Oficina Brasil


Edson Miyazaki, diretor da NGK, fala sobre as perspectivas do mercado brasileiro de reposição

Concedida com exclusividade para o Jornal Oficina Brasil

Compartilhe
Por Kamilla Vulcão


Avaliação da Matéria

Faça a sua avaliação

Concedida com exclusividade para o Jornal Oficina Brasil, nossa entrevista de novembro com Edson Miyazaki, diretor da NGK, comprova o foco da empresa no mercado de aftermarket independente, onde mantém ações com o reparador e o reconhece como o principal elo gerador de demanda na cadeia de reposição, compondo uma visão de mercado atual e comum às empresas líderes no segmento. Na conversa com o engenheiro também falamos sobre tecnologia, evolução dos produtos, suporte aos clientes e muito mais. Acompanhe.

Jornal Oficina Brasil: Vela de ignição pode parecer um item meio “comoditizado” do ponto de vista técnico, ou seja, não há muita tecnologia aplicada neste produto apesar do avanço da eletrônica embarcada automotiva. Esta percepção é verdadeira ou falsa? Por quê?

Edson Miyazaki: Esta tese não é verdadeira. A vela de ignição possui alta tecnologia embarcada e sua produção envolve aproximadamente 150 processos diferentes, todos intercalados por diversas checagens eletrônicas com o uso das mais modernas tecnologias de maquinário e robótica durante o processo produtivo. Além disso, o próprio produto evoluiu atendendo às necessidades dos novos projetos de motores e regulamentações de emissões de poluentes. Podemos exemplificar através da mudança dos projetos das velas, que nas primeiras versões não contavam com resistência interna, visto que os motores e veículos não possuíam nenhuma eletrônica embarcada. Hoje, as velas apresentam mudanças tanto em seu formato, mais fino e longo, para atender a evolução dos motores, como também mudança na ponta ignífera da vela de ignição (eletrodos), que auxilia no aumento da eficiência dos motores e, consequentemente, na redução das emissões de poluentes. As mudanças vão desde o formato desses eletrodos a utilização de novos materiais, por exemplo, a vela Iridium, que resultam em melhor ignibilidade e maior vida útil do componente.

JOB: Há perspectiva de avanços tecnológicos para velas de ignição? Quais são? O que os reparadores podem esperar em relação a este item?

Edson Miyazaki: Os avanços tecnológicos são constantes e se enquadram nos processos de fabricação, metais e tecnologias utilizadas, assim como na qualidade da cerâmica produzida. Não podemos falar sobre os próximos passos desta indústria, mas tecnologias como as das velas Iridium, que anteriormente eram utilizadas apenas para alta performance, são uma realidade cada vez mais presente  no setor automotivo e no de Duas Rodas.

JOB: Falando em evolução, a certificação IQA/Inmetro nas linhas de produtos NGK, haverá? Quais as vantagens para o reparador?

Edson Miyazaki: Os produtos NGK não estão contemplados, no momento, nesta certificação. Não é uma questão de evolução, mas sim uma proteção maior ao consumidor final, uma vez que a certificação garantirá a qualidade mínima dos produtos comercializados.

JOB: Recentemente a NGK divulgou um completo material técnico, alertando sobre o impacto da durabilidade das velas em função da má qualidade do combustível nacional. Como está a repercussão deste material? Quais as recomendações da empresa aos reparadores?

Edson Miyazaki: Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a nossa ação foi apenas de alertar o nosso consumidor de que um novo contaminante foi encontrado no combustível, as consequências deste contaminante nos componentes do veículo e lembrar que a vela de ignição pode ser uma fonte de diagnóstico e transmitir informações importantes, que vão da qualidade do combustível utilizado a problemas no motor do veículo. A recomendação da NGK é primeiramente ao consumidor, para que procure sempre um profissional de confiança caso ocorra qualquer sintoma como dificuldades de partida, falhas de funcionamento em médias e altas rotações, além de aumento do nível de emissões de poluentes e no consumo de combustível.

Quanto ao reparador, durante uma análise visual da ponta ignífera das velas de ignição, ele pode verificar um acúmulo de resíduos e identificar se ocorreu a contaminação.  A NGK do Brasil disponibiliza um cartaz de diagnóstico que orienta o reparador na análise visual. Este cartaz pode ser solicitado gratuitamente por meio do nosso Serviço de Atendimento ao Cliente.

JOB: Hoje em dia já há certo consenso entre fabricantes e alguns elos comerciais da cadeia de reposição de que o agente mais importante do mercado é a oficina mecânica, pois é ali que nasce a demanda. A NGK concorda com esta visão? Explique.

