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Ford Edge Titanium não surpreende reparadores pelo motor ou câmbio, mas agrada pelo conjunto

Segunda geração do crossover mostra disposição da Ford em avançar algumas casas no segmento Premium. Mas reestilização deixa de fora conjunto mecânico, que segue igual ao da versão anterior

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Por Antônio Edson


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O segmento Premium resistiu o quanto pode à pior crise econômica que já afligiu o Brasil. Mas justamente agora, quando o País ensaia uma retomada, surgem indicadores de que o andar de cima também precisou discutir sua relação com o gerente do banco. Divulgados recentemente, números relativos a 2016 apontam que o mercado dos carros de luxo amargou uma retração de quase 30% nesse período. Para um setor que passava invicto à recessão e previa chegar aos 100 mil veículos comercializados no ano passado vender apenas 48,6 mil unidades correspondeu a um desastre. Mas se ele foi um dos últimos a sentir a recessão pode, por outro lado, ser dos primeiros a sair considerando que Audi, BMW, Land Rover e Mercedes-Benz instalaram linhas de montagem aqui e que a sobretaxação de 35% para os importados tem prazo de validade. Se as regras do Inovar-Auto, programa brasileiro para incentivar a produção nacional de veículos, não mudarem – algo comum por aqui –, no início de 2018 deixará de vigorar o chamado super-IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os veículos vindos de fora do Mercosul – a isenção inclui também o México –, o que pode significar um novo fôlego para o setor.

Claro que nenhuma montadora será pega de surpresa quando janeiro chegar. A Ford mesmo já trouxe de Oakville, no Canadá, a segunda geração do Edge Titanium AWD 3.5 6V, seu SUV top de linha. O crossover de estilo norte-americano – medidas avantajadas e motor de seis cilindros em V – aportou sob a mesma plataforma do Fusion e com itens de série recheados por tecnologias semiautônomas e sistemas de segurança que a todo instante corrigem possíveis falhas de condução – o piloto automático adaptativo capaz de frear o carro ao se deparar com veículo em menor velocidade à frente é só um exemplo. Com eleFoto 1s, o Edge ganhou nota máxima em testes de segurança realizados no IIHS (Insurance Institute for Highway Safety) dos Estados Unidos. É bala na agulha suficiente para disputar uma seletíssima clientela de endinheirados com rivais do tipo Range Rover Evoque, Discovery Sport, Audi Q5 e BMW X3. E nessa briga de cachorro grande, por incrível que pareça, o Edge se diferencia por custar a pechincha de R$ 230 mil – menos que os outros. Para não encarecer seu SUV, a Ford optou por manter o motor Duratec 3.5 V6 aspirado da versão anterior enquanto na América do Norte o carrão já circula com os mais eficientes e econômicos Ecoboost 2.0 e 2.7 dotados de turbo e injeção direta.

Em junho, a equipe de reportagem do jornal Oficina Brasil teve a oportunidade de rodar alguns quilômetros com o novo Ford Edge pela cidade de São Paulo (SP) e apresentá-lo a um time de elite da reparação independente. O SUV foi conduzido a três oficinas previamente escolhidas e que se destacam em suas regiões pela boa prestação de serviços, como a Dimas Reparação Automotiva, no bairro do Carandiru, zona norte da cidade; a Ro Pneus, no bairro do Ipiranga; e a Tokio Car Service, no bairro da Saúde. Nessas oficinas, o carro foi analisado por...

Gilberto Vieira (foto 1). Com 34 anos e trabalhando há 12 como reparador na unidade Norte da Dimas Reparação Automotiva – a empresa tem outras duas oficinas multimarcas na cidadeFoto 2, uma no bairro do Mandaqui e outra no Jabaquara –, Gilberto começou sua vida profissional literalmente pelo chão das oficinas, passando a vassoura, e lavando as peças. Tomou gosto pela coisa e resolveu enfrentar os desafios fazendo vários cursos no Senai Ipiranga, como os de injeção eletrônica, eletrônica embarcada, aplicação de correia, suspensão, elétrica e eletrônica e o que mais aparecesse. O interesse e o empenho do rapaz chamaram a atenção e o antigo ajudante geral se estabeleceu na profissão como reparador. “Uma qualificação profissional atualizada e atenta à evolução da mecânica automotiva é fundamental para o reparador permanecer bem colocado em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo”, confirma.

