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Renault Fluence GT aposta no apelo esportivo. Reparador não será surpreendido

Nos anos 90 e início dos 2000, Fiat e Volkswagen possuiam seu modelo “mais apimentado” voltado para um público específico e considerado diferenciado

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Por Da Redação


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Se puxarmos pela memória, nos lembraremos dos Tempra Turbo, Marea Turbo, Golf GTi, Gol Turbo, Uno Turbo, dentre outros. Todos, na época, tinham em comum a dificuldade de manutenção encontrada pelos reparadores das oficinas independentes, a fragilidade dos componentes mecânicos e principalmente, o mau uso por parte dos usuários. Características básicas que fizeram, por algum tempo, que os turbinados caíssem em descrédito.

De lá para cá, carros esportivos haviam virado sinônimo de saias laterais e spoiler traseiro. E o principal: o conjunto mecânico do veículo permanecia inalterado.

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Com o avanço das tecnologias automobilísticas, a revolução da injeção direta e o aprimoramento dos materiais utilizados, os turbos alimentados têm ressurgido das cinzas. E é, neste cenário, que o Renault Fluence GT tenta ingressar. Ainda tímido, pois o pacote visual do esportivo poderia ser mais arrojado e sem o melhor que poderia ter (deveria vir com injeção direta, por exemplo), mas com excelentes soluções, como utilização de câmbio manual de seis marchas, o que oferece o máximo de esportividade. Este Renault inaugura o codinome “Renault Sport” em nosso país, muito famoso na Europa, por exemplo, em produzir o Clio V6.

NOSSAS IMPRESSÕES

Testamos um Fluence GT 2.0 16V Turbo, que foi cedido pela montadora francesa. Nesta matéria, acompanharemos suas características técnicas e a visão do reparador após seu primeiro contato com o veículo. 

Ao entrarmos no veículo, nos sentimos em um cockpit de um carro de corrida. Seus bancos de couro do tipo concha possuem costura vermelha o que lhe confere um visual mais agressivo e esportivo, que abraçam o corpo e lhe dão o equilíbrio exato entre conforto e segurança, principalmente em curvas de alta velocidade. 

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O desenho do painel de instrumentos também possui design único. Do lado esquerdo há o conta-giros e um alerta visual para auxiliar no tempo exato de troca de marchas. Do lado direito há um grande marcador digital de velocidade, conjugado ao de nível de combustível do tanque e também do medidor de temperatura do motor. Mais a direita há um pequeno computador de bordo. 

Guiar um veículo turbo já é uma experiência e tanto para os apaixonados por automóveis, mas o que dizer de dirigir um esportivo que te oferece o máximo de conforto? Bom, a experiência é no mínimo de deixar saudades.

Por ser um veículo comprido e largo, naturalmente, o Fluence já é um carro confortável. Agora, calçado com pneus 205/55 R17, esse conforto ganhou um pouco mais de firmeza, devido ao perfil baixo dos pneus, porém não deixa de agradar. 

O câmbio de seis marchas possui uma relação de marchas curtas, condicionando que, por exemplo, você seja orientado a utilizá-la em velocidades superiores a 70km/h. Lembrando que na versão GT, não há opção de câmbio automático, portanto, o “piloto” deve efetuá-las conforme seu gosto. 

Um detalhe para nós foi bastante interessante: em uso no circuito urbano, o consumo de gasolina ficou em 12,4km/l, nada mal para um 2.0 16V Turbo. 

 DETALHES

Com novo motor TCe 2.0 16V Turbo, o francês é capaz de atingir de 180cv aos 5.500 rpm e torque de 30,6 kgfm a 2.250 rpm. 

Transmitindo essa potência toda, temos uma caixa de câmbio de seis marchas à frente e uma a ré. O veículo ainda conta com direção eletro-assistida, suspensão recalibrada calçada por rodas aro 17” e pacote de alterações visuais que o deixaram como um verdadeiro esportivo.

NA OFICINA

Levamos o Fluence GT a Gigio’s Bosch Service, oficina localizada no bairro do Ipiranga, em São Paulo-SP, onde os reparadores Danilo Tinelli e Gerson Oliveira dos Santos nos ajudaram a avaliar o modelo.

O reparador Danilo comentou que o motor é igual aos 2.0 16V utilizados nos Scenic e Megane. “Apenas acrescentaram uma turbina e alteraram os coletores, mas de resto, não muda nada para nós”. 

 Ele ressalta que antigamente, em outros modelos da marca, havia um aparato enorme nesta região onde hoje está o coletor de admissão, que era utilizado para proteção da flauta e dos bicos injetores. “Porém agora eles avançaram este coletor para realizar a mesma função”, acrescentou.  “Pelo visto, o enquadramento da correia é o mesmo, devido aos dois selos laterais no bloco. O modelo possui regulador de pressão na flauta de combustível, embora já haja tecnologias melhores para tal”, concluiu o técnico. 

Danilo constatou que assim como nos outros modelos, para trocar a correia dentada haverá um pouco de trabalho, precisando retirar o coxim do lado correspondente, apoiar o motor com um cavalete nessa região e fazer o serviço. “O espaço para trabalhar no cofre é muito reduzido e o motor fica muito próximo a longarina”. 

“A primeira sonda lambda fica com o acesso muito fácil, está logo em cima”, comentou Danilo. 

Já Gerson, acredita que o espaço vai ser uma coisa louca para trabalhar, exceto por manutenções básicas como troca de filtros e retirada de bicos. “No resto, tudo é muito apertado, como troca de correias e, principalmente, de embreagem”, enfatizou. “No caso da manutenção de veículos turbinados, não temos grandes dificuldades, ainda mais quando as turbinas são do tipo convencional”. O reparador ressalta que nestes casos prefere encaminhar para um especializado em reparo. “Caso contrário, em caso de falhas graves recomendamos a troca”.

O técnico Danilo contou que iniciou sua experiência na oficina consertando alguns modelos turbinados, principalmente importados e os antigos Tempra e Marea Turbo. “Posso dizer que estes sistemas sobrealimentados não costumam dar tantos problemas, exceto quando o veículo é submetido a manutenções incorretas, como por exemplo, não respeitar período de troca de óleo e também a especificação correta, pois isso é o que garantirá a vida útil. Turbinas com controle eletrônico são também um pouco mais difíceis de reparar”, acrescentou.

 “Com a utilização de soft-wares corretos, o diagnóstico de falhas em turbinas de controle eletrônico é simples, semelhante aos diagnóstico de injeção eletrônica”, disse Danilo.

SUSPENSÃO

“O conjunto agregado da suspensão dianteira é novo e, aparentemente, não trará dificuldade ao reparador para executar a remoção, já que a traseira carrega a característica dos franceses com os amortecedores traseiros inclinados. Visualmente, acredito que a manutenção mais comum será em buchas da suspensão, assim como em outros modelos de várias marcas”, conta Danilo. 

  INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Danilo fez um comentário importante: “não somente nos modelos Renault, mas em outras marcas também, muitos reparos executamos baseados naquilo que conhecemos e adquirimos com o tempo de profissão, pois recebemos pouco auxílio das montadoras”.

DISPONIBILIDADE DE PEÇAS

“Não tenho problemas para encontrar peças da linha Renault, tanto em concessionárias como em distribuidores e auto peças. Como esse veículo é novo, encontraremos os itens em concessionária, mas após a disponibilização em outros mercados, partiremos para aquele que for mais vantajoso para nós”.

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