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Com conjunto mecânico elogiado pelos reparadores, J2 pecou por detalhe fundamental

O carro demonstrou diversas qualidades que limparia a má fama dos chineses no mercado, mas falha no limpador de para-brisas nos deixou com um pé atrás. Na oficina de reparação o carrinho foi só elogios.

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Por Da Redação


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foto_abre_embreveO carro demonstrou diversas qualidades que limparia a má fama dos chineses no mercado, mas falha no limpador de para-brisas nos deixou com um pé atrás. Na oficina de reparação o carrinho foi só elogios.

Pequeno, bonitinho, ágil, confortável e econômico... Vários são os adjetivos que podemos utilizar para descrever o que é guiar um JAC J2 pelas ruas das grandes cidades, mas podemos utilizar outro para defini-lo mais fielmente: Valente!

Sim, valente. O chinesinho conta com um motor 1.4L 16V de 108cv que encara o trânsito das grandes cidades com desenvoltura, deixando o pequenino ágil em ultrapassagens e retomadas. Tudo isso associado a um câmbio manual de cinco marchas bem escalonado, com exceção da primeira para a segunda marcha, que nos dá a impressão de que o motor “demora demais” para “pedir” marcha.

Ainda no quesito ‘valentia’, a suspensão do J2 é bem acertada, não oferece trancos ou barulhos quando guiado em uma superfície irregular, nem mesmo buracos fazem com que a imperfeição seja sentida em demasia pelo condutor. É confortável e ao mesmo tempo firme, enfim, não decepciona.Com relação ao consumo de combustível, o “Jotinha” também não decepcionou. Favorecido pelo seu baixo peso (915kg), ele atingiu a média de 11km/l em circuito urbano e 13,7km/l em circuito rodoviário.

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 O espaço interno também foi muito bem aproveitado, onde quatro adultos viajam tranquilos dentro do veículo, embora ele seja especificado para cinco ocupantes. Mas todo o espaço interno disponível no interior ficou faltando no porta-malas. Neste se torna praticamente impossível realizar a famosa “compra do mês”, ou até uma pequena viagem, onde o espaço disponível é de apenas 121 litros.

SURPRESA BOA

foto3Uma surpresa considerada boa pela equipe do Jornal Oficina Brasil, é o fato do J2 possuir regulagem de altura do volante. Neste caso, não é só o volante que se movimenta quando desejado, o pequeno painel do veículo (Foto 3) também se move em conjunto com a coluna de direção, solucionando os problemas de visualização dos marcadores, algo que afeta usuários de diferentes alturas em um mesmo veículo, independente da marca.

 

 SURPRESA RUIM

embreve04Como nem tudo são flores, em uma bela noite chuvosa na cidade de São Paulo, o limpador de para-brisas do veículo, que neste modelo é único, estava funcionando na velocidade média. Porém, a intensidade da chuva aumentou, tornando necessário ativar a última velocidade. Em menos de um minuto depois, ouvimos “estalos” altos, e o braço do limpador parou na parte inferior do para-brisa (Foto 4). Desde então, ficamos com o veículo sem poder utilizar este importante e vital item de segurança para a condução. Seria este um sinal de fragilidade?! Vamos acompanhar o histórico desde carro em nossas oficinas e saber na verdade se isso foi um defeito característico do modelo ou se realmente tivemos uma má sorte.

 

 

 

 

NA OFICINA

embreveAvaliamos o modelo na oficina Gigio’s Bosch Car Service, localizada no bairro do Ipiranga, São Paulo-SP, onde os reparadores Danilo José Tinelli, Ocimar Souza Garcia e o proprietário Gerson de Oliveira, deram suas opiniões sobre as características técnicas e de manutenção do mais recente lançamento da JAC em nosso mercado.

Ao entrar no veículo, o reparador Gerson fez uma importante observação: “Um ponto que deve ser repensado é a utilização de iluminação constante do painel de instrumentos (Foto 5), pois esta costuma confundir o usuário dando-lhe a impressão que os faróis estão ligados, quando na verdade, somente o painel está aceso”.

