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Hyundai i30 2015, apesar da garantia de 5 anos, seus antecessores já frequentam nossas oficinas

As novas linhas fluidas caíram muito bem no hatch médio da Hyundai e reparadores avaliam as novidades técnicas, virtudes e pontos fracos desta nova geração baseando-se na experiência com modelos anteriores

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Por Jorge Matsushima


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Quando foi lançado no Brasil pela importadora CAOA em 2011, uma agressiva e questionável campanha publicitária comparava o i30 2.0 com modelos Premium consagrados, e polêmicas à parte, as vendas do i30 da primeira geração foram um sucesso por aqui, alcançando 84.993 unidades vendidas entre 2009 e 2011, chegando a liderar o ranking de venda dos hatchs médios em alguns períodos. Em 2012, já sob o impacto do aumento de IPI para veículos importados, as vendas somaram 19.262 unidades. Em 2013 foi lançada a versão flex, mas com um fraco motor 1.6 compartilhado do HB20, e a resposta do consumidor não foi boa, com apenas 6.012 unidades vendidas. Em 2014 a queda continuou e as vendas ficaram em 5.181 unidades, mesmo com o novo motor 1.8 e o novo design. Em 2015 a situação se complicou com a valorização do dólar, e atualmente a versão completa do i30 2016 supera a casa dos 6 dígitos, e as vendas até o fechamento desta edição somavam apenas 1.800 unidades.

A Hyundai CAOA também foi pioneira na estratégia de oferecer uma garantia longa, de 5 anos, em uma clara tentativa de manter seus clientes fidelizados à sua rede; mas o consumidor logo pesou na balança as vantagens de manter o direito à garantia por vários anos, cumprindo rigorosamente todas as manutenções periódicas na concessionária, ou se após um ou dois anos de uso valeria a pena trocar a garantia pelas vantagens e comodidades da oficina de confiança. O fato é que o modelo tem a sua parcela de admiradores, e muitos deles já frequentam as oficinas independentes com alguma regularidade. E para avaliar as suas virtudes e pontos fracos, convocamos 3 experientes reparadores de oficinas selecionadas através do Guia de Oficinas Brasil, que são:

Renato Peres do Nascimento (foto 2), administrador de empresas, 30 anos, 15 anos no segmento. Começou nas empresas da família que atua há 35 anos no setor automotivo; e há cinco anos fundou a Natto Pneus em Alphaville na cidade de Barueri SP, onde atende bastante clientes da marca Hyundai na região (de 5 a 6 clientes por semana).

Cristian Donizete Malagutti (foto 3), 39 anos, 20 anos de mercado automotivo. Trabalhoupor 18 anos em outros centros automotivos, e no ano passado partiu para o negócio próprio fundando a KLM Pneus na Vila Maria, São Paulo SP. A KLM foi a primeira oficina credenciada pela Dunlop na cidade de São Paulo. 

Raul Issao Endo (foto 4), 50 anos, Técnico em Eletrônica e 35 anos de experiência em mecânica e eletrônica embarcada. A empresa Mecânica Kyodai, localizada no bairro de Moema em São Paulo, existe há mais de 40 anos e foi fundada pelo seu pai. 

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

O design realmente é um dos pontos fortes do novo i30 2015, que mudou bastante em relação à primeira geração, tanto na parte externa como na parte interna (Foto 5), e é elogiado por todos os reparadores. O painel de instrumentos recheado de recursos agrada a todos, e Raul comenta: “As linhas deste carro são muito bonitas, e em termos de design ele está à frente dos concorrentes diretos”.

Renato destaca os bancos em couro com detalhes de costura que se estendem ao painel, volante e manopla do câmbio, oferecendo um diferencial que valoriza o carro, e comenta: “Os bancos com múltiplas regulagens e comandos elétricos proporcionam muito conforto e é fácil conseguir uma ótima posição para dirigir. Os excelentes retrovisores proporcionam uma ótima visibilidade com poucos pontos cegos”. 

