As novidades na linha de SUVs compactos estão agitando o mercado nacional, com o lançamento de Renault Duster, Jeep Renegade e Peugeot 2008. É pensando nesse público crescente que a Michelin resolveu lançar um pneu apropriado para o condutor que vive na cidade durante a semana, mas que não dispensa uma aventura leve durante os dias de folga, encarando trechos sem asfalto com o próprio carro. Segundo a fabricante, esse é o seu lançamento mais importante para o ano de 2015. Para apresentação do produto foi organizado um evento para coincidir com a Semana Internacional de Segurança no Trânsito, promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas), de 3 a 9 de maio, em Buenos Aires, na Argentina. Lá, pudemos conversar com os dirigentes da marca e entender um pouco mais sobre o mercado de utilitários do segmento B.
De acordo com Anoildo Mattos, gerente de marketing da Michelin, os países da América do Sul apresentaram crescimento do agronegócio nos últimos anos e eles já somam 30% do PIB do continente. Com a saturação da vida na cidade, muitas pessoas buscam refúgio no campo: “É nesse espaço que se vê a necessidade de ter um pneu de uso misto, o que traz maior mobilidade para quem trafega tanto na cidade quanto em estradas de terra”, argumenta o gerente.
Segundo Ruy Ferreira, diretor comercial de pneus de passeio e caminhonete da Michelin América do Sul, “esta demanda foi impulsionada por sua versatilidade, ou seja, por estes tipos de veículos serem fortes, robustos e adaptáveis a qualquer tipo de terreno”. Anoildo Mattos completa: “até 2018, após conversas com as montadoras, teremos lançamento de 18 carros de passeio (Crossovers) que vão precisar desse tipo de pneu e mais 30 caminhonetes e SUVs. Aproximadamente 50% das vendas de SUVs no Brasil são de versões aventureiras”. O gerente de marketing ressaltou a importância do reparador no momento de apresentar o melhor produto ao consumidor: “É importante que o reparador saiba para qual utilização será esse pneu. Muitas vezes o proprietário tem no seu carro pneus de utilização apenas para situações de pista pavimentada, pois muitos carros saem de fábrica com esses pneus. Para o dono do carro que tem um tipo de estilo de vida que vai buscar lazer fora da cidade, um pneu desse não vai atender à suas necessidades. Quando o reparador conhece o cliente, ele pode orientar o consumidor a comprar o pneu mais adequado para o carro.”
O pneu foi desenvolvido trazendo todo o conhecimento que a marca adquiriu em competições que participa, como o Rally Dakar e Rali WRC (World Rally Championship) calçando os veículos de algumas escuderias. Graças a isso o pneu tem sulcos que avançam nas suas laterais, reforçando-o, proporcionando maior robustez e tração. A tecnologia Compactread é a responsável por tais características, pois ela contém reforço entre os blocos de borracha que minimizam a deformação, aumentando a área de contato com o solo e maximizando a aderência no molhado. Assim, o Michelin LTX Force dura 35% mais que a média dos concorrentes.
Além disso, a Michelin comprovou que seu pneu consegue frear até dois metros antes que a média dos concorrentes em piso molhado: “Os testes realizados foram feitos com pneus com o mesmo tipo de utilização (mista) e os concorrentes foram Bridgestone, Pirelli e Goodyear”, disse Anoildo Mattos. Em situações de aquaplanagem em curva o pneu também se mostrou mais eficiente. Para tal, a marca disponibilizou duas picapes Toyota Hilux para o teste. Uma estava equipada com pneus LTX Force e a outra com pneus Goodyear.
Os testes certificados pelos institutos Dekra e TÜV SÜD utilizaram pneus na dimensão 265/70 R16 112T. Confira os gráficos abaixo:
NA PRÁTICA
A Michelin nos convidou para comprovar as qualidades do novo pneu no Autódromo Roberto José Mouras, próximo a Buenos Aires, na Argentina. Havia uma pista molhada com 1 mm de água para demonstrar a frenagem nessas condições com uma VW Amarok cabine simples. Primeiramente foram feitas as frenagens com o pneumático Bridgestone e depois foi feita a troca dos quatro pneus para o LTX Force, para que se estabelecesse uma comparação utilizando a mesma picape. Confira os números de 80 km/h a 5 km/h na tabela ao lado:
Com isso é possível perceber que em situações de risco o pneu Michelin consegue ser, na média, 2,8 metros mais eficiente que o Bridgestone.
Já para medir a aquaplanagem em curva, diferentemente do que é comum de se ver em testes (na reta), a pista foi molhada e criou-se uma camada de 7mm de água. A curva com raio de 100 metros foi pintada para dar referência de como o pneu Michelin conseguia fazer a curva a 80 km/h sem perder o contato com o solo, enquanto que o pneu Goodyear perdia o contato e quase saia da pista.
As duas Toyota Hilux utilizadas para essa prova eram aparentemente idênticas e os pneus estavam em boas condições de uso, conforme pudemos verificar. Os pilotos trocavam de carro, para não se ter a impressão de que um foi treinado para fazer o veículo sair da pista e o outro não. Além disso, a velocidade era a mesma: 80 km/h para os dois carros.
A empresa não programou os testes em pista seca pois, segundo Flávio Santana, engenheiro e gerente de produtos da Michelin para América do Sul, o LTX Force permanece na média de eficiência dos concorrentes. Normalmente, pneus mistos proporcionam mais ruído do que pneus apenas para uso urbano, por conta dos sulcos maiores. Perguntado sobre o barulho, Santana respondeu: “são 72 dB a 80 km/h quando se está fora do veículo. Ou seja, estamos na média do mercado”.
Os pneus começaram a ser vendidos no mês passado, mas em poucas aplicações: “serão quatro dimensões. Até o final do ano disponibilizaremos para o mercado 20 tamanhos, ou seja, 90% da oferta”, disse Anoildo Mattos. Das 26 medidas, 21 serão fabricadas no Brasil e cinco serão importadas da Tailândia. As larguras serão de 205 a 265/31. As séries de 60 a 80 e os aros de 15” a 18”. Quanto aos preços, a Michelin afirma que eles variam de acordo com região. Para as montadoras a novidade equipará, de fábrica, a VW Amarok, os Chevrolet S-10 e Trailblazer e o Ford EcoSport a partir do segundo semestre de 2015.