Alexandre Tuma (foto 2). Com 45 anos de idade e há 30 anos no ramo, esse descendente de libaneses também começou sua vida profissional lavando peças em oficinas de sua cidade natal, Ponta Grossa (PR). Filho caçula de uma grande família, Alexandre foi estimulado pelo irmão mais velho, Carlos Eduardo, a seguir uma vocação descoberta na infância. “Quando era pequeno ganhei de presente um carrinho de plástico em que o desafio estava em você desmontá-lo e montá-lo, como se fosse um mecânico. Foi aí que decidi ser reparador”, lembra. Alexandre cursou o Senai de Curitiba, fez estágio em concessionárias da Volkswagen e depois rumou para a cidade de São Paulo, oFoto 3nde começou a trabalhar na Ro Pneus, em que está há 20 anos e, hoje, é gerente e sócio. “A brincadeira virou coisa séria”, comenta.

Reginaldo Koboyama (foto 3). Aos 42 anos e reparador desde os 15 por influência do pai, que fundou a Tokio Car Service em 1970, Reginaldo tem como sócio o irmão Ricardo e conta com uma equipe de três colaboradores que, juntos, dão conta de atender um giro mensal de até 250 veículos. O forte movimento é creditado às muitas parcerias estabelecidas com frotas de empresas que chegam a responder por até 50% do movimento. “São veículos de trabalho que não podem ficar parados muito tempo e precisam estar sempre com seu funcionamento rigorosamente em dia. Em 90% dos casos eles entram, passam por uma revisão criteriosa e saem no mesmo dia. Nosso desafio é trabalhar rápido e bem”, afirma Reginaldo, cuja equipe faz da mecânica leve em geral, incluindo câmbio, à parte elétrica e até funilaria mediante terceirização.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Se o significado mercadológico de Premium remete a produtos luxuosos, com um padrão de qualidade bem acima da média e que se distinguem do lugar-comum, o Ford Edge Titanium AWD 3.5 6V estacionou na vaga certa. Pode até ser considerado uma ostentação porque não há como passar desapercebido a bordo do veículo em uma paisagem urbana povoada por compactos, sub compactos, vans e pequenos sedans, a começar pelas suas dimensões: são quase 4,8 metros de comprimento por quase dois de largura e uma altura que passa de 1,7 metro. A distância entre-eixos, que vão além dos 2,8 metros, igualmente não deixa dúvidas quanto à proposta e, principalmente, ao conforto interno do SUV.

O Edge não tem só tamanho como também ousadia. Menção honrosa para a grade frontal trapezoidal (foto 4) que serviu de inspiração para o design do novo EcoSport. “A reestilização ficou interessante. A carroceria mudou bastante em relação à primeira geração e essa frente aprofundou o chamado perfil tubarão que a Ford adotou como padrão nos últimos anos. É o típico carrão norte-americano que chama a atenção pela imponência”, descreve o reparador Gilberto Vieira, da Dimas Reparação Automotiva. “Não imagino um veículo do segmento Premium que não seja ao menos parecido com esse Ford Edge Titanium. Ele é bem top de linha mesmo. Achei superbacana esse teto solar panorâmico (foto 5). O acabamento interno trabalha muito com detalhes em diferentes tons de couro (foto 6) e o revestimento emborrachado soft do painel (foto 7), que se estende ao teto, transmite uma ideia de produto bem feito e durável. O que também me chamou a atenção foi a presença de sensores na frente, atrás e dos lados que aumentam a segurança do condutor, dos passageiros e até de quem está fora do veículo”, testemunha o gerente Alexandre Tuma, da Ro Pneus.

Reginaldo Koboyama, da Tokio Car Service, deixou-se levar menos pela aparência luxuosa do veículo e preferiu destacar os itens de segurança interna apresentados pelo novo Ford Edge. “O modelo tem no total oito airbags, ou seja, dois a mais do que o modelo anterior, e justamente para proteger as pernas dos dois ocupantes dos bancos dianteiros. Mais do que um veículo confortável temos um veículo seguro. Nesse ponto houve evolução”, confirma. “Resta saber se ao volante o Edge confirmará essa impressão”, completa Alexandre.