Cristian elogia o interior muito bem projetado: “bancos, comandos no volante, controles nas portas, painel e console, tudo à mão. Eles realmente capricharam na adequação da parte interna”. 

Há consenso também entre os reparadores de que o espaço interno é bom incluindo os assentos traseiros (foto 6), e o porta malas de capacidade média (foto 7) é compatível para a categoria.

A extensa relação de acessórios do i30 impressiona positivamente, e inclui teto solar panorâmico (foto 8); sistema multimídia integrado com tela de 7”, rádio, CD, MP3, USB, Bluetooth, navegador; ar-condicionado digital dual zone; sensores e câmera de ré (embutida atrás da logomarca na tampa traseira – foto 9); porta-trecos e porta-copos no console; apoiadores de braço central; pedaleiras com acabamento metálico; freio de serviço com acionamento eletrônico (o antigo era na alavanca) e retrovisores retráteis. 

Itens de sofisticação presentes normalmente em carros premium também fazem parte deste pacote, e Renato destaca a iluminação da maçaneta e retrovisor externo (foto 10) que facilitam a localização e abertura das portas em locais com pouca iluminação; enquanto Cristian aponta o piloto automático como item importante de conforto; e Raul observa o conjunto óptico (foto 11) com faróis de xênon com lavador; faróis de neblina em LED, e elogia a segurança com a adoção de 7 airbags incluindo proteção para o joelho do condutor.

DIRIGINDO O I30

O condutor pode escolher o modo de condução (foto 12) normal ou active eco drive (econômico); e a direção com assistência elétrica progressiva pode ser calibrada nas opções confort (macia e reações mais suaves); normal ou sport (mais dura e com reações rápidas).

 Renato descreve: “Este carro está muito melhor do que a versão anterior em termos de aceleração, conforto e estabilidade. A suspensão está bem mais adequada ao nosso piso, macia mas firme ao mesmo tempo. Ficou muito boa! Os antigos eram bem duros, seco e desconfortáveis e passavam muito as imperfeições do piso. Na simulação de slalom ele mostra ótima estabilidade, é firme e não desgarra, respondendo muito bem aos comandos do volante”.

Cristian testou o carro em um dia chuvoso, e narra as suas impressões: “Como reparador vejo por parte da Hyundai muita preocupação com o ser humano, seja pelo conforto, prazer em dirigir e passando pelos itens de segurança. Os veículos estão sempre em evolução, com mais eletrônica e sistemas embarcados a cada dia, e isto é um desafio estimulante para nós técnicos reparadores, pois isso exige muito conhecimento, atualização constante e equipamentos adequados”. E prossegue na sua avaliação: “O ruído interno é menor e muito mais silencioso do que na versão anterior, e o volante é bem firme com respostas bem rápidas no modo sport. No modo confort ele fica bem adequado para o uso urbano nas ruas de São Paulo. O carro é muito bom para manobras de estacionamento, e a excelente resolução da câmera de ré ajuda muito. A suspensão na versão anterior provocava muitos ruídos internos (muitos clientes reclamavam) principalmente na parte dianteira, e era um problema crônico. Este carro do teste está com 14.000 km e ainda está em ótimas condições, e nos trechos de ruas bem esburacadas e irregulares, mostrou um trabalho de absorção bem sutil e eficiente. Outro ponto que gostei bastante foi a visibilidade para frente, para os lados, para trás, e para cima com o amplo para-brisa e o prático teto solar panorâmico. Excelente”!

Raul lembra que a principal reclamação dos clientes que possuem a versão anterior é em relação ao desconforto decorrente da dureza da suspensão. “ O i30 primeira geração ficou marcado como um carro bom de estabilidade e curvas, mas desconfortável para o uso do dia a dia. Amortecedores, componentes da suspensão e principalmente a caixa de direção estão entre os itens mais afetados devido aos impactos sofridos por esta calibragem rígida. Esta nova versão está mais macia e confortável, e absorve melhor as imperfeições do piso. Precisa ver se a nova calibragem não deixou a suspensão mole demais, e se o problema recorrente de folga e ruído na caixa de direção foi sanado”.

