de óleo do motor e conhecer alguns mecanismos, relacionados ao sistema de lubrificação da motocicleta

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Por Paulo José de Sousa


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Fig.1 - Diagrama básico sistema de lubrificação do motor 4 tempos de  motocicleta 

Sabemos que óleo tem inúmeras missões dentro do motor, algumas das funções básicas são: reduzir atrito, vedar, controlar a temperatura, minimizar ruídos, limpeza, etc. O que seria do motor se não houvesse o que impulsionasse o lubrificante até os pontos mais críticos onde há muito atrito e emissão de calor?  

A bomba de óleo pode ser considerada o coração do motor, a “batida” (giro das engrenagens) garante a circulação do lubrificante em todas as partes internas. Um descuido e adeus engrenagens, pistão, anéis, cilindro, comando de válvulas, etc.

 A bomba de óleo tem vida longa, mas a grande verdade é que a peça não avisa quando está com os dias contados, em geral não se percebe sinais ou ruídos emitidos pela bomba informando que há defeitos ou o final de sua vida útil chegou. 

Nas motos maiores é possível verificar a pressão de óleo do motor com auxílio de um manômetro especifico, esse item faz parte da manutenção preventiva. Pressões abaixo da especificação do fabricante da motocicleta podem indicar defeitos na bomba, obstruções no circuito de lubrificação (foto) e outras causas. Na maioria das motocicletas menores não há um duto de verificação de pressão, então nesse caso, uma vez aberto o motor é importante aproveitar a oportunidade fazer uma análise preventiva no conjunto da bomba.

Os descuidos mais básicos por parte do reparador ocorrem quando é feita retífica do cilindro e troca de peças da parte superior do motor, por vezes a bomba de óleo não é analisada. É importante lembrar que todo defeito no motor tem uma causa, portanto toda causa deve ser detectada e eliminada para que o mesmo defeito não volte a ocorrer. O cliente percebe a qualidade do serviço. 

Uma bomba gasta ou danificada implicará na ausência ou redução do volume de vazão do lubrificante, trazendo consequências negativas à durabilidade e funcionamento do motor.

Indicadores de falhas no sistema de lubrificação do motor:

•    Oscilações na temperatura do motor;
•    Ruídos e vibrações anormais entre as peças;
•    Deterioração instantânea ou progressiva dos componentes do motor.

Causas de falhas no sistema de lubrificação

Além da bomba de óleo, as falhas na circulação do lubrificante também podem ter como causa os seguintes itens:

•    Filtros saturados;
•    Entupimento nos dutos de passagem de lubrificante;
•    Nível de óleo abaixo do limite mínimo;
•    Baixa pressão provocada por vazamentos internos e externos. 

Note no diagrama que o lubrificante fica depositado no cárter, a circulação do óleo é dada a partir do movimento da bomba.

O lubrificante é previamente peneirado por um filtro de tela (foto), é impulsionado pela bomba e posteriormente filtrado, paralelo ao filtro há um caminho alternativo (by pass) que é aberto em caso de entupimento do filtro. Na condição de entupimento uma válvula libera uma passagem quando ocorrer um aumento da pressão no circuito.  Após a filtragem o óleo segue caminhos diferentes com a finalidade de lubrificar todos os componentes do motor, o lubrificante retorna ao cárter pela ação da gravidade. (Fig.1)

As possíveis deficiências na lubrificação do motor

O volume e qualidade do lubrificante podem ser as causas, o atrito do “ferro no ferro” pode ser a indicação de falta ou falha do lubrificante. Como dissemos anteriormente a alta temperatura, vibração e o ruído são os sintomas mais frequentes. 

A fina camada de lubrificante que preenche o vão entre as peças do motor pode perder a eficiência ou até desaparecer pela baixa ou a ausência de pressão, que no caso deve ser constante. Na condição descrita ocorre a rápida elevação da temperatura, desgastes e a quebra do motor, assim sucessivamente.  Os danos atingirão as seguintes peças: comando de válvulas, balancins, roletes, rolamentos, bronzinas, mancais, pistão, anéis, bielas e outros componentes.