Edson Miyazaki: Concordamos totalmente. Por isso tratamos o mecânico como uma extensão da NGK no mercado. Ao mesmo tempo, vale lembrar que esta importância não se resume na escolha dos produtos NGK, mas também no cuidado durante o manuseio e na escolha correta do produto específico para cada aplicação. Por fim, o reparador é um constante alvo de pesquisas onde verificamos a possibilidade de aprimoramentos, a necessidade de treinamentos ou até mesmo, por meio deste, identificamos fatores externos que possam afetar nossos produtos, como no caso da presença de contaminantes em que os mecânicos nos forneceram preciosas informações para identificar e mapear o ocorrido.

JOB: Há muita especulação sobre o futuro do canal de comercialização de autopeças (convivência da cadeia tradicional com o fabricante, distribuidor atacadista, loja e oficina). Como a NGK enxerga este conflito?

Edson Miyazaki: A NGK do Brasil tem como política respeitar os canais tradicionais em que comercializa os seus produtos. Procurando manter os canais independentes (distribuidor atacadista, loja e oficina) e canais de montadoras, visando atender de forma mais ampla o consumidor final.

JOB: Falando em cadeia e eficiência, como a NGK enxerga o crescimento* da opção de compra do reparador junto às concessionárias? Isto também acontece no segmento de velas?  (* A CINAU -Central de Inteligência Automotiva- que acompanha por meio do IGD o hábito de compra da oficina, indica que de 2009 até hoje a compra média da oficina na concessionária subiu de 8% para 21%).

Edson Miyazaki: Sim, temos a mesma percepção e consideramos uma realidade de mercado.

JOB: Que ações de suporte a NGK mantêm para o reparador atualmente? Há perspectiva de novas ações para o futuro?

Edson Miyazaki: Os produtos da NGK do Brasil estão presentes em todo território nacional com equipes especializadas que atendem aos clientes e realizam palestras para oficinas em todas as regiões do país. Em outros casos, o próprio reparador solicita, por meio do nosso S.A.C. ou diretamente a nossa equipe, visitas presenciais nos estabelecimentos para a realização dos treinamentos. Por fim, a NGK do Brasil modernizou seu site facilitando o acesso dos profissionais do segmento e disponibilizando muito mais informações, e ainda, vídeos técnicos com informações de velas, cabos, sensores e terminais, nos quais os usuários podem realizar o curso online e receber o certificado de conclusão gratuitamente.

JOB: Qual a importância do mercado de after­market para a NGK? É possível ilustrar esta resposta com números?

Edson Miyazaki: Buscamos fortalecer o relacionamento com vendedores, equipes de televendas, profissionais de pós-venda e compradores, pois sabemos da importância que cada um deles tem no momento da escolha de nossos produtos, assim como reparadores. Ao mesmo tempo, nosso processo de produção implica em não diferenciar produtos destinados ao mercado de reposição (aftermarket) dos componentes remetidos ao mercado OEM (fabricante original do equipamento), oferecendo sempre a mesma qualidade, por isso, seja qual for a destinação do produto, temos total tranquilidade para apresentar nosso lema: pensou original, pensou NGK. Atualmente, a produção de itens automotivos da NGK do Brasil é voltada em 50% para o mercado de reposição.

JOB: E o mercado OEM?

Edson Miyazaki: É um mercado extremamente exigente e desafiador, proporciona à NGK o desenvolvimento de novas tecnologias dos produtos automotivos, fato que comprova toda nossa capacidade produtiva e a qualidade de nossos produtos. Presente na grande maioria dos fabricantes instalados no Brasil, nossos produtos e processos são reconhecidos e premiados por grande parte das montadoras.

JOB: Qual dos dois exige mais atenção da NGK?

Edson Miyazaki: Cada um deles possui características específicas e a NGK trabalha de forma uniforme, buscando oferecer a mesma qualidade em todos. A diferenciação de nossos produtos é feita apenas na embalagem, todo o produto que deixa nossa linha de produção obedece aos mesmos processos produtivos e análises qualitativas, podendo servir tanto ao mercado de OEM como o de aftermarket.

JOB: Fale um pouco da atuação da NGK no âmbito internacional.

Edson Miyazaki: Fundada em 1936, em Nagoya, no Japão, a NGK, atualmente, é considerada a maior fabricante e especialista em velas de ignição do mundo e possui forte presença em todos os continentes. Possuímos atualmente quatro centros tecnológicos, sendo um deles no Brasil, e 13 fábricas distribuídas em todos os continentes.