PERFORMANCE E FRENAGEM

Os 3 técnicos têm a mesma opinião sobre o desempenho do carro, que consideram bastante adequado à proposta do veículo, com um bom torque e potência para o uso no dia a dia. Mas se a expectativa é por um verdadeiro esportivo de alta performance, ele está longe disso. No modo normal de condução, as respostas ao acelerador são boas, embora na retomada seja um pouco lento. A transmissão automática de 6 marchas foi elogiada por unanimidade pela suavidade nas trocas, ausência de trancos e ótimo escalonamento, e embora tenha evoluído significativamente em relação à versão anterior, todos lamentaram a ausência das borboletas (paddle-shifts) no volante para a troca manual de marchas. 

Renato complementa: “O ruído do motor é característico do Hyundai, mas na minha opinião fica em um nível bem aceitável para a categoria do carro. Não dá para comparar com um modelo Premium, mas em relação aos concorrentes nacionais fica tranquilo”. 

Cristian comprovou a eficiência dos freios nas ruas molhadas e irregulares de São Paulo e comenta: “Frenagem muito boa e eficiente devido ao ABS e EBD, sem trepidação, sem desvios laterais e sem travamento das rodas, mesmo na chuva. 

Raul elogia os itens de segurança, e a opção para o modo de condução econômico. Mas por outro lado sente a falta de alguns recursos presentes em concorrentes diretos, tal como o sistema auto hold no freio de estacionamento eletrônico, e opções para um desempenho mais esportivo (turbo por exemplo), pois a concorrência entre os hatchs médios é bem acirrada.

MOTOR

O robusto e estável propulsor 1.8 litros e 16V DOHC (foto 13) consome apenas gasolina, e gera potência máxima de 150 cv a 6500 rpm e um torque máximo de 18,2 kgf a 4700 rpm. No pacote técnico encontram-se diversas soluções que visam à redução de peso e melhoria da eficiência energética, tais como coletor de plástico com sistema de fluxo variável (VIS); bloco e cabeçote em alumínio; duplo comando (DOHC) acionado por corrente; duplo variador de fase nos comandos de admissão e escape (Dual CVVT); acelerador com controle eletrônico (ETC); alternador com gerenciamento de carga (EPMS – foto 14); injeção eletrônica MPI e ignição eletrônica digital mapeada. 

Renato observa e relata: “O capô aberto é sustentado por alavanca (foto 13), o que é aceitável, pois mola a gás, embora prática, é um item a mais para dar manutenção. O motor é diferente, tanto na aparência quanto na concepção. O comando é por corrente, bobinas individuais, injeção indireta mas bem próxima da câmara de combustão; coletor de plástico para ganhar vazão e aliviar peso. De um modo geral está mais fácil para trabalhar, e embora tenha aumentado o número de componentes, melhoraram os espaços e acessos para os serviços de manutenção (foto 15). A troca de filtro de ar, velas, bateria e filtro de óleo (foto 16) está muito tranquila. A ausência do protetor de cárter facilita o acesso por baixo, e como os componentes do motor ficam acima da linha do eixo, o risco é pequeno”.

Cristian recorda que fora as manutenções preventivas usuais, há uma baixa ocorrência de problemas nos motores Hyundai decorrentes de falha de componentes ou de projeto, pois a durabilidade e confiabilidade é muito boa. O procedimento para troca do óleo e filtro de óleo é muito simples, assim como o acesso aos componentes da injeção é bem tranquilo para uma limpeza de bicos, troca de bobinas, velas, sensores e atuadores. A troca de coxins (superiores são hidráulicos – foto 17) também é considerada bem tranquila e observa: “Atualmente os motores são fixados de forma a deslocar para baixo o trem de força em caso de colisão frontal de alto impacto, protegendo o habitáculo e as pernas dos ocupantes. Outro ponto que me chamou a atenção é a facilidade para leitura dos níveis de fluidos dos sistemas”. 

