Oficina Brasil


10° Salão Latino-Americano de veículos elétricos: o futuro já chegou

Se há algum tempo atrás questionávamos a viabilidade tecnológica, hoje não cabem mais dúvidas acerca da eletricidade como forma de impulsionar veículos

Compartilhe
Por André Silva


Avaliação da Matéria

Faça a sua avaliação

Veículo Renault 100% elétricoVisitar o 10° Salão Latino-Americano de Veículos Elétricos, Componentes e Novas Tecnologias traz uma certeza: os automóveis elétricos são uma realidade. Se há algum tempo atrás questionávamos a viabilidade tecnológica, hoje não cabem mais dúvidas acerca da eletricidade como forma de impulsionar veículos, sejam eles delicadas bicicletas ou ônibus biarticulados de várias toneladas, passando pelos atuais carros da Fórmula-1. 

A energia elétrica nos transportes é mais do que uma possibilidade, é uma necessidade; afinal, o petróleo, como todos sabem, é um recurso não renovável, e a cada dia que passa as reservas diminuem, tornam-se mais custosas e passam a oferecer mais riscos ambientais no processo de extração. Não bastasse o fato de ser uma fonte finita de energia, a queima do petróleo, embora polua consideravelmente menos que há algumas décadas, produz o dióxido de carbono, principal causador do aquecimento global.

Motor híbrido do Toyota Prius

Levando em conta as questões climáticas e econômicas, a eletricidade é a principal, se não a única, alternativa viável ao petróleo. Aliás, o uso da eletricidade nos automóveis não é propriamente uma novidade, ela é utilizada para este fim há mais de um século, desde o começo do desenvolvimento dos veículos automotores. Naquele tempo os veículos eram elétricos, a vapor ou a gasolina. Mas com a descoberta de grandes reservas, e por conta de interesses econômicos de empresários muito influentes, o petróleo se tornou protagonista na indústria automotiva, sendo hoje utilizado por praticamente toda a frota mundial de veículos automotores. Mas isso vai mudar nos próximos anos, ou nas próximas décadas. 

Henry Ford dizia: “o passado serve para evidenciar as nossas falhas e dar-nos indicações para o progresso do futuro”. Simplesmente não podemos continuar neste ritmo crescente de utilização do petróleo. Embora se estime que as reservas sejam suficientes para mais cinquenta ou cem anos, não podemos esperar elas secarem para buscarmos outras opções.  E, sabidamente, a principal opção é a eletricidade.

Abastecimento do Nissan LeafHá algum tempo atrás se dizia que o principal empecilho para a utilização da energia elétrica nos automóveis eram as baterias, que utilizam metais “raros” na sua fabricação, e que seu descarte traria sérios impactos ambientais. Contudo, as reservas mundiais conhecidas destes metais, principalmente o lítio, são suficientes para fabricar mais de dez bilhões de carros elétricos, e, curiosamente, uma das principais reservas está na Bolívia, um dos países mais pobres da América Latina, que possui cinquenta por cento de todo o lítio disponível na Terra. Com relação ao descarte nocivo ao meio ambiente, essas baterias atualmente possuem vida útil que ultrapassa os dez anos, e são passíveis de reciclagem. Portanto, os argumentos contra as baterias tornam-se insustentáveis diante dos fatos.

É possível dizer que hoje não há obstáculos reais à adoção da energia elétrica na propulsão veicular, as tecnologias necessárias estão plenamente desenvolvidas, as matérias-primas necessárias são abundantes e o consumidor se mostra cada vez mais simpático aos veículos elétricos e híbridos. O que há é uma resistência dos fabricantes em se enveredar por um caminho sem volta e que a princípio pode não trazer as mesmas margens de lucro dos veículos com motor de combustão interna. Mas, cedo ou tarde, todos eles precisarão vencer esta resistência para continuar no mercado, e os que já iniciaram o desenvolvimento certamente terão grandes vantagens, técnicas e econômicas.

Comentários