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Estamos no ano do aftermarket! Ou serão os anos do aftermarket?

Em relação à indústria automotiva, a ANFAVEA estima que a queda da venda de carros novos pode chegar a 10% este ano em relação a 2013.

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Por Cassio Hervé


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Chegamos à metade do ano e o cenário econômico nacional e o ânimo dos empresários não poderiam estar piores.  No mesmo sentido negativo, a  previsão de crescimento do PIB aponta para algo tem torno de insignificantes 1%, com viés de queda. Vozes mais pessimistas acenam com a possibilidade de recessão.

Em relação à indústria automotiva, a ANFAVEA estima que a queda da venda de carros novos pode chegar a 10% este ano em relação a 2013. Um tombo significativo, e o que é pior,  sem uma perspectiva clara do que acontecerá daqui para frente.  Os recursos aplicados pelo Governo Federal que funcionaram em outras crises (principalmente crédito ao consumidor e isenções tributárias para a indústria) já alcançaram o limite da eficácia.

Este quadro cinza nos faz supor que o mesmo se estende à toda a indústria automotiva. Mas isso não é verdade, pois quando colocamos os holofotes no “subproduto” da indústria automotiva, ou seja o aftermarket,  o cenário é muito diferente.

As oficinas estão cheias de serviços, colocando em dia os carros, cujos milhares de donos desistiram de comprar um novo.  Prova disso são os dados do IGD (Indicador de Geração de Demanda), desenvolvido pela CINAU (Central de Inteligência Automotiva)  que desde o ano 2009 mede a quantidade de serviços nas oficinas (mecânica de linha leve e comercial leve).

Segundo IGD a alta de serviços na região Sudeste nos seis primeiros meses do ano de 2014 bate a casa dos 4%. Porém, a perspectiva para o segundo semestre é muito melhor o que deve alavancar o crescimento anual para o dobro disso!

Porém o número poderia ser muito melhor, não fossem alguns fatores como a suspensão do programa de inspeção veicular na cidade de São Paulo e os feriados da Copa da FIFA (estou escrevendo este editorial na manhã do dia do jogo Brasil x Alemanha, enquanto os times estiverem em campo,  o jornal estará na gráfica...), que influíram negativamente na quantidade de serviços nas oficinas.

O “efeito Copa” termina agora, porém a suspensão da inspeção veicular  ainda vai repercutir negativamente ao longo de 2014, pois provocou um “efeito pendular”, ou seja, assim como elevou os serviços (quando de sua implantação) muito acima da média, agora com sua suspensão empurra o número de passagens para baixo. Trata-se de uma questão cultural, pois  o dono do carro não chegou a perceber os efeitos positivos da inspeção (manutenção preventiva) e encarava a inspeção como “mais um imposto” e agora que não mais é forçado pela Lei, prefere voltar à rotina da manutenção corretiva (espera quebrar para arrumar).

Por tudo isso a cadeia de reposição de autopeças e fornecedora das oficinas tem motivos para comemorar e colher resultados positivos em 2014, e se o cenário não mudar nos próximos três anos, a colheita tende a continuar crescendo, pois nunca a frota “reparável” foi tão grande e o estoque de serviços só tende a crescer com o aumento relativo da idade média da frota.

Neste cenário, se o Governo Federal não reencontrar o caminho do crescimento nos próximos anos e o Brasil continuar marcando passo na economia e no crescimento do PIB, o que será ruim para muitas indústrias poderá representar os anos dourados do aftermarket.

 Cassio Hervé 
 Diretor

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