Raul também compartilha a percepção de que os acessos e espaços livres em volta do motor facilitam as rotinas de revisão e manutenção periódica, mas considera que a ausência do protetor de cárter deixa o motor muito exposto a poeira, sujeira e água espirrada por baixo, sem contar as pedras e outras saliências que podem danificar o cárter e a transmissão. Sua avaliação técnica sobre o propulsor é positiva: “É um motor 1.8 confiável e que gera bom torque e potência com consumo razoável e baixa emissões de poluentes. O uso de corrente no comando reduz a frequência e os gastos com manutenção, e evita danos maiores ao motor. Há muitos componentes eletrônicos a serem monitorados, lembrando que existem dois conectores de diagnóstico, sendo um com padrão asiático da montadora (foto 18), e o outro com padrão OBD Br-2 para o nosso mercado”.

TRANSMISSÃO

A transmissão automática Shiftronic A6GF1 de 6 marchas é compacta e confiável, e não costuma apresentar problemas de falhas ou desgaste prematuro. A sua remoção e recolocação é considerada tranquila pelos reparadores, e para facilitar ainda mais esta operação, alguns técnicos costumam soltar o agregado da suspensão dianteira para ganhar um espaço extra. Segundo Renato, o coxim do câmbio (foto 19) tem uma frequência de troca um pouco maior do que os superiores do motor, mas tudo dentro de um desgaste normal.

Cristian lembra que aos 90.000km recomenda-se a troca dos fluidos internos, que são específicos.

SUSPENSÃO E PNEUS

A evolução do comportamento da suspensão é um dos itens que mais chama a atenção nesta geração do i30. Na dianteira ela é independente do tipo Mc Pherson (foto 20), com molas helicoidais e amortecedores telescópicos pressurizados de dupla ação. Na traseira houve uma alteração, que em uma primeira análise parece ser um retrocesso tecnológico, pois o sistema independente multilink foi substituído pelo sistema “beam axle” semi-independente (foto 21) com eixo de torção, barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores pressurizados; mas o resultado final é muito bom, pois as características de boa estabilidade foram mantidas, e o ganho em termos de conforto é significativo. O pacote de segurança ativa inclui ainda os sistemas VSM (Gerenciamento Dinâmico do Veículo); ESP (Controle Eletrônico de Estabilidade) e TCS (Sistema de Controle de Tração).

Renato comenta:  “A suspensão do modelo antigo era absurdamente barulhenta e dura. Coxim do amortecedor, bieletas, pivôs e terminais apresentavam desgaste precoce e as trocas são frequentes; além do que muitos consumidores brasileiros não estão acostumados a andar com pneus de perfil baixo. Esta medida 225/45 17 não tem um perfil tão baixo, mas para as nossas condições de tráfego, ainda é um perfil agressivo. No lançamento do i30, atendemos muitos casos de estouro de rodas, pneus e componentes da suspensão e direção; mas aos poucos os consumidores começaram a se adaptar. O perfil utilizado é o mesmo do modelo anterior e uma medida fácil de se encontrar na reposição. O índice de carga é o 91 velocidade V. Existem opções com a lateral mais reforçada (94 W por exemplo) para evitar bolhas nas laterais como essa aqui (foto 22), que ainda é discreta, mas pode se agravar com o tempo. A estética das rodas é muito bonita (foto 23), mas no modelo antigo os apliques cromados se soltavam e faziam um incômodo barulho. Vamos ver se melhoraram isso”.

