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ZF Aftermarket e os desafios de atuar em um mercado cada vez mais complexo e diversificado

Em uma conversa exclusiva, Tales Miranda, Gerente Sênior de Desenvolvimento da ZF, falou sobre o crescimento da linha pesada, a aquisição da Wabco, a importância do reparador para o desenvolvimento de produtos, mercado sul-americano e muito mais!

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Por Wellyson Reis


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Fale um pouco de sua carreira, de sua trajetória e de suas responsabilidades na ZF? 

 Minha carreira no segmento de autopeças começou há 17 anos na área de Compras como engenheiro de produto e Gerente de Marketing e Produto na Valeo sistemas automotivos. Desde Abril de 2012 comecei a trabalhar na ZF do Brasil, onde fui convidado a assumir a posição de Gerente Sênior de desenvolvimento de produtos para a unidade de negócio do Aftermarket. Participei da fusão da Sachs com a ZF no Aftermarket e também da fusão entre ZF e TRW, sempre com o objetivo de prover e desenvolver os melhores produtos e informações de aplicação para o mercado independente de reposição. 

Com a aquisição da TRW em 2015 e a consolidação das linhas de produtos, quais os seus maiores desafios no desenvolvimento e gestão do portfólio de produtos? 

Sem dúvida foi um desafio muito grande, pois começaria a lidar com produtos novos, equipe nova, mas estabelecemos confiança mútua rapidamente e consequente sucesso de lançamentos ao mercado e aos clientes, inclusive de linhas novas como a de bombas de direção hidráulica, que rapidamente está evoluindo no mercado de reposição. 

Recentemente foi anunciada a aquisição da Wabco, cujo portfólio é mais voltado para a linha pesada, quais as sinergias e oportunidades que você está enxergando com esta aquisição? 

Sim vejo essa potencial aquisição como uma gama adicional, pois as linhas são mais complementares e não substitutivas, como servo de embreagem, a própria linha pesada de freios, entre outros. Vamos aguardar a finalização do processo de aquisição. 

A ZF é uma empresa global, com forte atuação em todos os países em que está presente, tanto no desenvolvimento de projetos com as montadoras, quanto no mercado de reposição. Como a sua equipe se beneficia desta posição mundial? 

As afirmações são corretas, pois a ZF hoje se encontra entre os top 3 sistemistas do mundo e não estamos nesta posição à toa.  Existe muito trabalho, reconhecimento da qualidade dos produtos e uma presença mundial forte por termos como política da empresa estarmos próximos dos clientes e termos foco em suas necessidades. Claro que esse posicionamento de nossos produtos e nossas marcas ajudam a inserção e crescimento no mercado, porém a empresa só é bem sucedida porque fazemos adicionalmente a esse posicionamento fortes trabalhos junto a todo o canal de reposição com programas como o Amigo Bom de Peça, Amigo Bom de Venda, Protech entre outros, que fazem com que essa posição da ZF se potencialize.  

Acompanhando a evolução da frota circulante nos últimos 30 anos é evidente o aumento da proliferação de marcas e modelos. Estudos da CINAU mostram que, em 1990 os 10 carros mais vendidos representavam quase 60% da frota, e as projeções para 2021 mostram que os 10 carros mais vendidos vão representar 35% da frota, como definir prioridades de lançamentos de produtos num cenário como esse? 

O Mercado de reposição vem mudando muito e rapidamente. Além da inserção de eletrônica e elétrica, a diversificação de modelos de veículos e consequente aumento de peças a serem lançadas está forçando que processos de lançamento de produtos se tornem cada vez mais eficientes e eficazes. Nós da ZF estamos melhorando nossos procedimentos internos com metodologias mais modernas para que essa eficiência seja constante e para não termos que priorizar, mas sim lançar o que é necessário para nosso mercado e no tempo que ele precisa estar disponível no mercado também. 

