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Fras-le destaca os desafios e novidades com a aquisição da Nakata

A fabricante expandiu sua atuação no mercado aftermarket ao anunciar a finalização do processo de compra de uma das maiores empresas do setor automotivo!

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Por Da Redação


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Neste mês, entrevistamos com exclusividade o Vice-Presidente Executivo e COO das Empresas Randon e CEO das Fras-le, Sergio L. Carvalho. Onde destaca o crescimento da marca e a fusão que combina a experiência em serviços de reposição das duas grandes companhias.

1 - Conte um pouco de sua trajetória profissional até os dias atuais?

Sou graduado em Física pela Universidade de São Paulo (USP) e tenho uma trajetória profissional internacional em empresas do setor automotivo, com grande experiência no desenvolvimento e gestão de negócios, e também com processos de fusões e aquisições. Atuei como Membro do conselho de diversas empresas na América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia, entre as quais cito minhas passagens como Vice-Presidente da Meritor (EUA), CEO e Presidente na Nelson Global Products (EUA), Presidente da Sypris Technologies (EUA), CEO e Presidente na Fuwa Heavy Industries (China) e fundador e CEO-Presidente da AXN Heavy Duty (EUA).

Cheguei nas Empresas Randon em 2017 com a missão da consolidação deste grupo como uma grande companhia global, em constante crescimento. Atualmente ocupo a vice-presidência executiva do grupo, e a gestão operacional de todo o conglomerado, como COO. Também estou como CEO da Fras-le, referência global de materiais de fricção para veículos comerciais. Faço parte ainda do HDMA - Heavy Duty Manufacturers Association no Estados Unidos e dirijo a seção Rio Grande do Sul do Sindipeças.

2 - O que representa para a Fras-le a compra da Nakata?

A compra da empresa Nakata Automotiva é o maior movimento de fusões e aquisições da história da Fras-le, com investimento de R$ 457 milhões. Uma união que combina a experiência de serviços em reposição automotiva das duas companhias e cria um dos três maiores fornecedores para mercado de reposição de autopeças no Brasil.

A sinergia construída entre as companhias vai desde a fabricação da variedade de componentes, até o atendimento e comercialização, destinados aos segmentos de veículos leves, pesados e linhas para motocicletas, incluindo conjuntos para suspensão, sistema de direção, e transmissão e soluções para freio.

3 - Como será a estratégia para manter a identidade da marca Nakata já consagrada no mercado?

A Nakata segue independente na sua linha de produtos, na oferta de serviços e na sua abrangência de mercado. Também seus produtos são voltados ao segmento de suspensão, direção e powertrain ao passo que a Frasle é mais voltada ao segmento de frenagem, de forma que existe uma segmentação distinta.

O que muda é que a Nakata será elevada para explorar mercados externos, com a expertise e atuação já consolidada da Fras-le em outros países. As estruturas não sofrem impactos neste momento. As áreas comerciais permanecem atuando de forma independente. A Nakata continua com sua equipe e políticas comerciais. Estamos trabalhando na complementariedade e sinergia significativas entre as operações existentes.

4 - Em termos de Grupo Randon e seu histórico recente de aquisições: Controil, Fremax, Jurid e agora NAKATA identifica-se um forte enfoque no mercado de reposição na linha leve, esta visão é correta?

Apenas para contextuar melhor, no grupo das Empresas Randon temos as divisões Montadora, Autopeças e Serviços. A divisão Montadora atua no segmento de semirreboques e vagões ferroviários. A divisão de Autopeças é bem diversificada com atuação nos segmentos de frenagem por meio das empresas Fras-le e Master, acoplamentos por meio da JOST Brasil, e suspensão e rodagem com a Suspensys e a Castertech. Todas as transações mencionadas e algumas outras não mencionadas, como a Fanacif (Uruguai), Farloc e Armetal (Argentina) e AFF (Índia), foram feitas pela Fras-le.

Nos últimos anos, o investimento que as Empresas Randon realizaram foi no sentido de executar um plano estratégico de negócios visando o futuro na expansão do portfólio, da capacidade e internacionalização das unidades, e em uma jornada de transformação tecnológica e de inovação. O segmento de reposição em geral representa a maior parte da receita da Fras-le, e os investimentos recentes visam sim reforçar nossa presença neste segmento. Porém, a ênfase em outras unidades de negócio é diferente com investimentos em expansão de capacidade, internacionalização e inovação e tecnologia voltados a montadoras de caminhões e ônibus e também a nossa própria divisão Montadora.

5 - Já que o assunto é reposição, pesquisas da CINAU (Central de Inteligência Automotiva) indicam que o ano de 2020 pode fechar (na linha leve e comercial leve) com uma demanda equivalente ou até superior a 2019, este aquecimento esta sendo percebido pelo Grupo neste segmento?

Sem dúvida. A necessidade de peças de reposição na linha leve vem reagindo positivamente depois do período inicial das restrições impostas pela pandemia, que reduziram a demanda em um primeiro momento. Esse movimento positivo é puxado pela recomposição dos estoques dos distribuidores, pelo aumento do transporte individual em comparação com o transporte coletivo, e pelos incentivos proporcionados pelo Governo, como o Auxílio Emergencial. Além disso, o câmbio favorável às exportações, e a reabertura de algumas economias no exterior, ajudou a atenuar os efeitos da redução de volumes, principalmente no mercado de veículos leves.