Cristian observa que: “À primeira vista a geometria da suspensão dianteira parece a mesma, embora a calibração seja bem diferente. O sistema Mc Pherson proporciona maior conforto, mas a deterioração dos componentes é maior pela posição de trabalho e a carga a que são submetidas. O sistema da suspensão traseira mudou com o eixo traseiro com perfil em V e barra estabilizadora interna, que proporcionam uma boa aderência dos pneus traseiros ao solo. Os pneus e aro de rodas foram mantidas nas mesmas medidas do modelo anterior, o que é positivo pois contam com amplas opções na reposição. No “undercar” é um veículo de fácil manutenção, desde o modelo anterior. Se o cliente efetuar as revisões em dia, terá poucos problemas. As buchas traseiras da suspensão dianteira sofrem bastante impactos para absorver as irregularidades do solo, e por isso precisam ser substituídas periodicamente; mas a troca é bem tranquila. Demais itens como amortecedores, bieletas, pivôes, terminais, bucha da barra estabilizadora, etc, é bem tranquilo. Não tenho registro de falhas ou fragilidades de componentes, apenas desgaste natural para as severas condições de nossas ruas e estradas”.

Raul também compartilha das mesmas opiniões positivas quanto à evolução da calibração e atuação do conjunto suspensão, e a facilidade dos procedimentos de manutenção e reparo, e observa: “Um item interessante é a adoção do estepe com pneu da mesma medida que os rodantes e acomodado dentro do porta malas (foto 24), o que o deixa menos vulnerável a furtos. Porém, a marca do pneu do estepe é diferente dos demais pneus, o que dificulta seu aproveitamento para rodagem”.

FREIOS

Os freios contam com os sistemas de controle de última geração (4 canais) com ABS (antibloqueio) e EBD (distribuição eletrônica de forças de frenagem). Os discos são ventilados na dianteira e sólidos na traseira. O freio de serviço conta com acionamento eletrônico.

Os reparadores consideram as rotinas de manutenção e reparos no sistema de freio bem simples, tanto na troca de discos e pastilhas quanto no acesso aos componentes do sistema ABS/EBD (foto 25).

Raul chama a atenção para um item relevante:  “O freio de estacionamento com acionamento eletrônico (foto 26) é uma evolução muito positiva, mas pode causar situações complicadas se travar acionado (foto 27). Nestes casos o reparador precisa saber qual é a estratégia alternativa de liberação embarcada (exemplo: algumas SUVs contam com uma trava mecânica para liberação das pinças). Se o destravamento só for possível via scanner, não é recomendável tentar um socorro na rua. O melhor a fazer nestes casos é solicitar a remoção deste veículo para a oficina com guincho plataforma”.

CAIXA DE DIREÇÃO

O sistema de direção com assistência elétrica progressiva Flex Steer, que oferece 3 opções de ajuste (confort, normal e Sport), é elogiado por unanimidade. 

Raul recorda que o modelo anterior do i30 também vinha equipado com caixa de direção elétrica, e na sua percepção e de muitos reparadores e clientes, era o ponto fraco do veículo, pois os problemas de folga e ruído eram recorrentes, e comenta: “ Por curiosidade, eu desmontei uma caixa dessas com avarias para investigar, e concluí que o problema estava em um pequeno disco de borracha localizado no acoplamento do motor elétrico com a caixa de direção. Esta peça (que deve custar alguns centavos) se desgastava prematuramente e gerava uma folga crescente, que provocava um grande ruído. Eu acredito que esta nova geração da direção elétrica progressiva e flexível já tenha solucionado este problema”.

OUTROS ITENS

Os reparadores registraram uma contradição no sistema de exaustão, pois se por um lado os abafadores (silenciosos) são confeccionados em aço inox, o que garante uma excelente durabilidade, em contrapartida o cano de descarga apresentava uma oxidação prematura (foto 28) para um carro com apenas 14.000 km e menos de um ano de uso.

Renato alerta que o filtro de combustível (gasolina) fica dentro do tanque, junto com a bomba de combustível.

Cristian e Raul concluem que a troca de lâmpadas, e fusíveis e relês na BCM (foto 29) é bem tranquila, com acessos bemprojetados.

Raul pondera que há um uso exagerado de plástico rígido nos acabamentos internos, o que ao longo do tempo provocará muitos ruídos internos.

