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JAC J3 S inova em ser o primeiro da marca com a tecnologia flex, mas visual ainda é antigo

Além disso, sistema de partida a frio já não usa o ‘tanquinho’.  Do ponto de vista da reparação, modelo é bem simples e não traz novidades ao reparador, mas principal preocupação é com disponibilidade de peças para o mercado independente

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Por Da Redação


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Os veículos da JAC Motors têm se destacado em nosso mercado devido a proximidade na qualidade de seus produtos com os que são produzidos em nosso país pelas grandes montadoras.

Diferentemente dos outros chineses, os veículos possuem boa qualidade geral, rica gama de itens de série e preços atrativos. Porém, uma questão ainda o deixava para trás com a concorrência nacional: o motor era movido somente à gasolina.

Com o restante da gama de populares sendo totalizada por veículos flexíveis em combustível, o J3 ainda perdia muito mercado, não oferecendo o que a maioria dos clientes procuravam.

Não só isso, o J3 S, além de ser flex, traz o inovador sistema de aquecimento do etanol, dispensando a utilização do tanquinho de gasolina para a partida a frio, o que somente o novo Fox BlueMotion utiliza atualmente. Neste modelo, a JAC adotou um visual mais esportivo, com faróis de máscara negra e adesivos laterais (FOTOS 1 E 1B), que dão um visual mais “Racing” ao modelo. Já o motor utilizado é o 1.5 16V de 125cv (FOTO 1A), o mesmo que já era utilizado no sedã J5 da marca.

Foto 1, 1A e 1B

Ao contrário do que ocorre com a versão de entrada 1.3 16V, que tem desempenho fraco e muito semelhante aos veículos 1.0 8V, o 1.5 16V tem postura surpreendente. É tão agradável acelerar este carro que, invariavelmente, você se pegará pisando fundo no acelerador para atingir faixas de rotação maiores e ouvir o agradável ronco do motor e, consequentemente, maior torque.

Mas a esportividade do motor deixa de ser maior devido ao escalonamento longo das marchas. Entre uma troca e outra, a rotação tende a cair muito deixando o veículo com pouco fôlego nas retomadas.

Outro ponto negativo fica a cargo do design do veículo. A versão 1.3 16V já sofreu reestilização na dianteira e no interior, deixando o veículo com visual mais sóbrio e adequado ao gosto do brasileiro, mas esta versão, ainda carrega o visual antigo. Não sabemos o porquê dessa opção da montadora, mas isso deixa o J3 com visual antigo e, consequentemente, com mercado limitado.

NAS OFICINAS
Para realizarmos a avaliação deste veículo, que até o momento é o único chinês flex e um dos primeiros populares a contar com tecnologia que dispensa o uso de tanquinho de gasolina para a partida a frio, levamos o J3 S a empresa Eder Pneus, localizada em São Paulo e que possui ampla experiência em reparos de veículos do segmento de entrada. Dessa forma, o reparador Alexandre Moura Gomes (FOTO 2) de 43 anos de idade, dos quais 13 anos são dedicados à profissão, comentou sobre os principais pontos relativos à reparabilidade do modelo. Ainda contamos com a avaliação do reparador Gerson de Almeida (FOTO 3), da oficina Gigio’s Bosch Car Service, também de São Paulo-SP, que opinou sobre a manutenção do modelo.

Ao abrir o capô do J3, Alexandre esboçou surpresa: “Nossa... essa mecânica é bem parecida com as dos veículos japoneses, principalmente os da Toyota. Além disso, há bons espaços para trabalhar no vão do motor, isso é muito bom” (FOTO 4).

Na mesma linha de raciocínio, comentou Gerson: “O acesso ao alternador (FOTO 5), que é um componente de manutenção frequente em veículos deste segmento, é bem generoso. Em caso de remoção, isso será feito sem que tenhamos que remover muitas peças. Isso é muito bom! Gostei também da facilidade em podermos regular a tensão da correia deste, pois é um sistema bem fácil e preciso”.

Como os veículos da JAC possuem 6 anos de garantia sem limite de quilometragem, ainda é difícil encontrarmos reparadores que já efetuaram algum tipo de reparo neste modelo. É o que comentou Alexandre: “Ainda não realizei reparos neste modelo. Acredito que os proprietários estejam usufruindo dos serviços de garantia da marca, mas sei que, como vemos já bastante destes carros nas ruas, logo eles estarão em nossas oficinas. É questão de tempo”.

Sobre o motor 1.5 16V VVT, o reparador Alexandre observou: “Bom saber que este não usa correia dentada, mas sim corrente (FOTOS 6). Isso aumenta a durabilidade significativamente. Ainda noto que ele usa um variador de fase acionado eletro-hidraulicamente, algo que tem se tornado tendência nos motores atuais. Manutenções nessa área somente em casos em que o proprietário deixe de trocar o óleo no período correto, dessa forma, este atuador pode avariar devido ao surgimento de borras na região. Isso ocorre com certa frequência em veículos que utilizam sistema parecido”.
 

Foto 6 e 7

Alexandre ainda alertou com relação a tampa de óleo do motor (FOTO 7): “Esta tem rosqueamento no sentido anti-horário, e não no sentido horário, como é de costume. Prestem bem atenção para não danificar a peça em alguma intervenção”.