TEST DRIVE

Poucas vezes um teste de direção foi tão breve entre os reparadores, pois ao seu final a sensação comum foi de que ele poderia durar mais. “O conforto e a segurança ao dirigir o Edge transmitem prazer. Não parece estarmos a bordo de um crossover de dimensões tão grandes tamanha é a leveza de sua direção”, descreve o reparador Gilberto Vieira. “Conforto excepcional, comandos de fácil acesso, volante leve e com comandos intuitivos (foto 8), ergonomia que deixa tudo ao alcance das mãos. A qualidade e o capricho são perceptíveis nos detalhes”, elogia Alexandre Tuma. “O painel proporciona boa leitura dos instrumentos (foto 9). O carro tem sistema de multimídia (foto 10) com GPS, bluetooth e ar-condicionado digital de duas zonas”, enumera Reginaldo.

Ao volante, os reparadores novamente chamaram a atenção para os detalhes que realçam a segurança. “Destaco a câmara frontal sob o logo oval azul (foto 11) que permite uma visão de 180 graus do que acontece abaixo da linha da cintura do veículo e alerta para a aproximação de obstáculos. Conforme o condutor esterça a direção, esse ângulo de visão acompanha a manobra. É um excelente recurso auxiliar, praticamente um terceiro olho”, compara Alexandre. Reforçam o sentido da visão os sensores nos espelhos retrovisores (foto 12) que, nos chamados pontos cegos, alertam sobre a aproximação de veículos.

“Não fosse o consumo elevado de combustível, de resto proporcional para um motor V6, o Edge poderia ser um veículo ideal para o trânsito urbano, levando-se em conta a sua vocação familiar”, comenta o reparador Gilberto Vieira, para quem o recurso do park assist de segunda geração, que permite ao carro estacionar de forma autônoma em vagas perpendiculares e paralelas, é mais do que uma conveniência para um veículo do porte do Edge. “É uma necessidade bem-vinda. Apesar de grande, o SUV tem uma dirigibilidade bastante funcional para o trânsito urbano, maior até do que muitos carros menores e de entrada”, reforça o reparador.

MOTOR DURATEC 3.5 V6

Na configuração Duratec 3.5 V6, com 284 cavalos, oferecido apenas como opcional no mercado norte-americano, o propulsor (foto 13) do Ford Edge mostra-se forte, mas sedento. Para empurrar as pouco mais de duas toneladas do veículo, o motor rende 6,9 quilômetros por litro na cidade e 9,4 litros na estrada. “Não chega a ser beberrão. Outros SUVs de quatro cilindros e que oferecem bem menos conforto e segurança rendem nessa média”, relativiza o reparador Alexandre Tuma, da Ro Pneus.

Como era de se esperar, um motor 3.5 V6 e disposto no sentido transversal apresenta mais dificuldades para os reparadores do que os motores menores, de três ou quatro cilindros. “Se não chega a ser complicado é mais trabalhoso em função do pouco espaço para trabalhar. A disposição do motor no cofre deixa à mostra os sensores de fase (foto 14) uma parte das velas, cilindros e bobinas (foto 15), que estão à frente, mas esconde as outras que estão na parte de trás. Isso exige cuidado extra na remoção e colocação das peças”, afirma Alexandre Tuma. “Esse motor trabalha com corrente metálica interna banhada a óleo (foto 16) e o acesso até ela é mais difícil porque é preciso remover várias capas, incluindo as tampas de válvula”, projeta Gilberto Vieira. “Em que pese o motor oferecer dificuldades típicas de um V6 e pouco espaço para trabalhar vamos considerar que ao remover o filtro de ar (foto 17) e as outras carenagens fica tudo mais livre e espaçoso”, enxerga Reginaldo Koboyama, da Tokio Car Service.