6 - A origem do Grupo Randon é junto a área de veículos pesados, mas paulatinamente a força na linha leve foi aumentando, inclusive com essas aquisições recentes, diante disso quanto representa cada segmento (leve\pesado) no faturamento do Grupo no âmbito de autopeças?

Temos muito orgulho do nosso modelo de negócio que é muito diversificado ao mesmo tempo que proporciona foco em cada segmento de atuação. Graças a isto emergimos mais fortes da crise de 2015/6 e da mesma forma já emergimos mais fortes desta crise também. O crescimento da linha leve contribui para esta diversificação ainda maior. A linha leve no grupo, com a transação da Nakata, representa algo como 26% da receita.

7 - Em relação ao mercado de OEM a atuação na linha de pesados como sistemista faz do Grupo Randon um dos grandes players, em relação à linha leve há a mesma estratégia de reforçar a participação no mercado OEM?

O mercado de OEM na linha pesada oferece maior liberdade nas aprovações regionais, o que tem oportunizado o crescimento de atuação das Empresas Randon. No sentido oposto, a linha leve tem por caracteristica aprovar marcas com footprints globais. No entanto, aos poucos, percebe-se uma mudança de comportamento que indica a priorização pelos fabricantes regionais. No nosso grupo, a Fremax tem conquistado bons negocios nas OEMs do Brasil.

8 – Com tantas marcas no mercado de reposição como o senhor enxerga o desafio de criar uma identidade homogênea?

Todo o portfólio de marcas comercializadas pelas Empresas Randon é forte e conceituado nos seus respectivos segmentos de negócio ou mercado de atuação. Com o acréscimo da Nakata ao nosso conjunto, seguiremos nesse mesmo caminho, potencializando as qualidades dos produtos, mantendo a liderança nos segmentos já conquistados, e naqueles em que ainda não for, trabalhar para alcançar essa meta, sempre entregando soluções de qualidade aos cliente.

Como grupo, buscamos fortalecer a unidade das marcas, apresentando todo o portfólio de todas as marcas, por exemplo, na participação em feiras, eventos e publicações, para mostrar essa força.

9 - A mesma questão surge no desafio tecnológico, pois novas áreas de engenharia são agregadas, como é o desafio de gerir tudo isso?

Do ponto de vista dos negócios, estamos focados em nos antecipar às novas tecnologias. Além disso, também estamos acelerando a inovação de produtos e os projetos transformacionais principalmente ligados à “smart manufacturing”, aumento de sinergias internas e externas, ganhos de eficiência e busca por novas frentes de negócios.

10 - A CINAU (Central de Inteligência Automotiva) desenvolveu uma ferramenta que possibilita aos fabricantes de autopeças identificar quais produtos terão demanda crescente ou decrescente para os próximos 5 anos. Esta ferramenta de chama SIDE-5 (SIMULADOR INTEGRADO DE DEMANDA) e nela são consolidadas 3 informações como ciclo de troca real (medido na oficina mecânica), a frota reparável e a distribuição/classificação das oficinas mecânicas no país. Atualmente com a frota de veículos cada vez mais diversificada, qual a estratégia adotada pelo Grupo para introdução de novos produtos no aftermarket?

Temos equipes de profissionais focados no estudo e observação do mercado, desenvolvendo produtos “up front”. O mercado de autopeças é dinâmico e precisamos acompanhar os lançamentos. A nossa estratégia é ter a peça certa, no lugar certo e na hora certa. Isso nos conduz a liderança no mercado de reposição e no desejo do consumidor.

11 - Esta última não é uma pergunta, mas um espaço para o senhor transmitir sua mensagem aos nossos nossas 53 mil oficinas e quase 200 mil profissionais da mecânica que trabalham nestes estabelecimentos e representam 70% do mercado de reposição. Fique à vontade para expressar o que quiser.

As Empresas Randon tem uma clara estratégia de crescimento. Esta estratégia varia conforme a divisão, mas no centro de tudo está o nosso cliente e os clientes dos clientes. Procuramos sempre ampliar as ofertas de produtos e serviços, mais treinamentos e capacitação, simplificação de processos administrativos, visando criação de valor para os clientes. No segmento de reposição, nossa estratégia de criarmos um “Powerhouse” tem como objetivo principal tornar as Empresas Randon líderes na fabricação e comercialização de autopeças, oferecendo uma solução completa de produtos “undercar” e fornecendo peças originais no mercado de reposição.

Temos feito muitas ações para viabilizar essa estratégia, como incremento do portfólio de produtos, digitalização dos processos comerciais, como o portal de pedidos e-commerce, o catálogo de produtos digital (autoexperts.com), participação em grandes eventos, como a mais famosa prova automobilística no Brasil, Stock-Car, onde todos os veículos disputam com produtos Fras-le e Fremax. Trabalhamos muito próximos dos mecânicos, proporcionando treinamentos e visitas técnicas regulares. Além disso, a Fras-le fez uma parceria com a Oficina Brasil para o programa Rota do Reparador, onde tem estreitado a relação e proximidade com os mecânicos.

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