Quando jovem era apaixonado pela aviação. Gostava tanto de aviões, que me tornei mecânico de aeronaves, e de voar que além do brevê fiz um curso de acrobacia (um apaixonado não se contenta com as emoções convencionais do voo “regular”).
Pois observando o comportamento de nosso mercado de reposição no meio desta brutal crise e numa analogia com meu passado aeronáutico, comparei nossa indústria a um avião supersônico.
A capacidade de quebrar a barreira do som é um atributo de muito poucas aeronaves. Só os aviões militares conseguem esta proeza, com uma exceção: o Concorde, o único avião supersônico a operar no transporte de passageiros.
Na contramão da maioria dos segmentos econômicos nossa indústria vai crescer em 2020! Um feito tão excepcional quanto um avião quebrar a barreira do som, por isso a capa dessa edição.
Que nossa indústria é resistente às crises isso já sabíamos, porém dessa vez a reposição se superou e assim como um jato supersônico vai quebrar a barreira da estabilidade e apresentar um crescimento, que hoje é estimado pelo PULSO DO AFTERMAKET em torno de 1%. Mas este número pode crescer a depender do movimento das oficinas nos meses de novembro e dezembro que estimamos continuará forte.
Já que minha inspiração para escrever estes editoriais sempre tem raízes no passado (coisa de quem já passou dos 65) trago outra lembrança para ilustrar a resiliência da indústria do aftermarket.
Em julho de 2009 publicamos uma pesquisa alertando ao mercado o descompasso entre oferta e procura como consequência da crise econômica mundial de 2008. Como a CINAU – Central de Inteligência Automotiva - foi fundada em 1999 já estudávamos com dedicação o comportamento das oficinas, e naquele complicado ano, sinalizávamos ao mercado que o movimento nas oficinas estava acima do normal e com a oferta reprimida pela crise das indústrias e outros fatores no âmbito tributário estava acontecendo um desabastecimento nas reparadoras.
Vejam que naquela época a falta de peças era sentida por quase 82% das oficinas. Esta pesquisa foi capa da mala direta, que reproduzimos abaixo. (vale a pena ler a matéria completa acessando o site http://bit.ly/faltampecasnomercado .
Pois bem, neste ano de 2020 a reclamação pela falta de peças já atinge 56% das oficinas e o indicador tem subido a cada survey. A falta de peças tem inúmeros motivos que envolve até falta de papelão para as embalagens. Agora se esta falta de peças vai complicar nosso voo supersônico é uma questão a conferir. Os outros fatores que poderiam derrubar nossa velocidade de cruzeiro abaixo da barreira do som para 2020, como inadimplência, valor do ticket médio, etc.. não são motivos de preocupação como mostra a matéria de Mercado.
Nossa indústria voa rápido. Você está preparado para esta pilotagem?
Bons negócios!