A Volkswagen Saveiro muda radicalmente para tentar voltar a ser líder de vendas da categoria, posto perdido para a Fiat Strada. Desde o seu lançamento em 1982, ainda com o então motor 1.6 arrefecido a ar (conhecido nas oficinas como 1.6 batedeira), a Saveiro sempre teve boa aceitação no mercado nacional, por oferecer manutenção simples, custo acessível e boa procura no mercado de usados.
Como nem tudo são flores, o número atual de vendas apontava para o inevitável: o modelo deveria sofrer uma profunda reestilização.
Para saber como ela ficou, confira agora as principais melhorias e mudanças incorporadas na versão 2010 cabine simples de 1.6 litro 8 válvulas com o pacote de acabamento Trend.
Teste dinâmico
Com o veículo devidamente abastecido com gasolina e exatos 250 kg de peso sólido na caçamba, partimos da cidade de São Paulo em direção a cidade de Londrina no estado do Paraná, a aproximadamente 540 km de distância. Como o percurso envolve aclives e declives, além de trechos de serra e longas retas, foi possível sentir que as relações de marcha poderiam ser mais curtas, pois em determinadas situações (incluindo ultrapassagens), o motor 1.6 ‘ficou pequeno’. O consumo médio apresentado foi superior a 10 km por litro de gasolina, mesmo sendo razoavelmente exigido, sem indícios de superaquecimento ou perda de potência.
A suspensão foi o ponto forte do modelo, pois mesmo carregada, em momento algum houve perda de aderência ou falta de conforto, muito pelo contrário, pois nesta situação o prazer na condução foi maior em comparação quando vazia. Os freios mostraram-se bem dimensionados e o ABS (opcional) fez a diferença em dois momentos durante o percurso.
Mesmo por baixo há espaço para a manutenção
Vista superior do 1.6 Total Flex
O acelerador eletrônico prioriza o menor consumo
Vista do sistema a tambor com roda fônica integrada ao cubo
Mantenha o defletor da pinça no lugar
O filtro de combustível fica fora do tanque
Vai levar a moto na caçamba? Saiba que nem todas cabem nela!
Motor
Logo ao abrir o capô percebemos que a posição de montagem mudou da longitudinal (de comprido), para a transversal (de lado), para favorecer o espaço interno do habitáculo, que cresceu em relação à versão antiga.
Agora a única opção de motorização é a de 1.6 litro e 8 válvulas Total Flex de 101cv (G) e 104cv (A) a 5.250 RPM, com 15,4 kgfm (G) e 15,6 kgfm (A) de torque @ 2.500 RPM. A opção por apenas este motor garante um menor custo de produção e conseqüente redução no preço final do veículo. Aliás, o modelo de entrada parte de R$ 32.958, podendo chegar a R$ 40.436 na versão cabine estendida topo de linha denominada Trooper (Tabela FIPE de 07/01/2010).
O óleo lubrificante recomendado pela Volkswagen deverá ser de base sintética, de viscosidade 5W40, num total de 3,5 litros incluindo o filtro de óleo.
Diferentemente do novo Polo 1.6 E-Flex, o reservatório de gasolina para partida a frio continua a figurar na Saveiro. Durante os testes, o sistema mostrou-se eficaz, mesmo nos dias mais frios.
Um fator positivo e que chama a atenção é pela generosidade e quantidade de aterramentos que o veículo possui. São vários espalhados pelo cofre do motor, tudo para garantir um perfeito funcionamento do sistema eletro-eletrônico de ignição e injeção de combustível.
A correia poli-v (acessórios) continua a virar a bomba da direção hidráulica, que é idêntica a utilizada na versão anterior.
O módulo da injeção e ignição está localizado logo atrás da caixa plástica que abriga o filtro de ar do motor, e o acelerador é do tipo eletrônico com borboleta motorizada, livre de cabos de aço.