Cristian constata: “A parte inferior do parachoque dianteiro continua raspando, mas o bigode foi separado da capa (foto 30), o que é uma ótima solução, pois no modelo anterior era parte da capa, e acabava pendurado pelas seguidas raspagens. Agora neste modelo novo não. Ele está mais protegido, esteticamente melhor e cumpre a função aerodinâmica, além de ser substituível”.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

Renato consegue à pronta entrega na concessionária próxima em Alphaville (Barueri SP) somente os itens de alto giro como filtros, itens de freio e suspensão, e relata: “Amortecedores já fica um pouco mais complicado, e as opções no paralelo não apresentam a mesma qualidade. Para reposição de peças de motor a oferta não é completa, e a exemplo da maioria das peças, só por encomenda, com prazo médio de entrega de 7 dias. Quando a própria CAOA Hyundai depende de importação, o prazo de entrega fica acima dos 30 dias, o que é péssimo para a oficina e para o cliente”. O mix de compra da Natto Pneus fica em torno de 70% no Distribuidor (itens de giro); 20% direto da fábrica (Pneus); 5% na Concessionária (Itens cativos ou de qualidade) e 5% no Varejo (itens emergenciais).

Já Cristian, que está na Zona Norte de São Paulo, avalia que para os itens de giro não há muitos problemas, pois para os amortecedores, pastilhas, coxins, filtros e sensores, encontra boas opções no mercado. Para os veículos Hyundai, na parte de coxins, batentes e amortecedores, prefere priorizar os itens genuínos. Para pastilhas e discos, os fornecedores de primeira linha já oferecem opções de qualidade no mercado paralelo. Alguns itens eletrônicos são cativos da concessionária, e quando não está disponível no estoque para pronta entrega mediante o pedido, em 24 horas a peça já está disponível. O mix de compra de peças da KLM Pneus é de 90% no Distribuidor (itens de giro e primeira linha); Concessionária 5% (itens cativos ou qualidade); 5% varejo (emergências).

Raul considera a Hyundai uma marca bem vinda na Mecânica Kyodai, pois tecnicamente não é muito complexo para trabalhar; mas encontra muitas dificuldades para fazer um simples orçamento de peças, pois a infraestrutura das concessionárias Hyundai próximas é precária, e o simples retorno sobre preço e disponibilidade de itens no estoque é bem demorado e comenta: “Aqui em Moema por exemplo, região que concentra um grande número de clientes da marca, a concessionária CAOA Hyundai simplesmente desativou o setor de peças, e agora a unidade mais próxima é bem distante, e com uma estrutura precária de pós-vendas. Outro ponto que questionamos muito é a política das concessionárias da marca de manterem em estoque somente os itens da curva A, o que prejudica clientes e reparadores, com o carro parado mais tempo esperando por itens de reposição. Isso só arranha a imagem da marca perante os seus clientes, e isso vai pesar na decisão quando chegar o momento da troca do veículo”. Na Kyodai, o mix de compra de peças é feito 60% em Concessionária (peças cativas, qualidade e preço); 30% no Distribuidor (itens de giro); e 10% no Varejo (emergenciais).

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Renato consegue as informações técnicas necessárias em literatura específica do setor; troca de informações com outras oficinas e suporte dos fabricantes de equipamentos de diagnóstico (scanner), e conclui: “Na concessionária o acesso a informações é bem limitado, mas os carros da Hyundai em geral dão pouca manutenção corretiva, talvez em parte devido à garantia de 5 anos. Mesmo nesse período, o consumidor vem aqui fazer o trabalho de undercar (pneus, freio, suspensão e direção) e acaba fazendo outros serviços também como troca de óleo, filtros, etc. É um carro bem vindo na Natto Pneus pois a rotina de manutenção é simples e rápida”.

Cristian tem um bom histórico com a marca, e comenta: “É um carro muito bem vindo na KLM, pois os procedimentos são rápidos. As informações técnicas Hyundai conseguimos diretamente nos aparelhos de diagnóstico (scanner), e temos contatos internos em algumas concessionárias e outras oficinas independentes.