 

 

MOTOR E CÂMBIO

foto6“Interessante é que este modelo possui rosca esquerda na tampa de abastecimento de óleo (Foto 6), assim, temos que tomar cuidado na hora de uma simples troca de óleo para não apertarmos ao invés de soltarmos a tampa, este descuido pode causar danos ao componente”, comentou Danilo. “É visível que o projeto do sistema de arrefecimento deste motor seja inspirado nos modelos da Toyota (Foto 7), pois o deste JAC é muito semelhante aos usados no Corolla”, acrescentou.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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O reparador ainda acrescentou que do ponto de vista da manutenção, há outro fator que conta como positivo para a JAC, que no caso é a utilização de corrente de comando ao invés de correia dentada, muito mais durável sendo praticamente livre de manutenção, desde que sejam respeitadas as trocas de óleo no momento e na especificação recomendada pelo fabricante.

 

 

 

 

 

“O motor em si tem aspecto muito similar aos da Toyota (Foto 8), inclusive os bicos injetores ficam posicionados na parte frontal na mesma região e com flauta de combustível também muito parecida com as do Corolla”, comentou Gerson.

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“O motor de partida (Foto 9) tem bom acesso e é bem fácil de remover pela parte inferior do veículo, basta remover o protetor de cárter”, disse Danilo.foto9

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

embreve10“O alternador do modelo (Foto 10), assim como outros itens que já citamos, também parece com os usados na linha Toyota”, acrescentou Danilo.

 

 

 

 

 

 

“As conexões do escapamento também são bem resistentes e o próprio escapamento aparenta ser construído em material de boa qualidade, o que evitará a corrosão precoce dos abafadores como é bastante comum em veículos mais simples”, avaliou Gerson.

foto11“O coxim do câmbio (Foto 11) possui fácil acesso em caso de necessidade de remoção”, acrescentou Souza.

“Ao contrário do que é tendência nos novos veículos (embreagem hidráulica), este modelo conta com embreagem a cabo passível de regulagem”, disse Souza.

 

 

 

 

INJEÇÃO E ELÉTRICA

foto12“O módulo de injeção eletrônica deste carro fica localizado junto à parede corta fogo (Foto 12), atrás do bloco do motor, mas isto na prática faz com que acabe recebendo todo o aquecimento do motor sobre si, assim pode, ao longo dos anos, causar danos”, comentou Souza.

 

 

 

 

 

Souza ainda acrescentou “a bateria (Foto 13) é bastante similar às usadas no Honda Fit”.embreve13

 

 

 

 

 

 

embreve14“A Régua de relés é bem grande (Foto 14) e está com linguagem traduzida, coisa que raramente acontece, pois na maioria dos importados estas vêm com a língua do país de produção e quando é traduzido, está em inglês. Da forma como está, facilita muito nosso trabalho”, aprovou Gerson.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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“Este veículo utiliza sistema para manutenção da bomba de combustível semelhante aos outros veículos do mercado nacional, ocorrendo por baixo do banco traseiro (Foto 15), porém, este conjunto aparenta ser colado, o que causa um complicador no momento da remoção e posterior fixação deste”, comentou Danilo.

 

 

 

 

 

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Outro ponto avaliado pelo reparador Souza foram os conectores dos chicotes da injeção: “Estão muito abertos e não possuem boa vedação, ocasionando em caso de enchentes, por exemplo, entrada de água, podendo causar assim falhas no funcionamento do veículo e até danos irreversíveis”.

“Este motor já conta com sistema de ignição com bobina integrada (Foto 16), que oferece uma condição de funcionamento muito melhor que o sistema antigo à bobina e cabo de velas, porém, acaba ocasionando uma elevação no custo da manutenção”, disse Souza.

 

 

SUSPENSÃO E FREIOS

foto17“Conjunto de suspensão dianteiro parece ser bem resistente, utilizando bandejas e amortecedores bem construídos e bieletas curtas que, no geral, possuem maior durabilidade que as longas, mais comuns na grande maioria da frota”, avaliou Souza. (Foto 17).