Segundo o membro do Conselho Editorial do jornal Oficina Brasil e proprietário da Vicam Centro Automotivo, Amauri Cebrian Domingues Gimenes, “o acesso aos bicos injetores é um dos mais fáceis encontrados nos veículos nacionais e o sistema de escapamento parece ser de ótima qualidade”.
Transmissão e habitáculo
Os engates da caixa de marchas MQ200 de 5 velocidades a frente mais a marcha a ré, são precisos, sendo que o novo trambulador o convida a uma tocada mais esportiva. Conforme citado anteriormente, as relações estão excessivamente longas e ‘apagam’ o potencial do motor 1.6 Total Flex. Como a adoção desta configuração privilegia o consumo de combustível, foi graças a ela que a média figurou acima dos 8 km por litro de gasolina em perímetro urbano e acima de 10 km por litro no rodoviário.
O reparador não terá grandes dificuldades para a remoção da caixa, pois a posição ‘caída’ do motor em relação ao monobloco ajuda nesta hora.
O acionamento da embreagem é por cilindro hidráulico e dos garfos seletores das marchas por cabos de aço.
O interior evoluiu e agora o painel e volante passam a entregar superior status ao veículo, principalmente nos pacotes de acabamento Trend (idem a avaliada) e Trooper. O Conselheiro Amauri comenta que “nem parece que é uma Saveiro”.
O sistema de ar condicionado (opcional) requer o gás R134a num total de 450g, com 25g de tolerância para mais ou menos.
Mesmo a versão avaliada sendo cabine simples, a Volkswagen também passa a disponibilizar aos consumidores a versão com cabine estendida, de maior espaço interno e menores dimensões e capacidade de carga na caçamba. Aliás, a escolha da versão cabine simples foi o alvo deste comparativo, visto a geração anterior não dispor de cabine estendida. Na prática notamos que a caçamba da versão nova está ligeiramente menor em comparação a antiga. Como exemplo, apenas motocicletas de pequeno e médio porte cabem com a tampa traseira fechada, diferentemente da antiga, que abrigava desde motos pequenas, até de cilindradas maiores.
A vantagem fica por conta de um eficiente dispositivo de ajuda para abertura e fechamento da tampa, com amortecedor pressurizado integrado.
Para a descida do estepe o veículo conta com uma engenhoca que mescla uma engrenagem, com um cabo de aço, que desce ou o suspende através do auxílio da chave que acompanha o veículo. Basta abrir a tampa traseira para visualizar o bocal de encaixe.
Freios, Suspensão e Undercar
A nova Saveiro vem de fábrica com discos de freios ventilados na dianteira, com olhais indicadores de desgaste na superfície de contato e a tambor nas rodas traseiras. Opcionalmente o sistema anti bloqueio ABS poderá integrar o conjunto. A versão avaliada possui o equipamento, com a eletro-bomba localizada atrás do coletor de admissão. Na dianteira o encoder magnético para leitura do sistema está cravado no rolamento de roda e na traseira uma roda fônica metálica presa internamente ao cubo é a responsável pela geração dos pulsos para posterior leitura do sensor.
O reparador deverá ficar atento as condições da capa plástica defletora das pinças de freio dianteiras, responsáveis em canalizar o ar frontal e auxiliar no arrefecimento do sistema. Elas possuem lado e como são produzidas em material plástico, com o passar dos anos poderão quebrar-se e comprometer a eficácia e durabilidade do conjunto caso não sejam repostas.
O conjunto das suspensões dianteira e traseira é semelhante à geração anterior, do tipo McPherson com barra estabilizadora na frente e eixo semi-rígido atrás. Os pivôs dianteiros continuam a serem separados da bandeja e as molas do tipo helicoidal figuram nas quatro rodas. Os amortecedores são do tipo pressurizado.
Os pneus Pirelli Cinturato P3000 de medidas 205/60 R15 90T casam perfeitamente com o projeto do veículo, com boa aderência mesmo sob chuva intensa e baixa emissão de ruído quando em altas velocidades.
O filtro de combustível é produzido em material plástico e está localizado externamente do tanque, logo abaixo da longarina.