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Chevrolet Celta ganha fôlego com novo motor

O projeto que nasceu com o conceito de economia é sucesso de vendas há nove anos e recebe atenção especial da engenharia para ganho de performance e eficiência

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Por Arthur Gomes Rossetti


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Em meados da década de 90 a General Motors do Brasil deu o pontapé inicial em um projeto ultra-secreto, batizado na época de Arara Azul. Este novo veículo deveria satisfazer os maiores desejos e gostos dos consumidores brasileiros em um veículo popular, como por exemplo, a disponibilidade de bom espaço interno, considerável economia de combustível, simplicidade mecânica e design inovador.

A estrela principal do novo Celta VHC E é o motor, que possui novo coletor de admissão, balanceiros roletados e novo acerto eletrônicoNo final do ano 2000 (mais precisamente em Setembro) a GM apresentou ao mercado o resultado desta idéia: O veículo Celta.

Com o objetivo de ser o modelo mais barato da marca, o “pequeno guerreiro” pode não ter alcançado este feito até então (marca pertencente ao Classic, derivação do antigo Corsa Sedan), porém sem dúvida alguma é um enorme sucesso de vendas, tendo inclusive ultrapassado a marca de um milhão de unidades comercializadas desde o seu lançamento na unidade fabril de Gravataí no estado do Rio Grande do Sul. Somente agora a versão Life de duas portas do Celta com pintura sólida conseguiu “virar a mesa” e ter o preço inferior ao Classic. São R$25.213 contra R$ 25.607 do já citado Classic.

A denominação de “pequeno guerreiro” citada no parágrafo anterior não é em vão e vamos saber agora o por que. O povo Celta habitou a região da Grã-Bretanha nos séculos II e III A.C. O tipo físico da comunidade era alto e forte, com boas habilidades manuais na construção de equipamentos agrícolas, jóias, utensílios domésticos e de combate. Certamente era um povo diferenciado e que fez história entre os antepassados, onde tais atributos serviram de fonte de inspiração para a GM no desenvolver do veículo.

DESIGN
Externamente ele continua a ostentar os traços definidos a partir de 2007, com faróis maiores na dianteira e traseira com vincos retos.

Internamente a simplicidade continua a imperar, a exemplo do rústico acabamento plástico do painel, volante e laterais de porta (que chegam a machucar os cotovelos quando o veículo cai em buracos), situação comum nas ruas de São Paulo e do Brasil afora.

NA OFICINA
O veículo foi avaliado nas oficinas Engin Engenharia Automotiva, pertencente ao integrante do conselho editorial Paulo Aguiar e na Esther Turbo, pertencente ao integrante do conselho editorial Antonio Lourenço Marconato o “Tonicão”.

Ao abrir o capo é visível a primeira mudança: O coletor de admissão.

Ele recebeu atenção especial neste novo projeto, com formato a abrigar o corpo de borboletas na posição central, fato que melhorou a fluidez e arrasto do ar, a otimizar a mistura estequiométrica. Aliás, o corpo de borboletas passa a ter acionamento eletrônico ao invés do cabo, o que favorece o mínimo consumo de combustível e menor emissão de gases poluentes, isto devido à estratégia conjunta de funcionamento entre o momento de abertura, volume de ar admitido, tempo de injeção e ponto de ignição.

Outra novidade fica por conta dos balancins, que agora possuem o ponto de contato com o came do comando de válvulas roletado, ou seja, com rolamento, o que diminui ainda mais a fricção e resistência a rolagem dos componentes internos do motor, a resultar em melhor desenvoltura e potência. A taxa de compressão agora atinge a marca de 12,6: 1.
Em contrapartida a parte de baixo continua igual à antiga versão.

Com as melhorias físicas e mudanças no acerto da injeção, o veículo obteve consideráveis ganhos de potência e torque. Na versão anterior de 1.0 litro VHC Flexpower, o modelo desenvolvia 70 cv quando abastecido com gasolina e 72 cv com 100% de álcool e respectivamente 8,8 kgf.m e 9,0 kgf.m de torque. Agora a versão VHC E entrega 77 cv com gasolina e 78 cv com álcool e 9,5 kgf.m e 9,7 kgf.m de torque respectivamente e segundo a GM, o consumo de combustível diminuiu cerca de 7%.

“Neste tipo de veículo, com motorização de baixa cilindrada qualquer cabelinho conseguido torna-se um atrativo maior, sendo fator decisivo no ato da compra pelo consumidor”, comentou Paulo Aguiar da Engin.

Outra novidade é a adoção de uma segunda sonda lambda. Agora existe uma localizada logo na saída do coletor de escape e outra no pós catalisador. Com a dupla, os parâmetros de injeção ficam mais precisos, a favorecer também para uma menor emissão de gases poluentes na atmosfera.

A unidade de comando Delphi possui também um cabo massa de proporções avantajadas: Tudo em prol do melhor funcionamento isento de mau contato e interferências.

DICAS
O reparador deve ficar atento ao lubrificante do motor recomendado pela GM. Agora o “Celtinha” bebe óleo 5W30 API SJ (ou superior), categoria “low friction”, ou “baixo atrito”. De fábrica, sai com o 5W30 API SL. Dê preferência a esta categoria de aditivação! No total são 3,5 litros incluindo o filtro de óleo.

As dimensões reduzidas do elemento filtro de ar favorecem o acúmulo de impurezas, o que dificulta o fluxo para o motor. A GM recomenda a troca a cada 30 mil Km em condições isentas de poluição ou poeira. Para uma perfeita performance e economia de combustível, o conselho editorial recomenda a troca preventiva a cada 20 mil Km.