A decepção maior no interior do cofre do Edge fica por conta da manutenção do sistema de injeção (foto 18) multiponto em detrimento de uma mais econômica e moderna injeção direta. Aliás, não tão moderna assim. “A impressão que dá é que esse motor parou no tempo. Desde 2013, o Fusion já é oferecido com injeção direta”, compara Reginaldo. “A injeção direta é um sistema considerado top de linha e, portanto, de custo mais elevado. Certamente a Ford manteve o sistema antigo para não encarecer o veículo e torná-lo mais competitivo frente aos concorrentes”, acredita Gilberto Viera, da Dimas Reparadora. “Menos mal que o módulo da injeção está em local de fácil acesso e não aparenta complicações. Seu tamanho é compatível com as funções que realiza”, descreve Alexandre Tuma. Nessa ausência de novidades tecnológicas de ponta Gilberto viu ao menos um detalhe novo: o coxim hidráulico do motor blindado em alumínio (foto 19) que contribui para aliviar o peso do conjunto.

Mas o dado mais relevante do motor do Edge está, ironicamente, no fato dele não ser tão moderno. Em outras palavras, o SUV traz um propulsor testado e aprovado na prática do dia a dia. “É um velho conhecido que apresenta as facilidades e dificuldades que todos os reparadores já viram. Ainda que uma parte do motor fique aparente e a outra escondida, em virtude de sua disposição transversal, ele é confiável, durável e dá pouca manutenção. Para mexer na parte posterior do motor, por exemplo, basta desmontar o coletor, o que não é muito complicado, pois os parafusos ficam aparentes”, aponta Alexandre Tuma.

TRANSMISSÃO

Assim como acontece com o motor, a Ford preferiu ser conservadora com o câmbio do Edge (foto 20): manteve a transmissão automática sequencial de seis velocidades da geração anterior do SUV e o mesmo sistema de conversor de torque. A maior novidade se resume à tração que antes era dianteira e agora passou a ser integral e atuar de forma automática com o sistema AWD (all-wheel drive, ou tração integral) para aumentar o nível de segurança em terrenos de baixa aderência. Com isso, a condução do Edge pode se alternar autonomamente entre as trações 4 por 2 e 4 por 4 dependendo das exigências e imperfeiçoes da pista, que, no Brasil, são muitas. Ainda no que diz respeito à segurança outra boa-nova foi a introdução dos controles automáticos de tração, estabilidade e anticapotamento.

A transmissão também passou a oferecer uma tocada mais esportiva através das trocas sequenciais que podem ser feitas pelas borboletas localizadas atrás do volante (foto 21). “Macio e sem trancos, o câmbio de seis velocidades corresponde à leveza do volante e é compatível com a força de um motor V6. Em resumo, ele está bem encaixado”, sintetiza Reginaldo Koboyama. “Há uma adequada relação entre motor e câmbio. No módulo Sport, com as trocas através das borboletas, o motor fica mais nervoso, o giro sobe rápido e o carro se torna mais agressivo. Claro que aí a autonomia do combustível diminui e o consumo aumenta ainda mais. Não creio que essa seja a forma mais inteligente de conduzir um veículo de perfil tão familiar como o Edge. Em todo caso a opção está aí para quem quiser usar”, interpreta o reparador Alexandre Tuma.

Para Gilberto Viera o que está bom não precisa ser mudado se não há a certeza de que a alteração será para melhor. E por isso ele aprova a manutenção do sistema de transmissão do Edge. “Até hoje nunca peguei um Ford Edge com problema no câmbio e, considerando a história recente do Powershift que tanta dor de cabeça deu à Ford e aos proprietários de alguns de seus veículos, a montadora fez a coisa certa ao manter essa transmissão automática sequencial de seis velocidades e introduzido nela apenas aperfeiçoamentos pontuais como o modo Sport, que permite controlar as velocidades manualmente. Na minha opinião, aliás, trata-se de um recurso que pouco será usado, pois o condutor de um carro desses não é de dar muita importância aos aspectos esportivos e está mais focado em curtir uma viagem ao lado da família. A forma mais agradável de dirigir esse Edge é deixar o câmbio no modo Drive e aproveitar o passeio”, aconselha.