JOB: Nossa área de inteligência apontou um “buy trend share”, ou seja, a intenção de compra do reparador, na ordem de 71,1 % em velas de ignição. Este seria efetivamente o Market Share da empresa no mercado de reposição?

Edson Miyazaki: Sim, somos líderes no fornecimento de velas de ignição para o mercado de reposição, com mais de 70% de Market Share.

JOB: Estamos assistindo alguma iniciativa no comércio eletrônico de autopeças, como a empresa enxerga este canal para a oficina?

Edson Miyazaki: Uma ferramenta bastante interessante, que em muitos casos pode acelerar e facilitar o processo de compra para o reparador, mas que não deve substituir tão cedo o relacionamento tradicional entre o reparador e o varejista que, muitas vezes, é uma sábia fonte de informação.

Aftermarket e serviços para reparadores

JOB: Como se dá o acesso a informações sobre os produtos da marca? Quais são os canais de comunicação que a marca disponibiliza para os clientes do setor de reparação?

Edson Miyazaki: A NGK possui uma grande e efetiva equipe atuando no campo e mantendo uma comunicação direta com todos nossos clientes, além de disponibilizar os canais de atendimento como S.A.C., site e e-mail.

JOB: Existe algum treinamento específico para reparadores ou outros clientes do aftermarket?

Edson Miyazaki: A NGK valoriza extremamente a parceria com os varejos e reparadores, fortalecendo o relacionamento com todos os profissionais do setor. Este relacionamento é uma via de mão-dupla, com o aperfeiçoamento do profissional através de informações técnicas e também com a coleta da percepção que o cliente tem sobre os nossos produtos. Assim, proporcionamos mais de 300 palestras técnicas aos varejistas e reparadores.

Realizamos ações especiais que possibilitam aos profissionais do varejo e reparadores conhecerem nossa fábrica localizada em Mogi das Cruzes – SP, onde é possível verificar a complexidade do processo de fabricação de nossos produtos e comprovar todo o cuidado que temos no controle de qualidade para garantir que nossos clientes estão recebendo o melhor produto.

Participamos constantemente de ações como Pit Stop, em conjunto com varejos e associações de reparadores onde atuamos diretamente com o dono do veículo e oferecemos orientações sobre produtos e avaliações veiculares.

E, por fim, oferecemos visitas direcionadas em que atendemos a solicitações de visitas específicas aos clientes do varejo para realizar um suporte e esclarecer dúvidas. Recentemente, modernizamos o nosso site disponibilizando cursos completos, em vídeo, com informações sobre toda nossa gama de produtos e possibilitando a certificação destes profissionais.

JOB: Qual o feedback do reparador quanto as ações de suporte e informações?

Edson Miyazaki: Todas nossas ações são avaliadas junto aos nossos clientes e atualmente conseguimos detectar uma ótima aceitação junto ao reparador e varejo, onde o mais valorizado são as informações técnicas que são de extrema importância para o dia a dia do profissional.

Fábrica no Brasil

JOB: Alguma previsão de investimentos? Em comparação com as outras fábricas no mundo?

Edson Miyazaki: A NGK tem investido constantemente em suas instalações fabris para aumentar a capacidade produtiva e implementar novas tecnologias para aumentar nossa eficiência e competitividade.

JOB: Como se dá o processo de produção? Há aplicação de conceitos de sustentabilidade (social, ambiental e energética)?

Edson Miyazaki: A linha de produção da NGK do Brasil é bastante complexa, como dissemos anteriormente, a produção de uma vela de ignição, por exemplo, envolve cerca de 150 diferentes processos, todos intercalados por diversas checagens eletrônicas e a utilização de materiais e tecnologias bastante avançadas.

A NGK possui a certificação ambiental ISO 14001 que estabelece diretrizes sobre a área de gestão ambiental dentro de empresas. As ações e cuidados com o meio ambiente, na NGK do Brasil, passam pela preocupação com o consumo de água e energia elétrica, reciclagem de resíduos, investimentos na redução e reaproveitamento de líquidos residuais, reciclagem de banhos galvânicos, captação e utilização da água de chuva e modernização de equipamentos com motores elétricos de alta eficiência, além de auditorias periódicas em prestadores de serviços de coleta e destinação de resíduos.

 

Contatos NGK

Serviço de Atendimento ao Cliente: 0800 197112

Site:  www.ngkntk.com.br

E-mail: duvidas@ngkntk.com.br

Comentários