Raul avalia que por enquanto não encontrou maiores dificuldades técnicas e detalha: “Alguns setores são um pouco mais complexos como a configuração da direção elétrica, sensor de ângulo...; mas para a injeção eletrônica e câmbio é mais fácil conseguir as informações. Com um bom relacionamento dentro da concessionária, pelo menos em partes é possível conseguir algumas informações técnicas. Uma sugestão é vincular a compra da peça com o fornecimento das informações técnicas para a correta execução daquele serviço. Hoje em dia é comum também efetuar um compartilhamento de serviços com a concessionária, principalmente em funções nas quais o scanner genérico não atua, como por exemplo em um telecarregamento”.

Sobre a questão técnica de um modo geral, Raul faz uma importante reflexão: “De um modo geral, os reparadores hoje estão enfrentando um novo e pesado ciclo de inovações na eletrônica embarcada dos veículos, aumentando os desafios para se manter atualizado, tanto em conhecimento quanto em manter equipamentos adequados e abrangentes. Os diagnósticos hoje são mais precisos, mas cada vez que se troca um componente eletrônico e se apaga os códigos de falhas, os sistemas de monitoramento exigem uma rotina de procedimentos adaptativos, ou seja, o novo componente deverá ser reconhecido por todos os demais sistemas integrados na Rede CAN, e somente após concluído os procedimentos adaptativos é que o problema estará definitivamente sanado, e isto ainda é desconhecido por muitos técnicos do nosso setor”.

RECOMENDAÇÃO

Renato recomendaria o carro pelas suas virtudes e pela evolução em relação ao modelo anterior, mas pondera que pelo preço cobrado, o consumidor tem outras boas opções com mais tecnologia embarcada. Mas se o cliente gosta do design, e está disposto a pagar o preço sugerido, ele endossa a escolha do cliente.

Cristian recomenda a compra, pois é um veículo com muitos itens de conforto, segurança e belo design, ou seja, um carro muito bem projetado, atualizado e seguro para os seus ocupantes. “Tenho amigos e parentes que compraram modelos da Hyundai pela minha indicação, e todos estão bem satisfeitos. Até momento não enfrentei problemas com peças de reposição ou dificuldade para obtenção de informações técnicas. Porém, eu alerto sobre possíveis demora na obtenção de peças de carroceria em casos de colisão (funilaria e pintura) tais como faróis, lanternas, retrovisores, parachoque, lataria, etc. Nestes casos tenho relato de longas esperas decorrente da falta de peças de reposição, e isso é muito ruim para o cliente que precisa do carro; para o reparador que precisa liberar o serviço, e para a montadora que desgasta a sua imagem perante o mercado.

Raul recorda que entre 2010 e 2011 o i30 foi o líder de vendas no segmento dos hatchs médios, mas no cenário atual, fica devendo dentro da categoria pois todos os seus concorrentes diretos evoluíram. “Eu recomendaria para quem procura um carro urbano, confortável e gostoso de dirigir, com cara de esportivo; mas pessoalmente, eu prefiro carros mais potentes e com pegada mais esportiva, e pelo preço do i30, há opções mais interessantes no mercado”.  

CONCLUSÃO

Técnica e esteticamente, a nova geração do i30 seria uma excelente alternativa de mercado, mas os impostos incidentes sobre carros importados, somados à alta do dólar, o colocam em nítida desvantagem, e a expressiva queda nas vendas do modelo coreano comprova esta avaliação. O certo é que a frota circulante de mais de 115 mil i30 das duas gerações que rodam pelo país afora podem contar com os reparadores independentes para continuarem circulando sem maiores problemas, desde que a CAOA não se descuide da reposição de peças, e procure aprimorar os canais de relacionamento com os verdadeiros responsáveis pela manutenção e satisfação da grande maioria dos clientes Hyundai.

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