FREIO, SUSPENSÃO E DIREÇÃO

O novo Edge está 10 centímetros mais longo, quatro centímetros mais alto e a distância entre-eixos ganhou três centímetros. Apesar do crescimento e da aparência mais musculosa a estabilidade continua firme e o carro apresenta pouca inclinação nas curvas em função dos aprimoramentos na geometria do veículo. Segundo a montadora tanto a rigidez quanto a torsão do Edge foram melhorados em 20%. A suspensão dianteira é independente do tipo McPherson (foto 22) e ganhou uma nova barra estabilizadora e novos isoladores para diminuir a vibração. Já a suspensão traseira é independente multibraço (foto 23). “Como a Ford priorizou o conforto, a calibragem da suspensão ainda ficou um pouco mole. Com o piso irregular do Brasil algumas imperfeições acabam passando inevitavelmente para a cabine. Para mim isso é normal”, afirma o reparador Alexandre Tuma. De fato, dependendo do buraco os amortecedores podem chegar ao fim do curso acompanhados de uma pancada seca. “Isso porque nem sempre os carros importados, principalmente os de luxo, são totalmente adaptados às condições difíceis de nossas pistas. Por ser grande e ter pneus de aro 20 o Edge até que suporta bem nosso o nosso piso”, observa Gilberto Viera. “O Edge demonstra estabilidade”, resume Reginaldo Koboyama.

O SUV pesa pouco mais de duas toneladas, mas poderia ser ainda mais pesado. “Chamam a atenção a manga de eixo e as bandejas da suspensão (foto 24) serem em alumínio. É algo típico das marcas Premium, como a BMW, Mercedes-Benz e a Audi. Isso contribui para o carro ser mais leve sem perder a resistência que é o principal atributo que se espera de uma suspensão”, aponta Reginaldo. “O alumínio das bandejas é reforçado assim como a mola traseira (foto 25), bastante espessa, o que passa ideia de robustez. Vejo que a suspensão traseira tem ainda a possibilidade de alinhamento (foto 26), algo não muito comum entre os carros nacionais”, descreve Alexandre Tuma. “Algumas pessoas podem pensar que alumínio, principalmente na suspensão, é sinônimo de fragilidade, mas para mim é uma sofisticação. Dependendo da liga utilizada esse material pode ser mais resistente do que o ferro”, comenta Gilberto Vieira.

O Edge também ganhou pontos junto aos reparadores pelos pistões duplos (foto 27) do seu sistema dianteiro de frenagem, que leva discos ventilados – os discos traseiros são sólidos. “Melhora a resposta dos freios”, garante Alexandre. “Como eles acionam a pastilha em duas regiões, em cima e em baixo e não apenas no meio, isso implica em uma frenagem mais firme”, emenda Reginaldo. “É um recurso duplamente seguro”, afirma Gilberto Vieira, que também aprovou o sistema de estacionamento com comando elétrico por botão.

Ainda arrancou elogio dos reparadores o recurso do assistente dinâmico da direção elétrica que oferece a possibilidade de um menor esterçamento em baixas velocidades. “O condutor não precisa girar tanto o volante para fazer pequenas manobras e isso ajuda muito dentro do trânsito urbano. É bem mais do que simplesmente uma direção elétrica progressiva que, aliás, o carro também tem”, explica Alexandre.

ELÉTRICA E ELETRÔNICA

O Ford Edge lança mão de inúmeros recursos eletrônicos para proporcionar segurança, conforto e entretenimento a condutores e passageiros. A começar pela chave de presença que torna possíveis a ignição e a partida remotas e a abertura da tampa do porta-malas apenas passando os pés sob o para-choque traseiro, isso graças a um sensor que lê a presença da chave e aciona a abertura. O fechamento da tampa se dá com o mesmo procedimento. Internamente, os bancos dianteiros contam com um sistema de aquecimento e resfriamento – os traseiros, só com aquecimento. Há também tomadas de energia de 12 volts tanto para quem vai na frente quanto para quem viaja atrás. E esses últimos ainda têm, como entretenimento, telas do sistema multimídia no encosto de cabeça dos bancos dianteiros (foto 28).