Com inovador sistema de partida a frio, a eficiência das partidas matutinas são asseguradas, deixando de lado o perigoso reservatório de gasolina. Mas, segundo o reparador Gerson, isso abre uma vertente para possíveis panes: “Os bicos injetores possuem um mecanismo eletromecânico associado a uma bobina eletromagnética (FOTO 8), que tem a função de receber a tensão e se aquecer. Isso ocorrendo por inúmeras vezes pode causar diminuição da vida útil do componente, pois a troca térmica na região será muito acentuada. Teremos que acompanhar com mais calma essa questão e ver o quanto o sistema é melhor que o antigo”.

No sistema de ignição do modelo, Gerson também encontrou uma solução inteligente dos chineses: “Observo que a engenharia utilizou o sistema de bobinas diretas (FOTO 9), sem a existência dos cabos de velas e com um módulo de potência incorporado. Isso com certeza trará maior durabilidade e eficiência ao componente, mas se as velas não forem substituídas no período correto, trará danos às bobinas, como ocorrem em algumas linhas que utilizam esse sistema”.

Na transmissão, também não haverão grandes novidades no momento da reparação. É o que comentou Alexandre: “A meu ver, os reparos nessa região serão semelhantes aos de outras marcas, sem nenhuma novidade. A sua remoção requer sempre cuidados, mas neste veículo não vejo complexidade. Os semi-eixos têm o sistema de engate rápido que, com a ferramenta adequada, são removidos facilmente e o espaço para trabalhar é bom”.

Em caso de remoção completa do câmbio, Alexandre orienta: “Existe um suporte central (FOTO 10) que pode ser removido junto com o coxim central de reação. Após isso feito, o vão fica livre e possibilita a retirada da transmissão sem interferências, não havendo a necessidade de soltar o quadro de fixação da caixa de direção”.

Andando com o J3 S, percebemos que houve relativa evolução quando comparados aos modelos anteriores, pois seu ajuste está mais firme, onde os antigos eram mais ‘molengas’. Sobre o sistema e suas características, Alexandre comentou: “A suspensão dianteira é bem robusta (FOTO 11). Seu dimensionamento apontam para uma suspensão firme e que aparentemente será bem resistente. Já em sua regulagem, como na maioria das montadoras, há possibilidade de se aferir apenas a convergência e o câmber e cáster são fixos. Já na traseira, também é possível regular a convergência (FOTO 12). Isso é muito bom, pois conseguimos corrigir imperfeições decorrentes do uso”.
 

Foto 11 e 12

Se a suspensão foi só elogios, a direção hidráulica tem ressalvas: “Por ser um veículo que propõe dentro de seu segmento ser de um custo menor, vejo que a montadora não dimensionou bem o sistema de direção hidráulica. É bastante incômodo o ruído que a bomba (FOTO 13) produz no momento do esforço rotacional. Acredito que a engenharia deveria colocar uma bomba um pouco maior para trabalhar menos esforçada. Os clientes reclamarão muito disso, mas não sabemos ainda o quanto isso poderá se tornar um defeito ou não, mas com certeza deveria ser melhor avaliado”.

Foto 13, 14, 15 e 16

Os freios (FOTO 14) do veículo se comportaram bem durante os testes de rodagem, não oferecendo nenhuma sensação de insegurança na condução. Já sobre sua reparação, Alexandre comentou: “A central do ABS fica numa localização boa e os chicotes são bem protegidos. Não percebo fragilidade para manuseá-los como ocorre em alguns modelos que, quando efetuamos um reparo simples no freio, danificamos sem perceber o sistema eletrônico do ABS (FOTO 15). Outra particularidade é que a roda fônica (FOTO 16) deste fica localizada no semieixo e não no rolamento, como ocorre na maioria dos modelos. Acho esse sistema mais funcional”.

Foto 17

Sempre há uma preocupação no momento de se desmontar um painel para uma simples troca de lâmpadas. Mas em alguns casos isso não é tão simples assim. É o que avaliou Gerson: “Este painel de instrumentos (FOTO 17) é fixado por parafusos e, após a remoção destes, devemos com cuidado puxar com as mãos para que a capa se solte das presilhas. Isso quando o carro é novo até resiste bem, mas com a ação do tempo com certeza vão quebrar, portanto, todo o cuidado é pouco”.

PEÇAS E INFORMAÇÕES
Referentes a estes dois fatores de influência direta na eficácia das manutenções realizadas nas oficinas independentes, Alexandre comentou: “No geral, vejo que esse carro não trará dor de cabeça ao reparador. Ele possui conjunto bastante simples e amplos espaços para trabalhar, portanto, agora é só acompanhar e ver o que vai fazer esse veículo chegar as nossas oficinas. A montadora ainda não divulgou nenhuma informação técnica sobre seus modelos, mas acredito que não precisaremos de nada em especial, mas no momento, o que nos emperra um pouco é a falta de aparelhos de diagnóstico que leiam sua ECU. Exceto isso, tudo é bem simples. Quando falamos em peças, a preocupação é um pouco maior, pois até o momento estamos presos às concessionárias e a sua disponibilidade de nos oferecer as peças, não há outra opção. No mercado independente talvez encontraremos itens simples como óleos e filtros comuns a outros modelos”.

Gerson também comentou sobre o tema: “Embora o carro possua característica de construção que favoreça a manutenção, de nada adianta isso tudo se não temos peças para trabalhar. Por ser uma marca nova e um veículo novo em nosso mercado, acredito que até o momento em que algumas empresas começarem a fornecer peças para este no mercado independente, dificilmente ele se estabelecerá firmemente em nosso mercado. Estamos presos a concessionária e, como já estamos acostumados, isso não é nada bom para nós e nem para o cliente final proprietário do veículo, que geralmente enfrenta demora no recebimento dos itens e peças a um custo elevado”.

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