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SINDIPEÇAS destaca os principais desafios na indústria automotiva e como encara o futuro

Em uma conversa exclusiva, Cláudio Sahad, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), relata sobre o foco da instituição, a popularização da eletrificação veicular

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Por Da Redação


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Conte-nos um pouco de sua trajetória junto ao SINDIPEÇAS.

Sou sócio-administrador de uma empresa fabricante de autopeças, a Ciamet, fundada por meu pai em 1959, na qual atuo desde 1990. Frequento o Sindipeças há cerca de 25 anos e, nos últimos 12 anos, tenho feito parte do Conselho Superior e do Conselho de Administração da entidade. Também tenho atuado como delegado junto à Fiesp, desde 2017. Meu nome foi sugerido por Dan Ioschpe para sucedê-lo na Presidência do Sindipeças, confirmado pelos Conselho Superior e de Administração, e aprovado pelos associados em amplo processo eleitoral, ocorrido em fevereiro.

Certamente, um fator decisivo para a indicação foi minha atuação, nos últimos dez anos, em defesa dos pequenos e médios fabricantes de autopeças, segmento que tem merecido atenção especial da entidade com a criação de diversos serviços. As PMES são as fabricantes de componentes e constituem a base da cadeia produtiva do setor.

Quais os principais focos de atuação do SINDIPEÇAS?

Os desafios são muitos. A indústria automotiva mundial nunca passou por fases tão disruptivas. São muitas mudanças tecnológicas que exigem adaptação das empresas, como indústria 4.0, digitalização, inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT), para citar alguns exemplos. O papel do Sindipeças é, em primeiro lugar, prover informação de qualidade a todos os associados, principalmente às PMEs, que ficam mais distantes dos centros de decisão e precisam ter elementos para compreender as mudanças que já estão em curso.

Três frentes de atuação fundamentais do Sindipeças para a perenidade de nosso setor são a capacitação, por meio do Instituto Sindipeças de Educação Corporativa; a inovação, pelas ações do Inova Sindipeças, programa muito interessante de estímulos ao conhecimento e aos investimentos em PD&I por parte dos associados; e o fomento à exportação, por meio do projeto Brasil Auto Parts, parceria do Sindipeças com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento, a ApexBrasil.

Em relação ao mercado de reposição existe uma estrutura especial no SINDIPEÇAS para este mercado?

Há quatro segmentos de mercado para os fabricantes de autopeças: montadoras, reposição, exportação e intrassetorial (que é um fabricante de autopeças vendendo para outro, para a montagem de sistemas). As ações do Sindipeças têm o objetivo de manter os associados informados, como já expliquei anteriormente, para que o setor se mantenha competitivo e integrado ao mundo. Nesse sentido, nossas ações permeiam todas as áreas. Além disso, há comitês, formados por representantes de empresas associadas, constituídos segundo regras rígidas de compliance. Um deles é exclusivamente dedicado ao segmento da reposição.

Quais os principais segmentos da indústria de autopeças que são medidos pela área de economia do Sindipeças?

Como mencionei anteriormente, os segmentos de mercado da indústria de autopeças são montadoras (cerca de 58% do faturamento total previsto para este ano), reposição (19%), exportação (19%) e vendas intrasetoriais (4%).

Como o SINDIPEÇAS está vendo a revolução digital, em especial o comércio eletrônico de autopeças? O setor tem respondido na mesma velocidade e competição de outros mercados?

O Sindipeças, que representa cerca de quinhentos fabricantes de autopeças, localizados em vários Estados brasileiros, está sempre atento às mudanças velozes do setor da mobilidade. Um dos painéis do 3.º Encontro da Indústria de Autopeças, que promovemos em 20 de junho, vai tratar justamente das macrotendências na reposição. Vamos refletir sobre como esse segmento deve se preparar para o impacto da concorrência dos novos marketplaces e para a inovação trazida por digitalização, descarbonização e conectividade. Veja o programa completo. É muito interessante e abrangente.

O SINDIPEÇAS sempre atuou em sintonia com as demais entidades que formam os elos do canal independente como ANDAP, SINCOPEÇAS e SINDIREPA, esta união continua prevalecendo?

Sem dúvida. O segmento da reposição é muito importante para o setor de autopeças. Nossa ligação com as entidades desse segmento, bem representada no Grupo de Manutenção Automotiva (GMA), é importante, necessária e tradicional. Quero deixar claro para os leitores do Oficina Brasil que minha gestão vai dar prosseguimento à linha de atuação que o Sindipeças adotou nas gestões passadas. Eu já fazia parte da entidade e os dois presidentes anteriores, Paulo Butori e Dan Ioschpe, estão no atual Conselho de Administração do Sindipeças. Nesse sentido, certamente, manteremos a atual sintonia com as demais entidades, como Andap, Sincopeças e Sindirepa.

O SINDIPEÇAS tem alguma previsão para o desenvolvimento e popularização da eletrificação veicular no Brasil? Enxerga no Brasil o mesmo cenário que é encontrado na Europa?

O Sindipeças entende que várias tecnologias podem coexistir, atendendo especificidades de diferentes locais e formas de mobilidade. O mundo está aprendendo que a eletrificação 100% não é, por si só, uma solução para a descarbonização. É uma das formas, desde que a energia a ser utilizada no carregamento das baterias seja limpa. Considerando que o Brasil tem larga e produtiva experiência na utilização do etanol como combustível veicular limpo e sustentável, esse diferencial deveria ser considerado como opção para alguns países, combinado a outras matrizes energéticas. Por essa razão, entendo que em nosso País haverá bastante campo para desenvolvimento dos híbridos, com célula de combustível a hidrogênio, contido no etanol e no biodiesel.

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