 

 

 

 

 

foto18“O terminal de direção é muito reforçado, chega a surpreender”, comentou Danilo. (Foto 18)

 

 

 

 

 

 

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“Visualmente o conjunto de suspensão tanto dianteiro quanto traseiro (Foto 19) é muito reforçado, possuindo chapas bem grossas na construção. Se analisarmos o porte do veículo e seu peso, podemos dizer que será bastante resistente”, disse Gerson.

 

 

 

 

 

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“Na frente este JAC usa freios a disco ventilado (Fotos 20 e 21) e na traseira sistema a tambor (Foto 22)”. Souza ainda acrescentou “geralmente vemos discos ventilados em veículos de porte médio à grande, em um carro pequeno como este é bem raro”.

 

 

 

 

 

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 PEÇAS E INFORMAÇÕES

“No geral, o JAC J2 possui manutenção muito simples e na oficina de reparação não causará grandes dúvidas ao reparador, qualquer manutenção dele surpreende por ser simples”, comentou Souza.

“Apesar de a manutenção aparentar ser bem simples, minha preocupação maior é com a disponibilidade de peças no mercado, pois este sendo o veículo de entrada da marca, tende a ter maiores vendas e consequentemente, maior frequência em oficinas independentes”, comentou Gerson.

Gerson ainda acrescentou: “fiquei sabendo que a concessionária da marca do bairro da Lapa em São Paulo ficou encarregada da venda de peças ao mercado e que disponibiliza a grande maioria com prazo de sete dias, assim, manterá o padrão de outras montadoras que ofertam o mesmo prazo, porém, será que cumprirão mesmo este prazo? Tenho minhas dúvidas!”.

Souza complementou: “parece ser um ótimo carro sim, mas no caso de peças, fica complicado porque ficamos restritos às concessionárias e a disponibilidade delas e isso limita muito a eficiência do nosso trabalho”.

No quesito “informações técnicas”, todos os reparadores foram unânimes nos comentários: “informação técnica zero da marca para o mercado de reposição, teremos que usar a nossa prática diária, do nosso conhecimento adquirido para solucionar problemas nestes carros”.

Souza ainda acrescentou: “se tivermos que fazer algum diagnóstico com scanner, não teremos nenhum disponível no mercado hoje capaz de efetuar a leitura completa do sistema”.

O reparador e proprietário Gerson comentou que em sua oficina recebe em média 150 carros por mês e, no geral, costuma efetuar 70% das compras de peças em concessionárias conveniadas à oficina, 20% em distribuidores e os outros 10% em autopeças, mas dependerá especificamente no caso deste veículo, da disponibilidade das concessionárias.

CONCLUSÃO

O JAC J2 tem tudo para fazer sucesso em nosso país. Com motor potente, gama de acessórios de dar inveja na concorrência e, para completar, agradou na oficina mecânica. Agora, nos resta acompanhar o quanto este chinezinho resiste ao nosso país e que o defeito apresentado em nosso teste tenha sido apenas uma casualidade. Dependendo de sua aceitação, a tendência é que a gama de peças no mercado aumente e consolide de vez a marca no Brasil, onde começou apostando no J3, mas pode acertar a mão com o interessante J2.

FICHA TÉCNICA    

Motor/Performance

Motorização:      1.4

Alimentação Injeção multi ponto

Combustível Gasolina

Potência (cv)     108.0

Cilindradas (cm3) 1.332

Torque (Kgf.m)    14,1

Velocidade Máxima (Km/h)     187

Tempo 0-100 (Km/h)      9.8

Consumo cidade (Km/L)   N/D

Consumo estrada (Km/L)  N/D

Dimensões  

Altura (mm) 1475

Largura (mm)      1640

Comprimento (mm)  3535

Entre-eixos (mm)  2390

Peso (kg)   915

Tanque (L)  35.0

Porta-malas (L)   121

Ocupantes   5

Mecânica   

Câmbio      Manual de 5 marchas

Tração      Dianteira

Direção     Elétrica

Suspensão dianteira     Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Suspensão traseira      Suspensão tipo braços triangulares, roda tipo independente e molas helicoidal.

Freios     Freios à disco ventilado na dianteira e a tambor na traseira. 

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