Sabe quando você aguarda ansiosamente pelo final de semana no qual vai comemorar o seu aniversário? Você conferiu a previsão do tempo na segunda-feira anterior e já sabe que pode fazer um churrasco, pois o céu estará limpo. Contudo, na quinta-feira o tempo muda e cai aquela tempestade no final de semana, e o churrasco que seria para os seus 50 amigos se transforma em um bolinho apenas para os integrantes mais íntimos da família. Uma expectativa parecida com essa tinha o consumidor brasileiro com a Ford, pois aguardava um motor 1.0 turbo há muito tempo.
Levando em conta as inovações da marca e que o Ford Ka é o 1.0 com três cilindros aspirado mais potente do mercado, eu aposto que a maioria dos consumidores gostaria de ver uma briga acirrada entre o 1.0 TSI do Volkswagen up! e o 1.0 Turbo, Hyundai HB20 Turbo e o... New Fiesta? Não, do Ka certamente seria o que o consumidor gostaria de ver. E digo isso levando em conta os números de vendas dos dois modelos da Ford: no acumulado de emplacamentos do ano, segundo a Fenabrave até o fechamento de junho o Ka já havia emplacado 34.571 unidades, ficando na terceira posição geral. Enquanto que o Fiesta, no mesmo período, teve apenas 7.865 carros emplacados, na 32ª posição.
O que é ainda pior é o preço do New Fiesta Ecoboost, é de R$ 71.990! O motor 1.0 turbo, da família EcoBoost, que você viu em reportagem de apresentação especial no Jornal Oficina Brasil de julho, tem 20 cv a mais que os propulsores 1.0 de três cilindros com turbo das concorrentes Hyundai e Volkswagen, com 125 cv a 6.000 rpm. O seu torque é de 17,3 kgfm de 1.400 a 4.500 rpm, movido apenas a gasolina (o Hyundai HB20 Turbo tem 15,0 kgfm e VW up! TSI, 16,7 kgfm de torque e são flex). O Ford New Fiesta EcoBoost chega para ser a versão topo de linha da gama Fiesta e por enquanto será oferecido, com este propulsor, apenas na carroceria hatch.
O Fiesta EcoBoost consegue médias de consumo de 12,2 km/l na cidade e 15,3 km/l na estrada, com nota A e selo Conpet do Inmetro. Além disso, que já é extremamente positivo, o veículo acelera de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos. De acordo com a marca, 90% do torque já está disponível a 1.500 rpm, que é a faixa mais utilizada no dia a dia.
Na versão Titanium ele vem equipado com sete airbags (dois frontais, dois laterais, dois de cortina e o de joelho do motorista), sistema de partida pelo botão e chave com sensor de presença, bancos de couro, rodas de liga leve de 16 polegadas, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis, espelho retrovisor eletrocrômico, piloto automático e ar-condicionado digital. O sistema de conectividade é o SYNC, com comando de voz, que tem também Assistência de Emergência, como nos demais veículos da marca.
Motor
Este propulsor 1.0 de três cilindros tem turbo, injeção direta de combustível e duplo comando variável de válvulas, bomba variável de óleo, correia banhada em óleo, coletor integrado ao cabeçote, sistema duplo de aquecimento e arrefecimento e sistema de resfriamento dos pistões por jato de óleo.
Seu turbo com solenoide, em vez de válvula “wastegate”, faz com que o motor tenha respostas rápidas, eliminando totalmente o “turbolag”, que é a demora para reagir ao pisar no acelerador. E na pista onde pudemos testar o veículo até o limite, foi possível perceber que ele tem boa arrancada em baixas rotações.
No autódromo Velo Cittá, no interior de São Paulo, o motor se comportou brilhantemente, suas retomadas eram satisfatórias, a saída é excelente e os freios respondem de imediato, mesmo após três voltas em ritmo intenso.
Na estrada, onde percorremos aproximadamente 100 quilômetros, o veículo foi ainda mais empolgante. As retomadas de velocidade e ultrapassagens ocorrem sem sofrimento, mesmo com três adultos a bordo. E o comportamento da transmissão neste percurso foi imperceptível, pois não atrapalhou o desempenho do motor.
Entretanto, o câmbio automatizado de seis marchas não conseguiu encontrar o seu lugar na pista do autódromo. Devido ao estilo de dirigir, que é completamente diferente do que se deve fazer em rodovias e principalmente na cidade, o esforço exigido é atendido pelo propulsor 1.0, mas a transmissão apresentou solavancos que mais pareciam uma frenagem brusca e, assim, perdeu tempo ao retomar velocidade. O curioso é perceber que este solavanco aparecia somente da segunda para a terceira marcha, nas demais o comportamento era “normal”.
De acordo com a Ford a retomada de 40 a 80 km/h acontece em 5,0 segundos e de 50 a 100 km/h em apenas 6,0 segundos.
Disputa acirrada
Pensando novamente nos concorrentes do Fiesta, a Ford alega que ele poderá brigar com hatches compactos, SUVs e até sedãs médios. Contudo, em um rápido comparativo de preço, já dá para perceber que a Ford está em desvantagem frente aos veículos da Hyundai e Volkswagen. O up! TSI mais barato parte de R$ 53.190. Já o HB20 Turbo mais em conta, na versão Comfort Plus, custa a partir de R$ 48.855 O Fiesta tem preço único de R$ 71.990. Apesar de o Fiesta ser o único dos três veículos citados a oferecer câmbio automatizado na versão turbo, o HB20 Comfort Plus já vem equipado com alarme, ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, chave canivete, computador de bordo, direção hidráulica, faróis com máscara negra, fixação ISOFIX, repetição de seta nos retrovisores, rádio com bluetooth, retrovisores e vidros elétricos.
Já o Volkswagen up! TSI, nas versões red, black e white, oferece de série ar-condicionado, sensor de estacionamento traseiro, faróis e lanterna de neblina, fixação ISOFIX para cadeirinhas de criança, controle de tração (TC), direção elétrica, rádio com bluetooth, vidros dianteiros elétricos e banco do motorista com ajuste de altura. Ou seja, por R$ 20.000 a menos que o Fiesta, vai ter muita gente preferindo trocar marchas manualmente em um HB20 ou up!.
O Fiesta é vendido em quatro versões, três com motor 1.6 Sigma aspirado e uma com propulsor 1.0 turbo. Não há mais opção com motor 1.5. Dentre as 1.6 estão a SE, por R$ 51.990 e transmissão manual de cinco velocidades; SEL com câmbio manual e automático por R$ 58.790 e R$ 64.990 respectivamente. Há também a Titanium 1.6 com transmissão sequencial por R$ 70.690 e a Titanium 1.0 turbo, também com câmbio automático, por R$ 71.990.