Localização da bomba de óleo

A bomba de óleo está localizada nas partes mais baixas do motor, o objetivo é estar parcialmente submersa no lubrificante e impulsionar o maior volume de óleo possível. (Fig.2) (Fig.3)

Fig.2 - Bomba de Óleo, motocicleta Kasinski Comet 605


Fig.3 - Bomba de Óleo, motocicleta Yamaha Fazer 205

Tipos de acionamento da bomba de óleo

O acionamento da bomba de óleo se dá por meio da rotação do virabrequim, as mais comuns estão ligadas ao eixo do motor por engrenagens ou corrente. (Fig.4) (Fig.5)

Fig.4 - Bomba de Óleo interligada ao virabrequim por engrenagem, motocicleta Yamaha YBR 125


Fig.5 - Bomba de Óleo interligada ao virabrequim por corrente, motocicleta Honda CB 400

Bomba de óleo no sistema a cárter seco

Alguns modelos de motocicletas utilizam o sistema de cárter seco, essa denominação indica que o lubrificante do motor não fica confinado somente no cárter, ele conta com um reservatório adicional. 
Uma vantagem do sistema de cárter seco é o melhor controle da temperatura do óleo. Outras tecnologias do tipo cárter seco utilizam o chassi da motocicleta como reservatório auxiliar. Estes sistemas de lubrificação normalmente contam com uma bomba de corpo duplo. Uma bomba é responsável em bombear o lubrificante ao reservatório adicional, a segunda bomba faz a circulação do óleo nas partes internas do motor. (Fig.6)

  

Fig. 6 - Reservatório de Óleo do motor - motocicleta Honda NX 400 Falcon

Descrição e análise da bomba de engrenagens (trocoidal)

Uma carcaça de alumínio acomoda dois rotores internos que giram, o movimento das engrenagens impulsiona o lubrificante.
A bomba está sujeita a desgastes e quebras dos rotores, os diagnósticos visam analisar os defeitos: perceptíveis e os imperceptíveis a olho nu. Os possíveis defeitos interferem na lubrificação e ocasionam os danos já citados.

Quando substituir a bomba de óleo?

•    Se for notada a presença de riscos ou trincas na carcaça ou rotores;
•    Se uma das medidas efetuadas estiver em desacordo com a  especificação do fabricante da motocicleta; 
•    Se houver empenamento na carcaça. 

Exemplos de análises da bomba de óleo: 

Os procedimentos de análise são definidos pelos fabricantes de motor, em geral as análises visam avaliar folgas do conjunto, planicidade  e profundidade da carcaça. São observados os seguintes itens:

•    Verificação de folga entre rotor e carcaça com auxílio de um jogo de lâminas;
•    Análise visual dos rotores e carcaça para detecção da presença de riscos e danos em geral. (Fig.7) (Fig.8)


Fig. 7 - Verificação de folga entre carcaça e engrenagem da bomba de óleo

Fig. 8 - Carcaça da bomba de óleo, presença de riscos no fundo da peça

Análise visual da engrenagem de acionamento da bomba

Sendo a engrenagem de material plástico ou metálica ambas devem ser analisadas, verifique se há desgastes, trincas ou dentes quebrados. (Fig.9)


Fig.9 - Engrenagem de acionamento da bomba de óleo 

Filtro de tela

O filtro de tela protege o conjunto da bomba de óleo, o elemento tem como função reter os possíveis resíduos que circulam junto ao óleo do motor que poderiam ser sugados e provocar entupimento e/ou desgastes na bomba. (Fig.10)

Fig.10 - O Filtro de tela

O Filtro de tela está localizado logo abaixo da bomba de óleo, o intervalo de manutenção é definido pelo fabricante da motocicleta. (Fig.11)

Fig.11 - Instalação do filtro de tela

Filtro de tela tipo “pescador”, localizado logo abaixo do câmbio. (Fig.12)


Fig.12 - Filtro de tela

Pistão danificado por ausência de lubrificante (Fig. 13)

Fig.13 - Pistão danificado

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