As velas utilizadas na versão 1.0L VHCE são NGK BR8ES, e BPR7E na versão 1.4L Econo.Flex. A fabricante Bosch também disponibiliza a SP32 ou F000 KE0 P32 para o 1.0L VHCE e SP34 ou F000 KE0 P34 para o 1.4L Econo.Flex. A abertura entre o eletrodo central e o massa é de 0,7 a 0,9 mm em ambos os casos.

CURIOSIDADE
A sigla VHC E significa Very High Compression e a letra “E” Ecológico/Econômico/Energético

OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Segundo Tonicão, “o VHC E por ser um motor de 1.0 litro está muito bem acertado, com destaque para o torque que é pleno desde as 2.900 rpm’s, super interessante para veículos desta cilindrada.

Não adianta ter o torque e potência máxima em rotações muito elevadas, característica esta dos antigos motores de 1.000 cilindradas. A GM conseguiu um bom equilíbrio nesta versão.”



O Celta cumpre o que promete! São 76,6 cv a 6.168 rpm e 9,2 kgf.m a 5328 rpm com gasolina no tanqueDINAMÔMETRO
Na oficina Esther Turbo pudemos conferir de perto a eficiência deste novo motor através do dinamômetro de rolo. Confesso que todos Da Redação ficaram ansiosos em descobrir se o carrinho da GM entregaria o prometido no manual do proprietário! E não é que o “bichinho” fez bonito?

Enquanto que os números divulgados pela fábrica são 77cv (G) e 78cv (A) ambos a 6.400 rpm e 9,5 kgf.m (G) e 9,7 kgf.m (A) ambos a 5.200 rpm, no dia da aferição estávamos com a pressão atmosférica em 1025mb e 16°C de temperatura ambiente e os resultados foram: 76,6cv (G) a 6.168 rpm e 9,2 kgf.m (G) a 5.328 rpm. Os números apresentados estão absolutamente dentro da margem dos 10% de diferença. No momento do teste, o Celta estava abastecido com 100% de gasolina.


A proporção de aditivo no sistema de arrefecimento é de 35 a 50% de aditivo e o restante de água desmineralizada. Em regiões extremamente frias, com temperaturas inferiores a 0°C, a recomendação é de 50% aditivo e o restante de água desmineralizada. O aditivo recomendado é o ACDelco de cor alaranjada de longa duração. O Celta equipado com ar condicionado requer um total de 6,6 litros da mistura e os desprovidos do equipamento 6,4 litros.

Para veículos que rodam pouco e em dias não seqüentes, a GM recomenda a utilização do aditivo ACDelco para combustível (frasco cinza, motores Flexpower), na seguinte proporção: 1 frasco de 200ml a cada quatro tanques.

TRANSMISSÃO
A caixa de câmbio que equipa a família Celta possui o acionamento leve e preciso com exceção da marcha à ré, que insiste em arranhar caso o condutor deixe de pisar até o final do pedal de embreagem.

Outro item a ser comentado se refere à relação da 1ª marcha. Ela é tão curta que a cada saída de farol nos deparamos com o motor “gritando” a mais de 4.000 rpm. A própria GM recomenda a troca para a segunda marcha logo quando o veículo atingir os 15km/h! É o preço que se paga em adquirir um veículo popular e que é largamente utilizado por famílias com quatro pessoas ou mais...

Agora as duas sondas trabalham em conjunto para maior precisão no ajuste da estratégia de fun­cio­namento do motor. Se apenas uma delas apresentar problemas, troque as duas!

O diâmetro da embreagem (180mm) apesar de reduzido, apresenta longa vida útil desde que seja bem utilizada.
Segundo o reparador Domingos da Engin Engenharia Automotiva, “este câmbio é uma manteiga de baixar”. O comentário existiu devido à ampla área para a remoção dos parafusos de fixação e periféricos.
A quantidade de óleo lubrificante é 1,6 litro sob especificação SAE 75W80.

SUSPENSÃO
Aqui está o ponto forte do modelo. Simples e “parruda”, com o mínimo de componentes aliados a alta resistência. Os amortecedores dianteiros continuam a serem auxiliados pelo control arm inferior, encontrado desde o lançamento do veículo.

Os pneus da unidade avaliada possuem a medida 165/70 R13. Opcionalmente ele poderá vir equipado de fábrica com rodas aro 14” e pneus 175/65 R14.

Em testes a estabilidade mostra-se limitada, com tendência a “escapadas” de frente quando exigido esportivamente nas curvas. Se levarmos em consideração que este é um projeto simplificado e de baixo custo, a suspensão cumpre com o seu papel.

FREIOS 
Os discos dianteiros e traseiros a tambor são ideais as proporções e peso do modelo, devendo o proprietário apenas aumentar a precaução quando em situações de plena carga, ou seja, cinco ocupantes mais bagagem. Notamos apenas que em um dos dias de testes, na situação em que haviam cinco ocupantes a bordo, os freios mostraram-se mais borrachudos ao serem exigidos.

CONFORTO
Para maior comodidade do proprietário de um Celta 2009, a GM aumentou a capacidade do tanque de combustível de 47 para 54 litros, com o intuito

Opcionais como direção hidráulica e ar condicionado também fazem parte do pacote. Chamamos a atenção quanto a localização da mangueira inferior do ar condicionado, que poderá estar mal posicionada e raspar no chão ao passar por valetas, o que seria destrutivo ao sistema!

No habitáculo, bem que a forração em veludo das laterais de porta poderia existir...

Sem muito luxo, os bancos e os comandos do painel também cumprem com a função.

 

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