Além do piloto automático adaptativo, já citado, o Edge oferece o recurso do sistema de permanência em faixa. Através da câmara frontal, que realiza uma varredura da pista à frente, o veículo é capaz de ler as faixas das vias e alertar sempre que ele invadir a da direita ou da esquerda. Com isso, o sistema de monitoramento pode interferir na condução do volante. Como se não bastasse, no caso da câmara ler a possibilidade de uma colisão um alerta vermelho é aceso sobre o painel e o veículo aplica instantaneamente uma carga de frenagem para auxiliar o condutor a parar o mais rápido possível. Na prática é como se o Edge tivesse uma espécie de copiloto, ainda que a Ford esclareça que tais recursos de assistência são meramente auxiliares e não substituem o controle do motorista. “Eles ajudam bastante, mas ainda não dirigem o veículo”, alerta o reparador Gilberto Vieira.

O SUV é equipado com uma bateria de 60 amperes e 12 volts (foto 29) que poderia estar em um local mais acessível. “A instalaram em um lugar um tanto complicado. Para retirá-la é necessário remover o filtro de ar”, aponta Reginaldo Koboyama, que ainda reparou em um estranho chicote emendado por fita isolante (foto 30). “É impossível que isso tenha saído de fábrica assim, certamente esse carro já foi batido e o serviço de recuperação fez esse serviço. Os respingos de tinta na parte interior do cofre (foto 31) reforçam a possibilidade de uma colisão”, identifica o reparador. “De fato, os chicotes estão muito expostos e poderiam estar melhor protegidos. É no mínimo estranho”, confirmou Alexandre Tuma, da Ro Pneu. (Nota da Redação: o veículo fornecido pela montadora e usado pela equipe do jornal Oficina Brasil foi devolvido no mesmo estado em que se encontrava.)

Coube a Gilberto Vieira, da Dimas Reparadora, alguns elogios. “O alternador (foto 32) e a caixa de fusível (foto 33) são de fácil acesso, assim como as lâmpadas do farol (foto 34) podem ser trocadas tranquilamente. De resto, o conjunto ótico com luzes diurnas de led na dianteira (foto 35) e na traseira (foto 36), com um filete iluminado que vai de uma lanterna a outra, é bastante eficiente. Cumpre a função de deixar o veículo bem visível inclusive durante o dia”, afirmou. INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Importado para o Brasil desde 2006, o Ford Edge é um velho conhecido dos reparadores. Com um motor e um câmbio que, em síntese, gozam de respeitabilidade e não trazem novidades, ainda que apresentados sob uma nova “embalagem”, a tendência é que o crossover continue sendo bem recebido nas oficinas quando a garantia de fábrica de três anos do veículo expirar. “O Edge está longe de ser um estranho. Hoje podemos baixar todo o esquema elétrico desse veículo pelo celular. E se o conjunto mecânico, ou seja, motor e câmbio, permanecem o mesmo, isso facilita o nosso trabalho”, afirma Alexandre Tuma, da Ro Pneus.

Para Gilberto Vieira, da Dimas Reparadora, o importante é não vacilar se precisar de informação técnica. “No caso de surgir uma dúvida é preciso ter humildade para perguntar a quem sabe mais. Uma dúvida resolvida no ‘chute’ certamente resultará em um serviço malfeito que precisará ser refeito. Felizmente, no caso da Ford, nunca tive problemas em obter informações técnicas e quando precisei ir atrás obtive retorno certo tanto por parte do Sindirepa, o nosso sindicato, quanto pelas concessionárias da marca”, garante.

Reginaldo Koboyama, da Tokio Car, garante as informações técnicas que necessita através de contatos pessoais junto às concessionárias. “Na falta de um canal oficial, além do Sindirepa, que permita o acesso dos reparadores independentes às informações técnicas, o caminho das pedras é feito por meio das amizades que cultivamos junto aos departamentos técnicos das concessionárias. É preciso parceria para fazer a informação fluir”, explica.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

Automóveis importados do segmento Premium quase sempre exigem peças de reposição indisponíveis no after market nacional. Com o Edge é igual. Mas isso não significa um carro parado na oficina por um tempo indeterminado. Segundo Gilberto Vieira, da Dimas Reparadora, as peças da Ford, mesmo dos veículos importados, costumam chegar dentro do prazo estipulado. “Ainda que não haja disponibilidade para pronta entrega e precisando ser encomendadas junto às concessionárias.<

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