Sem contar com a Wabco, o portfólio da ZF Aftermarket é composto de 6 marcas e 32 linhas de produtos, como vocês se organizam para o estudo da demanda e definição do pipeline de lançamento de produtos? 

Essa resposta está diretamente ligada a resposta anterior, pois os processos estão sendo automatizados e melhorados para que essa demanda esteja o mais em linha possível com as necessidades de disponibilidade do mercado. 

Os desenvolvimentos tecnológicos na indústria automotiva estão todos direcionados à segurança, redução de emissões e aumento da eficiência energética, além de movimentos em direção a veículos híbridos, elétricos e autônomos. O que a ZF tem desenvolvido nestas áreas e qual o impacto destas inovações no mercado de reposição? 

Uma informação é certa: veículos híbridos, elétricos e autônomos entrarão no mercado, inclusive para atender futuras legislações, e a ZF já está presente em todas elas. Fechamos um dos maiores contratos de transmissões híbridas com a FCA e BMW, em que estaremos trabalhando para convergir todos esses componentes para o mercado de reposição. Algumas mudanças relacionadas a esse nicho de mercado já são uma realidade no Brasil e por esse motivo lançamos recentemente uma nova linha de pastilhas exclusivas para carros elétricos. Trata-se das pastilhas TRW Eletric Blue, além de eixos eletrificados, entre outros. 

Além de suas responsabilidades em relação ao mercado brasileiro, você é responsável pela América do Sul, cuja frota é ainda mais diversa do que a nossa. Qual a estratégia adotada para atender os demais países? 

Realmente se falamos de diversificação apenas no Brasil, imagine na América do Sul como um todo. Os países do Pacífico têm uma grande relação com plataformas asiáticas de veículos. Países como a Colômbia e Equador chegam a ter cerca de 60% de sua frota constituídas de plataformas asiáticas. Marcas como Mazda, Isuzu, Hino, Hyundai são muito fortes, com participações nesses mercados que jamais podemos imaginar nos dias de hoje para o Brasil. Por esse motivo temos extensão de nosso departamento de produtos na Argentina e na Colômbia, para que equipes locais possam colher mais informações desses veículos e fazermos programas específicos de lançamento de produtos para essas plataformas específicas. 

Sabemos que o processo decisório por uma marca e por um produto ocorre de fato, no ambiente da oficina mecânica independente, pelo reparador automotivo. Como vocês enxergam o papel deste profissional na formulação da estratégia de desenvolvimento de produtos? 

 Acreditamos que o mecânico tem um papel fundamental no desenvolvimento do produto. Tentamos ao máximo entender suas necessidades para repassar isso ao produto. Temos vários produtos que já fizemos alterações, justamente para atendê-los e trabalhamos fortemente para prover informação a esse elo tão importante da cadeia através de programas como o Protech, lançado durante o Congresso do Mecânico, que proverá instruções de montagem de nossos componentes por tipo de veículo. O Amigo Bom de Peça, que já emitiu mais de 51.000 certificados, QR code em etiqueta para dar uma instrução específica da montagem de determinados  componentes, entre outras ações específicas para atender este público.  

Aproveite este espaço para deixar uma mensagem aos nossos leitores. 

Primeiramente gostaria de agradecer a toda equipe da Oficina Brasil pelo espaço cedido para podermos falar dos produtos e programas ZF e dizer ao público que nós da ZF Aftermarket acreditamos e estaremos investindo muito no canal de reposição independente. Entendemos que com a digitalização, diversificação e eletrificação, mudanças ocorrerão rapidamente e já estamos trabalhando para nos adequar e não deixar os mecânicos sem uma resposta às mudanças. Em 2019 já lançamos mais de mil novas referências de nossas linhas de produtos ao mercado de reposição e estamos buscando inovações, novas linhas e novos processos para levar o melhor produto, informação e competitividade a todos os nossos clientes. Agradeço a todos pela confiança na ZF e aguardem que grandes surpresas serão disponibilizadas aos nossos clientes nos próximos anos. 

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