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JAC J5 foi bem avaliado na oficina, mas falta de informação técnica prejudica o reparador

Os veículos chineses estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia, podemos confirmar isso nas ruas. Pensando nisso, mostraremos que o JAC J5 também agradou os reparadores pela facilidade de manutenção. Mas informações técnicas...

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Por Fernando Naccari Alves Martins


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A JAC Motors chegou ao país em 2011 com um marketing agressivo voltado para mudar a má impressão que os brasileiros possuem de produtos “made in china”. Concorrendo no mercado com o Honda City, Ford New Fiesta e Nissan Sentra, o chinês possui uma vasta lista de itens de série, tais como: trio elétrico, faróis com regulagem elétrica de altura, faróis de neblina, ar condicionado digital, direção hidráulica, freios ABS e sensor de estacionamento traseiro.

Andando com o veículo pelas ruas da cidade, seu visual chamou muito a atenção e não podemos negar, bonito ele é.

MOTOR

Mas nem tudo são flores, realmente o motor 1.5 16V de 125 cv (15,5 kgfm a 6.000 RPM) desse JAC deixa a desejar. Até uns 2.800 RPM o J5 é fraco. Só a partir de então, notadamente, o comando de válvulas VVT atua, deixando-o um pouco mais esperto. Porém, é claro, com o ar condicionado desligado. Se o ligarmos, esqueça a esportividade. (Foto 1)

SUSPENSÃO

Na dianteira, é do tipo McPherson, e na traseira Dual link. Em curvas esta te passa a sensação de segurança. Mas, em relação ao conforto oferecido pelo modelo, podemos dizer que este é um ponto contraditório. Para uns a suspensão é dura demais, fazendo com que o carro “pule” em irregularidades da pista. Para outros, ela está bem acertada, principalmente para tráfegos em estradas. Portanto, depende muito do condutor e da forma de utilização. (Foto 2)

TRANSMISSÃO

O J5 está disponível no mercado apenas com o câmbio manual de cinco velocidades à frente e uma à ré, possuindo uma relação de marchas bem longa, fazendo com que reduções em ultrapassagens e retomadas sejam inevitáveis. O presidente da marca no Brasil, Sergio Habib, comentou que a partir do ano que vem a JAC tem projetos de implantar um câmbio CVT em alguns modelos, portanto, ao consumidor, basta aguardar por esta novidade, uma vez que o modelo não possui nem como opcional a transmissão automática (Foto 3)

Voltando ao câmbio manual, a troca de marchas ocorre de maneira precisa e com certa suavidade, exceto por alguns ruídos gerados pelo conjunto alavanca-trambulador. No começo, a sensação que temos é que, devido ao ruído associado à leveza na troca, o conjunto literalmente quebraria. Mas com o passar do tempo você acaba percebendo que isso não é um defeito e sim uma característica do modelo.

DETALHES

Sentimos falta de um computador de bordo, item que quase todos os veículos da mesma categoria possuem. Talvez esse seja um dos motivos que faz desse chinês um carro mais barato no ato da compra.

Segundo Sergio Habib, o J5 sofreu mais de 160 modificações nesse processo para torná-lo adaptado ao nosso país (Powertrain, suspensão e injeção), e ainda agradar o consumidor brasileiro em geral (detalhes estéticos internos). (Foto 4)

NA OFICINA

Para avaliar o J5 sob a óptica do reparador, levamos o veículo para a Auto Mecânica Scopino, onde os especialistas Pedro Luiz Scopino e Ítalo Alberto Silva Dias colaboram conosco nesta edição.

O reparador Ítalo, ao conferir as especificações do modelo, fez um comentário interessante: “um 1.5 16V com 125 cv? É bem potente esse motor, hein”. Ao abrir o capô e retirar a capa plástica do motor veio outro comentário pertinente: “este motor, pelo menos visualmente, é muito parecido com o do Corolla mais antigo”. (Foto 5)

Outro ponto foi destaque para Ítalo: “o carro oferece um ótimo espaço para o reparador trabalhar. A distância existente entre o motor e as longarinas é ótimo e, para a troca das correias de acessórios, basta retirar o suporte do coxim do motor. Esse espaço facilita muito o trabalho do reparador no dia a dia”.

Ítalo também comentou que outra questão importante é que este motor é dotado de corrente de comando, o que prolonga consideravelmente os períodos de troca do item. “Só não temos informação se a JAC recomenda a troca dessa com determinada quilometragem percorrida”, concluiu.

O reparador ainda fez uma descoberta importante: “a tampa do óleo do motor possui rosca invertida. Portanto, para abrir, vire para a direita e para fechar vire para a esquerda. Em caso de dúvidas, é só olhar a indicação presente na tampa”, orientou Ítalo. (Foto 6)

“O filtro de ar é fabricado em um material que possui uma durabilidade um pouco maior do que aquele de papel amarelo”, comentou Ítalo. (Foto 7)

“O sistema de arrefecimento ainda é de um projeto bem antigo, usando radiador selado com reservatório, semelhante àqueles usados na GM Caravan”, comentou o especialista Pedro Luiz Scopino. (Foto 8)

“Este motor é fixado de maneira semelhante ao I30 da Hyundai. Os quatro coxins ficam em posições semelhantes aos do coreano”, analisou Ítalo.

“O acesso ao sistema de injeção, incluindo os bicos injetores, é bem fácil. Esse carro não utiliza cabos de velas, e sim bobina integrada. Para manutenções neste sistema não há grandes segredos. Tudo tem um fácil acesso”, avaliou Ítalo.

“Estava curioso para saber se a tampa da caixa de fusíveis e relés já está traduzida para nossa língua. Ainda bem que está tudo em português”, disse Ítalo, surpreso. (Foto 9)

“O veículo utiliza corpo de aceleração eletrônica. Isso é um destaque que mostra que o veículo não parou no tempo”, comentou Scopino (Foto 10)

“A bomba de combustível também possui um fácil acesso abaixo do banco, porém, o conjunto é colado, o que não é bom em caso de manutenção. Neste caso, não há a garantia que ao retirar este e remonta-lo posteriormente, a vedação ficará bem feita. Não temos como saber qual o tipo de cola usada, assim, o normal é utilizar um silicone, mas isso não garante que a vedação fique correta”, comentou o reparador Ítalo. (Foto 11)

Ao tentar analisar o sistema com scanner, o reparador Ítalo notou que não há o programa para a JAC, apenas para outros modelos chineses como a Chery. Porém, ele aceita normalmente o OBD2. (Foto 12)

“A embreagem é do tipo hidráulica, podemos confirmar isso devido ao tipo de reservatório montado acima do servo-freio do veículo”, comentou Scopino. (Foto 13)

Outro componente fácil para a remoção em caso de necessidade é a central do ABS. “Os pórticos de identificação dos canais da central possuem identificação comum, não trazendo novidade ao reparador”, identificou Ítalo. (Foto 14)

Também no sistema de suspensão não existem grandes segredos, segundo o técnico Ítalo “não há nenhum trabalho adicional que seja necessário para realizarmos a manutenção na suspensão deste J5, tudo é bem simples e fácil de reparar”.

DESCONFIANÇA

Segundo o especialista Pedro Luiz Scopino: “O veículo é bem básico, assim como os coreanos no quesito reparação. Não tem segredos. Tudo é bem simples de reparar, não utilizam ferramentas especificas para travar correia e etc., é tudo realmente simplificado”.

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